quarta-feira, setembro 02, 2020

“Católicismo jhIadista”

 Co'Licença

O encontro entre o Presidente da República Filipe Nyusi e o Bispo de Pemba Dom Luiz Lisboa é, de longe, um sinal aos cachorrinhos do sistema de que neste quintal deve haver respeito pelos que nele vivem. É um sinal aos cães para pararem de ladrar. Significa que o sacerdote é uma pessoa bem-vinda e honrada. É um 'xxxiiiu!' para toda a matilha.  Sem sombras de dúvida, é um gesto salutar. Mas, para domar melhor os seus cães é preciso que o Chefe de Estado acabe com a mania de mandar indirectas públicas. Para domesticar e docilizar os seus cachorros é preciso que ele [o Presidente da República] deixe o hábito de mandar bocas. Filipe Nyusi deve parar de fazer gestos que confundem os seus cachorros. É preciso que Filipe Nyusi saiba que os seus cachorros agem conforme os seus gestos e não deve se esquecer que nem todos eles entendem os seus gestos.

Explico: Filipe Nyusi não teve tempo suficiente para treinar os seus cães. Esses cães não conhecem todos os gestos do seu dono. Não entendem quando o seu dono está a brincar ou a falar a sério. Para eles, todos os gestos de Filipe Nyusi são ordens para atacar. Qualquer indirecta de Filipe Nyusi é um comando para morder. Só de Filipe Nyusi apontar para alguém é sinal de 'Rex, toma conta do gajo'.

O Bispo de Pemba foi mordido por causa de uma indirecta que o Presidente da República deu no dia 15 de Agosto, em Pemba, onde disse qualquer coisa como 'aqueles que bem protegidos levam de ânimo leve o sofrimento de quem os protege, incluindo alguns estrangeiros que livremente escolheram viver em Moçambique'. Esta indirecta foi muito mal absorvida pelos seus cachorros que trataram logo de esquartejar o Padre com adjectivos pejorativos e vilipendiosos, chegando a acusá-lo de financiar o terrorismo em Cabo Delgado e até sugerido a sua exemplar expulsão do país.  Se o Chefe de Estado tivesse feito um comentário decente e virtuoso, em fórum próprio e com humildade e classe própria de um Chefe de Estado, nenhum cachorro teria latido contra o Dom Lisboa... teriam simplesmente abanado o rabo como estão a fazer agora. Afinal de contas, eles querem apenas agradar ao seu dono. Querem garantir ossos. Não analisam, não questionam. Mordem, primeiro, e só depois é que perguntam quem é e o que fez. Neste andar, daqui a pouco esses cães vão começar a se governar sozinhos.

Aos poucos vão perdendo sensibilidade aos assobios do dono. Vão deixar de obedecer aos comandos do seu dono e ainda, com um pouco de azar, vão morder o próprio dono. Um dia serão os cães a dar ordens ao seu próprio dono. E parece que estão muito perto disso. Nos últimos dias esses cães estão a sair do canil com mais frequencia. Esses cachorros estão ávidos em governar-se e em governar o quintal. Já não sabem qual é o assobio para atacar. Já não farejam as vítimas, mordem primeiro. Já estão a se tornar cães vadios e vira-latas.

O Chefe de Estado deve deixar claro aos seus cachorros, de uma vez por todas, que o mau da fita são os insurgentes e não o povo. O Chefe de Estado deve contratar um domador que treine os seu cães a morderem os bandidos. Eles que parem de esquartejar os filhos da casa bem a frente do seu dono sem que este reaja. Que contrate um amestrador que os ensine o assobio do seu proprietário.  O Chefe de Estado deve parar de ficar nervoso a frente dos seus cães. Isso os confunde. Nyusi deve parar de assobiar de qualquer maneira, em qualquer lugar e em qualquer momento. Deve ter um sinal de 'stop' para os cachorros. O mais importante: deve levar os seus cachorrinhos ao veterinário para apanharem vacinas antirrábica dos 30 anos da democracia e da liberdade de expressão. Esses cães devem saber que nesta casa as pessoas conversam, debatem, discutem ideias. Devem saber que pensar diferente não é sinónimo de inimizade. Devem saber que nesta casa as pessoas vivem e convivem pacificamente apesar das suas diferenças.

Cuidado, senhor Presidente!

Cão raivoso é muito perigoso até para o próprio dono. Mas, pior mesmo do que um cão raivoso é um cão mal treinado. Um cão que acha que é inteligente. Um cão que quer mostrar serviço. Um cão com excesso de zelo. Quem avisa amigo é! Muito cuidado com um cão que esqueceu que é cão! 'Ai-ami-tellingue-yu-mista-presidente'. Um dia... eu disse, um dia...

- Co'licença!

(Por: Jaime Aiuba/Cartamz)

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