domingo, março 27, 2011

E é médico!!!

A semana passada foi marcada, dentre vários assuntos, pela reportagem da Stv sobre o mau atendimento em alguns hospitais da capital do país. Como era de esperar, a reportagem irritou as autoridades de saúde, mas alegrou os que sofrem com o mau atendimento nos hospitais. A reportagem foi pertinente, porque se assiste a uma degradação cada vez mais acentuada do bem servir nas unidades sanitárias, locais que por obrigação deviam ser de tratamento carinhoso e com dignidade aos utentes, tendo em conta que é lá onde procuram a cura das suas doenças. Mas, actualmente, é o contrário, os pacientes saem piores do que estavam quando entraram num hospital. Sem dúvidas que o anterior ministro da Saúde fez esforços para combater este tipo de situações. Se há algo de bom que Garrido trouxe no sistema de saúde, foi o bom atendimento, mas que logo que saiu do MISAU tudo voltou a ser como era antes do seu consulado. Não quero dizer que Garrido foi um anjo, pois ele também cometeu muitos erros, dentre os quais cito a compra de dezenas de toneladas de medicamentos fora de prazo, alguns dos quais tiveram que ser incinerados e outros, mesmo assim foram distribuídos pelos doentes e que prontamente a Stv denunciou; “escangalhou” o sistema de tratamento de seropositivos e falava mal com os funcionários e, por vezes, humilhava-os. Mas o que mais me preocupa é o posicionamento do ministro da Saúde, Dr. Alexandre Manguele, que reagiu à notícia sobre o mau atendimento não como uma denúncia que o vai ajudar a melhor a governação, mas sim como uma conspiração para o abater. À partida, fiquei com a sensação de que este ministro não nos vai trazer nada de novo para melhorar o desempenho do sector de saúde. O Dr. Manguele cometeu um acto que considero de baixaria, quando, em Xai-Xai, durante uma cerimónia no Hospital Provincial, atacou os então correspondentes da Stv por causa da reportagem sobre o mau atendimento hospitalar. O ministro até tirou o casaco e exaltou-se contra os jornalistas, alegando que era vítima de conspiração e que quando o MISAU tinha um titular que não era de cor, não se falava mal, mas agora que o titular é de cor, todos os dias escreve-se contra ele. “vocês jornalistas precisam de ser nacionalistas”, rematou o ministro. Disse mais, quando Garrido estava no Ministério, deu medicamentos fora de prazo aos doentes e não disseram nada, agora escrevem sobre enchentes nos hospitais.

Pergunto: será que este deve ser o posicionamento de um governante?

Fiquei a saber ainda que a atitude do ministro da Saúde envergonhou o governo provincial que de tudo fez para evitar que os jornalistas que lá estavam escrevessem sobre o espectáculo protagonizado pelo Dr. Alexandre Manguele.O Ministério da Saúde enfrenta, neste momento, muitos problemas que o ministro tem que se dedicar a eles. Sei, por exemplo, que o Orçamento do Estado para este ano não contempla verba para a compra de medicamentos, um erro cometido pela Contabilidade Pública, por isso a verba está neste momento a ser garantida pelos doadores. Acho que o Dr. Manguele deve cuidar das péssimas condições que os hospitais apresentam, das enchentes, da falta de pessoal, entre outros males que voltaram a apoderar-se do sector de saúde. O actual ministro não deve se preocupar em destruir o que Garrido fez, ou falar mal deste, mas sim pegar no que de bom foi feito e melhorar. Pode não se entender com o anterior titular, mas a sua missão, suponho, não deve ser combatê-lo, mas sim corrigir os seus erros e dar o seu cunho pessoal para que um dia seja também recordado pelas coisas boas que terá feito.

Outra nota negativa de Dr. Manguele. Soube que o Dr. Garrido lhe pediu para pelo menos uma vez por semana ir realizar consultas de cancro de mama nos hospitais gerais José Macamo e de Mavalane. Tal pedido, o ilustre Dr. Manguele indeferiu.Em suma, acredito que o presidente fez uma má escolha para substituir Ivo Garrido do Ministério da Saúde. Adianto esclarecer que não tenho nada a ver com o Dr. Ivo Garrido, mas é revoltante o que está a acontecer nos nossos hospitais. Dado o seu carácter e estilo de governação é inevitável que tenhamos saudades dele e recordemos o que de bom fez.(Francisco Mandlate)

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