quinta-feira, março 24, 2011

A nova face da IURD

Em tempos, a igreja desempenhava um papel essencial na sociedade humana. Era a primeira instituição, antes da escola e dos pais a colocar uma educação rígida ao indivíduo, de como viver em harmonia com o seu meio através de valores e princípios morais. O culto ao senhor dos exércitos, ao Deus criador do céu e da terra, de acordo com o livro sagrado dos cristãos, foi substituído pelo culto ao materialismo. O valor das pessoas passou de uns tempos para cá a ser medido pela riqueza material. Em outras palavras, já não é o conteúdo do carácter do indivíduo que define a sua personalidade, mas aquilo que ele tem, como bem, disse uma vez o reverendo Martin Luther King. E a pobreza hoje é vista como uma maldição diabólica e não como resultado de vários fenómenos sociais. O dinheiro envolvido na construção desta majestosa obra vem provar que a IURD é uma igreja de massas e, sem dúvidas, que deve ser reconhecida como uma mega-empresa. É injustificável que num país pobre como Moçambique, que carece dos componentes básicos para oferecer as suas populações se dê o luxo de permitir que obras desta natureza floresçam de forma natural. Esta igreja não só espelha uma contradição social, num momento de crise, como também representa a ascensão de uma classe a outra. Ela vai, aos poucos, demarcar o tipo de crentes que realmente procura. Num mundo capitalista, lucrar é a ordem do dia. Já acontece com as escolas, hospitais, agências funerárias e o mesmo está a acontecer com as igrejas. Prova disso são os constantes marketings publicitários de algumas igrejas evangélicas que aparecem um pouco por todos os canais de televisão e rádio prometendo milagres e soluções para todos os problemas. Assim é a igreja do século XXI. Vivemos numa fase de completa revolução na igreja cristã. Estamos a testemunhar o fim da igreja que profere a moral e vemos o nascer de uma nova igreja, aquela que profere o amor e a luta pelo material. No lugar de procurar a paz espiritual, as pessoas vão a igreja a procura de enriquecer na vida. Uns até esquecem-se que para garantir uma vida melhor é necessário, antes de tudo, trabalho. É trabalhando arduamente que se consegue vencer as batalhas da vida e não importa quão fé o ser humano tenha. A base principal de uma igreja são os crentes. São estes últimos que devem definir os parâmetros em que a igreja deve se constituir. Se a igreja funciona fora desses parâmetros então são os próprios crentes que devem levantar a voz e condenar. Caso contrário, surgirão mais igrejas como a IURD que se impõem sobre os crentes, definindo os sacrifícios dos seus fiéis com base no capital. (Tomás Quedarem)

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