quarta-feira, junho 26, 2013

"A tendência do ofendido é de atacar"

O antigo presidente da República, Joaquim Chissano, disse nesta terça-feira em Maputo que a actual situação de tensão político-militar que se vive no País está a colocar em causa a paz conquistada e mantida por 21 anos.Chissano, que falava momento após as cerimónias oficiais das comemorações do 38.º aniversário da independência nacional, disse que se fecharmos os olhos à actual situação a paz será definitivamente colocada em causa.Num outro desenvolvimento, o ex-presidente da República disse que a solução de qualquer erro, dificuldade ou diferenças políticas não pode ser por via de destruição daquilo que já foi construído tal como está a acontecer neste momento.“Devemos reforçar as nossas relações de cidadãos irmanados do Rovuma ao Maputo. E para que isso aconteça, é importante que cada um se prepare internamente para poder levar este combate que na minha opinião considero difícil porque uma pessoa que se sente ofendida a sua tendência é de atacar as outras pessoas quer por vias de palavras ou por outras acções agressivas. Mas, quem souber conter sua ira, raiva ou insatisfação pode encontrar formas de melhor resolver os problemas que o aflige", sublinhou o ex-chefe de Estado moçambicano. (R. Moiane)

"Não é por cair um pingo de chuva que há cheias"

O Presidente da República, Armando Guebuza, apelou hoje aos moçambicanos para não se sentirem desesperados com o actual clima de tensão que se vive no país, onde homens armados atacam e matam civis e agentes das forças de defesa e segurança.Falando a jornalistas, em Maputo, por ocasião da passagem hoje de 38 anos após a proclamação da independência nacional, Guebuza considerou essa situação como um teste à determinação dos moçambicanos de continuarem unidos na construção do país e na luta contra a pobreza.“Algumas pessoas não somente são impacientes, o que é óbvio, mas ficam desesperadas e pensam que tudo acabou. Mas mesmo na vida de cada indivíduo há períodos em que as pessoas são testadas na sua determinação de fazer as coisas. E ao serem testadas devem provar que, efectivamente, acreditam nos princípios e na sua determinação de vencer o sofrimento e a pobreza e fazendo isso sobretudo garantindo que haja paz”, disse Guebuza.Nas últimas semanas, mais de uma dezena de cidadãos e agentes das Forças de Defesa e Segurança foram mortos em ataques perpetrados na província de Sofala, centro do país, por homens armados que se acredita serem da Renamo, que é também a maior força da oposição no país.O último ataque ocorreu na semana passada, tendo como alvo um paiol das Forças Armadas de Moçambique no distrito de Dondo, na província central de Sofala, cujo saldo foram sete militares foram mortos e equipamento militar roubado. Dias depois, começaram outros ataques a civis ao longo da Estrada Nacional Número Um (EN1), no troço Rio Save/Muxúnguè, onde até agora a circulação é feita com a protecção de uma escolta das Forças Armadas.Para Guebuza, o registo de incidentes isolados no país não pode ser interpretado como o fim da paz em Moçambique. “O governo permanece firme na sua determinação de, por via de diálogo, encontrar resposta a estas questões”, sublinhou o estadista moçambicano.A acção armada da Renamo, que mantém homens armados nas suas bases desde a assinatura do acordo geral de paz em 1992, é interpretada como uma forma de pressão ao governo para responder positivamente as suas exigências nas negociações em curso no país já há alguns meses.A principal exigência da Renamo nessas negociações é a alteração da lei eleitoral – já em vigor – de modo a assegurar uma representação por igual dos partidos políticos na Comissão Nacional de Eleições (CNE). A lei passou em Dezembro último sem o voto a favor na Renamo no parlamento.Contudo, ainda persiste um impasse no diálogo entre a Renamo e o governo, o que para muitos significa a continuidade ou alastramento do clima de violência no país. Guebuza apela à paciência da sociedade, dada a complexidade do diálogo entre as partes.Sobre a necessidade de um encontro urgente com o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, para discutir e resolver a actual situação política do país, Guebuza esclareceu que sempre esteve aberto para o diálogo.
O estadista moçambicano afirma que o mesmo não sucede com Dhlakama que “escapa sempre”.
Questionado se a actual situação do país não fragiliza o seu papel na mediação de conflitos na Comunidade de Desenvolvimento a África Austral (SADC), que Moçambique detém a presidência rotativa, Guebuza respondeu “penso que não”.“Não devíamos ver em cada incidente ou cada acidente no percurso como pondo em causa tudo aquilo que é fundamental. Caso contrário, bastava cair um pingo de chuva para pensarmos que teremos cheias. Não é isso. Nós não estamos desanimados. Nós acreditamos que vamos resolver o problema e que o papel de Moçambique na SADC e no mundo permanece o mesmo”, explicou. 

Nenhum operador sobrevive face a intraquilidade

O presidente da Autoridade Tributária de Moçambique (ATM), Rosário Fernandes, adverte que as ameaças e os ataques da Renamo, o maior partido da oposição no país, poderão afectar o processo de arrecadação de receitas para os cofres do Estado. Segundo o dirigente, no ano passado foram alcançados 98,6 mil milhões de meticais (cerca de 3,3 biliões de dólares ao câmbio corrente) de receitas prevendo-se que, este ano, esta cifra se mantenha ou seja superada.O jornal “Noticias”reporta que Fernandes fez esta advertência sexta-feira última quando se dirigia aos tradicionais operadores do Porto da Beira que garantem o trânsito de mercadorias de e para o Zimbabwe, Zâmbia, Malawi e RDCongo com os quais se reuniu para juntos
abordarem matérias relativas à implementação da Janela Única Electrónica (JUE).Aquele responsável reagia assim aos últimos desenvolvimentos políticos no país caracterizados por alguma instabilidade na sequência de ameaças e ataques da Renamo numa altura em que decorre um diálogo entre as partes para a aproximação das diferenças.Aliás, o impacto na economia moçambicana já é visível na região centro, onde centenas de pessoas interessadas em seguir as suas viagens, quer para o sul quer para o norte de Moçambique, são forçadas a permanecer na sede do posto administrativo de Muxúnguè, província central de Sofala, a espera da oportunidade de prosseguir. A par disso, um elevado número de camiões carregados de mercadoria diversa, viaturas particulares, autocarros e “mini-buses” de transporte de passageiros formam enormes filas que chegam a atingir entre um e dois quilómetros, à espera da oportunidade de passar uma vez que a circulação só é feita no período diurno, ou seja, o trânsito cessa depois das 17.00 horas. O clima de instabilidade que se instalou na região centro de Moçambique também está a afectar escoamento do carvão na Linha de Sena, que liga a região carbonífera de Moatize, na província de Tete, ao porto da Beira, em Sofala, particularmente no período nocturno. Como consequência, reduziu de seis para três a circulação diária dos comboios transportando carvão mineral ao longo da Linha de Sena. “Temos que ter as nossas vias de comunicação livres de instabilidade com infra-estruturas sólidas. Queremos que haja uma comunicação plena do sul, norte e no “hinterland”. Quando o comércio, a agricultura, indústria estão parados isso provoca um colapso económico e Moçambique é exemplo no mundo na estabilidade económica. Os cidadãos devem circular livremente e os agentes económicos praticarem negócios como direitos inalienáveis consagrados na constituição da República que não podem ser postos em causa por ninguém”, recordou o presidente da ATM. E mais do que isso, no seu dizer, o factor humano é essencial para o trabalho em condições de estabilidade na livre circulação de pessoas e bens no nosso país e em toda a região da África Austral e não só. Reafirmou que nenhum operador económico, seja ele qual for, fica tranquilo quando as vias de comunicação estão fechadas. “Mesmo dentro da própria cidade, quando há covas, não há energia e água é motivo de preocupação. Quando o comércio, agricultura e indústria estão parados as famílias também estão paradas”- concluiu o presidente da ATM.Sustentou que Moçambique é um dos exemplos no mundo de estabilidade política cuja experiencia é replicada internacionalmente.

O constitucionalista de que Moçambique precisa

Numa altura em que é unânime a ideia de que o diálogo entre o Governo e a Renamo está feito uma espécie de “conversa entre surdos e mudos” sem resultados palpáveis, Joaquim Mulémbwè, antigo presidente da Assembleia da República, apela à honestidade de ambas as partes para que as conversações produzam resultados palpáveis.Falando, na Praça dos Heróis, o antigo número um do parlamento moçambicano disse que a actual situação política do País não é boa. “Todo o moçambicano de bom senso vê para aquilo que acontece como sinal de algo que não está bem no nosso País”. Para Mulémbwè, é importante usar as celebrações da independência nacional para reflectir sobre o que não está bem no nosso País. “Devemos fazer das celebrações do dia da independência um momento de reflexão que traga caminhos para resolução do problema que temos hoje”.Sobre as convulsões político-militares que se registam no centro do País, aquele membro sénior do partido Frelimo disse que é preciso procurar caminhos que garantam uma paz efectiva, “uma paz verdadeira e duradoira”. Para se atingir esse desiderato, segundo disse o antigo procurador da república, é preciso que ambas as partes cedam e sejam honestas nas negociações. “Tudo passa necessariamente, na minha opinião, por um processo que se parece com a mortificação. Cada uma das partes deve saber perder para que dessa morte possamos ressuscitar todos. É preciso um diálogo franco e honesto, para que o povo volte a sentir a paz”, disse Mulémbwè. (M. Guente)

quinta-feira, junho 20, 2013

É de se tirar o chapéu!!!

O Conselho Municipal de Inhambane, sul de Moçambique, está a investir perto de três milhões de meticais, cerca 100 mil dólares, na construção de um parque infantil nos arredores da cidade, um tipo de infraestruturas que tendem a escassear nas cidades do país.O referido centro está em construção no bairro Malembuane, arredores da cidade, e a sua primeira fase foi inaugurada , como parte das celebrações do Dia da Criança Africana, que este ano decorre sob o lema “Eliminar práticas sociais prejudicais à criança é responsabilidade de todos nós”.Até ao fim das obras, que se prevê seja em 2014, o Centro Infantil Maria da Luz Guebuza deverá ter, além do campo polivalente, palco e local de jogos - hoje inaugurados -, um aquário, escorregadio, baloiços giratórios, entre outras facilidades.Falando na ocasião, o edil de Inhambane, Benedito Guimino, disse que esta infra-estrutura deve-se ao comprometimento da sua instituição para com a causa da criança.“Ainda este ano, vamos construir um outro parque maior que este no bairro Muelé Expansão”, disse Guimino, eleito Presidente do Município de Inhambane nas eleições intercalares de Abril do ano passado, realizadas para fechar a vaga deixada pelo falecido edil Lourenço Macul.

quarta-feira, junho 19, 2013

Alas sabotam fornecimento de água

Um grupo de residentes da cidade de Chibuto manifestou hoje a sua insatisfação com o Município local por, alegadamente, não estar a resolver os vários problemas, particularmente a falta de água, que enfermam aquela urbe da província de Gaza, sul de Moçambique.  O problema foi levantado durante uma reunião popular no bairro 25 de Junho, arredores de Chibuto, dirigida pela Primeira-Dama moçambicana, Maria da Luz Guebuza, que iniciou uma visita de trabalho a província de Gaza na segunda-feira. 
“É bom não enganarmos as pessoas, porque não há nenhuma bomba de água aqui”, disse Adriano Hermenegildo, residente local que pediu a palavra para desmentir o discurso apresentado minutos antes pelo edil local, Francisco Manjate, referindo que o seu manifesto eleitoral foi realizado em 95 por cento.
“É doloroso mentirem para nós, quando até chegam a fechar os vidros dos carros e não querem saudar aqueles que votaram em vós”, acrescentou Hermenegildo, fortemente ovacionado pela multidão presente no evento. Entretanto, na mesma reunião, outras pessoas pediram a palavra para refutar as declarações de Adriano Hermenegildo, afirmando serem visíveis os esforços da edilidade em resolver os problemas da cidade, incluindo o abastecimento de água.Américo Machava e Gilda Wate, residentes de Chibuto, disseram estarem em curso obras que visam o abastecimento de água aos vários bairros da cidade. Machava disse ainda que existem poços em muitos bairros do Município que garantem o fornecimento de água à população local.
Um jornalista da AIM no local disse que, normalmente, a cidade de Chibuto debate-se com problemas de abastecimento de água, mas sublinhou haver um aproveitamento político desta crise.Explicou que existem facções no seio do partido no poder que não querem a continuidade do actual edil como candidato para as eleições autárquicas de 20 de Novembro próximo, razão pela qual decidiram enveredar por uma campanha para manchar a sua imagem.“O que acontece é que já há obras em curso, mas as mesmas chegam a ser alvo de sabotagem por parte dessas pessoas. Neste momento, há pessoas que se encontram detidas por terem sabotado as obras de abastecimento de água”, disse a fonte.

Presidente tomou uma posição de estadista

O governo moçambicano tranquiliza e assevera que o assalto perpetrado na madrugada de Segunda-feira a um paiol das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) no posto administrativo de Savane, distrito de Dondo, na província central de Sofala, não vai i
nviabilizar o diálogo em curso com a Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique.O governo e a Renamo encontram-se envolvidos num diálogo, a pedido desta formação política, para discussão de uma agenda que inclui quatro pontos, nomeadamente um novo pacote eleitoral, despartidarização da administração do Estado, matérias relativas a defesa e segurança e questões económicas.O ataque resultou na morte de pelo menos cinco membros das forças de defesa e segurança de Moçambique. 
Esta posição foi manifestada pelo porta-voz da 19ª sessão do Conselho de Ministros ocorrida (18) em Maputo.
“A vontade do diálogo do governo e a vontade de manter a situação de estabilidade política que prevalece no nosso país não vai ficar afectada por essa acção irresponsável, por essa acção injustificada levada a cabo pela Renamo”, disse Gabriel Muthisse, porta-voz do encontro.“Nós vamos nos encontrar com a Renamo na Segunda-feira para as sessões de diálogo”, acrescentou. Questionado sobre as razões que levaram o governo a atribuir o referido ataque a Renamo, Muthisse arrolou uma série de eventos ocorridos em Moçambique nos últimos anos.
“O percurso deste partido, as ameaças que vem proferindo ao longo dos últimos meses, até diria ao longo dos últimos anos, os antecedentes de Muxúnguè e de outros locais e tentativas, que se assistiram nos últimos meses, de concentração de homens armados em vários locais do nosso país o ‘modus faciendi’ tudo isso nos mostra que esta é uma acção da Renamo. Não existe uma outra entidade que possa ter levado esta acção”, disse Muthisse, que também desempenha as funções de vice-ministro das pescas.Segundo o governante, acresce o facto de aquele antigo movimento rebelde manter homens armados nas suas bases ou nas suas sedes. O governo afirma ainda que nos últimos anos a Renamo tem estado a incitar de maneira muito activa a situações de violência e de ódio no seio da sociedade moçambicana. Para o governo, este ataque completamente injustificado a uma posição das forças de defesa e segurança em Savane é o corolário de todo este processo de ameaças e de incitação a violência que a Renamo tem estado a fazer.


O comandante da PRM em Sofala, Joaquim Nido, disse ontem que não há dados que evidenciem que foram os homens armados da Renamo que assaltaram o paiol de Savane e preferiu falar de perturbação à ordem pública.“Em nenhum momento conseguimos identificar se são indivíduos que pertencem a uma formação política como a Renamo. É mais um caso de perturbação à ordem pública, daí que apelamos à calma da população de Sofala”, disse Joaquim Nido. Mais cauteloso, o presidente da República reagiu a partir de Niassa, onde se encontra em presidência aberta. Armando Guebuza não acusou a Renamo nem mesmo chegou a falar desta formação política.

segunda-feira, junho 17, 2013

Depois de 20 anos de paz,militares irritam-se

O jornal Canalmoz acaba de confirmar que cerca das 03 horas da madrugada de hoje, homens armados atacaram um Paiol das FADM na estrada de Inhaminga, na província de Sofala para se apoderarem de armamento ligeiro e pesado ali armazenado. Fonte do Hospital Central da Beira confirmou ao repórter da Delegação do Canalmoz naquela cidade que deram entrada no banco de socorros, cinco mortos das forças militares do Governo e dois feridos graves. O porta-voz do Hospital de Central da Beira que se identificou apenas como Jamal acrescentou que os mortos e feridos eram provenientes de Muanza, uma vila ferroviária na Linha de Sena que serve de escoamento ao carvão de Moatize, em Tete. Em Muanza, a cerca de 80 quilómetros da Beira existe uma importante pedreira de calcário que é vital para o funcionamento da fábrica de cimentos do Dondo, mais conhecida por Nova Maceira.
Os comboios da Vale Moçambique e da Rio Tinto estão paralisados a noroeste de Muanza, os descendentes, e entre Muanza-Dondo e Beira, os ascendentes, segundo fontes na Beira que não querem ser identificadas.
Mateus Mazibe, porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique em Sofala, disse ao nosso repórter na Beira que não confirma nem desmente que tenha havido qualquer incidente na zona entre Savane, localidade que se situa a cerca de 30 quilómetros do Dondo, e Muanza. Muanza, o local citado pelo porta-voz do Hospital Central da Beira como sendo a proveniência dos cinco mortos e dois feridos que deram entrada naquela unidade de saúde, situa-se a 80 kms do Dondo. Na Beira, na delegação provincial da Renamo em Sofala, o chefe do Gabinete do Delegado, Jorge Mussa Mutita disse  que não dispõe de qualquer informação sobre o incidente já confirmado há momentos pelo porta-voz do Hospital Central da Beira ao nosso correspondente na Beira, Adelino Timóteo. Fontes informais devidamente identificadas reportaram  que houve dois ataques a depósitos de armamento militar, o primeiro às 03 horas e o último às 11 horas desta manhã, mas fontes oficiais apenas admitem ter havido um ataque ao Paiol das FADM, entre Derunde e Muanza, para onde foram transferidos os artefactos do ex-Paiol de Inhamizua, na Beira, que há uns anos explodiu e ardeu. No Dondo e na Beira – cidades que distam entre si cerca de 30 quilómetros – fontes civis com familiares na zona de conflito, disseram que os seus parentes abandonaram a zona em debandada, tendo o mesmo acontecido com os efectivos policiais e militares ali estacionados. A zona afectada abrange Savane, a 20 de Milhas do Dondo, Galinha, Derunde e Muanza (80 kms do Dondo).Na Beira reina agora uma grande instabilidade militar e policial, segundo o nosso repórter.  Confirmar que no Quartel de Matacuane, das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) há “grande agitação” e o mesmo acontece no centro da cidade, no Quartel da FIR, ao lado do Conselho Municipal da Beira onde foram vistos blindados a circular.Ainda nenhuma fonte da Renamo assumiu a responsabilidade do ataque, mas tudo indica que foram homens armados desta organização que empreenderam o assalto ao Paiol, às 03 horas da manhã de hoje. Quanto ao ataque ao segundo paiol, que se diz ter ocorrido cerca das 11 horas desta manhã, não há fontes fidedignas que o confirmem. Na delegação provincial de Sofala o chefe do Gabinete do Delegado da Renamo disse que o delegado e o porta-voz estão junto com o presidente da Renamo no distrito da Gorongosa. (A. Timóteo na Beira)

quinta-feira, junho 13, 2013

Mas por que razão há greve e só agora?

Junto-me às diversas vozes que concordam que os médicos deviam voltar aos hospitais públicos. Ninguém nega que os grevistas (médicos, enfermeiros, serventes, maqueiros, técnicos de laboratórios) tenham razão em relação aos pontos que constam do(s) seu(s) caderno(s) reivindicativo(s). Também ninguém não sabe que o Governo não tem capacidade para responder cabalmente às exigências feitas. O ponto essencial do caderno parece que tem a ver com o salário que se aufere.      Por aquilo que nos deixam transparecer através das vozes que aparecem nas câmaras de televisão, umas identificadas outras não, os médicos recebem há 20 anos 2500 meticais mensalmente! Ou seja, qualquer pessoal da Saúde é médico! Parece estranho, mas a percepção lógico-cultural do que é médico nesta pérola dos recursos minerais é essa. Está enraizada nas nossas línguas. Por isso quando nos dirigimos ao hospital temos esperança de “kuvoniwa hi dokodela=dotori”, ou seja, ser visto pelo médico. Afinal o nosso “dokodela” (médico) recebe só 2500? A outra lógica, que convém dizer que é da minoria, advoga que existem diferentes áreas, escalões e carreiras dentro da Saúde que se manifestam claramente pelas diferenças salariais visíveis na tabela. Um dos grandes factores penso que deve ser curricular. Quantos anos a pessoa fez greve individual, ou seja, ficou positivamente nos bancos escolares? Outro deve ser o de chefia. Como nem todas as pessoas têm as mesmas habilitações literárias, ou propensões naturais para a chefia, então o salário é diferente...
Há quem diga que esta greve é consequência da falta do diálogo entre o Governo e os demais sectores, outros ainda vêem a dificuldade do Governo em pôr ponto final a este “vukuvuku” por ter descoberto que afinal se trata de greve de todo o sector público, se calhar excluindo o sector da Autoridade Tributária. Mas por que razão há greve e só agora?
As respostas não são simples e é provável que sejam históricas: as expectativas que as pessoas tinham quando se alcançou a independência não se sabe se foram satisfeitas. Houve grande euforia como em qualquer parte do mundo quando se alcançou a liberdade e os discursos de então alimentaram mais esperanças. Houve guerra. Os discursos de esperança foram alimentados para o período pós-guerra. Terminou a guerra. Os discursos de esperança foram renovados para o período pós-reconstrução. O povo trabalhador definiu prazos do período pós-reconstrução. Resultados: Mais discursos que apontam para um bem-estar depois do funcionamento pleno dos mega-projectos. Partiu-se o copo. Tudo coincide com os efeitos da crise financeira. Acho que o Governo está a defender mãos vazias quando não informa o seu digníssimo POVO maravilhoso que está a ser sacudido pela CRISE.
No fundo, o Governo do Presidente Guebuza dialoga com o seu povo. Se fizermos comparações injustas, uma vez que os tempos são diferentes, pode-se concluir que este Chefe do Estado dialogou mais com o povo que os seus antecessores. Isso é simples, basta analisar quantas presidê
ncias abertas foram feitas, quantas sessões alargadas ele orientou, quantos Conselhos de Ministros, reuniões alargadas aos governadores, administradores, chefes de postos, chefes de autoridade local, religiosos, líderes políticos, corpo diplomático, jornalistas, desportistas, professores, engenheiros, polícias, soldados, pescadores, camponeses... para dissipar-se a ideia de que não há diálogo. Mesmo os que são chamados mabandido têm o privilégio de dialogar com o Chefe do Estado nos comícios populares e até dão sugestões. Quando o Presidente pergunta à população que procedimentos devem ter quando encontram um “criminoso”, eles respondem que deve ser levado à Polícia e não deve sofrer qualquer agressão e que depois deve ser liberto. Que o diga o comandante Khalau! Esse lado dos bandidos é interessante que a greve!
Como propostas para se pôr fim ao problema devem ser estudadas formas de uniformizar o salário na função pública e remunerações pagas em função não só do nível académico, mas também da componente saber fazer com competência. Deve-se reforçar a ideia de abertura de machambas para a produção de comida a nível das famílias. Reforçar-se a ideia de matricular os filhos nas escolas públicas. Reforçar-se e concertar-se o “barulho” ao Governo em definir uma política clara sobre transporte, produção de comida, trabalhos voluntários. Reforçar-se a capacidade governamental de interpretar, compreender e divulgar os resultados dos inquéritos/censos realizados pelo Instituto Nacional de Estatística. Reforçar a capacidade governamental na compreensão dos resultados dos modelos económico-sociais sugeridos por estudiosos moçambicanos. Responsabilizar todos os funcionários públicos, definindo parâmetros das suas actividades. Orientar o povo. Há que se repensar na dimensão do recrutamento de candidatos aos cursos de saúde ou revisão de alguns paradigmas curriculares. É provável que as raízes desta greve estejam subjacentes nos “curricula” da Saúde. Há uma notícia interessante que circula indicando que algumas unidades hospitalares fora de Maputo GRANDE estão a funcionar em pleno. Pergunto, será que não aderiram à greve ou porque não há médicos. Afinal em que hospitais estão os médicos?
Unidade, trabalho e vigilância!

(Balate Júnior)

terça-feira, junho 11, 2013

Egoísmo,injustiça e monopolismo estão a renascer


[p1-2-d3edu11.jpg]A Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACCLIN) repudiou publicamente as recentes afirmações de um dos seus membros sobre a 'saúde política' do partido Frelimo, classificando-as hostis e contrárias aos princípios que regem a agremiação. O repúdio foi feito hoje pelo Secretário-Geral da ACCLIN, Fernando Faustino, numa conferência de imprensa havida em Maputo, visando responder aos recentes pronunciamentos veiculados nos órgãos de informação, por um dos membros da associação que congrega, a escala nacional, um universo de 80 mil militantes. As afirmações de Faustino surgem em resposta as declarações feitas por Henrique Madebe, major na reserva, que criticou  o partido no poder, de que é igualmente membro, mas insatisfeito com o actual estado das coisas.  Madebe disse, na entrevista ao programa da STV “50 ANOS DA FRELIMO) , que a governação está mal. Na óptica do Major, males como o capitalismo, egoísmo, injustiça e o monopolismo estão a renascer fortemente, não obstante ter-se lutado contra as mais várias formas de opressão movidas pelo regime colonial.  Madebe disse igualmente haver planos de expropriação das casas dos antigos combatentes na zona militar, em prol dum interessado que pretende edificar um condomínio, mas que quaisquer tentativas de tirar serão respondidas com revolta. Fernando Faustino, que está igualmente a par do conteúdo da entrevista, disse porém que tanto na ACCLIN quanto no partido Frelimo existem fóruns apropriados para tratar de questões da saúde política da agremiação.
“Nós, os combatentes, repudiamos veementemente a todos os pronunciamentos hostis a este partido e ao governo em particular, porque partimos do princípio que é o partido onde estão integrados os combatentes. Foi o partido que lutou pela independência do país, e é por isso que o povo moçambicano confia nele”, disse Faustino.
O secretário-geral disse que a ACCLIN está representada em todos os distritos e anualmente tem realizado reuniões do Comité Nacional, órgão constituído por 180 membros, onde são discutidas e planificadas as actividades, isto é, todo o tipo de questões relativas aos membros são resolvidas a nível do órgão e nunca na rua.A fonte acrescentou igualmente que as questões apresentadas pelos membros da ACCLIN têm e sempre tiveram resposta, e a associação nunca ficou indiferente aos assuntos de sua total e plena jurisdição. Mais ainda, os combatentes têm, segundo Faustino, acesso a pensão de acordo com as suas categorias militares, a educação e assistência médica e medicamentosa, habitação condigna, acesso a um fundo de inserção social atribuídos pelo governo em reconhecimento do esforço que eles fizeram em tempos. 
Respondendo a questão da construção de um condomínio no bairro militar ocupado pelos combatentes após a independência do país, em 1975, o secretário-geral disse que a zona é património do Ministério da Defesa Nacional. Em caso de necessidade de retirada dos residentes, o ministério vai, primeiro, criar condições para os acomodar e as informações em poder da ACCLIN indicam a existência de um projecto de reassentamento de todos os moradores da zona e se calhar com melhores condições que as actuais. 
“A Frelimo já mudou... mudou entre os homens de sangue novo e velho... mudou bastante, há problemas de pensamento que não estão a ser observados. O que posso dizer é que a Frelimo está moribunda”, disse Madebe, acrescentando que “esta não é Frelimo de Mondlane, de Marcelino dos Santos, Sérgio Vieira, Óscar Monteiro e nós outros. Frelimo está desviada. Os nossos objectivos estão totalmente desviados e até a população só diz chega!”. Madebe diz ainda que actualmente a Frelimo é fonte de injustiças e todos os males contra os quais fora criada para combater. “O que está mal é a governação. Nós lutamos contra o capitalismo, egoísmo, injustiça, monopolismo, mas agora são as mesmas coisas que estão a nascer fortemente. Quando ando nos bairros tenho medo de dizer que sou combatente, porque as pessoas falam muito mal do Governo, até dizem que o mesmo é selvagem”, disse.

sábado, junho 08, 2013

"cultura inadequada se fizermos dela um ídolo"



No mês de Junho de 1953, umas dias depois da graduação do meu pai, Eduardo Mondlane, do Oberlin College, ele escreveu essas palavras numa carta para futuro esposa e mãe das seus filhos, Janet Johnson. Na altura em EUA ainda havia estados aonde casamento entre a “raça” branca e negro era ilegal. Ele estava a contemplar o futuro que eles ião confrontar. Ele escreve,

“… O mundo está á espera da altura em que o homem se encontra com outros em termos do seu valor humano e não em termos da cor (do seu pele) ou do idioma. As culturas estão a misturar-se lenta mas implacavelmente. Há uma comunicação cada vez mais rápida tanto física como espiritual.
… Tudo isto significa (é) que tu e eu podemos ser cidadãos do mundo se assim o desejarmos...O mundo está esfomeado (está necessitando) de pessoas que possam sair e encontrarem-se com outros seres humanos. Não me interpretes mal, eu não quero dizer que qualquer cultura seja má ou inadequada. O que eu quero dizer é que qualquer simples cultura pode ser inadequada se fizermos dela um ídolo. Ao mesmo tempo que amamos a nossa própria cultura, não nos podemos esquecer que é uma parte e apenas uma parte de um mundo maior – a humanidade. Esta ideia é hoje aceite por milhões de pessoas, mas é difícil encontrar alguém que se aventure mais além (que pouse ir mais além), excepto muito poucos (vamos ser) esses poucos. As gerações futuras vão estar agradecidas por termos iniciado, mesmo que os nossos nomes desapareçam na confusão do progresso.” (Chude Mondlane)

Orçamento para a Saúde baixou e para a Segurança subiu



Uma carta assinada pelo médico ginecologista Pascoal Mocumbi (antigo primeiro-ministro,veterano da FRELIMO) e subscrita por outros 84 médicos especialistas de diversas áreas e mais antigos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi enviada ao Presidente da República, Armando Guebuza, para manifestar a sua indignação face à actual situação na Saúde e apela à sua intervenção para a solução deste problema. A missiva, a que o “Notícias” teve acesso, refere-se, entre outras coisas, que as condições de trabalho e a vida dos profissionais da Saúde têm estado a se deteriorar de forma acentuada nos últimos tempos, com faltas básicas de medicamentos e equipamentos nas unidades sanitárias, condições péssimas de habitação, sobretudo para os jovens médicos e para os pós-graduados e com salários de miséria. A carta contesta o facto de o Orçamento do Estado para a Saúde ter baixado nos últimos seis ou sete anos em cerca de 50 por cento enquanto em alguns sectores aumentou 10 vezes mais.  O documento afirma também que a actual situação em que se encontra o SNS deriva do silêncio dos governantes face às preocupações reiteradamente apresentadas pelos profissionais da Saúde, que se sentem desconsiderados, injustiçados, desmoralizados e revoltados. Os subscritores da carta denunciam ainda situações de coacção, intimidação, demissão e repressão exercidas sobre os profissionais da Saúde envolvidos na greve e, segundo a carta, são medidas contraditórias com o reconhecimento da legitimidade da greve e não aceitáveis num Estado de Direito, o que contribui para o agravamento da situação.Revela também que este grupo associa-se à Ordem dos Médicos de Moçambique e outras instituições no repúdio à detenção do presidente da AMM, Jorge Arroz. A referida missiva lamenta e condena a minimização da gravidade da situação da greve, ocultando os problemas existentes e denegrindo as justas e legítimas reivindicações dos profissionais da Saúde.Segundo o documento, este grupo constatou que, contrariamente ao que se tem propalado, os serviços mínimos têm sido assegurados na quase totalidade dos hospitais do país, embora com algumas deficiências que é necessário colmatar. É com base nestas questões que os médicos apelam à intervenção do Chefe do Estado, na qualidade do mais alto magistrado da nação, no sentido de se encontrar uma solução para as preocupações dos médicos.(Leia AQUI a carta assinada por  84 médicos especialistas com mais tempo no sistema nacional de saúde,2 Ex-ministros da saúde,1 Ex-primeiro ministro,2 Ex-directores da faculdade de medicina da Universidade Eduardo Mondlane)



quinta-feira, junho 06, 2013

Oh amigo Filipe,há forma mais "clássica" de fazer!


A última eleição dos órgãos sociais da Organização da Juventude Moçambicana (OJM), por sinal, braço juvenil da Frelimo, realizada semana passada, em Manica, criou, ainda mais, o fosso nas relações, já tensas, entre a direcção do Partido Frelimo, liderado por Filipe Paúnde, secretário-geral, e a juventude do partido. O primeiro sinal, em resposta, emitido pela juventude da Frelimo foi de ter “votado nulo” no candidato imposto por Paúnde, o jovem Pedro Cossa. Os resultados das eleições são surpreendentes. Contrariamente aos dados avançados na comunicação social, Pedro Cossa foi eleito com 19 votos válidos, contra 54 votos nulos e em branco. Em termos percentuais, o jovem Cossa foi eleito com 26% de votos, menos de um terço de votantes, o que gelou a sala de conferência durante o anúncio dos mesmos resultados. Mas para não alarmar a opinião pública, Filipe Paúnde, tido como o orquestrador da eleição, decidiu que os dados a ser difundidos deveriam ser invertidos. Isto é, anunciar que o novo secretário-geral da OJM foi “legitimado com 54 votos a favor de um total de 73, dos quais 19 em branco”. “Não é verdade. O que aconteceu foi o contrário.O camarada Pedro (Cossa) foi eleito com 19 votos válidos e os restantes votos foram nulos”, confirmaram-nos vários membros da OJM que estiveram na conferência que, segundo apurámos, foi convocada na mesma semana, justamente na quarta-feira para acontecer na sexta.(OPAÍS)

Rasia de "ilegais" no futebol

A Inspecção-Geral do Trabalho efectuou uma segunda inspecção aos clubes de futebol para apurar a legalidade dos trabalhadores estrangeiros e detectou que nos 40 clubes abrangidos em todo o País, 46 trabalhadores estrangeiros estão em situação ilegal, dos 39 jogadores e 7 treinadores. Os clubes infractores são Costa do Sol, Maxaquene, Ferroviária de Nampula, Vilankulo FC e Têxtil de Púnguè.Estes clubes “não regularizaram a situação contratual dos seus trabalhadores estrangeiros e, sendo assim, de ora em diante, para além das sanções previstas na lei laboral, a situação dos visados já foi encaminhado para os Serviços de Migração, para as etapas seguintes, que incluem a extradição para os países de origem”, refere o MITRAB em comunicado.Os trabalhadores ilegais por clube:

Clube Costa do Sol:Diamantino Manuel Fernandes Miranda, de nacionalidade portuguesa, treinador principal; Nelson E. Silva Santos, de nacionalidade portuguesa, treinador; Humgdou Anta Diagne, de nacionalidade senegalesa, jogador de futebol; José Inácio Barbosa, de nacionalidade portuguesa, jogador de futebol; Mathews Masha, de nacionalidade zambiana, jogador de futebol; Michael Shoko de nacionalidade zimbabwiana jogador de futebol; Themba Maringa, de nacionalidade sul-africana, jogador de futebol.Maxaquene:Moises Chuvula, de nacionalidade malawiana, jogador de futebol; Chiukepo Malawgana, de nacionalidade nigeriana, jogador de futebol; Emmanuel Eboh, de nacionalidade nigeriana, jogador de futebol; Marvin Chistopher de nacionalidade sul-africana, jogador de futebol; Mfiki M. Mthimkulu, de nacionalidade sul-africana, jogador de futebol.Vilanculos FC:·Ernesto Soares, de nacionalidade zimbabwiana, jogador de futebol; Mathew Tendai, de nacionalidade zimbabwiana, jogador de futebol.Clube Têxtil de Púnguè:Godfrey Makande, de nacionalidade zimbabwiana; jogador de futebol;Michel Nyamuksa, de nacionalidade Zimbabwiana; jogador de futebol; Jude Nonso Nworah, de nacionalidade Nigeriana; jogador de futebol; Bernard Bvumbwe, de nacionalidade zimbabwiana, jogador de futebol.Clube Ferroviário de Nampula:Ernesto Ejiford Ugwanyi, de nacionalidade nigeriana, jogador de futebol; RafikMussa, de nacionalidade malawiana, jogador de futebol; Simplex Nthara, de nacionalidade malawiana, jogador de futebol; Vincent chinthenga, de nacionalidade malawiana, jogador de futebol; Robson banda, de nacionalidade malawiana, jogador de futebol; Foster namwera ,de nacionalidade malawiana, jogador de futebol; Rogério Goncalves, de nacionalidade portuguesa, treinador de juvenis; Nuno da Silva, de nacionalidade portuguesa, treinador de juvenis; Ibanes Dzikambane, de nacionalidade portuguesa, treinador de juvenis. 

quarta-feira, junho 05, 2013

Senhores, são 22 milhões também carentes!

Naquilo  que constituí a sua primeira reacção  pública à greve dos médicos e outro  pessoal de saúde que já se arrasta  há mais de duas semanas, o Chefe  de Estado Moçambicano, Armando Guebuza, disse  que “não há como resolver as exigências dos médicos”. Para responder à preocupação  dos médicos, que paralisaram por  completo quase que todas as unidades sanitárias, Guebuza diz que  “o País é pobre”. O chefe de Estado de visita a Coreia de Sul, depois vindo do Japão, reconhece a legitimidade das preocupações dos médicos mas diz que  “não há como resolver as exigências dos médicos, dado que o País  é pobre e não pode dar mais, porque não são só os médicos que estão a exigir o aumento salarial, mas,  sim, quase todos os moçambicanos”, eis a explicação do Presidente moçambicano.

Os médicos e alguns outros profissionais de Saúde que em Moçambique têm estado em greve desde o passado dia 20 manifestaram-se (4) por algumas das ruas da capital do país, tendo reiterado a sua vontade de continuar a dialogar com o governo, para que se encontre uma solução e assim possam voltar a prestar assistência ao público.Esta sua predisposição foi expressa na Praça da Paz, onde a sua marcha foi desaguar, pelo porta-voz Associação Médica de Moçambique (AMM), Paulo Samo Gudo. A marcha começou na sede da AMM, ao longo da Avenida Eduardo Mondlane, continuando depois pelas avenidas Karl Max, Marien Ngouabi e, finalmente, Milagre Mabote.Eles voltaram a se queixar que os actuais negociadores do governo não são, segundo eles, pessoas certas para se chegar a um entendimento, alegando que ao cabo de três dias de diálogo, pouco ou nada se conseguiu, dai que exigem que se troque essa equipa.

“As pessoas que o Governo mandou para efectuarmos o diálogo não são pessoas certas para tal. Passamos três dias a manter conversações, mas não surtiram nenhum efeito”, defendeu Paulo Samo Gudo.
Ele alegou que há certas pessoas no seio do Governo que ainda hostilizam a causa dos médicos e que isso dificulta as negociações entre as partes.“Há pessoas que até hoje chamam-nos vândalos, marginais. Se as coisas continuarem assim, será difícil resolver este problema”, defendeu.Ele alegou que a AMM assinou, há coisa de um ano, um memorando de entendimento com o Ministério da Saúde, mas que para a infelicidade da AMM, os compromissos que terão sido feitos não foram concretizados. Samo Gudo não foi específico sobre o que não terá sido cumprido, mas o governo diz que os médicos são os que tiveram o maior reajuste salarial na função pública. Com efeito, os médicos tiveram 15% contra 7% que se deu aos restantes funcionários, como os professores que para alguns são os que formam os médicos que agora são vistos como sendo os mais exigentes ou que não entendem que o país não tem recursos suficientes para poder pagar salários condignos a todos os servidores públicos.Para eles, os 15% não são nada e exigem um aumento de 100%, o que faria com que os seus salários duplicassem. Apesar de que os números que têm sido veiculados pelos grevistas situarem o salário dos médicos em 18 mil meticais, o governo refuta isso como não sendo verdade. O ministro da saúde, Dr. Alexandre Manguela, diz que nenhum médico recebe abaixo de 27 mil meticais, e que os 18 mil são apenas o salario base antes de se adicionar os outros subsídios, como o de risco e o de turnos.
“Nós assinamos um memorando de entendimento com o Ministério de Saúde, mas nada que foi acordado ali foi realizado. O exemplo disso foi a punição dos estagiários", disse Samo Gudo.
Neste aspecto da penalização dos estagiários, há discórdia porque o MISAU diz que não foi ela quem os penalizou, mas sim a universidade em que estão vinculados como estudantes, e que o estágio era parte da sua formação pratica, dai que nunca deviam ter aderido à greve do ano passado que deu lugar a essa penalização.Eles alegam também que o aumento de 15% tiveram conhecimento dele através da imprensa, o que para alguns é compreensível, porque não seria fácil comunicar a todos os funcionários da saúde e doutras áreas sem recorrer aos Media.“ Nós soubemos do aumento de 15 por cento salarial através da imprensa. O Governo anuncia coisas relacionadas a saúde através da imprensa, porque não nos contactou”, alegou Paulo Samo Gudo.Contudo, Samo Gudo instou a população a deslocar-se aos hospitais, “Existem serviços nos hospitais, não há 100 % de serviços. As pessoas estão com medo de ir aos hospitais, acho que devem ir. Serão tratadas”, disse em tom de quem sente já que estão a penalizar pessoas que não tem nada a ver com os salários baixos que dizem estar a receber.Refira-se que a marcha dos médicos grevistas sofreu algumas alterações, nos últimos minutos antes do seu arranque, no que respeita ao itinerário. O que antes estava programado era que iriam marchar em direcção ao Centro de Manutenção Física António Repinga. Este centro fica nas imediações do gabinete do Primeiro-Ministro, onde o Conselho de Ministros se reúne todas as terças-feiras.Segundo Adolfo Baúle, um dos porta vozes, estas alterações resultaram de uma conversa mantida entre os profissionais da saúde e a Policia moçambicana (PRM). A polícia teria pedido a mudança do destino por crer que naquele rumo criar-se-iam distúrbios as diversas instituições públicas que encontrariam no percurso.“A polícia da quinta-esquadra contactou-nos e pediu-nos para não nos deslocarmos ao Repinga, pois a caminho de lá encontraríamos diversas instituições públicas. Nós aceitamos”, disse Baúle.Estima-se que pouco mais de 300 médicos e profissionais de saúde participaram na marcha, que foi pacífica e ordeira e mesmo o público limitou-se a vê-los a passar, alguns mirones saudando-os.Alguns deles estavam de bocas seladas com fita-cola, no que é visto como simbolismo de que não se lhes tem dada a liberdade de falar, mas tal não parece verdade porque todos os dias tem falado a imprensa e mesmo esta marcha foi coberta pela imprensa pública e privada.Alguns dos grevistas empunhavam dísticos em que se podia ler “juramos salvar vidas, não juramos morrer de fome”.No final do encontro, o presidente da AMM, Jorge Arroz, disse que a greve é de todos os profissionais da saúde “Não queremos riqueza, mas sim pobreza com qualidade”, referiu.