quinta-feira, setembro 30, 2010

Desempenho Chinês

Nas suas intervenções, alguns dos participantes no seminário sobre as relações entre Moçambique e China, realizado em Maputo, foram unânimes em afirmar que os investimentos chineses em África, e no nosso país em particular, ainda não surtiram os efeitos desejáveis, o que contrasta com os números que são apresentados publicamente. Um dos motivos apontados como estando na origem desse cenário é a inexistência de infraestruturas adequadas na maioria dos países africanos. Sérgio Chichava, investigador moçambicano do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), entidade que organizou o encontro em parceria com o Instituto sul-africano de Relações Internacionais (SAIIA), referiu que o investimento chinês na agricultura em África, incluindo Moçambique, «é muito insignificante ». Adiantou que em 2007 apenas 1% do investimento externo da China foi canalizado para a área agrícola, mas “com uma tendência estacionaria”. Na apresentação do tema sobre “Economias Emergentes no Sector Agrícola Moçambicano: Leituras, Implicações e Desafios”, Chichava disse que mesmo depois de se ter constatado essa situação muitos analistas continuam a pensar “erradamente” que os chineses estão a açambarcar terras em África, para projectos de agricultura. «O investimento de empresas chinesas quase não se faz sentir, mas apesar disso fala-se de açambarcamento de terras em Moçambique», frisou, acrescentando que em 2008 o investigador timorense Loro Horta publicou um estudo em que dizia que Pequim pretendia fazer de Moçambique um “celeiro chinês”. A primeira fase do projecto referido por Horta incluía o envio dem três mil chineses para o Vale do Zambeze, que numa segunda fase passariam para dez mil. Segundo o mesmo investigador, tratava-se de parte integrante de um vasto projecto de modernização do sector agrícola moçambicano, avaliado em 800 milhões de dólares, com a finalidade de incrementar a produção do arroz, passando das então 100 mil toneladas por ano, para 500 mil. «Das pesquisas e entrevistas que fiz com os funcionários do Ministério da Agricultura, nada disso está a acontecer», sublinhou Sérgio Chichava, para quem «apesar da existência de acordos bilaterais no sentido de se priorizar a agricultura no continente africano, a realidade no terreno mostra que os investimentos dos países asiáticos e das economias emergentes continuam a níveis muito insignificantes». Citou como exemplos do Vietname, que está a investir no sector agrícola na província da Zambézia, mas “ainda numa fase embrionária”, e do Brasil, um dos integrantes do grupo das economias emergentes, interessado na produção de cana-de-açúcar para a produção de bio-combustíveis.Para aquele investigador, o maior desafio de Moçambique na actualidade é atrair investimentos para o sector agrícola e convencer as empresas a não só investir em culturas de rendimento ou bio-combustíveis, mas também na produção alimentar. Destaca os recursos minerais e energéticos, e a construção civil, como sendo as áreas prioritárias do investimento chinês em África, Moçambique em especial. Ainda no tocante à agricultura, Chichava afirmou que no nosso país existem apenas três projectos agrícolas que merecem destaque, tendo mencionado o centro de tecnologias agrárias de Boane, um projecto de produção de arroz na cidade do Xai-Xai, e um apoio ao GPZ, avaliado em 50 milhões de dólares.(Fonte: matinal)

terça-feira, setembro 28, 2010

BP desmantela pipeline em Nacala

O Governo de Nampula, na província nortenha que ostenta o mesmo nome, acusa a companhia “British Petroleum” (BP) de atentar contra a economia da província, pelo facto de estar a proibir os seus revendedores de adquirir combustíveis na concorrente “Petromoc”, em particular a gasolina.O director provincial dos Recursos Minerais e Energia em Nampula, Moisés Paulino, citado pelo “Notícias”, consubstancia as acusações do Executivo local baseando-se no anúncio por parte da Direcção Nacional de Combustíveis para que os revendedores com contrato de abastecimento com a BP recorreram à Petromoc, no sentido de fazer as suas compras sobretudo de gasolina, que escasseia nos postos de abastecimento de combustíveis nos centros urbanos e que está a limitar os agentes económicos de desenvolverem
normalmente as suas actividades. A BP proíbe os seus revendedores de comprar combustíveis na Petromoc para abastecer os seus postos de venda, alegando razões contratuais. A denúncia foi feita por alguns revendedores.Os revendedores vão longe ainda ao firmar que a direcção da BP não autoriza que estes falem à Imprensa sobre a falta de gasolina naquele ponto do país, entretanto não explica as razões que estão por detrás do incumprimento do seu dever de garantir o abastecimento de combustíveis nos postos de venda.Esta situação, acrescentam os revendedores, “está a causar-nos prejuízos consideráveis porque temos obrigações com o fisco, salariais e encargos para garantir o normal funcionamento do posto de venda, como são os casos do consumo de energia eléctrica e água, entre outros, e não fazemos receita há 20 dias para garantir a nossa sobrevivência”.Refira-se que a zona norte de Moçambique está a ressentir-se de algumas restrições no fornecimento de combustíveis, sobretudo a gasolina, devido a paralisação das operações por parte da multinacional do ramo petrolífero BP.Na ocasião, Paulino manifestou o seu cepticismo sobre a possibilidade de a BP vir a retomar as suas actividades num futuro próximo, pois apenas, recentemente, iniciou o processo de desmantelamento do seu pipeline que garante o transporte de combustíveis do cais oceânico para os depósitos da cidade portuária de Nacala para reparação.A escassez de combustíveis em Nampula coincide com a conferência de lançamento do plano estratégico de desenvolvimento da província para 2010/2020, que mobiliza meios circulantes para o transporte das delegações.(Fonte AIM)

Reclusas produzem frangos

Um estabelecimento prisional de Moçambique vai iniciar a produção industrial de frangos, ao abrigo de um projecto apoiado pela empresa moçambicana 'Projecto Mbio' e pela Embaixada da Dinamarca no país.Fonte do Serviço Nacional das Prisões (SNAPRI) afirma que o projecto será desenvolvido na Cadeia Feminina de Ndlavela, arredores em Maputo, onde se iniciou em Março último a construção de quatro pavilhões destinados a produção de frangos, cujo destino final será a comercializacao.Os quatro pavilhões têm uma capacidade para 34 mil frangos, sendo que neste projecto, que conta com um financiamento de 380 mil dólares norte-americanos, trabalharão meia centena de reclusas.O SNAPRI está a levar a cabo, em quase todo o país, acções visando produzir não só alimentos para o consumo da população prisional, estimada em cerca de 14 mil pessoas, mas também à comercialização no mercado.A direcção do SNAPRI está ainda envolvida em diversos projectos visando produzir alimentos não só para consumo dos reclusos mas também para comercializar, esperando que até Dezembro próximo sejam recuperados 10 tanques para piscicultura, cinco na província de Inhambane (sul), dois em Manica (centro) e três na província do Niassa (norte). O Centro Prisional de Muchunguè, província central de Sofala, plantou 50 mil pés de abacaxi, estando a primeira colheita prevista para Novembro. Na Penitenciária Industrial de Nampula (norte) estão a ser desenvolvidas actividades de corte de madeira numa área de 15 mil hectares.Segundo a fonte do SNAPRI, contactada pela 'Macauhub', a madeira destina-se à produção de mobiliário escolar e doméstico, bem como à construção civil.

segunda-feira, setembro 27, 2010

MDM impedindo

Membros do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na província de Gaza, foram impedidos de participar nas cerimónias centrais das comemorações dos 46 anos do início da luta de libertação nacional, que naquela província tiveram lugar no posto administrativo de Zongoene, em Xai-Xai. Tudo começa quando a caravana do MDM que se deslocava ao local da cerimónia, foi interceptada por um grupo de indivíduos que trazia camisetes e bandeiras do partido Frelimo, tendo gerado uma grande confusão. A Polícia teve de intervir para que os membros do MDM tivessem passagem para o local de cerimónia. Na confusão, um membro do MDM foi agredido fisicamente e contraiu ferimentos na face. Já no local da cerimónia, os membros do MDM que traziam camisetes e bandeiras do seu partido, foram impedidos de fazer parte da cerimónia, alegadamente porque não era dia de campanha. Mas, no local, existiam membros da Frelimo rigorosamente vestidos com camisetes, capulanas, bonés e bandeiras com imagem da Frelimo e do seu presidente Armando Guebuza. Depois de uma troca de acusações, foi permitido ao MDM fazer parte da cerimónia. Falando ao nosso jornal, a delegada do MDM em Gaza, Judite Sitoe, acusou o partido Frelimo, de mais uma vez, impedir que o MDM fizesse parte das cerimónias de Estado. (Fonte: Canalmoz)

Bloqueio do "pré-pago"

Usuários de telefonia móvel em Moçambique deverão registar os seus cartões de celular junto as operadoras até no máximo dia 15 de Novembro próximo.A decisão, segundo o Ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, visa essencialmente responder à necessidade de se apurar responsabilidades em actos criminosos com recurso ao celular. De carácter obrigatório, o registo de cartões de telemóvel abrange somente usuários da tarifa pré-pago, ficando sob pena de bloqueio todos os cartões que até ao dia 15 de Novembro não se encontrarem cadastrados nas operadoras de origem.Anunciado em diploma ministerial 153/2010 de 15 de Setembro, o mecanismo pretende ser uma ferramenta para ajudar nas investigações de actos criminais.Além de acautelar o uso responsável do celular, o decreto proíbe ainda a venda de cartões celular a menores de catorze anos e cada cidadão vai poder ser titular de no máximo três cartões em cada operadora.Em declarações à Televisão de Moçambique, Paulo Zucula afirmou que a medida surge como forma de responsabilizar o cidadão a usar de forma correcta um serviço tão importante como o são as comunicações telefónicas.Zucula apontou como alguns dos casos criminais ocorridos que agora se pretende combater, a convocação de cidadãos para aderirem a uma marcha até ao gabinete de trabalho do Presidente da República e o sequestro de pessoas e pedidos de resgate, via SMS.“Não queremos com isso dizer que não se pode convocar uma reunião ou manifestação; mas não se pode permitir convocar-se gente par ir apedrejar a Ponta Vermelha”, disse o titular dos Transportes e Comunicações.O ministro sublinhou que o processo é irreversível, e apelou a todos os cidadãos a dirigirem-se às suas operadoras em tempo útil, munidos dos respectivos bilhetes de identidade e certificados de residência ou outros documentos válidos, onde vão responder a um formulário já disponível.Recorde-se que dias antes das manifestações violentas ocorridas nos dias 1 e 2 de Setembro contra o custo de vida nas cidades de Maputo e Matola, estas foram convocadas por via de mensagens de celular, por indivíduos até aqui desconhecidos.Em Moçambique, os cartões de celular das operadoras de telefonia móvel (mCel e Vodacom) podem ser adquiridos por apenas vinte meticais (alguns cêntimos do dólar) em qualquer lugar, inclusivamente na rua e barracas.(Fonte: RM)

Iniciativas para salvar o palmar

O Projecto de Apoio de Renda dos Agricultores (FISP), através do 'Projecto Coqueiro' orçado em 17 milhões de dólares americanos, é uma das poucas iniciativas em curso no país com o objectivo de salvar o palmar nacional.O projecto é financiado pelo Millennium Challenge Account-Mozambique, instituição criada para gerir os 550 milhões de dólares oferecidos em 2007 ao país pelos Estados Unidos da América (EUA) para apoiar iniciativas de desenvolvimento nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa (no Norte) bem como a província central da Zambézia.Este montante (17 milhões de dólares) visa financiar pesquisas destinadas a encontrar a solução para as doenças que afectam o palmar bem como realizar algumas actividades de maneio de coqueiros.Segundo Marcos Freire, do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique , que é coordenador de pesquisa realizada no âmbito deste projecto, a iniciativa prevê o abate de 600 mil palmeiras (entre doentes e mortos) até 2013 e a limpeza de uma área de oito mil hectares para a plantação de novos coqueiros. Por outro lado, espera-se plantar mais coqueiros numa área adicional de seis mil hectares, totalizando 14 mil hectares às áreas a serem abrangidas pela renovação do palmar. Além disso, o projecto vai distribuir cerca de 650 mil plântulas de coqueiros a diversos agricultores.O projecto irá abranger os distritos de Chinde, Inhassunge, Pebane, Maganja da Costa, Namacurra e Nicoadala, na Zambézia, bem como os distritos meridionais de Angoche e Moma, em Nampula, onde as plantações de coqueiros ocupam uma área total de 110 mil hectares, dos quais 50 mil são do sector privado. Este projecto apenas abrange o sector familiar, mas mesmo assim só vai cobrir 10 mil hectares dos 60 mil hectares do palmar pertencente a este grupo.Isto significa que ainda há muito trabalho a ser realizado noutras áreas afectadas por esses problemas. Freire disse ser necessário o envolvimento de todos os sectores da sociedade, incluindo o Estado e os agricultores, para salvar o palmar do país.Segundo a fonte, o Estado já está envolvido nos trabalhos em curso nesse sentido, mas o nível de intervenção ainda é insuficiente porque 'o processo acarreta elevados custos…nós vamos brevemente apresentar estratégias alternativas para enfrentar o problema'.Outro problema tem a ver com os próprios agricultores que, na sua maioria, não sabem fazer o maneio dos seus palmares de maneira adequada.'As pessoas não estão a utilizar em pleno o coqueiro, por exemplo. Não usam a madeira coqueiro que é atacado pelo escaravelho (e que mais tarde serve como viveiro de reprodução destes insectos), por isso o volume do palmar que morre é muito grande', disse ele.A fonte apontou igualmente o problema das pessoas que esperarem por um projecto qualquer destinado a abater massivamente as plantas, mesmo sabendo a importância dessa medida.Entretanto, na província de Inhambane, a situação é bem diferente. Apesar de ainda estar em curso a pesquisa sobre a existência ou não da doença de amarelecimento letal do coqueiro, é possível notar a utilização intensiva da madeira bem como a prática de diversas medidas de maneio do palmar.

sexta-feira, setembro 24, 2010

Crise de competência?

A palavra crise tem sido amiúde utilizada nas últimas semanas. Crise económica (desvalorização do metical,subida de preços, taxas de juro, etc.). Crise social. O último texto do Economicando referia-se à crise da maioria da elite moçambicana e da política. Este artigo dedica-se à crise de competência.Entende-se por competência de uma pessoa, grupo ou organização, a capacidade existente de alcançar os objectivos pretendidos (eficácia), com o mínimo de recursos (eficiência, definida como a relação entre o output e o input, incluindo o factor tempo), de forma competitiva (capacidade de conquistar mercados e a preferência dos actores do lado da procura) e com a realização de um bem ou serviço de qualidade. Revêem-se um conjunto de factos e realizações recentemente acontecidos ou previstos em Moçambique e verificar sobre a competência dos actores envolvidos. Optou-se entre outros, pelos seguintes casos.

• Previam-se benefícios derivados da realização do mundial de futebol na África do Sul. Moçambique não mereceu a preferência de qualquer selecção nacional para estagiar , ao contrário das expectativas difundidas. O estádio do Zimpeto não foi nem está concluído. Os novos edifícios do aeroporto de Maputo sofrem sucessivas derrapagens financeiras, rupturas de recursos e interrupções nas obras. A fronteira única com a África do Sul entrou em funcionamento após a conclusão do mundial. A entrada de turistas devido à proximidade da África do Sul ficou muito aquém do expectável nos discursos e as entradas e saídas de pessoas de Maputo que se deslocavam à RAS para assistir a alguns jogos distorcem as estatísticas já por si com números baixos.

• A realização dos jogos da CPLP em Maputo parece ter sido um fracasso desportivo (4º lugar para Moçambique). Campos com balneários não apresentáveis. Relvados de campos e pistas de atletismo em estado lastimoso.

• A realização do mundial de hóquei em patins previsto para Maputo foi cancelado e mudado para outro país por atraso na preparação de infra-estruturas e demais condições logísticas. O organismo nacional veio angelicamente a público referir não compreender a decisão do organismo que dirige a modalidade a nível mundial.

• A novela do corpo técnico da selecção nacional somou trapalhadas, confusão de funções e mandatos institucionais mesclados com claras dificuldades relacionais entre pessoas.

Mas não é só no desporto:

• Pelo que se foi conhecendo dos órgãos de informação, a anunciada mudança da FACIM para Marracuene foi adiada. Problemas nas relações de trabalho, de despedimentos reclamados pelos trabalhadores e dúvidas sobre a especulação imobiliária dos terrenos.

• Numa reunião recente, o Magnífico Reitor da UEM anunciou a mudança da faculdade de agronomia para o Sabié. Sem condições para a instalação da faculdade (infra-estruturas pedagógicas, acomodação de docentes, estudantes e funcionário, etc.), a decisão diz-se ser irreversível e para cumprir. Se assim for e da forma como se anuncia, será provavelmente mais um passo contra a qualidade do ensino superior que tão mal tem sido tratada.

• As forças policiais têm dificuldades em reduzir a onda dos crimes, incluindo do violento e muitas vezes de detectar e deter os criminosos.

• Quando existe uma visita de um responsável a um território (distrito ou província), os informes locais revelam sempre elevadas taxas de crescimento da produção agrícola. A soma de todas essas taxas ao longo dos últimos anos, certamente que não resultaria na queda de cerca de 40% da produção de alimentos per capita nos últimos cinquenta anos (em Estratégia de Desenvolvimento Rural, MPD). Também há situações interessantes na política.

• Comerciantes na Zambézia são multados por não estarem presentes no comício do governador aquando da sua visita a um distrito. Parece-se voltar ao tempo em que era quase obrigatório ir aos comícios. Recordei-me de um caso num distrito de Cabo Delgado após a independência, também envolvendo um comerciante, que foi “arrancado” do seu quarto, transportado na sua cama e obrigado a assistir ao comício deitado no meio da multidão.

• A divulgação por um governador provincial do seu número de telemóvel em pleno comício para que qualquer cidadão lhe pudesse telefonar não tem qualificação. Os conceitos de demagogia e populismo são insuficientes para reflectir o acto. Deixa-se ao leitor a atribuição da palavra/conceito que lhe pareça mais ajustado.

• O posicionamento de responsáveis da FRELIMO acerca da propriedade do Museu da Revolução tem pouca consistência. Ninguém nega o papel da FRELIMO no processo Moçambicano após 1962. Mas duvida-se da monopolização dos processos apenas a uma organização, seja qual for e em que realidade acontecer. Admitindo-se que não é incorrecto utilizar o conceito e a palavra revolução (o que é duvidoso), muitas organizações e pessoas que não eram nem são da FRELIMO nela participaram. Em linguagem politica oficial, foi o povo que fez e revolução “unido e organizado pela FRELIMO”. Mas o povo não é a FRELIMO nem esta é o povo. Mais, um museu quem procura ser o espelho de uma época da história, é património de um povo, é um bem público que a todos os cidadãos pertence. É legítimo poder haver um museu da FRELIMO mas a revolução, se houve, não é património monopolista de uma organização. FRELIMO, revolução e povo são coisas distintas. Este conjunto de factos irrefutáveis revelam claramente incompetências, porque: (1) ou objectivos não foram alcançados, ou foram-no fora dos prazos; (2) a eficiência não é representada por derrapagens financeiras e ruptura de recursos; (3) a qualidade dos resultados e dos produtos (bens e serviços) são aquém do previsto. Mas não menos grave que as incompetências medidas pela ineficácia, ineficiência, baixa competitividade e fraca qualidade dos produtos e serviços, são as trapalhadas organizativas, a mescla de inconsistência, incoerência e arrogância de alguns discursos e decisões, a descoordenação institucional, a ausência de programação e de rigor na realização das tarefas. Em resumo, crise de competência. Quando escrevia duvidei acerca do título deste texto. Evitou-se a palavra vergonha. Mas de facto, tudo isto, é também uma vergonha. Para quem a tem! Porque também há crise de vergonha.(Economista João Mosca)

Palmar em risco de desaparecer

O vasto palmar da província da Zambézia, Centro de Moçambique, está em risco de desaparecer se não for realizado um trabalho no maneio do coqueiro tanto a nível do sector familiar como privado.O alerta é de Marcos Freire, do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), que aponta entre as várias ameaças ao palmar envelhecimento do coqueiro, a doença do amarelecimento letal e a acção destruidora do escaravelho. 'A situação é mais crítica nos distritos de Inhassunge, Nicoadala e Chinde, onde há sérios problemas de desaparecimento de coqueiros', disse Freire, acrescentando que 'se não houver um trabalho árduo de eliminação das plantas que morrem, queima das folhas afectadas pela doença, incineração ou corte da madeira para impedir a multiplicação dos escaravelhos, o palmar pode desaparecer'.Segundo estimativas, a província da Zambézia conta com um palmar de cerca de 90 mil hectares, sendo metade pertencente ao sector familiar e a outra ao sector privado. Parte considerável deste palmar está afectada pelos problemas.Essa situação significa prejuízos enormes tanto para as empresas como para as famílias que dependem desta cultura de rendimento.As famílias tiram do coqueiro o próprio coco para a dieta alimentar, venda ou para o fabrico de 'sura' (uma bebida alcoólica), além de extraírem lenha, madeira e copra (para a produção de óleo e sabão), entre outros benefícios.Os problemas do palmar no país vão desde a idade avançada até a falta de maneio. O problema do envelhecimento é agravado pela lentidão na renovação de coqueiros, situação que é mais preocupante na Zambézia, quando comparada com a de Inhambane, Sul do país, outra província com um vasto palmar.Segundo Freire, alguns coqueiros de Moçambique têm 80 ou mais anos de idade, mas ainda não foram renovados. Em condições normais, estas plantas deviam ter sido renovadas aos 40 ou 50 anos, o corresponde a 30 a 40 anos depois de iniciar a produção.A fraca renovação do palmar foi agravada pelo estado de abandono a que os coqueiros estiveram durante a guerra dos 16 anos terminada em 1992. A esses problemas acrescenta-se o facto de os agricultores terem perdido a prática de adubar os seus palmares devido aos elevados custos de fertilizantes que, amiúde, não são compensados pelo preço do coco.Volvidos quase 18 anos após o fim da guerra civil, os problemas que ameaçam o palmar moçambicano continuam porque ainda não existem acções de maneio regular e, em alguns pontos do país, os coqueiros são afectados por queimadas.'Depois apareceu a doença do amarelecimento letal e, por outro lado, o escaravelho que destrói as folhas do coqueiro e se multiplica em muitas plantas, tendo agora se tornado numa praga', explicou o agrónomo.Freire defende que a doença não vai desaparecer, mas é importante tomar sérias medidas de maneio, através de administração de nutrientes para as plantas serem mais fortes e resistentes às doenças e por via de renovação regular do palmar.(AIM) (Foto mapa, a zona sem coqueiros contrasta com algumas faixas do que resta do palmar).

Nwadjahane

Os Secretários Gerais dos Parlamentos dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) visitaram o museu aberto de Nwadjahane, na província de Gaza, Sul de Moçambique, terra onde nasceu Eduardo Mondlane, o arquitecto da unidade nacional.“Estamos profundamente impressionados por estarmos num local que faz parte da história de Moçambique e do mundo democrático”, afirmou Adelina Carvalho, Secretária-geral do parlamento português, falando a jornalistas, em Nwadjahane, no final da visita aquele monumento concebido e projectado pela Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo Mondlane.O Museu de Nwadjahane possui vários elementos culturais que ligam o espaço a vida de Eduardo Mondlane, entre os quais destacam-se o cemitério da família Mondlane, a palhota em que o obreiro da unidade nacional viveu na sua infância, a casa que ele mandou construir em 1961, quando já era funcionário das Nações Unidas. Os ilustres visitantes escalaram ainda a lagoa de Nyaourongole que dista cerca de 1,5 quilómetros, e que também marcou a vida de Mondlane.O Secretário-geral do Parlamento moçambicano, Batista Machaieie, disse que a visita aquele local histórico superou as expectativas pois, praticamente, os visitantes não conheciam a real história de Mondlane, senão o que liam em algumas obras.“Vejam só que a delegação até se comprometeu a incentivar mais visitas a este local histórico”, frisou Machaieie.A maioria das famílias de Nwadjahane é camponesa.Aliás, esta visita inspirou a delegação angolana, por exemplo, para construir um museu salvaguardando a vida e obra de Agostinho Neto, o herói da independência daquele país que também é membro da CPLP. A filha mais nova de Eduardo Mondlane, a deputada Nheleti Mondlane, considerou de impressionante a forma como Nwadjahane está a desenvolver, frisando que mais do que nunca os feitos de seu pai estão a ser cada vez mais valorizados e o interesse pelo local está a aumentar.O museu de Nwadjahane, cuja sua organização ainda está em curso, visa documentar os momentos da vida de Mondlane e elementos da cultura e história desta família.A delegação parlamentar da CPLP visitou ainda o local onde funcionou a terceira sede do imperador Ngungunhana, em Mandlakazi, concretamente a árvore onde este herói da resistência contra a dominação colonial portuguesa fazia as suas conferências, distribuía tarefas aos seus comandantes e resolvia os demais problemas.A referida árvore é secular e rodeada de vários mitos. Contrariamente a Mondlane, que viveu entre os anos 1920 e 1969, Ngungunhana nasceu em 1845 e faleceu em 1906.(Fotos: Obreiro da Unidade Nacional, Viúva e filhos no funeral na Tanzânia e Eduardo Mondlane Jr.)

Ciência e Tecnologia

O Parque de Ciência e Tecnologia da Maluana, posto administrativo do distrito da Manhiça, na provincia de Maputo, sul de Mocambique, estará pronto até ao início de 2012.A garantia foi dada pelo Ministro da Ciência e Tecnologia, Venâncio Massingue, durante a visita que o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, efectuou aquele empreendimento.A visita do Chefe do Estado visava conhecer no terreno o nível de execução das obras que vão na sua primeira fase e ocupam um extensão de terra calculada em 360 hectares.O parque, avaliado em 25 milhões de dólares americanos, ainda em construção, ocupa uma área de 950 hectares e compreenderá infra-estruturas para serviços de gestão para o estabelecimento de empresas baseadas no conhecimento, com ligação formal às instituições de ensino superior e de investigação.O Ministro disse que a infraestrutura vai, no final, atrair centenas de jovens empreendedores em todo país através da realização de palestras e cursos livres sobre empreendedorismo e planos de negócios. O parque vai formar, por ano, 50 jovens empreendedores de todas as províncias em desenvolvimento de plano de negócios. Serão seleccionados os empreendedores para próxima fase aqueles que tiverem ideia de negócio dentro das áreas de enfoque e o produto/serviço tenha um grande potencial de comercialização. As áreas de enfoque incluem as tecnologias de informação e comunicação, de gestão de água, de mineração, de processamento e de manufactura de produtos e a montagem de equipamentos.Em relação ao universo de beneficiários, Venancio Massingueo disse que, numa primeira fase, serão cerca de 100 a 150 jovens tendo o processo de selecção já iniciado. Neste momento, o Ministério está a trabalhar com um programa denominado 'descobrindo cientistas de amanha' através do qual selecciona anualmente jovens com um talento cuja produtividade será maior do ponto de vista científico.O titular da pasta da ciência e tecnologia disse que o governo indiano vai disponibilizar corpo docente para treinar moçambicanos que vão fazer a gestão juntamente com os primeiros graduados e empreededores que vão replicar a experiência.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Jogos Africanos 2011

A POUCO menos de um ano dos X Jogos Africanos de Maputo-2011, a preparação das nossas selecções nacionais ainda não está a decorrer de forma consistente e que possa tranquilizar os moçambicanos face àquilo que poderá acontecer entre os dias 3 e 18 de Setembro do próximo ano. O Primeiro-Ministro, no segundo encontro que teve com as Federações Nacionais a-propósito da Olimpíada continental, foi peremptório no seguinte: é necessário que tenhamos objectivos claros e metas, cronograma de acções, estágios, competições e perspectivas das possíveis medalhas a conquistar nesta e naquela modalidade.Aires Ali afirmou que, mesmo reconhecendo as dificuldades existentes, relacionadas com questões financeiras e de infra-estruturas para o treinamento das selecções, é necessário apelar-se à capacidade de auto-superação, isto é, o que passa por uma preparação atempada, condigna e programada, tendo em conta os objectivos a alcançar. “O desafio dos Jogos Africanos é de todos nós e as Federações devem ser proactivas”, observou. Antes do encontro com as Federações, Aires Ali reuniu-se com os jornalistas desportivos, com a finalidade de colher a sua sensibilidade em relação aos Jogos Africanos. Várias ideias e questões foram colocadas, tendo o enfoque sido a fraca estratégia de comunicação implementada pelo COJA, que faz com que o evento ainda não tenha a devida repercussão pelo país, numa altura em que estamos a pouco menos de um ano da sua realização.A preparação das diferentes selecções e, acima de tudo, a efectivação de competições para a rodagem dos atletas foram outros temas referenciados pelos jornalistas, que, segundo eles, Moçambique, sem precisar de definir grandes metas ou colocar a fasquia numa posição “a priori” difícil de alcançar, tem a obrigação de ganhar medalhas e fazer com que os Jogos Africanos sejam um meio para a expansão e divulgação de mais modalidades.Já o Primeiro-Ministro sublinhou a importância da Comunicação Social na mobilização da população em relação ao evento, assim como na sua própria divulgação, de forma que o êxito desejado seja uma realidade. “Os Jogos Africanos são de todos nós. Temos que contagiar o país e fazer com que este vibre com esta realização”, vincou Aires Ali. (Fonte : NOTICIAS)

Greve na saúde?

Profissionais da saúde, em particular enfermeiros podem estar a preparar uma paralisação das suas actividades. Não há informação se abrangerá toda as unidades hospitalares de Moçambique. O conhecimento chegou ao público depois do Sindicato da classe ter endossado um comunicado a rádio oficial (RM) no qual começa por distanciar-se de tal iniciativa grevista e apela a serenidade e dialogo em fóruns próprios. Na mesma altura a estação pública dava a conhecer a reacção das autoridades quanto a possibilidade de agentes e funcionários do Estado organizarem numa marcha reivindicativa, um cenário prontamente desmentido na altura. Salários mínimos nacionais em Moçambique ( 1 dolar= 36,00 Meticais)

Sector de actividade

Salários Mínimos

2008

2009

2010

1. Agricultura, processamento agrícola, cajú, floresta e fauna

1,315

1,486

1682

1 a) Açúcar

1,315

1,500

1593

2. Pescas

1,892

2,050

2200

2 a) Kapenta

1,810

1,900

2090

3. Indústria extractiva

1,892

2,120

2400

4. Indústria transformadora

1,975

2,300

2497

5. Electricidade, gás, água

2,140

2,403

2662

6. Construção

1,909

2,115

2435

7. Actividades não financeiras

1,926

2,250

2550

8. Actividade financeira

1,942

2,745

3483

9. Função Pública, defesa e segurança

1,826

2,083

2270