terça-feira, dezembro 20, 2016

Estado geral da Nação

Resultado de imagem para nyusi estado da nacao«A situação geral da Nação mantém-se firme. A Nação moçambicana é capaz de enfrentar os desafios presente e futuros.»
Filipe Nyusi

Agora segue-se o meu comentário...

Filipe Nyusi conseguiu dar um informe realista e simplificado do Estado geral da Nação moçambicana(19.12.16), mas a sua conclusão admite interpretações ambíguas.
A situação geral da Nação moçambicana NUNCA foi vacilante ou de falta de firmeza, e NUNCA esta Nação foi incapaz de enfrentar os desafios do presente e do futuro. Infelizmente, o parágrafo de fecho do informe do Presidente da República (PR) de Moçambique sobre o estado geral da Nação deixa espaço para aproveitamento político pela oposição ao seu Governo. Com efeito, já se diz, por exemplo, que o "«estado geral da Nação continua firme» na protecção dos bajuladores que ladeiam o PR e o impedem de ver correctamente a situação real do país".
E esta agora? Será que é isso que Filipe Nyusi quis dizer? Será que os assessores do PR não se aperceberam de que aquele último paragrafo do informe sobre o estado geral da Nação admitia interpretações subversivas? O próprio PR não se deu contra de que aquele último parágrafo era ambíguo e abria espaço para aproveitamento político desconstrutivo?
Que tal se o informe terminasse com uma "frase" assim(?):
«Moçambicanas, moçambicanos, compatriotas! O estado geral da nossa Nação, a Nação moçambicana, é caracterizado por vários desafios, incluindo a ausência de paz efectiva (por nos permitirmos conviver com a Renamo teimando em manter-se armada fora da lei),  altos níveis de percepção da corrupção, baixos níveis de produção e de produtividade da nossa economia, baixa qualidade de serviços prestados pelas nossas instituições públicas e privadas, e acentuada queda de princípios e valores morais, entre outros males. Claramente, neste estado não se pode dizer que a nossa Nação está bem. A nossa Nação NÃO está bem. E esta Nação NÃO está bem só por causa de quem está a governar. Esta Nação NÃO está bem por culpa da nossa incapacidade colectiva de viver debaixo da lei.«
«Só onde as pessoas, na sua maioria, aceitam assimilar e defender bons princípios e valores de convivência social como parte integrante da sua cultura, só onde as pessoas aceitam voluntariamente viver debaixo da lei, é que pode a Nação que elas (as pessoas) formam estar bem e prosperar. A nós moçambicanos, como sociedade, como povo, ainda nos falta compreender a importância de vivermos debaixo da lei.«
«É por isso que, por exemplo, aceitamos conviver com a Renamo armada e não vemos mal nisso; aceitamos corromper e sermos corrompidos e não vemos mal nisso; aceitamos viver de mão estendida e não vemos mal nisso; aceitamos a chantagem como forma legítima de fazer política e não vemos mal nisso. É por isso também que a nossa vida colectiva está a ficar cada mais caracterizada por frustrações que nos levam a viver de apontar dedos acusadores uns aos outros. Enfim, é por isso que o nosso progresso está a ser lento e titubeante.«
«Para sairmos desta situação, impõe-se que mudemos de mentalidade. E para que esta mudança que se impõe por si mesma seja pacífica e efectiva, é imperioso que a sua necessidade seja sentida por todos nós. É para fazer sentir esta necessidade que o Governo que eu estou a liderar está, por exemplo, a conversar com a Renamo para o alcance da paz efectiva em Moçambique. A nossa intenção é que este diálogo seja franco, nacional e inclusivo.«
«Recentemente falei com Afonso Dhlakama sobre a necessidade de o diálogo ora em curso ser célere, honesto, franco, inclusivo e fundado na nossa lei mãe, a Constituição da República de Moçambique. É minha convicção que este é o caminho mais apropriado para alcançarmos paz efectiva no nosso País. Continuarei a explorar esta via, a via do diálogo construtivo, fundado na lei que jurei respeitar e fazer respeitar, na busca da paz efectiva para o nosso País. Continuo focado na busca da paz efectiva por entender que só vivendo em paz efectiva é que teremos tempo para pensar nas melhores opções para acelerar o desenvolvimento do nosso País.«
«...«
«Por tudo o atrás dito, e apesar dos esforços que temos estado a empreender para manter Moçambique na rota do progresso, temos que reconhecer que o nosso progresso nesta rota tem sido lento. Não obstante, e medindo pelo que fomos capazes de conseguir realizar no meio de todas as adversidades que marcaram a nossa governação no ano de 2016 prestes a findar, podemos afirmar categoricamente que a Nação moçambicana continua firme na rota do progresso. Esta nossa convicção é sustentada pelo facto de que, apesar de o crescimento da nossa economia ter desacelerado devidos aos múltiplos factores adversos já mencionados atrás, não houve inversão da tendência de crescimento. Para o ano de 2017 prevemos um crescimento da nossa economia maior do que registamos este ano de 2016. Isto é o que significa dizermos que a Nação moçambicana continua firme na rota do progresso: estamos a crescer de forma sistemática, cada vez mais aprendendo dos nossos próprios erros e dos erros dos outros.»

Este talvez fosse uma forma mais feliz de concluir o informe sobre o Estado da Nação moçambicana.
...

Minha opinião!
(Por:Juliao Joao Cumbana in Facebook)

No centro da questão fala-se russo

Resultado de imagem para bandeira russa e americanaA notícia de que a CIA encontrou provas de que “elementos próximos do Governo da Rússia” interferiram nas eleições norte-americanas de 8 de novembro, com o objetivo de impedirem a vitória de Hillary Clinton, veio confundir ainda mais um cenário já de si confuso, que viu Donald Trump ser eleito Presidente com menos 2,8 milhões de votos populares do que a rival democrata.Agora que os rumores de ingerência russa nas eleições ganham contornos reais, o grupo de membros do Colégio Eleitoral — responsável por nomear Trump para a presidência — que promete bloquear essa nomeação está a crescer. Exigem, com o apoio da equipa de Clinton, receber todos os relatórios das secretas sobre as conclusões do inquérito ao caso da interferência russa e já há até quem sugira que a votação marcada para 19 de dezembro, próxima segunda-feira, deve ser adiada.
Ontem, em entrevista à MSNBC, um professor de Harvard que tem estado a fornecer aconselhamento jurídico aos chamados “faithless electors” garantiu que já há pelo menos 30 membros do Colégio filiados ao Partido Republicano que vão votar contra Donald Trump — e que muitos outros garantem, em privado, que também vão invocar objeção de consciência para desrespeitarem o voto dos seus estados a favor de Trump e assim chumbarem a nomeação do candidato do seu partido, que levou a cabo uma das campanhas mais xenófobas e racistas da história moderna dos EUA. Se o número de objetores ascender aos 37, diz Larry Lessig, “vamos assistir a uma dinâmica interessante” que pode resultar no bloqueio da presidência Trump. “Ao questionar os três grupos que apoiam os grandes eleitores republicanos, acreditamos que neste momento há 20 [contra Trump] e algo me diz que o número é mais elevado que isso, talvez mais perto dos 30, mas sinto-me confiante ao falar em pelo menos 20.”
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São precisos 37 para derrubar Trump

Neste momento, apenas um punhado de grandes eleitores do Partido Republicano já garantiram publicamente que não vão dar o seu aval ao Presidente eleito, sob o argumento de que Trump “não tem qualificações” para liderar. Para Lessig, os membros do Colégio têm de “poder exercer o seu julgamento independente não-partidário sobre em quem vão votar” e há “antecedentes” em considerar que estas pessoas são funcionários federais, o que quer dizer que a Constituição lhes garante poderes para votarem contra a decisão da maioria dos eleitores dos seus estados.
O professor de Direito argumenta que o Colégio Eleitoral não foi criado para ser uma mera peça da engrenagem política, mas sim “um travão de emergência no processo de seleção de um Presidente”. Não há registo de algum dia o Colégio ter votado em bloco contra o resultado de uma eleição presidencial na História dos EUA, mas Lessig argumenta que isso pode acontecer este ano.
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“Os grandes eleitores têm a obrigação ética e moral, assim que prestam juramento, a votar [de acordo com o seu estado] a menos que exista uma razão moral preponderante para não votarem dessa forma. O facto de um candidato falhar em estar à altura das qualificações pode ser uma dessas razões”, defende. “É exatamente essa a questão que se levanta nestas eleições, o Colégio Eleitoral foi criado precisamente para estas eleições.”

A matemática depois da ida às urnas aponta a necessidade de pelo menos 37 grandes eleitores do Partido Republicano se alinharem com os colegas democratas para impedirem a nomeação de Trump. Questionado sobre porque é que poderemos assistir a esse cenário inédito de bloqueio de um Presidente eleito, Lessig citou precisamente a questão da ingerência russa no plebiscito (Harry Reid, líder da minoria democrata no Senado, garante que a campanha de Trump estava a par disso).

segunda-feira, dezembro 19, 2016

Como entender o que se disse

Terminou esta semana mais uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI). O chefe da missão emitiu um comunicado. Os resultados não vão ser discutidos pelo Conselho de Administração, deixando nas mãos do chefe da missão a responsabilidade de dar o veredicto. Isto faz com que seja muito importante saber o que diz o seu comunicado, e o como entendê-lo.
Resultado de imagem para fmi moçambiqueA missão do (FMI) emite largos elogios à acção na área monetária. Todos os tépidos ares de graça da economia nos últimos dois-três meses (a ligeira recuperação do saldo da conta corrente externa, do valor do metical, e das reservas internacionais) são associados à contenção monetária iniciada pelo Governador Gove nos finais do ano passado, e recentemente levada ao seu extremo pelo Governador Zandamela. Absolutamente nada é mencionado como tendo sido feito na frente fiscal que tivesse ajudado a economia, na perspectiva do FMI. Antes pelo contrário, a missão do FMI destaca a pressão fiscal exercida pela despesa acrescida com salários e remunerações no sector público. O Governador Zandamela recebeu uma palmadinha no pulso por ter tomado pouca atenção a certas “pontas de iceberg” (riscos) no sistema, e a necessidade de fazer a coisa certa de acordo com a lei e regulamentos. A missão reafirma as revisões em baixa do crescimento económico para 3.4% em 2016, bem como as crescentes pressões in- flacionárias no curto prazo. A missão aprecia positivamente a contratação da auditoria internacional independente às empresas envolvidas no escândalo das dívidas secretas e ilegais e diz que no momento próprio se verá como os seus resultados poderão ser usados para considerar “fortes reformas de governação”. O veredicto veio numa linguagem clara embora inevitavelmente diplomática e tipicamente críptica: “Medidas adicionais de ajustamento de políticas são necessárias para abrir caminho para um programa apoiado pelo Fundo”. Imagino que esta vai passar para a história das relações entre o FMI e Moçambique como mais uma daquelas frases que gelou até a espinha as nossas autoridades. E veio na esteira de um outro aviso que o FMI já havia dado acerca da seriedade da situação. Com efeito, menos de um mês atrás, fechando a reunião do Conselho de Administração que discutiu a “prestação de dados incorrectos por Moçambique” no dia 21 de Novembro o Sr. Tao Zhang, Subdiretor-Geral e Presidente em Exercício do Conselho, declarou que “Devido à inobservância do critério de avaliação contínua do teto à contratação ou garantia de nova dívida externa não concessional no âmbito dos PSIs de 2010–2013 e 2013–2016, o Conselho de Administração decidiu que não pode mais manter uma avaliação positiva do desempenho dos programas no âmbito do PSI.” O FMI dizia assim, e claramente que devido à mentira à volta das dívidas secretas e ilegais, a organização retirava todos os créditos que havia dado à gestão da economia moçambicana desde 2010. Diploma de bom aluno obtido fraudulentamente, retirado! Quais são então as “exigências” do FMI para que o aluno volte a ser considerado bom? Não surpreendentemente, elas se direccionam mais aquilo que até agora me referi várias vezes como o elo mais fraco de todo o sistema de gestão da economia moçambicana, nomeadamente o fiscal. A missão diz que se o governo pretender qualificar-se para o apoio do FMI, doadores e uma negociação bem sucedida com os credores comerciais externos, deve na área fiscal em 2017 implementar medidas para: 1) mais restrição fiscal através da contenção da expansão da folha salarial, e a eliminação gradual dos subsídios gerais aos preços); 2) amortecer o impacto dessas medidas sobre as camadas mais vulneráveis da população, através da protecção de programas sociais críticos, e reforço do sistema de segurança social; 3) limitar os riscos fiscais apresentados por algumas empresas públicas de grande dimensão; e 4) mobilizar receita adicional, através da redução de isenções fiscais, e o fortalecimento da gestão da receita. Na área monetária o fundo recomenda o Banco Central a continuar atento aos riscos, garantir uma provisão de liquidez adequada para a economia, e continuar a melhorar a supervisão e aplicação dos regulamentos prudenciais.

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A mensagem principal é a de que passou a época de ganhar pontos por via de charme e piruetas estatísticas. O que vai contar agora (como deveria ter sido sempre) são resultados reais de adoptar e implementar políticas adequadas. Praticamente tudo o que cá entre nós temos vindo a dizer. Há um verdadeiro ajustamento fiscal que ainda tem que começar e que o governo tem estado a recusar. É um ajustamento fiscal muito forte, mas selectivo e que proteja as camadas mais vulneráveis. É necessário reduzir mais as despesaa com as remunerações e benesses dos funcionários do Estado (casas pagas pelo cidadão para todos e qualquer um que é chefe, carros e senhas de combustível para tudo que é chefezinho, e indo até as benesses dos antigos chefes de Estado e dos deputados da Assembleia da república, e outros dirigentes de um aparelho de Estado que se tornou parasita. É necessário que o dinheiro dos contribuintes pare de servir para alimentar o fausto de Presidentes de Conselhos de Administra- ção e delegado do governo em Empresas Públicas ou com participação do Estado, e que nada fazem senão servir de túnel para drenar recursos públicos para fins obscuros, muitas vezes associados aos interesses políticos que lhes promoveram e protegem. É necessário fechar as fugas ao pagamento de impostos pelas empresas da nomenklatura política e seus associados (e protegidos) nacionais e estrangeiros. É necessário realocar os recursos que o Banco de Moçambique coleta através das suas políticas monetárias draconianas e que transfere para o Estado como lucros e outra parte usa para financiar benesses de seus funcionários e para financiar projectos imobiliários de utilidade duvidosa; esses recursos devem voltar as empresas sobretudo as de pequena e média dimensão, sob a forma de taxas de juros bonificadas, o que serviria também a redistribuição de recursos de bancos quase predatórios que em momentos de crise sempre fizeram lucros, enquanto as empresas trabalham para eles presas em dívidas insustentáveis e encostadas á parede por um ambiente de negócios que lhe é cada vez mais desfavorável. Em resumo, o que a missão do FMI disse já foi dito e explicado cá dentro. Agora esperamos para ver se o peso de ser dito pelo FMI vai levar a acção necessária. (Por Roberto Timbana/economista)

Estas coisas de guerra são complicadas.....

A velha questão dos mediadores na mesa de diálogo entre o Governo e a Renamo volta à ribalta e ameaça fazer descambar um processo que estava quase para ver a luz do dia. Apesar de não ver problemas na nova ideia do Governo na Comissão Mista de se criar um grupo de trabalho para flexibilizar e harmonizar os consensos alcançados sobre o pacote de descentralização a ser submetido à Assembleia da República, Afonso Dhlakama não concorda com o afastamento dos mediadores e vê nisto “mais uma manobra da Frelimo” para atrasar o processo e provocar a irritação da Renamo, obrigando-a a atirar a toalha ao chão. Num briefing de quase meia hora ao SAVANA a partir das matas da Gorongosa, Dhlakama garantiu que a Renamo não vai recuar e irá insistir pela via do diálogo.
Resultado de imagem para dhlakama hojeSemana passada, Jacinto Veloso, na qualidade de porta-voz da Comissão Mista, anunciou a criação de um novo grupo de trabalho que se ocupará no assunto sobre a descentralização, num esforço, segundo o General, para “acelerar” e encontrar “maior dinâmica” no processo da elaboração das propostas a serem submetidas à Assembleia da República. Mas o que Jacinto Veloso não clarificou é que o novo grupo de trabalho apenas iria ser composto por elementos indicados pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, excluindo-se os mediadores. O posicionamento de Veloso indica claramente que os sectores conservadores no topo da Frelimo pretendem “esfriar” o diálogo político, depois de terem mostrado “alguma abertura” no “dossier das dívidas ocultas”, onde a própria deslocação do antigo presidente Armando Guebuza à Assembleia da República (AR) foi “exibida” como “uma concessão”. Observadores do conflito fazem notar que, nas últimas semanas, para além das confrontações entre beligerantes dos dois lados, as forças da Renamo voltaram a atacar autocarros e pelo menos uma composição ferroviária na linha de Sena. Nesta quarta-feira, o assunto foi retomado na AR pelo Primeiro- -Ministro, Agostinho do Rosário, que reiterou que o Governo é a favor de uma maior celeridade nas negociações em torno do pacote legislativo sobre o processo de descentralização na Comissão Mista. “O Governo considera de extrema importância a iniciativa da Comissão Mista em criar um grupo de trabalho, constituído por cidadãos nacionais peritos em matéria de descentralização, a serem indicados pelo ( ...) presidente da República e pelo líder da Renamo”. Carlos Agostinho do Rosário enfatizou igualmente que a missão do grupo é de preparar o documento contendo a filosofia e os procedimentos gerais que servirão de base para a elaboração do pacote legislativo sobre a descentralização a ser submetido à AR “em tempo útil.
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No princípio da noite de 14, Afonso Dhlakama reagiu ao novo modelo “proposto pela Frelimo”, manifestando o seu desagrado pela exclusão dos mediadores, estratégia que, segundo ele, visa atrasar as negociações e arrastar o processo. Nas últimas semanas, Mário Raffaelli, o mediador que representa a União Europeia e um dos arquitectos do Acordo de Roma em 1992, tem sido claramente hostilizado pelo lado governamental, incluindo os media que lhe são afectos. Na última deslocação à Gorongosa, os dois mediadores presentes estavam ligados à fundação do antigo PM britânico, Tony Blair, depois de uma iniciativa idêntica liderada por Raffaelli ter sido deliberadamente abortada pela parte governamental. Dhlakama entende que a nova iniciativa “é uma proposta da Frelimo. Mas de princípio este grupo não causaria problemas à Comissão Mista. A comissão é grande e não é fácil numa mesa com muita gente flexibilizar a proposta. A ideia (da Frelimo) não é má. A ideia é descentralizar os trabalhos e seriam criados dois grupos. Um grupo para tratar da questão da descentralização e o segundo para tratar dos outros pontos (Forças Armadas, Polícia e SISE). O novo grupo de descentralização não era para recomeçar com o trabalho, porque estas questões já estavam muito avançadas na sub-comissão em que estava o ( Jeremias) Pondeca. As posições estavam próximas, faltavam detalhes. O novo grupo iria apenas consensualizar os princípios gerais sobre o pacote de descentralização a ser enviada à Assembleia da República. Seriam duas pessoas indicadas pela Frelimo, duas pela Renamo e outras duas pela mediação. As pessoas já estão lá na Comissão Mista. Não são pessoas estranhas. Só que a forma como a Frelimo colocou o assunto deu a entender que já não eram precisos os mediadores. Que não era preciso que os estrangeiros mexessem no assunto. 
Resultado de imagem para dhlakama hojeNós dissemos que não. Isso é o mesmo que apagar o trabalho dos mediadores. Se agora estávamos perto de fechar esse trabalho da descentralização e faltavam poucos dias para submeter à Assembleia da República, foi graças à contribuição dos mediadores. Como é que hoje queremos nos fazer de “chicos espertos”, nós os moçambicanos, e dizer que nós sozinhos somos capazes, quando nós convidamo-los para nos virem ajudar, porque nós não conseguíamos avançar”. “As coisas começaram a marcar passo, à volta desta questão. Este grupo da Renamo, Frelimo e mediadores era apenas para harmonizar todo aquele trabalho já feito e meter na Assembleia da República. Agora, com esta a proposta da Frelimo de querer afastar os mediadores, é quando parámos até hoje (quarta-feira) que estamos a discutir. Esse é o problema da Frelimo. Não sei donde veio e porquê”. Tal como adiantou o SAVANA nas últimas semanas, Dhlakama é da opinião que se estava muito próximo de um acordo. “Estava tudo feito. Um trabalho que levou quatro meses e só faltavam apenas alguns detalhes para ir ao Parlamento. Tudo está na acta. Há duas semanas, havia sido acordado na Comissão Mista sobre os passos que deviam ser dados este Dezembro. Um dos passos acordados é que havia de se fazer uma espécie de cessação de hostilidades provisória, que era de facto uma bênção para o povo moçambicano para a passagem da quadra festiva. Cessação de hostilidades em todo o país. Eu e a minha delegação concordámos. Tudo estava acordado entre as partes. Dois dias depois da cessação de hostilidades entraria o documento sobre a descentralização na Assembleia da República. Mas a Frelimo sabotou, com este modelo que inclui os mediadores do novo grupo de trabalho. Agora já não sabemos, quando é que vai acontecer a cessação das hostilidades e a entrada do documento na Assembleia da República. Dhlakama confirmou ao SAVANA que falou com o presidente Nyusi sobre estas questões. “Há duas semanas que não falamos. Mas das vezes que falámos, abordámos a necessidade de flexibilizar o assunto de submeter as propostas ao Parlamento. A questão de se afastar os mediadores surgiu há poucos dias e ainda não falamos sobre isso. O SAVANA desafiou Dhlakama a declarar um cessar- -fogo unilateral como demostração de boa-fé . A resposta foi rápida: “Olha. Estas coisas de guerra são complicadas e declarar cessar-fogo sozinho também é complicado.”

Nada para ninguém em dois mil e dezassete


"Irreparável”

Resultado de imagem para valentina guebuzaO comandante da PRM na cidade de Maputo, Bernardino Rafael, disse que foi legalizada, na última sexta-feira, a prisão de Zófimo Muiuane, acusado de ter assassinado a sua esposa, Valentina Guebuza, empresária e filha do antigo chefe do estado moçambicano, Armando Guebuza. Zófimo Muiuane foi detido na última quarta-feira na sua residência na cidade de Maputo, após ter baleado mortalmente a sua esposa, cujos restos mortais foram, sábado passado (17), a enterrar no cemitério de Lhanguene, em Maputo.O comandante da PRM na capital moçambicana revelou que durante as diligências foi encontrada mais uma arma não licenciada na posse do indiciado. Zófimo Muiuane, chefe do departamento de marketing da operadora de telecomunicações Mcel, casou-se com Valentina Guebuza a 26 de Julho de 2014 numa cerimónia religiosa na Igreja Presbiteriana de Chamanculo, cidade de Maputo, local onde também decorreu o velório da vitima.
Diversas individualidades, de entre políticos, empresários e amigos da família Guebuza, participaram da cerimónia.Na ocasião, o Presidente da República e do partido no poder, a Frelimo, Filipe Nyusi, transmitiu a sua mensagem de conforto e solidariedade á família Guebuza.“Estamos aqui para transmitir a nossa solidariedade e dizer que aquele povo que conheceu e conhece, está consigo, está com a sua família neste momento difícil da partida prematura da jovem Valentina da Luz Guebuza, disse.

Durante o velório, a família Guebuza classificou, igualmente, o assassinato de Valentina “uma perda irreparável”. Valentina Guebuza, 36 anos, foi morta a tiro, supostamente pelo marido, Zófimo Muiuane, na residência do casal em Maputo, e deixa uma filha de um ano e seis meses.A família Muiuane, por sua vez, disse estar envergonhada e revoltada com a acção do seu familiar.“Pedimos perdão à família Guebuza', afirmou Armando Pedro, irmão mais velho de Zófimo Muiane, na mensagem fúnebre.

Nascido nos anos últimos do jugo colonial, na década de setenta, Zófimo fez a sua instrução primária na capital. Aqui também fez o ensino técnico-profissional na Escola Industrial de Maputo. No seu Curriculum Vitae (CV), consta uma passagem pela British American Tobbaco (BAT) na delegação de Nampula, província onde jaz o cordão umbilical do seu sogro, concretamente no distrito de Murrupula. Desemboca na Mcel onde  trabalha, no departamento de marketing, onde vezes sem conta foi  o rosto da empresa em eventos patrocinados por aquela empresa de capitais públicos.Zófimo Armando Muiuane, iniciou a actividade comercial em Novembro de 2003, ao constituir com Ismael Ribeiro de Pinho, a Izo - Importação e Exportação, Limitada. 
Resultado de imagem para zofimoCom dez milhões de capital incial, o objecto social da IZO é a “importação e exportação de produtos e prestação de serviços, representação de marcas e gestão de participações sociais.Em Janeiro de 2010, junta-se a Tony Alves Camarinha e a Eugene Swart e constituem a Capsstone Trade, Limitada. Dez mil meticais foi o capital social da constituição desta empresa que tem como objecto principal “a importação e exportação de bens e serviços, representações de marcas e intermediação de parcerias.Em 2011 os sócios cederam a totalidade das quotas ao jovem a que nos referimos, tornando-se no único sócio da empresa.

Nascida  pouco depois da independência, quando o seu pai ocupava uma pasta ministerial no governo de Samora Machel, Valentina da Luz Guebuza, começa a aparecer em várias parcerias económicas, tal como o seu pai, tios, primos e irmãos.O primeiro registo de Valentina nas lides empresariais data de 2001, quando, com o seu pai em 2001 (ainda não era Presidente de Moçambique) que alterava a estrutura accionista, o pacto, as quotas e os sócios, entrava com os seus irmãos, Armando Ndambi Guebuza,  Mussumbuluko Armando Guebuza, na Focus 21, Gestão e Desenvolvimento, Limitada.
Resultado de imagem para valentina guebuza a princesa milionariaValentina é a presidente do Conselho de Administração (PCA) da Focus 21, conhecida como a holding presidencial. Valentina da Luz Guebuza é a gestora de várias empresas da família com destaque para a Focus 21 que lidera desde 2006. Estudou Engenharia Civil na África do Sul e, durante esse período, terá trabalhado num restaurante. No último ano de curso, conta a filha Guebuza à FORBES, iniciou uma consultoria numa empresa de Engenharia Civil e foi aí que terá ganho experiência prática na área.
Resultado de imagem para valentina guebuzaA Focus 21 faria em Abril de 2005 uma nova alteração no pacto social e nas quotas, tendo substituido na estrutura accionista Mussumbuluco Guebuza por Norah Armando Guebuza, a irmã mais velha de Valentina. Em 2007, Valentina daria um salto gigantesco ao ser accionista da Beira Grain Terminal no acto da sua constituição. Nesta sociedade a filha de Armando Guebuza é sócia das empresas Caminhos-de-Ferro de Moçambique, Empresa Pública (CFM), Cornelder de Moçambique, SARL, Nectar Moçambique, Limitada, Sonipal, Limitada; Seabord Moz, Limited, Rainbow Internacional; CFI Holdings, Limited e a Merec Industries, Limitada. Dois milhões e setecentos mil meticais foi o capital inicial da Beira Grain Terminal que tem como objecto social a “operação de uma terminal de cerais a granel, no porto da Beira, em Moçambique.
Em Agosto de 2008, Valentina e seu irmão Mussumbuluco e seu tio José Eduardo Dai (primo em primeiro grau de Tobias Dai, irmão da então  Primeira Dama, Maria da Luz Dai Guebuza), constituem a Crosswind Holdings, S.A fundir as empresas Focus 21 e Rachana Global, Limitada. Dois milhões e quinhentos mil meticais foi o capital social da Crosswinds que tem como objecto social “...o exercício de actividade de construção e desenvolvimento de infra-estruturas”.
No mesmo ano de 2008, Valentina Guebuza e seu tio José Dai e a Inforcom, Limitada constituem a Servicon, Limitada. Com a módica quantia de vinte mil meticais no capital social, esta empresa tem como objecto social a “actividade mineira; compra, tratamento, processamento, e venda dos seus derivados, obras públicas, agricultura”.
Ainda em 2008, em Novembro, Valentina junta-se novamente ao seu tio José Dai, ao seu irmão Mussumbuluco e a Carlos Nicolau Salvador Júnior e constituem a Orbittelcom, Limitada. Duzentos mil meticais foi o capital inicial da empresa que tem como objecto social a “informática e telecomunicações”. Em 2009, ano em que o seu pai concorre para o segundo mandato, Valentina, José Dai (o seu tio outra vez), Lilia Szakmesiter e Voo Chong Min constituem a Moçambique Desenvolvimento & Investimentos, Limitada. Em 2010, a filha do Presidente junta-se a Luís Filipe Pereira Rocha Brito e constituem a IMOGRUPO – Investimentos e Participações, Limitada. Com um capital de quinhentos mil meticais o objecto social desta empresa é, entre outros a “aquisição, administração, locação e alienação de bens imóveis, próprios ou de terceiros”.
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Ainda em 2010, Valentina junta-se a Margarida Maria Duarte Oliveira Nunes Figueiredo, Rita Maria Figueiredo de Sousa Borges Furtado, Stephanie Baaklini, Sylvie Cristelle Lasoen, Mussumbuluco Guebuza e a empresa OLOHA Investments, SA e constituem a Christiam Bonja Moçambique, Limitada. Com cinquenta mil meticais de capital inicial esta empresa tem como objecto social “o exercício da actividade de ouriversaria, joalharia e relojoaria, com a máxima amplitude permitida, podendo, para o efeito, proceder à importação...”.
Valentina é membro do Comité Central da Frelimo saída do X Congresso daquela organização em 2012.Valentina era também presidente do Conselho de Administração da StarTimes Media, uma Joint Venture entre a chinesa StarTimes e a Focus 21 para a área da migração digital no país. A entrega, sem concurso público, deste projecto milionário à empresa liderada por Valentina Guebuza foi amplamente criticada por vários sectores da politica, e da chamada sociedade civil.


sexta-feira, dezembro 09, 2016

Prefiro ser afastado, excluído, banido por....

Quarenta dias depois ter deixado o país futebolístico de “boca aberta”, ao acusar os irmãos Sidat (Rafik e Shafee) de ditarem os campeões nacionais, Artur Semedo diz, que aquilo foi um elogio, pelo nível de influência que estas figuras têm no nosso futebol. Semedo revelou ainda que não continua na União Desportiva do Songo (UDS), primeiro, por não ter aceitado a exigência da actual direcção de pedir, publicamente, desculpas aos visados e, segundo, por não partilharem os mesmos valores: transparência e honestidade. Acompanhe, nos próximos parágrafos, os excertos desta entrevista, onde Artur Semedo avalia os dois anos no Songo e explica as razões da constante instabilidade daquele clube.

Que balanço faz da época 2016, que culminou com a conquista inédita da Taça de Moçambique e do segundo lugar, no Moçambola...
Resultado de imagem para artur semedo-Foi uma época positiva e inédita, tendo em conta que, primeiro, foi a primeira vez que a UDS conseguiu feitos tão importantes como estes e, segundo, por ter  sido o primeiro dos últimos classificados. Fomos os primeiros dos últimos porque só a mal sevícia é campeã. Porém, foi uma época frustrante para mim porque depositei expectativas enormes na minha equipa por ser humilde e recheada de jogadores à procura de um lugar ao solo. Não era dos melhores planteis, mas sabia da sua valia humana e desportiva, assim como confiava na qualidade do meu trabalho, que veio a se confirmar ao longo dos jogos. Mas, infelizmente, os campeões não se fazem apenas com profissionalismo,ncompetência e dedicação.Outros valores e interesses ocultos se levantam e acabamos perdendo o campeonato.

Pode nos dizer que interesses ocultos são esses?
-Trata-se de uma matéria extremamente dissecada ao longo dos tempos e isto acaba por ser nefasto até para a minha pessoa. Ter convicções, defender a causa da transparência, da honestidade, do trabalho e do profissionalismo contrasta com aquilo que está sublimado no nosso campeonato. Assim, acabo sendo a pessoa que é preciso excluir, abater e até pôr em causa a continuidade neste futebol. Mas, prefiro ser afastado, excluído, banido por revelar competência e honestidade no que faço.

Congratulou, no final do jogo com o Ferroviário da Beira, os irmãos Sidat (Rafik e Shafee) por “ditarem os campeões”. Reitera este posicionamento?
-Tenho sido perseguido ao longo dos anos, por isso, considero perca de tempo falar das mesmas coisas sem que haja vontade de alterar o panorama instalado. Não aconteceu apenas em 2016. Já perdi vários campeonatos pela frontalidade que demonstro e pelo posicionamento que tenho neste futebol. Há vontade de muita gente que eu abandone o futebol e estas pessoas vão propalando, todos os dias, mentiras e inverdades. Portanto, combater estas coisas anos a fio, sem que se resolvam as questões, não vale apena estar a falar destas coisas. Sempre disse que há pessoas que sabotam o teu trabalho, mas foi a primeira vez que tocou em nomes concretos e de pessoas conhecidas.

Que razões concorreram para essa revelação?
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-Nunca tive uma relação próxima com o presidente da Liga (Liga Desportiva de Maputo/foto de Rafik sidat)). Estabelecemos uma relação profissional muito boa, que até extravasou alguns limites profissionais. Mas, não posso concordar que pessoas não aceitem o facto de ter de trilhar os meus caminhos, seguindo a minha consciência. Eu é que devo escolher os clubes, onde quero trabalhar. Ninguém deve conduzir a minha vida e nem me votar ao ostracismo só porque convém que esteja com ela.

Assim, quer nos dizer que estes não o querem ver noutros clubes...
-É evidente. Até fiz elogio às pessoas em causa. O que quis dizer, na verdade, é que têm grande influência neste futebol.

Como se manifesta a sua influência, tendo em conta que o Moçambola é gerido pela Liga Moçambicana de Futebol (LMF) e os visados não fazem parte deste órgão?
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-Já disse que não me interessa nada estar aqui a falar de assuntos que acabam não tendo resolução. Se eu tiver de tecer comentários sobre esta matéria, farei nos fóruns próprios. Estas pessoas têm muita influência neste futebol; há um poder instalado; este futebol não é transparente e passa por várias vicissitudes que colocam em causa o seu normal desenvolvimento. Se alguém quer dotar este futebol de mais verdade e transparência, que actue sobre estas questões. Não sou polícia e nem investigador e não cabe a mim fazer este tipo de diligências.

Alguma vez já denunciou estes factos a entidades competentes, como foi o caso de Arnaldo Salvado?
-Nunca fiz e nem vou fazer porque o desporto não tem importância que outras actividades. Este é o parente pobre de todas as actividades que norteiam a sociedade. Aparentemente tem um lugar de destaque, mas não tem a importância que merece. Por isso, não adianta nada querer ser mártir por uma causa que não diz respeito a ninguém.

Os visados prometeram recorrer às entidades competentes (tribunais) para o esclarecimento deste caso. Será que já foi notificado para tal?
-Ainda. Se alguém se sente ofendido, que abra um processo contra o prevaricador. Apenas fui contactado pela Comissão de Inquérito. Aliás, o actual Presidente da UDS ( José Costa) exigiu-me pedido de desculpas públicas aos amigos (pessoas em causa) e à população do Songo, pelo eventual desrespeito, como condição para a minha continuidade. É evidente que não peço desculpas a ninguém. Quando falo das coisas ou tomo as minhas decisões faço em consciência.

Assim, podemos considerar este o único motivo para não continuar na UDS?
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-Não, mas foi um factor dissimulador. O actual presidente da UDS tem, no seu elenco, indivíduos com os quais há diferenças insanáveis, que foram despoletadas desde a altura que assumi a equipa, na direcção do senhor Saíde Tuhair. As querelas que foram criadas naquele clube tinham um destinatário: o presidente Tuhair.E como consequência, propalou-se outra mentira: a de que eu destitui a direcção. Acho que devia ter muito poder para destituir uma direcção empossada e legitimada pela empresa (HCB). A direcção da UDS (na altura HCB) foi posta em causa pelos senhores que estão lá, novamente.

Se este foi um factor dissimulador, então, qual foi a razão principal?
-Talvez os valores que defendo não sejam partilhados pelas pessoas que estão lá neste momento. Durante os dois anos percebi quem estava contra a equipa e as direcções que passaram por lá nunca trabalharam em condições de estabilidade. Por isso que, em dois anos, o clube teve três direcções.

No que testemunhou, o que justifica esta instabilidade?
-São questões de natureza cultural. As pessoas procuram instituições para atingir algum protagonismo nacional. O clube parece um veículo de promoção para fora das fronteiras da localidade, pelo que acaba sendo apetecível. Sempre que há uma direcção em gestão, a mesma é desestabilizada e usa-se a equipa para atingir esse objectivo. Mas, estranhamente, não aconteceu o mesmo com a direcção do senhor Luís Canhemba. Teve uma prestação inédita que contrasta com tudo o que foi feito anteriormente. Aliás, aferindo os resultados, Luís Canhemba é o melhor presidente porque ele é quem ganhou, mas, mesmo assim, foi substituído. Portanto, há interesses que colocam em causa o desenvolvimento do clube e da própria equipa de futebol.
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Como se sente pelo facto de não poder continuar com o seu projecto?
-Não estou preocupado e nem magoado por não poder continuar na UDS. Ninguém fez favor em levar-me para Songo. Fui porque quis e porque fui contratado por uma pessoa extremamente honesta (Saíde Tuhair). As duas épocas que fizemos têm muito mérito dele porque contratou-me, já que sabia da importância que teria no seu projecto.(Foto:Semedo,primeiro agachado na esquerda)
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Mas, é suficiente deter-se as questões externas para justificar a perca do título? Será que algumas opções técnicas do mister não terão contribuído, como no caso do jogo com o Costa do Sol, em que deixou de fora Luís Miquissone e Mano?
-Foi apenas um jogo que eles não jogaram. Jogaram em outras partidas, mas o que aconteceu? Luís e Mano jogaram contra o Estrela Vermelha e perdemos a partida. Em mil partidas, o Estrela só nos podia ganhar aquela. Se alguém pensa que perdemos por acaso, deve estar num mundo irreal e imaginário. Quem anda no futebol sabe como nós perdemos o campeonato. Por outro lado, quem define as estratégias do jogo é o treinador. Luís e Mano estavam no limite dos cartões amarelos e o jogo com o Costa do Sol não era decisivo, mas determinante. O decisivo era o jogo com o Ferroviário da Beira e é suposto que os melhores estejam nos grandes jogos e ninguém vai me impor regras como fazem a outros treinadores nos outros clubes.

E no caso da Taça de Moçambique, onde estavam os seus “inimigos”?
Resultado de imagem para uniao desportiva songo-Também nos preparamos bem porque tínhamos percebido o que tinha acontecido no campeonato. Descortinamos as nossas debilidades e vimos onde os inimigos nos podiam contrariar. Por isso, nós também fizemos o nosso trabalho. Não deixamos tudo ao acaso e acabamos sendo mais fortes. Mas, por outro lado, as pessoas podem ter tido receioda manifestação da amplitude do seu trabalho. Era demasiado e até podia ser um escândalo nacional. A qualidade da equipa se sobrepôs até ao último jogo da época e não estava mal preparada como, em algum momento.
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Mas, onde mudou a “boa relação” que mantinha com o presidente da Liga?
-Ser um bom presidente não significa ser uma boa pessoa. As pessoas podem ser caracterizadas em várias dimensões (humana, social, profissional, etc.). Estabeleci uma boa relação profissional porque é assim como me apresento aos clubes e as pessoas que se relacionam comigo, profissionalmente. Mas, todos os factores que gravitam à volta disto é outra história.

Pode nos dizer onde o mister estará, em 2017?
-Não estou preocupado com isso. Estaria preocupado se fosse incompetente ou se não tivesse qualidade.