quinta-feira, abril 13, 2023

Nenhum pode trabalhar com uma faca na garganta

“Eu todos os dias me pergunto por que motivo os países estão obrigados a fazer o seu comércio em dólar”, afirmou o chefe de Estado brasileiro, na sede do Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelo BRICS, o bloco de economias emergentes que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, atacou hoje (13 Abril), em Xangai, o domínio do dólar norte-americano como moeda de reserva mundial e apelou ao uso de outras divisas na relação comercial entre Brasil e China.

“Eu todos os dias me pergunto por que motivo os países estão obrigados a fazer o seu comércio em dólar”, afirmou o chefe de Estado brasileiro, na sede do Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelo BRICS, o bloco de economias emergentes que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

“Quem é que decidiu que era o dólar a moeda de reserva depois de ter desaparecido o ouro como paridade?”, questionou. “Nós precisamos de ter uma moeda que dê aos países um pouco mais de tranquilidade”, acrescentou.

A China tem tentado internacionalizar a sua moeda, o yuan, desde 2009, visando reduzir a dependência do dólar em acordos comerciais e de investimento e desafiar o papel da divisa norte-americana como a principal moeda de reserva do mundo.

Esta questão tornou-se mais urgente num período de fricções geopolíticas, que resultaram na fragmentação das cadeias de produção, visando enfraquecer o papel central da China, e em sanções contra Moscovo, na sequência da invasão da Ucrânia. O dólar é utilizado em 84,3% das trocas comerciais a nível global, segundo dados recentes divulgados pelo jornal britânico Financial Times. Mas a participação do yuan mais do que duplicou desde a invasão da Ucrânia, de menos de 2% para 4,5%, refletindo o maior uso da moeda chinesa no comércio com a Rússia.

As dificuldades de financiamento das nações mais pobres, que enfrentam já uma crise de dívida soberana, na sequência da pandemia de covid-19, agravaram-se, nos últimos meses, devido à subida das taxas de juro nos Estados Unidos, que visa combater a inflação galopante. O Brasil tem sido particularmente afetado: o Banco Central do país sul-americano manteve, no mês passado, a taxa de juros base em 13,75% ao ano – o patamar mais alto desde dezembro de 2016.

Lula da Silva questionou por que motivo “um país tem que correr atrás do dólar para poder exportar”.

“Se tem uma coisa que os chineses sabem ter é paciência”, afirmou o líder brasileiro. “Se for necessário ter um pouco de paciência, a gente tem que ter, mas um banco como o do BRICS pode criar uma moeda capaz de financiar a relação comercial entre Brasil e China e entre o Brasil e outros países BRICS”, acrescentou.

O Presidente brasileiro defendeu ainda a importância da criação de novas instituições multilaterais de financiamento e da reforma das instituições vigentes, visando gerar melhores condições para responder às necessidades dos países em desenvolvimento.

“O Fundo Monetário Internacional (FMI), ou qualquer outro banco, quando empresta dinheiro a um país do terceiro mundo, sente-se no direito de mandar, de administrar a conta do país, de visitar o país para ver as suas contas”, observou Lula da Silva.

“Nenhum governante pode trabalhar com uma faca na garganta”, disse. “Os bancos têm que ter paciência e, se for preciso, renovar os acordos e colocar a palavra ‘tolerância’ em cada renovação”. O chefe de Estado brasileiro lamentou que se esteja no século XXI como se estava no início do século XX, “com os ricos a tornarem-se mais ricos e os pobres a ficarem mais pobres”.

“Todos os países podem endividar-se desde que esse país tenha contraído a dívida para a construção de uma obra que crie um ativo novo que traga mais futuro para aquele país, mais capacidade de investimento, mais capacidade de produção, mais capacidade de exportação”, atirou.

“É esse o mundo que temos que enxergar. É esse o mundo que temos que viver”, acrescentou. “Não esse mundo obscuro de pessoas que parecem génios e quando quebra, como quebrou o Lehman Brothers, [na crise financeira global], em 2008, quem tem que arcar com as contas é o Estado”.

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, abril 04, 2023

Há uma nova cidade surgindo em Chimoio…

Perguntei a um amigo, há dias, o que a cidade de Chimoio tinha de novo. E ele para mim: “a cidade tem pernas suficientes para andar”. Eu acho de facto que são pernas para andar que qualquer cidade precisa. Uma cidade não precisa de projectos, não precisa de pensos nas estradas, não precisa de receitas de promessas, só precisa de pernas suficientes para andar.

Dos escombros da velha cidade de Chimoio surge, hoje, uma nova cidade. A velha cidade viu que já não tem mais espaço naquele local, ainda hoje, ontem, alguém me contou que tinha visto a velha cidade deitada num banco da praça, reconstruindo memórias de quando ainda era a dona daquela cidade.

Há uma nova cidade surgindo em Chimoio, basta reparar nos camiões que vão carregando aos entulhos a velha cidade sem pernas para andar, basta reparar nos novos estrados que sustentam o sono da cidade, basta reparar nas vassouras e nas pás das senhoras de limpeza que vão recolhendo alguns restos da antiga cidade que ainda se disfarçam em lixo.

Deve ser terrível demolir uma cidade para fazer nascer uma outra. Não falo do trabalho de arrancar as avenidas e as suas raízes, não falo de afastar os roupeiros, as mesas, as gavetas e as cadeiras da cidade quando se começa o trabalho da demolição, porque uma cidade é uma casa. Falo de demolir a cidade inteira e pôr uma nova cidade com pernas para andar.

Ninguém vê, mas há uma nova cidade em Chimoio. De certeza a velha cidade está, neste momento, num asilo qualquer com um babete ao peito babando de tristeza e tentando engolir uma enorme colher do tempo que ainda era cidade. A velha cidade foi demolida e expulsa, porque já não tinha pernas suficientes para andar.

(S.Raimundo in facebook)


quarta-feira, março 29, 2023

Queda de avião

Ontem (28), uma aeronave oriunda do Zimbábwe com destino a capital moçambicana, reportou uma emergência por falta de combustível. 

Minutos depois perdeu o contacto com a torre do Aeroporto de Maputo e mais tarde chegou a informação  depois que teria feito uma aterragem de emergência em Chiboene, na zona da Santa Isabel distrito de Marracuene.O avião modelo Cessna 206 trazia tres passageiros à bordo e todos estão vivos.




O digital em 2023

Havia 6,92 milhões de utilizadores da Internet em Moçambique no início de 2023, quando a penetração da Internet era de 20,7 por cento. Moçambique era o lar de 2,50 milhões de utilizadores dos meios de comunicação social em Janeiro de 2023, o que equivale a 7,5 por cento da população total. Um total de 16,72 milhões de ligações móveis celulares estavam activas em Moçambique no início de 2023, sendo este número equivalente a 50,0 por cento da população total.

Utilização da Internet em Moçambique em 2023

Havia 6,92 milhões de utilizadores da Internet em Moçambique em Janeiro de 2023. A taxa de penetração da Internet em Moçambique era de 20,7 por cento da população total no início de 2023.   A análise Kepios indica que os utilizadores da Internet em Moçambique aumentaram em 848 mil (+14,0 por cento) entre 2022 e 2023.    Em perspectiva, estes números de utilizadores revelam que 26,50 milhões de pessoas em Moçambique não utilizavam a Internet no início de 2023, sugerindo que 79,3 por cento da população permanecia off-line no início do ano.

No entanto, as complexidades associadas à recolha e análise dos dados dos utilizadores da Internet significam que muitas vezes podem levar vários meses até que a investigação esteja pronta para publicação. Como resultado, os últimos números publicados sobre a utilização da Internet invariavelmente subrepresentam a realidade, e a adopção e crescimento efectivos podem ser mais elevados do que os números aqui apresentados sugerem.

Consulte as nossas notas completas sobre dados para mais detalhes.

Havia 3 349 000 utilizadores do Facebook em Moçambique em Fevereiro de 2023, que representavam 9,6% de toda a sua população. A maioria deles eram homens - 56,8%. As pessoas de 18 a 24 anos eram o maior grupo de utilizadores (1 274 700).  A maior diferença entre homens e mulheres ocorre dentro das pessoas com idades compreendidas entre os 18 e 24 anos, onde os homens lideram por 726 000.

Estatísticas dos meios de comunicação social para Moçambique em 2023

Havia 2,50 milhões de utilizadores das redes sociais em Moçambique em Janeiro de 2023. Este número pode parecer bastante diferente dos valores que publicámos em anos anteriores, mas é de notar que as fontes que utilizamos para informar e calcular o número de utilizadores dos nossos meios de comunicação social fizeram revisões importantes e abrangentes dos seus dados nos últimos meses.  Estes ajustamentos aos dados das fontes significam que os nossos últimos números não são comparáveis com os números equivalentes que publicámos em anos anteriores, e os leitores não devem considerar quaisquer diferenças nestes números como uma mudança real na utilização dos meios de comunicação social.

 

 

 

 

 


quinta-feira, março 23, 2023

Senegal 6, Moçambique 4, Rwanda 2, Benin 1

O seleccionador nacional de futebol, Chiquinho Conde, diz que os problemas são sempre os mesmos e que teve que se adaptar às condições encontradas no terreno, neste caso no Senegal. Conde teve mesmo que orientar a sessão de treinos de quarta-feira num relvado já desgastado e com piso irregular contra todos os riscos de lesões a serem contraídas pelos jogadores. Isto, de resto, nas vésperas de dois jogos importantes na caminhada de Moçambique rumo ao CAN Costa do Marfim 2024.

“Estou aqui de corpo e alma, dando o melhor de mim, dentro daquilo que sei para transmitir confiança aos jogadores, independentemente das condições que aqui estão”, começou por dizer o seleccionador nacional de futebol que, em Janeiro, teve que gerir o “barulho” dos atletas que reclamavam melhorias na premiação aquando do CHAN. Mas mais do que sentar na poltrona e ficar a reclamar, Chiquinho Conde teve que arregaçar as mangas e começar a projectar o jogo desta sexta-feira, mesmo debaixo de condicionalismos.

“Tivemos que ajustar em função do estado do terreno, porque o desgaste é muito grande. Pese embora as dificuldades, não vale a pena estarmos a bater o ceguinho e nem chorar”, realçou para depois disparar: “.Os problemas, infelizmente, são sempre os mesmos, troca-se o disco e a música é sempre a mesma. Mas a resiliência é isso. É nós nos adaptarmos ao mundo e não o mundo adaptar-se a nós”.

O capitão dos Mambas, Domingues, deu voz ao grupo de trabalho para manifestar a indignação com as condições encontradas em Dakar, Senegal. A começar, pois claro, com o péssimo estado do piso do Stade Iba Mar Diop, onde os Mambas realizaram a sessão de treinos na quarta-feira. É que, segundo o craque, os jogadores podem sofrer lesões devido à irregularidade do piso.

“São situações que a gente já vem reclamando com a federação. E eu acho que não é bom. A maioria dos jogadores vem dos clubes, onde as condições são boas e quando chegamos e apanhamos situações destas é desagradável. Queremos sempre boas condições”, chamou atenção o jogador com mais internacionalizações pelos Mambas.

Ainda na condição de porta-voz do grupo de trabalho, sublinhe-se, Domingues ajuntou que “encontramos aqui um campo que não está em condições, um campo um bocado rijo, as condições do campo não são boas e os jogadores podem ter lesões”.

E deixou ficar um recado ao elenco da Federação Moçambicana de Futebol (FMF): “Acho que podem melhorar as condições no futuro”. Mas não se ficou por aqui na apresentação do rol de preocupações dos jogadores dos Mambas. A questão de acomodação veio, uma vez mais, ao de cima.

“Tem a situação do próprio hotel. Acho que para uma selecção como Moçambique ou outra que estivesse cá, tinham que melhorar. Não é um hotel para que uma equipa profissional esteja lá”.

 


Agendas anti-desenvolvimento

O Presidente da República reagiu aos tumultos ocorridos durante a tentativa de marcha em homenagem ao rapper Azagaia, na Cidade de Maputo. Filipe Nyusi lamenta o ocorrido e exige uma punição exemplar aos agitadores.

Filipe Nyusi reconhece que são direitos dos moçambicanos a manifestação e a liberdade de expressão, mas lembra que é papel da PRM garantir a ordem e segurança pública. E porque havia informações de que existiam pessoas que se queriam aproveitar da situação para cumprir “agendas concorrentes” e criar desordem, a Polícia foi obrigada a agir, o que culminou com o uso desproporcional da força.

Para o Chefe de Estado, os actos de violência “desproporcional” verificados no último dia 18 do mês em curso colocaram à prova o limite entre os direitos dos cidadãos e a actuação da PRM.

Como solução, o Presidente exige que a PRM evite confrontos com a população e pede vigilância por parte da população perante actos que podem “atrasar o desenvolvimento do país”.

Os pronunciamentos foram feitos durante a XVIII Cerimónia de Graduação em Ciências Policiais, na ACIPOL. O acto marcou o encerramento dos Cursos de Licenciatura e de Mestrado Académico e Profissional em Ciências Policiais.