sexta-feira, novembro 29, 2019

Há infiltrados

Resultado de imagem para general sul-africano Johann SmithO antigo general sul-africano Johann Smith atribuiu esta quarta-feira (27) a génese dos ataques armados na província de Cabo Delgado à crescente influência política da minoria maconde naquela área do norte de Moçambique.
"Julgo tratar-se de diferendos entre os principais grupos tribais, dado que a influência dos macondes, agora no poder no país, são um grupo minoritário de cerca de 300 mil pessoas, mas que tem vindo a exercer muita influência na tomada de decisões políticas em seu favor, e por isso o surgimento de uma resistência à influência maconde que não está a contribuir para a estabilidade daquela região", afirmou  Johann Smith. 
Resultado de imagem para cabo delgadoSegundo o antigo oficial militar das Forças de Defesa da África do Sul (SADF, na sigla em inglês), a origem do conflito naquela província no extremo norte de Moçambique, vizinha à Tanzânia, "começou por ter uma motivação criminosa", mas neste momento "ninguém tem o controlo dos vários grupos que se encontram ativos na insurgência em Cabo Delgado", salientou.
"Do ponto de vista militar, a importância estratégica de Cabo Delgado foi elevada consideravelmente com a descoberta do gás natural, sendo o terceiro maior jazigo jamais descoberto e julgo que é por isso que a zona se encontra tão militarizada neste momento", declarou.
Resultado de imagem para cabo delgado guerraJohann Smith adiantou que "infelizmente, devido à incapacidade das autoridades em lidar cabalmente com a problemática, o recurso à intervenção militar não resolverá a situação", antecipando, por isso, que a situação no terreno "irá agravar-se antes de melhorar". Nesse sentido, o antigo militar defendeu  que a resolução da problemática de insegurança em Cabo Delgado passa pelo "diálogo comunitário" e pelo reconhecimento da situação no terreno "tal como ela é" pela actual liderança política moçambicana.
Imagem relacionadaO antigo general disse que desde 01 de outubro já houve 308 incidentes naquela região nortenha de Moçambique. Numa conferência esta quarta-feira, em Pretória, sobre o extremismo violento em Cabo Delgado, o investigador sul-africano em questões militares e de segurança, disse também que a insurgência naquela província do norte de Moçambique "sofisticou-se ao ponto de terem conseguido infiltrar-se nas Forças de Defesa de Moçambique".

terça-feira, novembro 26, 2019

Valeu Pereirinha!

Dos 64 anos que já viveu, Carlos Lopes Pereira dedicou 38 à protecção da natureza de Moçambique. Foi este trabalho que o levou, ontem à noite, a Londres para receber das mãos do príncipe William um dos troféus mais importantes na conservação animal.
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Carlos Lopes Pereira  venceu o prémio "Príncipe William para a Conservação da Natureza em África", atribuído anualmente como reconhecimento de quem pela sua dedicação ao longo de vários anos contribui para a conservação da vida selvagem em África.Este veterinário ajudou a fomentar o estabelecimento de leis de proteção da vida selvagem de Moçambique, a restaurar o Parque Nacional da Gorongosa após décadas de guerra civil e, mais recentemente, a impedir a caça furtiva de elefantes na Reserva Nacional do Niassa.
Imagem relacionadaAo aceitar o seu prémio das mãos do duque de Cambridge, Carlos Lopes Pereira disse: "Todos nós temos a responsabilidade de difundir conhecimento, consciencialização e educação sobre a natureza e sobre como dependemos dela. Devemos desafiar quaisquer mitos e crenças culturais que ponham em perigo a vida selvagem, e devemos enfrentar a escuridão do crime organizado".Por seu turno, o príncipe William explicou na intervenção que proferiu que "as espécies que estamos a lutar para manter vivas no sistema são as espécies protegidas, como o elefante, o rinoceronte. 
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Quase perdemos todos os rinocerontes. Temos poucos rinocerontes no país, no sul e em relação aos elefantes tivemos uma situação desastrosa entre 2010 e 2014. Perdemos quase 60% da nossa população de elefantes. Penso, porém, e esperamos mantê-lo por muito tempo estabilizado nas espécies protegidas. "
Imagem relacionadaImagem relacionadaCarlos Lopes Pereira trabalha há 14 anos nas áreas de conservação, estudou medicina veterinária na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, e especializou-se em epidemiologia veterinária e vida selvagem em Edimburgo (Escócia), Reading (Reino Unido), Utrecht (Holanda). Realizou outras formações especializadas em Skukuza (Parque Nacional do Kruger - África do Sul), Malilangwe (Zimbabwe) e Singapura.
Imagem relacionadaResultado de imagem para carlos lopes pereiraFoi também docente da faculdade de Veterinária, tendo contribuído para a formação da atual geração de médicos veterinários de Moçambique. Ao longo da sua carreira nas áreas de conservação desempenhou também um papel importante na reabilitação de algumas áreas de conservação, nomeadamente em estudos e nos processos de reintrodução de animais nos Parques e Reservas Nacionais, destacando-se o Parque Nacional da Gorongosa, onde foi Diretor de Conservação e a Reserva Nacional do Niassa. Carlos Lopes Pereira tem desempenhado um papel decisivo na luta contra a caça furtiva. Aliás, o seu nome é sinónimo de perigo para vietnamitas e chineses, os principais mercados compradores de partes de elefantes e rinocerontes mortos.

Imagem relacionadaNo âmbito da protecção da flora e fauna selvagem coordena o serviço de protecção e fiscalização da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) e teve nos últimos anos uma contribuição relevante na melhoria do quadro legal relativo à conservação da biodiversidade, na elaboração da estratégia de prevenção e combate à caça furtiva e na coordenação institucional que envolve o Ministério Público, a Magistratura Judicial, os vários ramos da Polícia e outras instituições no combate ao tráfico de produtos de vida selvagem no âmbito nacional, regional e transnacional.
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Na mesma cerimónia foram ainda atribuídos outros dois prémios, nomeadamente o Prémio Tusk para Fiscal de Vida Selvagem para Benson Kanyembo, conselheiro para a aplicação da lei para a região do Sul do Luangwa, na Zâmbia. O Prémio Tusk para a Conservação foi para Tomas Diagne do Senegal. A Tusk Trust é uma instituição líder na conservação da vida selvagem sediada no Reino Unido e tem como patrono, o Duke de Cambridge, Príncipe William. A Tusk tem programas em várias partes de África e foi estabelecida em 1990 para responder à crise de caça furtiva dos anos 1980, que desde então tem afetado as populações de Rinoceronte e Elefante.