quinta-feira, setembro 03, 2020

Dramático

No geral, todas as previsões mais pessimistas têm vindo a revelar--se certas ao nível dos sectores do Turismo no geral e da aviação em particular. A economia do Turismo foi fortemente atingida pela pandemia do coronavírus (CO-VID-19). Segundo o presidente da AVITUM, Noor Momade apesar de ser uma crise mundial, há muitas situações díspares em termos de resposta à pandemia, muitas vezes entre países que estão lado a lado. A proximidade geográfica não se tem mostrado relevante em termos de contaminação e isso, em parte, explica a falta de conservação e diferença de abordagem, tanto nas medidas de contenção e fundamentalmente na preparação para a recuperação dos sectores mais afectados. Um país que está em processo de abertura de fronteiras, promoção de retoma da normalidade e tentativa de recuperação do seu sector do Turismo que tem do outro lado da fronteira o seu vizinho imediato num processo totalmente inverso, dificilmente não será impactado negativamente nos seus esforços.

“A dificuldade de coordenação de medidas de país para país tem sido evidente, num contexto da pandemia que evolui rapidamente e deixa marcas imediatas no espaço de horas” entende a fonte, sublinhando que em Moçambique, o desenvolvimento de todo este processo “tem um impacto absolutamente drástico para os nossos sectores das Viagens e Turismo. A paralisação ao nível das agência de viagens é praticamente total e a perspectiva do impacto ao nível de continuidade de uma grande parte das agências é extremamente negativa”’assume.O Turismo é muito dependente de mão-de-obra, sendo directamente responsável por cerca de 10% do emprego mundial, anotou a fonte, explicando que para além disso, tendo em conta a sua natureza, o Turismo tem um impacto indirecto muito significativo noutros sectores, aumentando a escala deste problema para números tremendamente preocupantes.“Em Moçambique, só ao nível das agências de viagens e operadores turísticos, a situação é dramática. A quebra nas vendas está muito acima de 99%. A esmagadora maioria das agências fechou ou mantém-se apenas em serviços mínimos, deixando a maioria dos colaboradores que ainda estão activos em regime de tele-trabalho.

Na hotelaria, por exemplo, a situação é muito semelhante” exemplificou, salientando a necessidade de um entendimento mais amplo que para qualquer Turismo, seja de que país for, o impacto do que acontece além fronteiras será sempre tremendo e virtualmente impossível de compensar, seja de que forma for. É verdade que o Turismo é um sector tremendamente interdependente, que precisará de uma combinação de esforços e coordenação entre os sectores público e privados para conseguir começar a recuperar. No entanto, é muito pouco provável que isso venha a ser significativo em termos de recuperação do sector no geral enquanto não voltar a haver normalização dos fluxos internacionais para cada um dos países. “As últimas previsões da OCDE sobre o impacto do COVID-19 apontam para um declínio de 60% no turismo internacional em 2020, que pode chegar aos 80% se a recuperação não acontecer antes de Dezembro. Existe a expectativa que na União Europeia por exemplo, esta recuperação possa acontecer mais cedo, mas neste preciso momento temos um aumento de novas infecções em Espanha e Itália que faz temer uma segunda vaga do vírus naquelas zonas. Brasil e Estados Unidos continuam em grande dificuldade na contenção do contágio”disse, adiantando que em Moçambique, iremos continuar a sentir as consequências destes problemas na proporção mais ou menos exacta da nossa dependência em relação à entrada e saída de pessoas de e para destinos internacionais. Isto afectará tudo, volumes de negócio, posto de trabalho e no limite, a viabilidade das próprias empresas do sector.

A compra de voos em Moçambique tem-se cifrado consistentemente em valores acima dos 100 Milhões/ano. Para além disso, tem registado uma tendência de crescimento. Em 2018 cresceu quase 20% em relação ao ano anterior. “Assim, conforme indiquei anteriormente, com quebras que totalizam quase 100%, não há qualquer receita a ser feita. Nesta altura, as empresas do sector não têm grandes opções. Gastar o mínimo e aguentar ao máximo. O sector está totalmente debaixo de água a suster a respiração”. Noor Momade esclare eceu que a International Air Transport Association (IATA) prevê que esta crise levará a indústria aérea a perdas anuais absolutamente recordes, na or-dem dos 84 biliões USD. “Estamos perante, sem qualquer margem de dúvidas, no pior ano da história da aviação. Adi-cionalmente, a IATA prevê que os efeitos de 2020 estejam bem presentes no futuro próximo, com perdas estimadas acima de 15 biliões USD para 2021.Perante este cenário, as companhias aéreas cortam nas tarifas, na tentativa de minimizar o problema, mas conforme vimos, face à instabilidade e à falta de coordenação entre medidas de país para país, não há qualquer confiança para que as massas retomem os seus hábitos”.Sobre as estratégias que o sector prepara, Noor Momade avançou que há uma tendência que se foi verificando à medida que a pandemia ia bloqueando o turismo mundial, foi o aumento da aposta no turismo doméstico. Nos países da OCDE, perto de 75% do turismo é doméstico e, segundo as previsões dos especialistas, deverá ser este turismo o primeiro a recuperar. Para além disso, é o turismo doméstico que reúne nesta fase o maior potencial para impulsionar a recuperação, especialmente em países, regiões e cidades onde o sector apoia muitos empregos e negócios.

Moçambique, a esse nível, ainda vive num contexto bastante diferente, já que o turismo do-méstico não tem esse peso na balança económica do País. No entanto, têm sido dados passos seguros que nos colocam, seguramente, mais próximos do objectivo de tornar o Turismo um dos sectores chave para o futuro do País, tal como declarado por sua Excia, o Presidente da República. “Assim, para países como o nosso, com um potencial de capitalização das suas condições humanas e naturais únicas, a pandemia trouxe uma enorme oportunidade de moldar o futuro deste sector, e conseguimos implementar e apoiar os projectos que sejam desenvolvidos”. Neste sentido, a fonte entende ser esta a grande notícia para Moçambique e para o Turismo moçambicano, “pois há necessidade de se virar as atenções para o nosso sector, vamos desenvolver o nosso sector, participando da forma que nos couber, ora como fornecedores de produtos turísticos, ora como clientes e turistas, mas sempre e para sempre como moçambicanos que amam o seu País e que tomam o destino do País nas suas mãos para o desenvolver e ajudar a atingir todo o seu potencial”.

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