Já é conhecido o nome do “agente C” que, no processo de aquisição
de dois aparelhos Embraer para a Linhas Aéreas de Moçambique serviu de pivot
para o encaixe fraudulento de uma comissão choruda no valor de USD 800 mil
dólares. Segundo já escrevemos neste
diário o trâmite processual que decorreu no Departamento de Justiça do Estado
da Flórida, nos Estados Unidos da América (EUA), se convencionu omitir os nomes
concretos da associação criminosa que se beneficiou fraudulentamente de quase
um milhão de dólares americanos. Neste processo judicial, a Embraer sentiu-se
obrigada a pagar uma multa na ordem de 206 milhões de dólares para encerrar
acusações envolvendo o pagamento de propina, não só em Moçambique, mas também
na República Dominicana, Arábia Saudita e Índia.Portanto, nesta tramitação judicial não são citados os nomes dos executivos
moçambicanos que assinaram os contratos e participaram em todo o esquema da
negociação do pagamento das luvas. Não citando os nomes dos executivos, a
tramitação processual da justiça americana fala, igualmente do Agente C,
entidade que assumiu o papel de criar condições para que a Embraer pagasse os
800 mil dólares de luvas, a ordem de 400 por cada avião E-190.

Mateus Zimba, actual executivo da General Electric Oil & Gás em Moçambique,
tendo como área de operação a África Austral e Oriental, foi por cerca de 20
anos representante executivo da petroquímica sul-africana Sasol, em Moçambique.
No processo das luvas, Mateus Zimba terá sido contactado por executivos da
LAM para entrar na qualidade de consultor no negócio. O único nome do executivo
da LAM citado nos documentos é o do Eng. José Viegas que, à altura do negócio,
assumia a pasta de Presidente do Conselho de Administração, com funções
executivas.
Os detalhes do documento indicam várias trocas de emails entre Mateus Zimba
e os executivos da Embraer. No processo, os executivos da Embraer aconselham a
Mateus Zimba a criar uma empresa para a drenagem dos valores, chamando atenção
para a necessidade de a empresa não estar sediada num paraÍso fiscal. Nisto, os
executivos da Embraer deram todas as indicações e os mecanismos procedimentais
no sentido de Mateus Zimba criar uma empresa de fachada em São Tomé e Príncipe.
E pronto, tal e qual. Assim aconteceu. Mateus Zimba iniciou o processo e
em poucos dias do ano 2008 conseguiu criar a Xihivele, Consultoria e Serviços
Ltda, sedeada em São Tomé e Principe.
No processo negocial sobre as quantias para o pagamento de luvas, depois
de muita discussão, Mateus Zimba chegou a acordo com os executivos da Embraer para
o pagamento de 50 mil dólares por cada avião. Entretanto, quando Zimba
encaminha o assunto para o executivo da LAM citado nos documentos, no caso José
Viegas, este mostra-se revoltado e ofendido pela “precariedade” da oferta da
Embraer.
Em troca de emails, José Viegas terá mesmo chegado a considerar que a
oferta de 50 mil dólares por cada avião era um autêntico insulto.É assim que Viegas entra directamente na negociação do valor das luvas e
dias depois foi acordado o pagamento de 800 mil dólares para os dois aviões.Fechada a questão da negociação das luvas, os contratos de venda de dois
aparelhos foram assinados a 15 de Setembro de 2008, tendo José Viegas sido um
dos três executivos da LAM a assinar o contrato de compra e venda, ao valor de
32.69 milhões de dólares cada.A partir daqui, o resto só foi mesmo uma questão de se fazer a entrega dos
aviões e depois disso correr o processo do pagamento de luvas. Nisto, Mateus
Zimba apresentou, à Embraer, duas facturas de pagamento, no valor de 400 mil
dólares cada. A primeira tem a data de 15 de Agosto de 2008 e a segunda com a
data de 24 de Setembro do mesmo ano.

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