segunda-feira, janeiro 26, 2015

Mais lealdade e menos fidelidade

MEUS Brother’s foram nomeados para os cargos de ministro e vice-ministro do Governo do Presidente Filipe Jacinto Nyusi, uma tarefa de grande responsabilidade de bem servir o povo que é, afinal, o vosso seu “patrão”.Estarão à vossa disponibilidade recursos humanos, financeiros e materiais, sendo que o vosso papel será o de saber racionaliza-los de forma a obter um serviço público final de excelente qualidade.A grande preocupação de muitos é o facto de alguns de vós não terem muita experiência em matérias de administração pública, o que parece razoável, à primeira vista. Porém, acho que com a vossa reconhecida capacidade de liderança noutros processos institucionais não terão grandes dificuldades em se adaptar aos novos desafios.  Uma coisa essencial na administração pública é, com humildade que melhor vos identifica, saberem se fazer rodear de competências técnicas valiosas e formarem equipas de trabalho dinâmicas. Uma vez, um ancião segredou-me que ao assumir um cargo de direcção, primeiro devo preocupar-me em mudar processos e não pessoas, pois com os novos processos em curso as pessoas que não se integrarem à nova dinâmica irão revelar melhor a sua insignificância.O processo de gestão de um ministério e de uma empresa privada diferem apenas no tipo de resultados que se esperam.   Enquanto que na empresa espera-se a maximização do lucro que é algo material e tangível, na função pública é a realização dos planos e a satisfação do povo, algo relativamente mensurável mas não tangível. Um prejuízo nos resultados de uma empresa pode ser recuperado no exercício económico seguinte, enquanto o incumprimento de planos na função pública pode levar a grandes catástrofes.Na empresa, preocupam-se mais pela imagem da própria empresa e dos seus produtos e serviços, emquanto que na função pública a vossa imagem também conta, o que dizem, como, quando e onde. Um ministro quando fala em Chidenguele, o que diz deve ser válido para Zumbo também.   E nós, o povo, vosso “patrão”, repito, estaremos atentos. Vamos cobrar e festejar as vossas realizações que, por sinal, serão nossas também.
Os ministérios que vós ireis dirigir estão repletos de muita capacidade técnica e competência de elevada qualidade. Alguns estão naturalmente satisfeitos pela vossa nomeação e outros, por razões de vária ordem, não. E isso é algo que deve ser assumido como normal nas relações humanas. Será vossa tarefa integrar a todos e garantir a sua motivação de forma a darem o seu máximo sem reservas nem preconceitos. Porém, mais uma vez, isso se faz com humildade e segurança.A crítica ou ideia contrária não deve constituir razão para criar inimigos. Estes imbróglios são dirimidos em sede de diálogo, através de argumentos e fundamentos que sustentam e aproximam ideias divergentes. Um ministro é ministro. Não pode ter amigos e inimigos dentro do ministério. Deve sim ter colaboradores e ele assumir o papel de líder da equipa.
Dos colaboradores, devem incentivar e exigir mais lealdade e menos fidelidade. Fiéis são os cães que mesmo mandando fazer algo errado sempre obedecem. Isso não deve ser a conduta dos vossos colaboradores próximos.Com a Imprensa, deve haver um diálogo permanente. Para estar bem informada, a Imprensa precisa de ter acesso à informação e ao conhecimento técnico em volta da mesma. Costuma-se dizer que a Imprensa bem informada pode promover a instituição, mas a mal informada pode a destruir. O ministro “nunca” está off the record. Toda a informação dada pelo ministro é válida para a publicação.

O vosso desempenho será julgado com muita facilidade, pois existem documentos orientadores como o manifesto eleitoral que está a ser transformado em programa quinquenal do Governo e parcelado em planos económicos e sociais e o discurso do Presidente no acto da sua investidura no qual promoveu novas atitudes colectivas e individuais, diálogo construtivo, eficiência e qualidade e que vocês seriam o espelho da integridade e transparência na gestão da coisa pública. Recordou também que ninguém está acima da lei e todos são iguais perante a lei e, no fim, prometeu servir ao povo moçambicano como seu único e exclusivo “patrão”. Isso iremos cobrar. Votos de muitos sucessos.(Jaime Langa/in JORNAL NOTICIAS)

O Edil viajante

A fraca capacidade que se verifica na remoção de resíduos sólidos nos últimos dais, está preocupar os munícipes residentes na cidade de Quelimane, capital da província da Zambézia.Helena Mário José, residente no bairro Mapiazua que falou ao Diário da Zambézia, disse que a permanência destes resíduos na urbe, já ganhou contornos alarmantes. Por outro lado, a preocupação aumenta na medida em que a época chuvosa se faz sentir e aquele bairro tem ficado alagado neste período, dai que “com este todo lixo como vamos ficar se for misturado com água?” questionou a fonte.Bernardo Afonso, residente no bairro conhecido como Pequeno Brasil, entende que a edilidade não está preocupada com o bem-estar dos munícipes porque a situação começou agravou-se logo depois do actual presidente do Conselho Municipal ser declarado vencedor nas últimas eleições autárquicas. “Nós não sabemos porque é que o lixo não é removido, ao menos o Presidente ou Vereador viesse publicamente dizer que não temos meios para juntos procurarmos formas de como ultrapassarmos o problema. Não estamos a querer atirar a culpa para ele muito menos ao CMCQ, mas queremos saber, porque se continuar assim, teremos problemas sérios de saúde não há dúvida”, disse.Por sua vez Zebedeu Cristiano, residente no bairro no bairro Kansa considera a situação alarmante que necessita de uma resposta urgente por parte de quem de direito. Tudo porque segundo explica, fora da época chuvosa, também se aproxima a quadra festiva e “neste bairro remoção de lixo é uma novidade, nos temos ficado uma ou duas semanas com lixo no depósito. Exemplo claro é este silo que está aqui ao lado da escola Kalimany bem cheiode lixo e as pessoas já nem põem lá dentro por falta de espaço”, concluiu. Entretanto os munícipes residentes na cidade de Quelimane atribuem nota negativa ao desempenho do Presidente da autarquia Manuel de Araújo, durante seu primeiro ano do mandato (2014).E não só, não deixaram de falar das ausências constantes do edil durante o ano passado.Aliás, dizem não compreender como é que uma cidade fica dois a três dias sem recolha de lixo, mas que todos meses são descontados a taxa de lixo por parte da Electricidade de Moçambique(EDM) que depois canaliza este fundo ao Conselho Municipal local.

Renamo deve PARAR de falar besteiras

1. Ontem ouvi o líder da Renamo a descartar o governo de gestão e preferir avançar com a região autónoma Centro/Norte.
2. Logo hoje pela manhã uma delegação da Renamo e do Governo estavam a retomar as negociações no Centro de Conferências Joaquim Chissano SEM pontos adicionais: nem governo de gestão nem proposta de autonomização regional.
3. Acabei de ouvir agora da STV "tarde informativa " o líder da Renamo a reconhecer que este país tem um governo, o Governo da Frelimo, que ele não reconhece [desconsiderem a contradição].
a) Afinal, porque os deputados da Renamo não vão tomar os seus assentos?
b) Qual é o “mandato” que a liderança da Renamo obteve do povo: criar uma região autónoma CENTRO/NORTE; negociar com a Frelimo um governo de gestão ou negociar com o governo da Frelimo para terminar o processo de desmilitarização da Renamo e dos restantes pontos de agenda?
Quando há dias encorajei os deputados a tomarem posse, ou quando critiquei a Renamo por adoptar estratégias auto-destruidoras ou quando disse claramente que as exigências da Renamo (Governo de gestão ou dividir o pais) eram não só inviáveis como anti-estratégicas, houve quem se riu de mim, acusou-me de estar a “mudar de lado” ou adoptar medidas “camaleónicas”. Na verdade, esta estratégia de pressão apenas ridiculariza a quem acredita nela; a quem cegamente se atira contra tudo e todos aqueles que a denunciam. Ela é inviável e apenas contribui para expor os milhões de moçambicanos ao risco de vida por causa da violência imanente na sua linguagem; ridiculariza a quem o povo guarda expectativas para salvaguardar a paz. Ridiculariza também os que se consideram pensadores da Renamo pois é sabido que eles não têm nenhum papel a desempenhar neste festival de incoerências.
Não será favor nenhum se a Renamo não regressar a guerra. Não será favor nenhum se a Renamo abandonar as suas ameaças de dividir o país. Não foi favor nenhum Dhlakama dizer que abandonaria as suas intenções de um governo de gestão. Porque são exigências à partida quiméricas, impensadas e sem nenhuma estratégia acompanhante.
O favor que a Renamo deve prestar aos moçambicanos é PARAR de falar besteiras e concentrar-se nas negociações no centro de conferências Joaquim Chissano donde pode tirar alguns ganhos concretos para si e para os cidadãos; ordenar a retoma dos deputados aos assentos parlamentares para flexibilizar a constituição das comissões de trabalho e da presidência da AR; reorganizar o partido, que nunca se reuniu a sério desde o último congresso da Renamo em 2009 e definir uma estratégia de mobilização política a nível nacional.
Se a Renamo não fizer já, fará mais tarde. Porém, nesta altura, TODOS, inclusive aqueles que até hoje acreditam piamente na viabilidade destas propostas, dizia, TODOS terão compreendido da situação patética pela qual a Renamo os teria feito passar.
O público da Renamo não deve ser levado a acreditar sempre que é a Frelimo quem lhe rouba votos. O público da Renamo também deve acreditar que o seu partido é capaz de subverter a estratégia fraudulenta da Frelimo e ganhar o poder político por vias legais. Aqui sim, as cabeças da Renamo têm espaço para pensar.
O público da Renamo não deve nunca ser convencido que a única estratégia para suplantar a Frelimo é por via armada. O público da Renamo deve entender que a violência é o recurso do mais fraco e que no mundo civilizado em que vivemos, precisamos de apurar as nossas estratégias de sobrevivência para ganharmos o adversário político.

A liderança da Renamo não deve se especializar em transmitir ao seu eleitorado mensagens lúgubres, de reclamações e justificações sobre as várias razões da sua derrota, muito menos avançar medidas divisionistas ou separatistas. Ao público da Renamo, a sua liderança deve apresentar soluções pacíficas; estratégias ganhadoras e mobilizadoras.(Egídio Vaz)

Conclave

No passado 12 de Novembro, escrevi aqui (in facebook)que o então candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, estava a viver um dilema: o de se desarmar do colete de forças que lhe colocou no poder. E fiz também alguma futurologia, dizendo que “nos próximos meses, ainda vamos assistir a uma batalha campal, sempre em surdina, na Frelimo, onde os três dinossauros (Guebuza, Chipande e Chissano) vão tentar mandar em Nyusi”.Parece que acertei em cheio, embora muitos amigos duvidassem disso, preferindo olhar para o Nyusi como alguém investido de uma autonomia em toda a plenitude. Mas à medida que os dias correm, o material empírico no terreno corrobora a minha hipótese. Primeiro, o perfil do seu Governo mostra que Guebuza mantém uma boa quota de poder (uma percentagem razoável dos seus ministros permaneceu no Governo e muitos outros foram nomeados governadores provinciais). Segundo, a confirmação desse poder bicéfalo em função do poder decisório da Comissão Política Frelimo com a devolução de duas listas de Nyusi.E, agora, a história do conclave maconde em Bilene. Pois, as principais famílias macondes (Chipande, Lidimo, Nylabimpano e Mtumuke) reuniram-se com o Presidente Nyusi nos últimos dias naquela praia. Assunto: transmitir a Nyusi que este não era o Governo combinado e que o empresário Celso Correia não devia ter sido nomeado para aquela pasta. Porque? Porque Celso Correia “humilhou” Alberto Chipande quando assumiu a Presidência do Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), onde Chipande era PCA. Isso terá acontecido em 2009, quando a Insitec (de Celso Correia e onde alegadamente Armando Guebuza tem interesses) comprou as participações do consórcio norte-americano Edlows Resources e da American Railroad Corporation para entrar na Sociedade de Desenvolvimento do Corredor de Nacala, passando a deter 51% contra 49% dos CFM.A SDNC detém as concessões do Porto de Nacala e do corredor ferroviário que liga aquela cidade ao Malawi. É um importante negócio no sector dos transportes e logística. Mas a transição de Chipande para Correia foi tão “violenta”, pois Chipande assinou a carta da sua renuncia sem saber que era isso que estava no texto e quem levou-lhe essa carta ao escritório foi Celso Correia. Por isso, a presença de Celso no Governo é um incomodo para os macondes. Agora, não sei fazer futurologia sobre como é que as coisas vão terminar. Mas o dilema de Nyusi está aí, tout court.(Marcelo Mosse)