sexta-feira, novembro 27, 2020

Exército liberta aldeia

As Forças Armadas Malianas expulsaram extremistas armados para fora da pequena aldeia de Farabougou, onde a população resistiu ao cerco de duas semanas. O confronto começou no dia 8 de Outubro, quando os terroristas raptaram vários residentes locais naquela cidade de 2.000 habitantes e lutaram com caçadores locais.  Quando as chuvas torrenciais impossibilitaram que as forças especiais tivessem acesso ao centro do Mali por via terrestre, as Forças Aéreas do país transportaram-nas por via aérea. As Forças Aéreas também transportaram civis feridos para a cidade mais próxima a fim de receber tratamento médico, noticiou a Reuters.

Os observadores dizem que a ameaça dos terroristas ainda paira sobre a região. “As vias de acesso para Farabougou continuam bloqueadas, os jihadistas ainda estão por perto, nas florestas ou escondidos num dos lados das estradas,” Dramane Symbara, presidente do município mais próximo de Sokolo, disse à Reuters. A nível nacional, o conflito já matou milhares de soldados e civis desde 2012 e desalojou centenas de milhares de pessoas.Na região central do Mali, a concorrência em relação aos recursos limitados levou a confrontos entre as comunidades agrícolas de etnia Dogon ou Bambara e os pastores Fulani. Os grupos de traficantes e terroristas aumentaram ainda mais a violência. “A disponibilidade de armas, aliada às ligações complexas entre organizações criminosas, traficantes e grupos terroristas, possibilitou que uma cultura de violência se enraizasse e se espalhasse por todo o Mali,” Tenente-Coronel Alou Boi Diarra, das Forças Armadas Malianas, disse ao Centro de Estudos Estratégicos de África. “Isto está a enfraquecer os incentivos para a coexistência pacífica e a resolução dos conflitos através de meios não violentos.”Diarra acrescentou que as formas tradicionais de resolução de conflitos, em que os anciãos das aldeias concordavam quanto às demarcações de terras de cultivo e de pastoreio, desgastaram-se. “A força substituiu o poder da diplomacia e das normas costumeiras,” concluiu Diarra. O cerco de Farabougou começou cerca de dois meses depois de o exército do Mali ter lançado um golpe que levou ao afastamento do Presidente Ibrahim Boubacar Keita. Os líderes militares estabeleceram um governo interino até que o país volte ao regime civil. Apesar da presença de 5.100 tropas francesas na região do Sahel e 13.000 tropas dos Estados Unidos, os ataques terroristas contra residentes de aldeias malianas e contra soldados continuam. De acordo com a ONU, os ataques terroristas contra as forças armadas do Mali causaram 175 mortes, entre Abril e Outubro. Não existe consenso sobre como lidar com a insurgência. No final de Outubro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros Francês, Jean-Yves Le Drian, disse que manter um diálogo com terroristas não é uma opção. Le Drian disse à Agência France-Presse (AFP) que o Conselho de Segurança da ONU e a Força Conjunta G5 do Sahel, um grupo antiterrorista regional que inclui o Mali, partilham o seu posicionamento.

O Primeiro-Ministro interino do Mali, Moctar Ouane, discordou, dizendo que o diálogo oferece “uma oportunidade para lançar um grande debate com as comunidades para definir os contornos de uma nova governação,” reportou a AFP. “Isto precisará de sincronização e coordenação com os nossos parceiros, especialmente aqueles que estão envolvidos militarmente,” acrescentou Ouane.

Espernear com a boca e a falar com os pés

Somos arrogantes, pretensiosos, temos a mania das grandezas e a cada passo dado em falso envergonhamo-nos e somos reduzidos à nossa insignificância.Orgulhamo-nos de desdenhar a história de Eusébio, Coluna, Matateu e Hilário porque “esses não são moçambicanos, são portugueses”, mas nada fazemos para que os “nossos” Chiquinhos, Caltons, Ali Hassanes, Tico-Ticos, Dários e Zainadines sejam respeitados como referências de um país que, desportivamente, se respeita e faz-se respeitar pela humildade, organização, união, foco e trabalho.

Era uma vez um campeonato nacional de futebol de Moçambique, o MOÇAMBOLA, que decorre sempre aos sobressaltos e sobrevive dos “murros na mesa” de um chefe de estado apaixonado pelo futebol e cultuador da unidade nacional. Quando o campeonato arranca existem duas certezas: a de que em algum momento a continuidade estará ameaçada por falta de fundos; e a de que a prova chegará ao fim porque o presidente da república agita os mundos, os fundos aparecem como que por artes mágicas e o sobressaltado campeonato lá soluça até à meta.Anda-se numa espécie de rodízio de justificações e conjuga-se o verbo MENTIR até à exaustão. Quando se garantiu estar reunida a verba para se custearem as despesas dos clubes era falso e quando disseram haver condições para se competir em plena pandemia, afinal, na verdade, era mentira! A economia do país já de si debilitada não tem como sustentar os rigorosos protocolos sanitários que permitem que o regresso do futebol seja viável como acontece, por exemplo, noutros países que, sem a nossa mania das grandezas, são mais organizados do que nós. Este ano NÃO conseguimos ter o MOÇAMBOLA em andamento… suspeitamos que começa em Janeiro, não sabemos se o mesmo será disputado por 11 ou por 14 equipas, não levamos o licenciamento dos clubes a sério e, mesmo assim, queremos os “mambas” a golearem os Camarões, a disputarem a final da CAN e já agora, exigimos que o Costa do Sol ganhe a liga dos campeões africanos.

Precisamos de UNIR os amantes do futebol porque a família está desfeita. Para crescermos, de facto e não precisarmos de fingir que somos grandes temos que aceitar a nossa “pequenez” sem complexos de inferioridade mas como um ponto de partida, uma referência para planearmos e estruturarmos as coisas à nossa medida, para podermos desenhar projetos realistas que caibam dentro dos recursos disponíveis e de outros que possam ser gerados pela qualidade dos mesmos. Bastar-nos-á sermos capazes, eficientes e competentes.Temos que saber copiar os modelos de outros países que já foram pequenos como nós, mas hoje agigantam-se pela visão, pelo trabalho, pelas realizações e acima de tudo pelo caminho que pavimentaram para continuarem a sustentar o seu crescimento . Poderemos ser grandes, um dia, mas precisamos de começar colocando os pés no chão. (LANCEMZ)


segunda-feira, novembro 23, 2020

Mãe e filha no espaço

O momento já tem mais de um ano, mas ganhou novo fulgor nas redes sociais, nos últimos dias. A história de Suzy e Donna, mãe e filha a partilhar os comandos do mesmo avião, está a fazer muitos internautas sonhar com o regresso aos tempos em que se podia viajar sem restrições.

Filha de pilotos, Donna Garrett cresceu a ver o pai sair para o trabalho de piloto de aviões comerciais. Cresceu a ver a mãe sair para fazer o mesmo. Voar estava-lhe no sangue desde a nascença e foi sem surpresa que escolheu uma carreira na aviação civil. Em setembro de 2019, a paixão familiar pela aviação sentou mãe e filha ao "cockpit" do mesmo avião, num voo doméstico da companhia norte-americana SkyWest. Foi há mais de um ano, um momento único para a família Garrett, raro em todo o Mundo: mãe e filha, como piloto e copiloto do mesmo voo comercial. Um momento que voltou a sulcar o etéreo da Internet, nas asas das redes sociais, mais de 12 meses depois de ter descolado.

"Sabíamos que tinha sido realmente especial", disse Suzy Garret, que estava a completar 30 anos ao serviço da SkyWest quando partilhou o "cockpit" com a filha, Donna, para surpresa de muita gente. "Passageiros, assistentes de voo, pessoal do aeroporto, muitos quiseram tirar fotografias connosco. Isso ajudou a tornar o dia ainda mais especial", recordou Suzy Garrett."Fiquei realmente surpreendida com as reações - tal como estou agora por se ter tornado viral. Nunca tinha tirado tantas fotografias, desde o dia do meu casamento", recordou, em declarações à CNN.O momento, especial para as duas mulheres, é também um marco na história da aviação civil. Um ramo de homens, principalmente brancos, onde as mulheres são raras.

Segundo o Gabinete de Estatísticas do Trabalho dos EUA, 92,5% dos pilotos norte-americanas são homens, destes, 93,7% são caucasianos. Suzy garante que nunca sentiu qualquer tipo de discriminação dos outros pilotos. A desconfiança vem de fora do cockpit. "Tive de conquistar as pessoas, para lá da profissão", comentou, recordando que não são incomuns os "comentários de passageiros e de pessoas no terminal" de aviação quando sabem que o piloto é uma mulher. E muitas vezes, diz, isso nota-se na cara de surpresa que fazem. Nada que incomode Suzy, uma mulher pequena, com 1,58 metros, que começou a dar azo ao sonho de voar nos anos 80 do século passado, quando a aviação era não só um clube de homens como tinha entrada quase exclusiva a pilotos com formação militar. "Não era alta os suficiente para entrar na força aérea", contou Suzy. Determinada, inscreveu-se numa escola de aviação para fazer o curso de piloto, em 1984. Trabalhou ainda como instrutora de voo antes de entrar para a SkyWest, em 1989.

Donna encontrou seu pai Doug no aeroporto O'Hare de Chicago

Após 30 anos ao serviço da mesma companhia, fez história ao partilhar o cockpit com a filha, Donna, que se juntou à empresa em abril de 2019. "Tenho de ser honesta. Só recentemente percebi quão pioneira tinha sido a minha mãe nesta área", disse Donna Garrett, também em declarações à CNN. "Cresci a vê-la neste papel e só quando era mais velha, e estava a tentar fazer a minha carreira nesta área, é que percebi como era rara a posição da minha mãe nesta profissão e entendi que o que estava a fazer naquele tempo era verdadeiramente impressionante", sublinhou Donna. Mãe e filha gostavam de viajar juntas mais vezes, mas a pandemia cortou-lhes as asas. Na memória de ambas ficaram vários voos na costa Oeste dos EUA, em que partilharam o cockpit. "Nunca tinha tido a oportunidade de voar com um comandante tão experiente", argumenta Donna. "E, sendo minha mãe, temos uma grande base comum, que facilita a comunicação", acrescentou.