sábado, setembro 10, 2011

Arranha-céus de Maputo encravado

O projecto de construção do prédio mais alto de Moçambique, na zona baixa da cidade de Maputo, está encravado. Em causa está o cepticismo das instituições financeiras em libertar fundos para um projecto de viabilidade duvidosa. No entanto, Archer da Cunha, director do projecto, recusa em falar em fracasso. Diz que são constrangimentos próprios para um empreendimento daquela envergadura. Garante que num futuro próximo as obras vão arrancar. O edifício foi concebido para 47 andares, numa área de cerca 90.000 m2. O prazo inicialmente programado para a construção do edifício era de 36 meses.No meio de muita pompa e perante altas individualidades da nação e do município de Maputo, a direcção executiva da Green Point Group, firma de capitais israelitas e moçambicanos, anunciou em Agosto de 2010, a construção de um arranha céus na zona baixa da capital moçambicana.O ponto mais alto da popularização deste projecto foi o lançamento da primeira. A cerimónia foi encabeçada por Paulo Zucula, ministro dos Transportes e Comunicações e contou também com a presença do presidente do Conselho Municipal de Maputo, David Simango. Denominado “Maputo Business Tower”, os mentores da iniciativa disseram no acto do lançamento que o edifício constituiria mais um símbolo de desenvolvimento nacional e que seria um ponto de convergência para os homens de negócio, turistas e cidadão comum. Por seu turno, Paulo Zucula afirmou que o prédio mostrava que o país está no caminho certo e simbolizava o desenvolvimento de infra-estruturas que está a ter lugar em Moçambique enquanto que David Simango disse que o “ Maputo Business Tower” seria mais uma oportunidade para que os visitantes da cidade possam beneficiar de diversificados serviços que aqui serão disponibilizados. Porém, um ano depois do lançamento da primeira pedra nada de concreto é visível. O capim tomou conta do local onde devia nascer o prédio mais alto do país.O que se vê dia após dia é a desmontagem do pouco equipamento que o empreiteiro já tinha começado a mobilizar. A própria vedação do local onde seria erguido o empreendimento também está a desaparecer. O edifício é fruto de uma parceria firmada em Abril de 2009 entre Green Point Group e a empresa pública Correios de Moçambique. Os dois detêm 50% do “Maputo Business Tower”. O edifício será construído num local vago entre o edifício central dos Correios de Moçambique e a Biblioteca Nacional, na Avenida 25 de Setembro. Terá cinco andares para parque de estacionamento, 32 para escritórios e os restantes serão preenchidos por shoppings. No topo do prédio haverá um heliporto. Na altura do lançamento a Green Point disse que contava com fundos próprios e outra parte viria de empréstimos bancários já acordados.
Sabe-se que a maior parte do bolo viria do financiamento bancário visto que, o sector imobiliário tem sido uma das áreas onde a banca deposita o seu capital devido aos altos níveis de rentabilidade. Contudo, quando tudo indicava que o projecto tinha “pés para andar” eis que as instituições financeiras recuaram. Acontece quealguns bancos e outros investidores recuaram quando se aperceberam que nenhuma figura relevante da nomenklatura estava ligado ao projecto.Archer da Cunha, director executivo da Green Point Group, negou que o seu projecto esteja a fracassar. Porém, reconheceu que o mesmo está bastante atrasado devido à dificuldade de financiamento.Aponta a crise económica que abalou o mundo e que indirectamente terá afectado o sistema financeiro moçambicano.“Quando idealizámos o projecto contávamos com o financiamento bancário. Aliás, um empreendimento deste nível dificilmente pode avançar sem parcerias bancárias, são mais de 100 milhões de dólares norte-americanos em jogo”, disse Archer da Cunha para depois referir que contra todas as expectativas os bancos tiveram dificuldades de libertar os fundos.Sublinhou que quando lançou a primeira pedra a intenção era de mostrar aos principais parceiros que a iniciativa era sólida. Entende Archer que ainda reina o domínio de espírito de pessimismo no seio de muitas correntes do meio financeiro moçambicano.“Veja que quando lançámos a primeira pedra fomos interpelados por pessoas provenientes das esferas políticas, económica incluindo algumas instituições financeiras a quererem saber quem eram os verdadeiros mentores do projecto. Respondémos que é um grupo de pessoas com uma visão futurista sem suporte de nenhuma influência política partidária”, disse acrescentando: “sempre que nos referíssemos sobre quem eram aos sócios do projecto, o cepticismo predominou, até das instituições financeiras”.Mesmo com estas objecções, Archer da Costa promete que o projecto vai arrancar num futuro muito breve.Nesta primeira fase as obras serão totalmente financiadas pelos mentores do projecto. O predio mais alto data da decada de setenta e tem 33 andares.

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