quinta-feira, março 17, 2011

Camarada obrigado a resignar

O Presidente do Conselho Constitucional renunciou, segundo uma nota de imprensa publicada no final da manhã.Ontem na abertura da terceira sessão da Assembleia da República (AR) foi marcada por repúdios à continuação da figura de Luís Mondlane, na direcção do Conselho Constitucional (CC), uma instituição que no passado foi de grande reputação legal. A contestação foi apresentada na presença do visado (Luís Mondlane) que se fez ao local para acompanhar o arranque solene das actividades daquele órgão legislativo. Depois de uma aparente acalmia na sua chegada, Mondlane saiu do edifício da AR para a viatura protocolar rodeado de um forte dispositivo de segurança num esforço para evitar o assédio da imprensa. Entendem os parlamentares, sobretudo da maior bancada da oposição, que a continuação daquela individualidade naquela posição põe em causa a credibilidade do órgão.Viana Magalhães, segundo vice-presidente da Assembleia da República, disse, em representação da chefe da bancada parlamentar da Renamo, que “estamos profundamente decepcionados, tristes porque sentimo-nos traídos, pois, nesta casa, todos nós tivemos alguma palavra para a ocupação de tão alto cargo do presidente do Conselho Constitucional”.Para Magalhães, neste momento, Luís Mondlane é uma pessoa sem moral para continuar na presidência do órgão, pelo que, se ainda quer mostrar que o Estado moçambicano é sério e os seus dirigentes querem continuar a serem vistos como dignos devia renunciar o cargo nos termos da lei.Sublinha que não havendo vontade de Mondlane em deixar o cargo, o Presidente da República, Armando Guebuza, não podendo demitir o titular em referência, devido aos imperativos legais, o mínimo, no quadro da confiança política que existe entre os dois (são todos membros do mesmo partido) deveria já ter o convidado a apresentar a carta de resignação ao cargo do presidente do CC. O número 2 do artigo 242 da Constituição da República diz que “os juízes conselheiros do Conselho Constitucional são designados para um mandato de cinco anos, renovável e gozam de garantia de independência, inamovibilidade, imparcialidade e irresponsabilidade”. Magalhães justifica a sua tese referindo que crendo nas informações que estão a ser postas ao público nos últimos dias, vaticina-se um futuro sombrio para o órgão, visto que está, paulatinamente, a deixar de fazer aquilo que são as competências conferidas pela Constituição da República e virou um palco de conflitos e intrigas devido a postura desadequada e desajustada de Luís Mondlane.Mesmo sabendo que o imperativo legal impede Armando Guebuza de tomar qualquer medida, a bancada parlamentar da Renamo está ciente de que o chefe de Estado tem a noção de que a imagem dos órgãos de soberania não pode ser ultrajada e, este, para mostrar o seu distanciamento com o triste comportamento deverá encontrar uma forma, extra-legal, de persuadir a renúncia de Luís Mondlane. O posicionamento da bancada da Renamo resulta das notícias tornadas públicas por diferentes órgãos de comunicação social dando conta de que despesas pessoais astronómicas e irregulares do presidente do CC, aliadas ao seu insaciável apetite pela acumulação de riqueza, estão a provocar um ambiente de divisão, pânico e consternação naquele órgão de soberania. O ambiente de dinamite que se vive naquele órgão culminou, há 15 dias, com a atípica cessação de Funções do respectivo Secretário-Geral (SG), Geraldo Saranga. No seu lugar foi nomeada e empossada Ana Juliana, num processo nebuloso e fortemente contestado por todos os outros Juízes Conselheiros, que consideram a decisão de Mondlane de unilateral e ilegal. A situação foi tão grave que os referidos Juízes Conselheiros decidiram boicotar a cerimónia da tomada de posse da nova SG, realizada no dia 25 de Fevereiro.

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