quinta-feira, março 31, 2011

"negociações curtas , soluções imediatas"

Pela primeira vez, o líder da Renamo falou dos pontos concretos que o seu partido levou à mesa para discutir com a Frelimo. Falando à reportagem do Canalmoz, a partir da cidade de Nampula, onde está radicado desde Janeiro de 2010, o líder da Renamo revelou os pontos em discussão.“O primeiro ponto refere-se às Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Nós queremos que seja um exército não politizado. Queremos um exército novo com os trinta mil homens previsto no AGP – Acordo Geral de Paz – e que seja um exército competente e técnico-profissional”, afirmou Afonso Dhlakama.“O segundo ponto refere-se à revisão do pacote eleitoral e dos próprios órgãos de administração eleitoral. As coisas devem ser tratadas no âmbito partidário. Não queremos nos socorrer à Assembleia da República porque a Frelimo quer usar a sua maioria no Parlamento para que as coisas continuem assim”, disse a seguir o presidente da Renamo.“O terceiro ponto da agenda refere-se à formação de um Governo de Transição que possa dirigir o País por um período de dois anos e meio até que sejam organizadas eleições.“Este Governo de Transição deve ser constituído por jovens com qualidades técnico-profissionais que não têm nada a ver com a Renamo, com a Frelimo e com qualquer outro partido político, para que todos possamos entrar nas eleições em pé de igualdade, sem que ninguém use os meios do Estado”, disse ainda Dhlakama.As “negociações” entre a Renamo e a Frelimo foram iniciadas em Fevereiro e que já houve “dois encontros”.

“Nós temos capacidade militar assim como humana, temos milhares de pessoas que nos apoiam e, como vai tratar-se de uma guerra não convencional, estamos preparados”, disse Dhlakama para explicar a alternativa de acção do seu partido, caso a Frelimo não faça cedências.Acrescentou que os homens do seu partido, “sobretudo os desmobilizados”, aguardam apenas por uma ordem para actuarem”.O presidente da Renamo disse estar a “chamar a atenção à Frelimo” para entender que as actuais negociações “não são como aquelas que levaram dois anos e meio em Roma, entre Junho de 1990 e 04 de Outubro de 1992”.“Essas negociações são totalmente diferentes. São negociações de curto prazo, para resolver questões imediatas”, esclareceu o líder da Renamo.“Nestas negociações, a Frelimo não tem a agenda, nem tem argumentos. As negociações são feitas com base nos pontos que nós apresentamos porque quem quer realmente ver a democracia implementada, eleições sem roubo, sem fraude, e ver exactamente o país a andar é a Renamo. Porque quem estraga tudo é a Frelimo”, disse o presidente da Renamo numa grande entrevista que pode ler na íntegra na próxima edição do semanário Canal de Moçambique, que estará disponível ao público no dia 06 de Abril próximo.

(Aunício da Silva)

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