terça-feira, janeiro 25, 2011

Parqueamento

Mais de 6.000 espaços de estacionamento de viaturas estarão disponíveis brevemente na zona do aterro da Maxaquene, na Cidade de Maputo, onde estão a ser construídos silos de parqueamento, disse, recentemente, o Vereador dos Transportes e Trânsito do Conselho Municipal de Maputo, João Matlombe.Nos últimos três anos, o Conselho Municipal de Maputo licenciou um conjunto de projectos privados para a construção de edifícios mistos, que inclui parques de estacionamento, alguns dos quais já estão na fase final de conclusão, sobretudo na zona do aterro da Maxaquene, na parte baixa da cidade.Matlombe referiu que para além dos projectos em curso, o Conselho Municipal possui um outro em parceria com o Banco de Moçambique, que prevê a construção de um silo de estacionamento com capacidade para acomodar 1.200 viaturas na esquina entre as avenidas 25 de Setembro e Samora Machel, cujas obras deverão arrancar ao longo do corrente ano. “Houve atrasos devido a um conjunto de factores alheios à vontade do município e do Banco de Moçambique, que impediram o início do projecto em 2010. Esforços estão ser feitos no sentido de o projecto começar em 2011, o que irá, de alguma forma, aliviar o problema de estacionamento na Avenida 25 de Setembro em particular, e na zona baixa da cidade de um modo geral”, frisou.Segundo aquele responsável, actualmente, o Conselho Municipal está a fazer o levantamento das áreas disponíveis na zona baixa e noutras partes da cidade para colocá-las à disposição do sector privado, com vista à construção de edifícios de estacionamento, com capacidade para acolher mais de 10.000 viaturas nos próximos três anos.João Matlombe considerou que o estacionamento pago na via pública “vai impulsionar cada vez mais a construção de silos, tanto mais que temos estado a receber, do sector privado, propostas concretas para a edificação de espaços de estacionamento, porque hoje, o estacionamento representa um negócio, uma vez que o parque automóvel tem vindo a crescer na nossa cidade”.O vereador de Transportes e Trânsito afirmou ainda que no âmbito do estacionamento de viaturas, o Conselho Municipal está a impor o estudo do impacto do tráfego para todos os novos projectos, incluindo edifícios residenciais “para melhorar a acessibilidade e mobilidade ao nível da nossa cidade”.Segundo Matlombe, “um edifício residencial deve prever também o estacionamento para visitantes. Para os casos de restaurantes ou diferentes tipos de edifícios de serviços, estamos a impor também um estudo do impacto do tráfego, o que significa que terá que haver um estacionamento adicional, para além daquele que se pode prever como normal para as pessoas que são utilizadores cativos do próprio edifício”.Matlombe entende que estas medidas, vão de alguma forma, criar condições para que os futuros edifícios tenham o mínimo de espaços para acomodar o estacionamento. Ademais, isso vai representar uma “oportunidade para o sector privado investir na construção de silos, porque, obviamente, também é um negócio”.Refira-se que em breve vai entrar um funcionamento, ao nível da Cidade de Maputo, o serviço de estacionamento rotativo na via pública, que passará a ser oneroso, cuja demarcação das áreas de estacionamento no pavimento já começaram na Avenida Samora Machel e na Rua da Rádio. O objectivo é regular e disciplinar o estacionamento na via pública, melhorar a mobilidade de pessoas e viaturas e, sobretudo, democratizar o uso do espaço público.
Segundo o Vereador de Transportes e Trânsito, “o que se assiste, nos últimos anos, na nossa cidade é a transformação de residências e apartamentos habitacionais em escritórios, agências bancárias, clínicas ou em igrejas, criando-se novos pólos de geração e atracção de tráfego, porque se um edifício deixa de ser residência e passa a ser igreja, por exemplo, em vez de duas viaturas para o qual foi dimensionado, o parque de viaturas começa a receber mais de 50 viaturas dos crentes, o que acaba criando constrangimentos para os restantes residentes do mesmo prédio ou da mesma zona e provocando a desordem que assistimos na cidade”.O serviço de estacionamento de duração limitada prevê algumas situações, incluindo as de pessoas que trabalham em edifícios que não têm estacionamento, em que o indivíduo pode requerer um cartão mensal, mediante o pagamento antecipado de 960 meticais. O cartão permite ao cidadão estacionar em frente ao edifício onde trabalha, mas não dá direito à reserva de espaço, o que significa que se o seu espaço for ocupado por outra pessoa e ele tiver que ir estacionar num outro local, terá que pagar 10 meticais, que é o valor previsto para por um período de duas horas e meia. O equipamento disponível permite fazer leituras desse tipo de cartões, que são recarregáveis mediante o pagamento junto dos arrumadores de viaturas na via pública.João Matlombe esclareceu que não se pretende instalar parquímetros fixos no pavimento das artérias da cidade, mas sim equipamentos móveis. Para o efeito, haverá pessoas devidamente identificadas, com uniforme, que irão controlar o estacionamento.
O cidadão pode fazer o pagamento na hora ou através do cartão pré-pago ou via SMS.De referir que no contexto do serviço de estacionamento rotativo, a Cidade de Maputo vai ser dividido em duas áreas: A zona “A”, que compreende toda a zona baixa da urbe, a partir da Avenida 24 de Julho; e a zona “B”, que é a parte do Museu, Polana Cimento, Malhangalene, entre outros bairros.Em relação à reserva de espaços, na zona “A”, o requerente vai pagar, anualmente, 90 mil meticais por cada estacionamento, durante 24 horas por dia, incluindo sábados e domingos, e pagará 60 mil meticais por ano, se pretender usar o espaço apenas nos dias úteis.Na zona “B”, os preços são 36 mil meticais para 24 horas por dia e 30 mil meticais apenas para os dias úteis. Na zona C, que inclui Alto-Maé e Nlhamankulu são 24 mil meticais por ano para todos os dias e 20 mil para dias úteis.No que diz respeito a moradores dos prédios, os interessados deverão requerer um cartão de residente, que isenta o pagamento da taxa diária, ou seja, cada morador de prédio tem direito a ter uma vaga de estacionamento na via pública, para além daquela que tem direito dentro da área de estacionamento, mas isso não lhe permite estacionar fora da área do seu prédio.

De Sidney o informe de que...

O grupo australiano “Riversdale Mining” anunciou que as instalações de recepção e de preparação de carvão no projecto de Benga, na província de Tete, centro-noroeste de Moçambique, deverão ser concluídas em Setembro próximo, em conformidade com as previsões iniciais. “A mais recente avaliação do projecto permitiu concluir que carvão estará disponível para exportação através do porto da Beira antes do final do ano em curso”, informou o grupo em comunicado divulgado em Sidney e citado pela agência noticiosa “Macauhub”.Estima-se que Benga disponha de reservas de carvão de quatro mil milhões de toneladas, combustível que os analistas entendem estar na origem da oferta pública de aquisição no valor de 3,9 mil milhões de dólares que o grupo anglo-australiano Rio Tinto lançou para a aquisição da Riversdale Mining. Igualmente, o Conselho de Administração da Riversdale Mining, incluindo um representante do grupo indiano Tata Steel, apoiou hoje, de forma unânime, a oferta de compra apresentada pela Rio Tinto.Os dois principais accionistas da Riversdale Mining – Tata Steel com 24,2 por cento e a brasileira Companhia Siderúrgica Nacional com 16,29 por cento – são fabricantes de aço estando fundamentalmente interessados em garantir reservas de carvão metalúrgico.O terceiro principal accionista – Passport Capital – tem vindo a reduzir nas últimas semanas a sua participação de 15,69 por cento, indicando que se prepara para aceitar a oferta da Rio Tinto, que termina a 18 de Fevereiro próximo.

Nas Bolsas da Irlanda e Londres

A “Kenmare Resources”, companhia exploradora das areias pesadas de Moma em Moçambique, afirma que a produção do titânio no projecto em curso naquele ponto do país aumentou em oito por cento na segunda metade de 2010, em comparação com a primeira do mesmo ano. O projecto de Moma, de capitais irlandês, possui uma das maiores reservas mundiais de titânio e está cotado nas Bolsas da Irlanda e Londres.Segundo uma declaração da Kenmare, a produção de titânio concentrado subiu para 496.190 toneladas no período entre Julho e Dezembro de 2010. O ilemenite aumentou para 12 por cento enquanto o zircão atingiu, no período em referência, 21 por cento.“A produção mostra um bom desempenho, dado que as operações mineiras estiveram interrompidas por um mês na sequência da ruptura de tubos de canalização de água para a lagoa de processamento primário das areias pesadas, em Outubro de 2010”, refere a declaração da Kenmare.A Kenmare afirma também que trabalhos foram feitos visando garantir que um incidente igual não se repetisse e a mineração reatou em Novembro, estando a operar na sua capacidade máxima desde o último quarto de 2010.

Regresso da desgraça

O governo moçambicano decidiu activar hoje o “Alerta Vermelho Institucional” como medida de precaução face ao possível agravamento da situação de emergência, actualmente caracterizada por chuvas intensas e inundações um pouco por todo o país.O porta-voz do Conselho de Ministros, Alberto Nkutumula, disse a jornalistas que o “Alerta Vermelho Institucional” inclui todas as medidas que evitem a ocorrência de mortes de pessoas e outros danos irreparáveis.A medida, segundo ele, “implica também a retirada compulsiva das populações que vivem em zonas de risco”.Nkutumula explicou que o Conselho de Ministros analisou a informação sobre a situação hidrológica referente ao período entre 01 e 20 de Janeiro corrente, tendo constatado que se registaram chuvas acima do normal no país, e que, nos próximos 30 a 60 dias, este cenário poderá prevalecer.Enquanto isso, nos países vizinhos também chove intensamente e as descargas nas barragens localizadas nesses países podem resultar no agravamento da situação em Moçambique nos próximos tempos.“Por isso, o governo decidiu activar o Alerta Vermelho Institucional, como uma medida preventiva”, afirmou.De referir que, o Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE) anunciou, a 5 de Janeiro corrente, a activação do “Alerta Laranja Institucional.Desde essa altura, as chuvas continuam a cair um pouco por todo o país, provocando inundações sobretudo ao longo das bacias hidrográficas das regiões Centro e Sul de Moçambique, nomeadamente nas bacias do Zambeze, Púngoè, Búzi, Save Limpopo, Incomáti e Maputo.O CENOE receia que o país volte a sofrer cheias idênticas às de 2000, que provocaram a morte de várias centenas de pessoas e destruições em infra-estruturas socio-económicas.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Bancada intermitente

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) acaba de aprovar o Plano Estratégico e o respectivo orçamento para o presente ano de 2011. Estes dois instrumentos foram adoptados na reunião da Comissão Política daquele partido, alargada aos delegados políticos provinciais, que terminou na capital do País. Foi igualmente aprovado o relatório das actividades que foram desenvolvidas no ano findo e as respectivas contas. O valor do orçamento para 2011 não foi revelado. Segundo o porta-voz do MDM, José Manuel de Sousa, o Plano Estratégico engloba quatro pilares fundamentais, nomeadamente o desenvolvimento institucional, a estruturação do partido, a comunicação e imagem e os pleitos eleitorais. Aliás, no capítulo dos pleitos eleitorais o partido de Daviz Simango anunciou a criação de uma equipa técnica com vista a preparar a logística e, politicamente, a participação daquele partido nos próximos pleitos eleitorais, nomeadamente as eleições autárquicas de 2013 e as gerais e provinciais do ano seguinte. A ideia é assegurar que sejam acautelados todos requisitos para a participação daquela formação política nas eleições de modo a evitar o que aconteceu nas últimas eleições em que, de forma pouco clara , a Comissão Nacional de Eleições (CNE) excluiu o MDM de participar em nove círculos eleitorais. O processo até hoje está na Procuradoria-Geral da República. A reunião do órgão máximo do MDM analisou igualmente o desempenho da sua bancada parlamentar na Assembleia da República. Segundo Manuel de Sousa, a Comissão Política criticou a pouca visibilidade da bancada parlamentar daquele partido na Assembleia da República (AR). Assim, ficou vincado a ideia de a bancada ter que redobrar os esforços no sentido de “aparecer” mais na AR. Refira-se que o encontro da Comissão Política Nacional do MDM, que começou na passada sexta-feira e tomaram parte dele onze membros do órgão, para além do respectivo presidente, o Eng. Daviz Simango, houve representações das bancadas parlamentares do partido a nível da Assembleia da República e da Assembleia Provincial de Sofala; as ligas feminina e da juventude do partido, para além de outros convidados. Entretanto, De Sousa enalteceu o trabalho de expansão do partido, visto que, nos últimos doze meses, o partido conseguiu consolidar a sua presença em todo o território nacional, com destaque para a criação de delegações provincial e distrital. Neste momento, o desafio é, segundo o porta-voz, implantar as representações do partido a nível de alguns postos administrativos. (Matias Guente)

domingo, janeiro 23, 2011

As intensas chuvas que continuam a registar-se em Moçambique, sobretudo na região sul, começam a preocupar as autoridades que superintendem o sector de caju que receiam que as mesmas possam pôr em causa a qualidade da castanha produzida.Filomena Maiopuè directora do Instituto Nacional do Caju (INCAJU) garante que a meta planificada para a presente campanha será cumprida pois, até quarta-feira, já tinham sido comercializadas 78 mil toneladas das cerca de 97 mil previstas para a presente safra.“As primeiras indicações apontam que teremos uma das melhores campanhas de comercialização e poderemos até atingir as 97 mil toneladas. No entanto, estamos preocupados com a qualidade da castanha na zona sul devido às chuvas que se fazem sentir desde finais de Dezembro”, disse Maiopuè.Ao todo, a região sul deverá produzir 16 mil toneladas de castanha, número que, segundo Maiopue, existem condições para ser alcançado, porque as chuvas começaram a cair numa altura em que a maioria dos produtores já tinha começado a recolher a produção.A directora reconhece, no entanto, que havia uma outra parte da castanha que ainda se encontrava nas árvores, sendo que essa poderá ter uma qualidade baixa para a exportação em bruto e consequentemente menor valor comercial.A região norte registou o preço mais alto do ano, tendo o quilograma da castanha chegado a ser comercializado a 32 meticais.Mesmo perante estes preços elevados, as indústrias nacionais já estão praticamente abastecidas de matéria-prima necessária para a sua laboração anual, daí que a exportação da castanha em bruto foi aberta no início de Janeiro.Actualmente, Moçambique tem capacidade para processar cerca de 30 mil toneladas de castanha por ano.
A Polícia de Investigação Criminal (PIC) confirma a fuga de Momad Altaf, proprietário da residência situada no bairro do Aeroporto, arredores em Maputo, que albergou 70 imigrantes ilegais de nacionalidades bengali e paquistanesa. Carlos Comé, director nacional da Policia de Investigação Criminal (PIC), que confirmou a informação, disse se tratar de uma situação de fuga, mas que uma equipa da PIC está no encalço do forajido.'Ele fugiu durante a operação de busca e temos uma equipa que está a trabalhar no assunto' disse, porquanto acredita que Altaf esteja ainda dentro do país.De salientar que Momad Altaf nem sequer se expressa em português, língua oficial em Moçambique.A PIC descobriu os 70 imigrantes ilegais na passada quarta-feira na casa de Momad Altaf, na sequência de denúncias populares.Na altura, Momad Altaf encontrava-se na casa e afirmou à estação de televisão privada, STV, que os 70 imigrantes eram seus 'melhores amigos' daí que se encontravam em sua residência.Momad Altaf constitui uma peça fundamental para desvendar o mistério à volta deste caso de imigrantes ilegais e de outros casos semelhantes.

"Ninguém fala da minha ressurreição"

O presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, negou os rumores de que estaria doente, e riu das insinuações de que teria sofrido um derrame e estaria morrendo de câncer.Em entrevista à Reuters no seu gabinete, o político de 86 anos disse estar surpreso pelas especulações com a sua saúde, mas afirmou que isso já se tornou uma constante e que ele não dá mais atenção ao tema."Não sei quantas vezes eu morro, mas ninguém nunca fala da minha ressurreição", disse ele ao cabo de uma hora de entrevista. "Jesus morreu uma vez, e ressuscitou só uma vez, e o pobre Mugabe (já morreu) várias vezes", acrescentou, batendo palmas, rindo e se balançando na cadeira.Ele não disse se, depois da sua contestada reeleição em 2008, disputará um novo mandato.Mugabe - que parecia saudável para a sua idade - não entrou em detalhes sobre sua condição de saúde, e disse que só Deus pode decidir questões de vida ou morte."A minha hora vai chegar, mas, por enquanto, não. Ainda estou suficientemente bem para lutar contra as sanções e derrubar (meus adversários)", disse ele, em referência a sanções impostas ao seu partido Zanu-PF na época em que George W. Bush e Tony Blair governavam os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, respectivamente."Foi o Bush que saiu, o Blair que saiu, e os outros são pessoas que não têm mais consequência (relevância). São herdeiros de uma situação", disse ele na entrevista, na qual pediu melhores relações do Zimbabwe com as potências ocidentais.Mugabe disse que o Zimbábue vai continuar sobrevivendo apesar das sanções. "Deus está aí. Ele despeja suas bênçãos sobre nós. Continuamos descobrindo vários recursos, platina, diamantes, e ouro e urânio (...). Então Deus não está aí só para uma nação, só para os europeus, Deus está aí para todos, então Deus é grande."Mugabe governa o Zimbábue desde que o país ficou independente da Grã-Bretanha, em 1980. Embora tenha sido obrigado a aceitar no ano passado uma coalizão com seu arquirrival Morgan Tsvangirai, ele diz que pode voltar a disputar a presidência na próxima eleição.Não há data marcada para o pleito, mas muitos preveem que o governo de unidade nacional irá durar até 2012, quando ele terá 88 anos.

Tsunami com impacto mínimo

Brigadas técnicas do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) foram enviadas paras a cidade da Beira, na província central de Sofala, Nacala e Pemba, nas provincias nortenhas de Nampula e Cabo Delgado, para avaliar o impacto em caso da ocorrência de tsunamis naquelas zonas costeiras de Moçambique.Mussa Mustafá do INAM, explicou que os tsunami são desastres naturais que se formam nas profundezas dos oceanos e a sua existência associa-se à ocorrência de sismos, debaixo do mar, os chamados maremotos e as cidades costeiras abrangidas pela iniciativa são vulneráveis e estes fenómenos.“Nós só acompanhamos pela imprensa noutros países, como e’ o caso da Indonésia, mas estes fenómenos também podem acontecer no nosso país”, disse.“O que é preciso realçar aqui é que a questão dos tsunami é uma situação não muito conhecida em Moçambique, dada a sua fraca frequência, mas nos últimos anos, o Oceano Índico tem sido marcado por este tipo de ocorrências e é preciso que, a partir de agora, comecemos a incluir naquilo que é o sistema de gestão de desastres em Moçambique, situações desta natureza” explicou Mustafá citado pelo “Diário de Mocambique”, jornal editado na Beira. Moçambique, mais concretamente a zona costeira das províncias de Nampula e Cabo Delgado, sofreu em 2007 uma os efeitos de um tsunami embora com um impacto mínimo. “Estes fenómenos nos últimos anos têm marcado o Oceano Índico e Moçambique, daí equipas técnicas estarem a estudar qual poderia ser a magnitude do impacto em caso de se registarem esses desastres”, explicou Mustafá.Na Beira, Pemba e Nacala, o INAM pretende, entre outros pontos, ver e analisar as características da linha costeira, e definir em caso de tsunami, qual poderá ser a magnitude do impacto e identificar as zonas onde as pessoas poderão se refugiar, bem como as rotas de evacuação e a respectiva sinalização.Questionado sobre a previsão da ocorrência de um tsunami, a fonte respondeu que “neste momento a previsão de ocorrência do fenómeno está associada à previsão da ocorrência de sismos, principalmente sobre o mar, que se denomina maremoto”. A iniciativa que coordenada pelo INAM e enquadra-se no projecto denominado “Projecto do Consórcio do Índico sobre Tsunami em Moçambique”, que conta com apoio financeiro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A Associação do Estudantes Finalistas Universitários (AEFUM), através do seu projecto “Férias Desenvolvendo os Distritos, movimenta este ano cerca de 400 finalistas e recém graduados que vão trabalhar nos vários sectores dos governo distritais e comunidades em Moçambique.Um comunicado da AEFUM refere que o último grupo parte hoje de Maputo para os distritos da província de Tete, na zona centro do país, completando o envio de estudantes para todas as províncias.O documento destaca ainda que desde a introdução do projecto em 2006, participaram 736 estudantes finalistas e recém graduados, tendo contribuído para a integração de 208 finalistas nos vários distritos do país.Para a presente edição, o projecto, Férias Desenvolvendo o Distrito, introduziu inovações com relação a acomodação, tendo conseguido integrar 20 finalistas em famílias acolhedoras nos distritos de Alto Molócuè (Zambézia), Lumbo (Nampula), Ituculo (Nampula) e Chibuto (Gaza).A integração destes estudantes em famílias acolhedoras identificadas no seio das comunidades vai permitir a sua fácil inserção nas comunidades de forma a prestarem o maior apoio possível durante o tempo de permanência dos graduados nos distritos, que o Governo considera como pólos de desenvolvimento.O documento explica ainda que os jovens finalistas formados em Agronomia vão trabalhar com camponeses na melhoria de técnicas de produção, apoio aos jovens locais através da capacitação sobre noções básicas para elaboração de projectos e iniciativas de geração de rendimentos.Criado pela AEFUM em 2006, o projecto Férias Desenvolvendo o Distrito está a ser implementado com base em trabalho voluntário do finalistas e recém graduados, contando com apoio de parceiros e dos próprios distritos.A Associação dos Estudantes Universitários de Moçambique (AEFUM), e’ uma organização sem fins lucrativos que congrega cerca de três mil estudantes de diversas instituições de ensino superior no país.

sábado, janeiro 22, 2011

Lá fora


Luís António Mondlane, Juiz Presidente do Conselho Constitucional falando no Rio de Janeiro, onde participou na Conferência de Cortes Constitucionais, admitiu que em Moçambique “Questiona-se a isenção dos membros (do Conselho Constitucional)” e que “eles estão reféns dos interesses e das políticas do Presidente da República”.Aqui.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

A Universidade do Estado da Flórida, EUA, já garantiu um financiamento no valor de 7,9 milhões de dólares, para um período de quatro anos, para melhorar a agricultura e segurança alimentar em Moçambique. Segundo um comunicado da Universidade da Flórida, colocado no seu portal na Internet, a implementação do referido projecto estará a cargo de uma equipe de peritos dos EUA e do Brasil. De acordo com o director dos programas internacionais do Instituto de Ciências Alimentares e Agricultura da Universidade da Florida, Walter Bowen, este é o primeiro do género, também conhecido por cooperação trilateral, envolvendo a colaboração entre dois países doadores para ajudar um terceiro país.Bowen deverá chefiar uma equipe de cientistas da Universidade da Flórida e da Universidade Estadual de Michigan para a implementação do projecto em Moçambique, que é financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O principal objectivo do projecto é reduzir a fome e pobreza através do incremento da produtividade agrícola, criação de oportunidades económicas e melhoria da nutrição. Os parceiros da Universidade da Flórida, baseados no Brasil e em Moçambique, deverão incluir instituições do ensino superior e de investigação agrária. A implementação dos projectos está agendada para o início do segundo trimestre do corrente ano. Apesar do notável crescimento económico registado durante a última década, Moçambique continua a ser um dos países mais pobres do mundo, onde a malnutrição constitui um problema para as autoridades locais. Bowen explica que a cooperação trilateral foi uma escolha lógica pelo facto de o Brasil e os EUA trazerem uma complementaridade ao projecto. “Nós sabemos que podemos fazer um trabalho mais eficaz se associarmos os melhores peritos nos EUA com os do Brasil”, disse Bowen. O Brasil possui uma economia agrícola em rápido desenvolvimento, com um clima e solos similares aos existentes em Moçambique, disse Bowen. Além disso, ambos os países partilham a mesma língua oficial, o português. Os EUA, por seu turno, possuem uma larga experiência na gestão e administração de programas para o desenvolvimento internacional, Ademais, a Universidade da Flórida há muito tempo que se encontra envolvida em programas de pesquisa no Brasil. Win Phillips, vice presidente para a pesquisa na Universidade da Florida, afirma que este donativo é de uma importância significante porque vai possibilitar os membros desta faculdade ajudar um país em desenvolvimento, mas também pelo facto de o modelo de cooperação trilateral ter o potencial de ser uma boa iniciativa para as futuras parcerias da sua instituição. “A universidade possui uma longa história na colaboração com colegas da América Latina”, disse Phillips, para de seguida acrescentar “com este projecto estamos levar essa experiência e usá-la para o benefício de um terceiro país. Este é um modelo que tem um grande potencial a medida que as economias mundiais vão ficando cada vez mais interligadas”. O projecto será liderado por cinco membros da faculdade, todos fluentes nas línguas inglesa e portuguesa.

quinta-feira, janeiro 20, 2011

A Polícia moçambicana (PRM) deteve em Mocuba, província central da Zambézia, quatro indivíduos acusados de tentativa de compra de material bélico.Trata-se dos moçambicanos conhecidos pelos únicos nomes de Pequenino, Traveira, Tomoene e Pinto que agora se encontram detidos nas celas do Comando distrital da PRM em Mocuba porque tentaram comprar obuses de B-10 e B-11 com um valor de 50 mil meticais (cerca de 1,500 dólares americanos).“Eles queriam os obuses para usar como ferro velho”, disse o porta-voz do Comando-geral da PRM, Pedro Cossa, falando hoje a AIM, afastando a possibilidade dos compradores deste material bélico terem más intenções.Segundo a fonte, na tentativa de compra deste material, os indivíduos ora detidos procuraram, sem sucesso, aliciar um militar.O material em causa encontrava-se no quartel local em Mocuba.

Parabéns Presidente

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, comemora quinta-feira o seu 68º aniversário natalício, revivendo os momentos inolvidáveis registados na memória do tempo.Para assinalar a ocasião, está nas prateleiras das livrarias em Maputo a obra intutulada “Armando Guebuza, Um pouco de si”, do género fotobiografia, da chancela da Imprensa Universitária, que retrata cronologicamente os vários momentos de vivência do actual estadista moçambicano desde a sua infância.A fotobiografia quase sempre tem por objecto figuras que foram marcantes na sua época ou atingiram o brilho da intemporalidade nas artes, na ciência e na vida pública. A sua característica diferencial é o facto de a narração ser feita pela imagem, reservando-se para o texto a função de interpretar, clarificar, contextualizar a imagem.No livro, com 152 páginas, Armando Guebuza protagoniza um percurso pessoal notável a muitos títulos. A história que ele conta na longa entrevista que serve de fio condutor a uma boa parte das páginas é comum ou em muito se assemelha a história de muitos homens e mulheres da sua geração.Aliás, essa geração é a geração que se levantou contra as desigualdades e injustiças que vitimavam os moçambicanos e integrou, em qualquer das suas múltiplas frentes, a luta vitoriosa contra o colonialismo português.A fotobiografia do “neófito” Guebuza proporciona uma leitura do mais elevado interesse e, sem a menor sombra de dúvida, um importante acervo informativo sobre a fase que imediatamente precede o surgimento das formas organizadas de resistência, sobre o movimento de libertação e sobre os primeiros anos da independência.Na obra é também possível revisitar a então cidade de Lourenço Marques desde a primeira metade do século XX e acompanhar até aos anos 60 a sua estratificação sócio-racial, o exercício da sobrevivência nem por isso menos dramático dos moçambicanos que viviam na zona de contacto, os espaços de socialização no mundo dos subúrbios, a conquista da escola, o despertar da consciência nacional.Um outro assunto retratado no livro, embora sem a extensão e profundidade que o assunto justificaria, é o movimento de fuga dos estudantes do Núcleo Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM) para Dar-es-Salaam no início dos anos 60.A fotobiografia segue Guebuza pelo Período de Transição para a Independência e pelas suas diversas funções governativas a partir de 1975. Excertos de documentos oficiais, artigos de imprensa, entrevistas, intervenções públicas e, novidade bem-vinda, poemas do próprio Guebuza e outros autores.Na obra, destacam-se poemas como Forjando os dias futuros, da autoria de Armando Guebuza que em quatro estrofes o poeta e Chefe de Estado registou em papel os seguintes versos: 'Estes dias são de certeza do dia alegre; Estes tempos são de combate à podridão; Estes tempos são rebeldia ao chicote; Estes tempos são de luta armada'.Neste efémero mas nutrido poema de Guebuza espelha-se nitidamente o pensamento que norteia, nos dias de hoje, o desafio que ele abraçou quando decidiu concorrer para o mais alto cargo da nação e vai disseminando, como que profeticamente, a 'poesia de combate' sobre os bons dias que virão.O último verso 'Estes tempos são de luta armada' aceita uma transposição para os tempos de hoje e encaixaria muito bem na mecânica do discurso político de Armando Guebuza que seria o mesmo que afirmar 'Estes tempos são de luta contra a pobreza'.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

Urgente priorizar a microeconomia

O economista moçambicano Prakash Ratilal, prevê um cenário económico e social mais difícil nos próximos tempos, em consequência da última intervenção do Banco de Moçambique (BM), ao nível da política monetária. A mais recente intervenção, aprovada há uma semana pelo Comité da Política monetária, consiste na revisão em alta das taxas de juro de referência, que registaram um agravamento na ordem de 1% nas Reservas Obrigatórias, numa acção que segundo o BM, visa “refrear a propagação do choque inflacionário em 2011, em virtude de ter tomado nota da prevalência de sinais de pressão inflacionária na economia moçambicana”. Num artigo de opinião sobre as recentes medidas do banco central, Prakash Ratilal considera que as recentes medidas vão trazer consequências reactivas de correcção em alta por parte dos bancos comerciais, facto que terá um efeito multiplicador para todos os sectores sócio-económicos. “... os bancos comerciais poderão aumentar a sua taxa de juros, por forma a cobrir os riscos dos empréstimos, custear as suas despesas de funcionamento e obter lucro para distribuir dividendos aos seus accionistas, depois de pagar os impostos ao Estado. Isto vai certamente elevar os custos do dinheiro e as empresas verão agravados os seus custos de produção, tornando-se menos competitivas, e as mais frágeis poderão eventualmente desempregar trabalhadores”. Para Ratilal, “as medidas no plano monetário e cambial só terão efeito pleno se, a par, se utilizar de forma dinâmica a política fiscal para que ela se torne um instrumento eficaz da política de desenvolvimento do país”. No seu artigo, aquele conceituado economista chama atenção para outros factores de risco que podem, a curto prazo, agravar a vida económica e social em Moçambique, nomeadamente, os contínuos efeitos da crise financeira internacional e a eminente crise de cereais no mercado mundial. “...assistimos ao prolongar dos efeitos nocivos da crise internacional que ainda está a provocar graves efeitos sobre o emprego, sobre as dívidas públicas de vários países, o que pode condicionar a manutenção da sua ajuda pública ao País”, afirma no seu artigo, alertando ainda para a necessidade de “estar atento pois há riscos de a situação alimentar à escala mundial entrar em emergência”. “Tudo isto poderá recair severamente sobre a nossa economia, sobre as empresas, sobre os cidadãos. Se não se conseguir alterar o panorama económico interno com rapidez, principalmente gerando excedentes na agricultura,m se não houver mudanças que incrementem a produção, as taxas de juro internas tenderão a subir ainda mais”, adverte. Segundo Ratilal, que já foi Governador do BM (1981/86) “o Banco de Moçambique pouco poderá fazer para contrariar esta tendência negativa. A única saída que temos é a de efectivamente dar prioridade à microeconomia, valorizar os recursos naturais e as capacidades disponíveis localmente, é valorizar iniciativas de empreendores nacionais”. (mediafax)

Ao lado Mestre só podia estar...

Agora chegam de avião

Os Serviços de Migração retiveram esta Terça-feira, em Maputo, capital moçambicana, um grupo de 63 cidadãos bengalis por porte de passaportes com vistos falsos.O grupo foi detido no Aeroporto Internacional de Maputo quando acabava de desembarcar de um voo da companhia aérea Ethiopian Airlines, transportando cerca de 200 passageiros, na sua maioria de origem asiática.“Durante o processo do despacho migratório, foi possível identificar que pelo menos estes 63 eram portadores de vistos falsos”, disse António Paulino, chefe dos Serviços de Migração no Aeroporto Internacional de Maputo, citado na edição de hoje do jornal “O País”. “Procurámos de imediato devolvê-los ao avião, mas a companhia aérea não quis colaborar e o avião acabou levantando voo. Neste momento, serão encaminhados à 18/a esquadra, até que na próxima quinta-feira sejam repatriados”, acrescentou. A maioria dos bengalis detidos afirma que vinha a Moçambique a procura de oportunidades de negócio, e que não sabia que os vistos na sua posse eram falsos.Segundo Paulino, este fenómeno de entrada de estrangeiros com posse de vistos falsos agudizou-se com o início das operações da Ethiopian Airlines no espaço aéreo moçambicano em Dezembro passado transportando, maioritariamente, passageiros de origem asiática.“Por isso, queríamos apelar a quem de direito para que faça algo junto das nossas embaixadas e consulados, no sentido de travar a emissão deste tipo de vistos. Muitos até trazem vistos verdadeiros emitidos em Macau, Dubai, Quénia e Tailândia. É preciso que a nível mais alto seja feito algo para se pôr cobro a este fenómeno”, apelou. Em reacção a esta situação, o director residente da Ethiopian Airlines em Moçambique, Hailu Woldekidan, distanciou-se de qualquer envolvimento da sua companhia no transporte ilegal de asiáticos para Moçambique.“Somos uma companhia de transporte aéreo de passageiros. Eles exibiram os passaportes com vistos de entrada na República de Moçambique, e nós não podemos ignorá-los. Eles vêm de diferentes países e passaram por diferentes países. A nossa responsabilidade é transportá-los, e fizemo-lo, porque pagaram os bilhetes e todas as despesas inerentes. Neste momento, a nossa missão é assistir aos nossos clientes”, disse Woldekidan.Nos últimos meses, Moçambique tem sido destino ou paragem preferencial de imigrantes ilegais, na sua maioria somalis e etíopes que fogem das crises vividas nos seus países de origem. As províncias de Nampula e Cabo Delgado têm sido os principais pontos de entrada.Dados das autoridades moçambicanas indicam que, nos últimos dias, mais de seis mil cidadãos somalis e etíopes fugiram do Centro de Refugiados de Maratane, província nortenha de Nampula, onde se encontravam alojados. As autoridades desconhecem o seu paradeiro. Estatísticas oficiais indicam que, no ano passado, aquele centro registou um total de 9.973 requerentes de asilo, provenientes da Somália, Etiópia e de outros países como Mali e Congo. Contudo, até ao fim do ano, apenas 3.973 pessoas continuavam naquele centro.

Vassourada

O edil da cidade de Quelimane, capital da província central da Zambézia, Pio Matos, anunciou na última segunda-feira mexidas no seu Executivo, um processo que culminou com exoneração de uma dezena de quadros que assumiam cargos de relevo.As mexidas, que incluem transferências e nomeações de novos dirigentes, ocorrem um ano depois de o edil ter sido alvo de fortes críticas que o fizeram experimentar um ambiente quase hostil em todos os sectores, incluindo no seio das fileiras do seu partido e do Governo central. As críticas, segundo escreve o “Diário de Moçambique” consideravam Pio Matos, como um edil que não encara os seus munícipes com a devida seriedade, para além de não observar as leis de funcionamento das autarquias, bem como do manifesto que ele próprio se comprometeu realizar.Assim, numa aparente tentativa de sair do cenário desfavorável emitiu um despacho, com efeitos imediatos, através dos qual exonera parte do seu elenco directivo, entre assessores, inspectores, directores, o chefe de departamento de finanças, incluindo chefes e secretários de postos administrativos urbanos.Em 2010, Pio Matos viu-se “crucificado” até pelo Executivo central, na sequência de uma série de irregularidades apontadas em torno do seu desempenho a frente dos destinos da a cidade de Quelimane.Refira-se que este e’ o terceiro mandato de Pio Matos como edil de Quelimane. A situação da edilidade esteve tão mal, que levou a própria ministra da Administração Estatal, Carmelita Namashulua, a movimentar uma equipa de trabalho de alto nível para Quelimane com a missão de averiguar a gravidade de irregularidades.Entre os problemas apontados destacam-se atrasos de pagamento de salários, anarquia e mau relacionamento entre a Edilidade e Assembleia Municipal, arbitrariedades no recrutamento de pessoal, entre outras irregularidades que colocavam o nome de Pio Matos numa situação complicada.Pio Matos escusou-se a entrar em detalhes sobre razões por detrás das mexidas do seu Executivo. O edil limitou-se a afirmar que as alterações visam enquadrar os quadros em lugares certos, na perspectiva de introduzir e incrementar a maior dinâmica no papel da edilidade na sua tarefa de lutar pelo bem-estar de munícipes.“A nomeação de novos quadros dirigentes tem em vista incrementar a dinâmica naquilo que é o nosso dever de servir o público. Espero que assumam isso com dignidade e respeito, pois os munícipes não querem ouvir só discursos repletos de palavras bonitas, mas sim a resolução dos seus problemas”, disse o edil aos novos dirigentes.Pio Matos não esqueceu os dirigentes cessantes, tendo dirigido algumas palavras de consolação, ao referir que também terão espaço para contribuir para a nova dinâmica que ele se propõe imprimir com a remodelação.“Queremos estar mais próximos dos munícipes e ninguém será excluído. Todos darão o seu contributo no desenvolvimento da nossa cidade”, disse Pio Matos.

terça-feira, janeiro 18, 2011

"Vão ter uma sociedade triste"

O economista e Professor de Desenvolvimento Sustentável e de Gestão Pública, na Universidade de Columbia em Nova York, Jeffrey Sachs, esteve em Maputo e proferiu uma palestra na Universidade “A Politécnica” subordinada ao tema “Moçambique e a Economia Global”. Jeffrey falou do estágio actual da economia moçambicana, falou do futuro, pelo menos até ao fim da presente década, e deixou recomendações para que “os recursos do país sirvam a todos”. A palestra do economista norte-americano foi presenciada por altas personalidades da esfera económica e política nacional. Joaquim Chissano (ex-presidente da República), Luísa Diogo (ex-primeira-ministra), Pascoal Mucumbi (ex-primeiro-ministro), António Fernando (ex-ministro da Indústria e Comércio) são algumas figuras que, entre académicos, deputados, empresários e estudantes, assistiram à palestra do Professor norte-americano.Leia aqui.

Sr. Machel levou 7 anos a concluir...

O processo conducente à assinatura do Acordo de Nkomati em Março de 1984 é um dos temas tratados na biografia do antigo ministro sul-africano dos negócios estrangeiros, Roelof Botha, lançada na África do Sul nos finais do ano passado. Da autoria da jornalista sul-africana, Theresa Papenfus, a volumosa biografia(*) refere que o primeiro encontro entre Botha e Samora Machel na residência oficial do presidente moçambicano em Maputo caracterizou-se pela harmonia. Botha é citado no livro a dizer que “a ‘química’ entre nós dois começou por ser boa logo de início. Machel falou sobre a história de Moçambique e do sofrimento do seu povo sob a administração portuguesa”. Prossegue Botha: “Disse-lhe depois que o meu povo também havia sido maltratado – na guerra Anglo-Boer – por uma potência colonial”. De acordo com a biografia, os contactos que resultaram na assinatura do Acordo de Nkomati coincidiram com notícias de que Samora Machel sentia-se desiludido com o sistema marxista introduzido no país por altura da independência e que o presidente moçambicano apostara no melhoramento de relações económicas com o Ocidente. A autora cita um embaixador africano, não identificado, em Paris como tendo dito que “o comunismo não está a dar resultado em Moçambique e o Sr. Machel levou 7 anos a concluir isso mesmo, o que é o ciclo normal dos Estados clientes do Bloco de Leste”. A seguir ao encontro de Maputo, Machel designou Jacinto Veloso, Óscar Monteiro, e Sérgio Vieira (descrito no livro como “o grande comunista no governo” da Frelimo) para integrar a delegação que iria negociar com o regime do apartheid. A autora da biografia, «Pik Botha and His Times», diz que os encontros com a delegação moçambicana foram inicialmente marcados por acusações mútuas e por um estado bastante emocional, mas salienta ter sido o tipo de relações entre o ministro dos negócios estrangeiros sul-africano e Samora Machel e o bom sentido de humor de ambos que tornou possível a assinatura do Acordo de Nkomati. A propósito de um desses encontros, que teve lugar na Swazilândia a 20 de Dezembro de 1983, a autora cita o ministro da defesa sul-africano, Magnus Malan, a referir-se a um dos membros da delegação moçambicana, Sérgio Vieira, como “manhoso, safado que chegou a ser ministro da segurança, e que não olhava a meios para extrair informações de pessoas suspeitas”. Nesse encontro, Veloso pediu a Óscar Monteiro para que apresentasse os pontos de vista da delegação moçambicana. Voltando a citar Malan, a autora escreve: E a seguir Monteiro entrou em cena. Nunca julguei que pudesse ser tão abrasivo. Falou durante aproximadamente três quartos de hora, cuspindo veneno. O cavalo de batalha escolhido foi a discriminação racial e questões políticas. As primeiras negociações com Moçambique foram mesmo más. Foi nesta altura que Pik passou-me uma nota a dizer: ‘Vou responder e depois abandonamos a sala’.” Ao tomar da palavra, Pik Botha fez um resumo da história da África Austral, incluindo a da África do Sul, desde 1652 a 1980, salientando que “o meu país é o único que fala uma língua com o nome de África”, passando depois a responder em pormenor às alegações proferidas por Óscar Monteiro. A autora diz que Pik Botha informou a delegação moçambicana de que “a África do Sul não precisava de quaisquer favores de Moçambique, e que ele, Botha, estava com a impressão de que o objectivo do encontro eram as negociações e não a troca de acusações e de insultos.” Foi nesta altura que Pik Botha se levantou, tendo abandonado a sala. Segundo a autora, pouco depois “a delegação moçambicana arrefeceu os nervos, tendo apresentado desculpas pela forma como se havia comportado, e a seguir pediu com gentileza se era possível prosseguir com as negociações”.

O jovem das “quantias irrisórias”

Momad Assif Abdul Satar, mais conhecido por Nini Satar, condenado a pena de prisão maior pelo seu envolvimento no assassinato do jornalista Carlos Cardoso, tido pela Justiça como um dos supostos mandantes, é um dos poucos mais de 500 milhões de usuários, na escala planetária da maior rede social do mundo no espaço cibernáutico: o Facebook. Mark Zuckerberg, estudante de Harvard que um dia criou o Facebook, estava longe de imaginar que a sua rede social chegaria à dita cadeia de “Máxima Segurança em Moçambique”. Nini não é apenas um usuário do FACEBOOK. As benfeitorias promovidas por Nini Satar têm estado a salvar a honra do Estado ao patrocinar assuntos para os quais a sensibilidade de governantes que há muito perderam o norte tem estado totalmente dissociada. A cadeia de Máxima Segurança, vulgo BO, que alberga Nini há quase dez anos, se hoje tem as paredes pintadas, luzes nos pavilhões e ‘massificação desportiva’, é graças à “boa fé” deste recluso. A fachada do cemitério de Lhanguene esteve a ser pintada o ano passado, sob patrocínio de Nini Satar, o Facebooker. O município, após a publicitação deste acto em órgãos de comunicação social, mandou parar com as benfeitorias encomendadas por Satar. O elenco do edil de Maputo, Dr. David Simango, acabaria por terminar com as obras.Clik na fotografia.

Dinheiro contra dinheiro

A Confederação das Associações Económicas (CTA) lança fortes críticas ao Banco Central pelas medidas anunciadas, semana passada, para travar o aumento dos preços. Em carta enviada, ao governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, na posse do “O País”, os empresários pedem que o regulador recue e atacam-no por “não privilegiar os canais de diálogo estabelecidos entre o Governo e o sector privado”. No passado dia 11 de Janeiro, o Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique (CPMO) decidiu subir as taxas directoras, as principais variáveis no comportamento das taxas de juro praticadas no mercado. Assim, o Coeficiente de Reservas Obrigatórias, a taxa que os bancos comerciais depositam diariamente no banco mãe, subiu de 8.75% para 9%.Na mesma ocasião, foi ainda decidido aumentar as taxas de Facilidade Permanente de Depósitos e de Cedência, subindo, cada uma das variáveis, 100 pontos base. Com efeito, a taxa de Facilidade Permanente de Depósito passa de 4 para 5% e a de Cedência de 15,5 para 16,5%.O sector privado entende que as medidas aprovadas pela instituição comandada por Ernesto Gove poderão afectar sobremaneira o seu desempenho, em particular a área produtiva. Num documento composto por seis pontos, os empresários defendem que o aumento das taxas directoras terá impacto nas taxas de juros praticadas pelos bancos comerciais, uma vez que a maioria dos créditos concedidos pelos bancos são indexados à taxa de Facilidade Permanente de Cedência.A situação irá ainda reduzir ou quebrar as decisões de investimento privado na economia devido ao aumento do custo de financiamento, que reduz a capacidade de endividamento, afectando, assim, o crescimento económico. “Reduzirá o consumo, o que pode resultar na redução das receitas totais das empresas, agravando o problema da tesouraria das mesmas; dificultará a programação dos créditos junto da banca comercial, sobretudo para os empréstimos em curso, uma vez que os juros não param de subir”, lê-se na carta. O documento indica ainda que as decisões, que entram em vigor a 7 de Fevereiro próximo, podem ter efeitos contrários ao que se pretende. É que o aumento das taxas de juro vão reduzir a produção, o que implica o aumento das importações. Se assim for, diz a CTA, “causa-se uma nova pressão cambial sobre o metical que degenerará num novo ciclo inflacionário”. A confederação que congrega todas as associações empresariais entende que o Banco de Moçambique falhou na reacção para conter a inflação, que atingiu mais de 16% no ano passado. A carta a Ernesto Gove é clara: “o problema não está no excesso de liquidez no mercado financeiro, mas sim na falta de produção na economia nacional” e “as medidas tomadas pelo CPMO seriam compreensíveis se o país tivesse presente uma capacidade produtiva, onde fosse possível fazer a substituição de importações”. O sector privado acrescenta que a alteração às taxas directoras estrangula as empresas que deviam dar resposta a situação inflacionária. Diz também que tudo isto o Banco de Moçambique está a fazer a favor da estabilização nominal da moeda que servirá mais para pagar importações e não aplica-las no sector produtivo. Esta é a quarta vez em menos de um ano que são alteradas as taxas de referência, tornando o dinheiro mais caro no mercado. A CTA diz que é impossível aumentar a produtividade com custos de financiamento “muito altos” e sugere que “a medida deveria ser revista”.
Um grupo constituído por dez deficientes auditivos terminou um curso de Cerâmica que vinha decorrendo no Centro de Formação do Instituto Nacional de Formação e Emprego (NEFP), no município da Matola, província de Maputo, no sul de Moçambique.Os deficientes, surdos-mudos, estiveram em formação durante três meses tendo sido capacitados em matéria teórica e prática, tendo também beneficiado de formação na Gestão de Pequenos Negócios para poderem gerir seus projectos de auto-emprego.Um comunicado do Ministério do Trabalho (MITRAB), refere que a formação deste grupo alvo e’ uma iniciativa das Direcções Provinciais do Trabalho, através do INEFP e do Ministério da Mulher e Acção Social. Segundo o MITRAB, outros 28 finalistas deverão receber os seus respectivos certificados na próxima quarta-feira, no distrito da Namaacha, província de Maputo, sendo 13 na área de Agro-Pecuária, Electricidade Instaladora (10) e Pedreiros (5), em Namaacha, após a conclusão do seu curso, fruto de uma parceria entre o INEFP, o Governo Distrital e a edilidade local. No prosseguimento da sua acção de formação o INEFP está a ministrar um curso de pedreiros em Munguine no distrito da Manhiça, na província de Maputo, envolvendo 15 candidatos que têm como aula prática a construção do escritório do Chefe da respectiva Localidade.O MITRAB destaca que o INEFP tem procurado conciliar nos seus cursos a política de formação prática, razão pela qual os pedreiros formados em Namaacha foram os responsáveis pela construção do muro de vedação da residência oficial do Director-Adjunto Pedagógico da Escola Secundária local.

Dólar em baixa

A moeda moçambicana, o Metical (MT), fechou o ano de 2010 a registar apreciação face ao dólar norte-americano (USD), tendo sito cotada, no Mercado Cambial Interbancário (MCI) a 32.83 meticais.Segundo um comunicado do Banco de Moçambique, a moeda nacional registou uma apreciação nominal de 4.09 por cento, comparativamente à taxa de câmbio que vigorou nos primeiros 15 dias do mês de Dezembro.Assim, no mês de Dezembro, o metical registou ganhos nominais expressivos, contribuindo para a desaceleração da sua depreciação anual para 19.3 por cento.Por seu turno, a taxa de câmbio do MT/USD praticada pelos bancos comerciais nas suas operações com o público fixou-se nos 32.58 MT no dia 31 de Dezembro, após situar-se em 34.20 MT/USD na primeira quinzena de Dezembro, tendo a variação anual sido de 6.4 por cento em 2010.O spread entre a taxa de câmbio do MCI e a taxa média dos Bancos Comerciais nas suas operações com o público fixou-se no terreno negativo no dia 31 de Dezembro de 2010. Por seu turno, o diferencial entre a taxa de câmbio média usada pelos Bancos nas suas operações com o público e a praticada pelas Casas de Câmbio incrementou.Do cruzamento da cotação do dólar na praça de Londres com o câmbio desta moeda no mercado doméstico, resultaram, para o mesmo período, cotações de 43.91 MT/Euro (EUR) e 4.97 MT/Rand Sul-africano (ZAR), níveis que relativamente ao fecho da primeira quinzena do mês de Dezembro representam uma apreciação nominal do Metical de 4.02 por cento e 2.17 por cento face ao Euro e ao Rand, respectivamente.Com estas variações, o Metical registou ganhos nominais mensais de 4.50 por cento em relação ao Euro e perdas nominais de 0.20 por cento face ao Rand, até 31 de Dezembro de 2010. Em termos anuais observou-se uma desaceleração do ritmo de depreciação do Metical para 10.70 por cento e 32.90 por cento, em relação ao Euro e ao Rand, respectivamente, até 31 de Dezembro de 2010.

Lixo hospitalar poluí água canalisada

Uma enorme lixeira localizada na nascente do rio Munene, na cidade zimbabweana de Mutare, é apontada como estando a poluir aquele curso de água, tido como principal fonte de abastecimento de agua potável para as cidades de Chimoio Manica e a vila de Gondola em Moçambique.O rio Munene e’ um dos afluentes do rio Revuè, onde está edificada a barragem hidroeléctrica de Chicamba e cuja albufeira constitui o principal centro pesqueiro e fonte de abastecimento de água canalizada às cidades de Chimoio, capital da província central de Manica e aos distritos de Manica e Gondola.Natércia Nhabanga, directora provincial da Coordenação da Acção Ambiental, confirmou a existência da lixeira que, segundo ela, foi estabelecida há 60 anos pelo então regime colonial britânico, numa altura em que da parte moçambicana pouco se sabia sobre o problema.“Do ponto de vista ambiental e sanitário o caso é extremamente grave, já que o rio Munene constitui uma das principais fontes de água para o consumo humano, abeberamento de animais, pesca e irrigação, sendo assim bastante importante para as comunidades ribeirinhas” disse Nhabanga citada pelo matutino “Notícias”.A fonte disse que o facto de o rio Munene desaguar no rio Revuè, onde foi edificada a barragem hidroeléctrica de Chicamba, cuja albufeira constitui um importante centro pesqueiro e de captação de água que abastece os principais centros urbanos da província, agrava o problema e impele para a necessidade de se alcançar o mais rapidamente possível, uma solução para resolver o problema.Nhambanga revelou que a lixeira é usada para depositar todo o tipo de lixo, incluindo hospitalar, industrial, urbano, sucata e outros detritos, o que, no seu entender, constitui uma afronta ao ambiente e uma ameaça à saúde pública.A questão da poluição das águas do rio Munene e que, por consequência, pode afectar as águas do Revuè e da Albufeira de Chicamba, foi despoletada pela primeira vez na cidade de Manica, pelo respectivo edil, Moguene Materico Candieiro, em 2009.Devido à gravidade do problema, a governadora de Manica, Ana Comoane, estabeleceu de imediato uma comissão técnica para averiguar o caso.A missão moçambicana já se deslocou várias vezes a Mutare, onde visitou o local, tendo-se reunido com as autoridades municipais daquela cidade e com o Consulado de Moçambique em Mutare.“Nos referidos encontros, as autoridades municipais de Mutare confirmaram e reconheceram a gravidade do problema mas disseram não haver solução a curto ou médio prazo. Justificaram que problemas resultantes da crise financeira e económica no país estão na origem da situação”, disse.Enquanto isso, as autoridades zimbabweanas garantiram que estão a trabalhar no sentido de identificar um novo lugar que possa ser usado para aquele fim, para libertar a nascente de Munene da enorme lixeira, cuja dimensão é comparada com a de Hulene, na capital moçambicana.

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Prosperidade e estabilidade insuficientes

É cedo para festejar a transformação da Tunísia em um raro exemplo de democracia no mundo árabe.O país teve ontem e hoje dois dias de violência e morte. Não se sabe muito bem que apito tocam os novos governantes do local –o premie, Mohamed Ghannouchi, e o chefe do Parlamento, Fouad Mebazza, dois ex-integrantes da cozinha de Zine Ben Ali, o ditador destronado na sexta-feira.Não se sabe se são democratas convictos ou se apenas vão emular o que fez Ben Ali em 1987, quando tomou o poder do fundador da moderna Tunísia, Habib Bourguiba, prometendo liberdade e democracia. Aliás, não se sabe nem se Ghannouchi e Mebazza são aliados ou rivais pelo poder.Tamanha era a sombra que Ben Ali projetava sobre a pequena ex-colônia francesa que pouco se sabe sobre os que estavam a seu redor. Mas algo já é possível concluir.Mesmo se tudo der errado a partir de agora, ainda será possível dizer que algo momentoso ocorreu nas ruas de Túnis, que trará consequências por muito tempo para uma das regiões mais autoritárias do planeta.Não é todo dia que cai um ditador por uma revolta popular. Há paralelos recentes na Ucrânia e na Geórgia (em nenhum o que se viu em seguida foi um mar de rosas). No mundo árabe, o Líbano viveu um processo de mobilização de massas há cinco anos, que resultou na saída de tropas sírias do pais e numa democracia imperfeita.O recado a ditadores é inequívoco, no entanto. Prosperidade moderada e estabilidade, como se via na Tunísia de Ben Ali, não bastam. Direitos civis são importantes. Corrupção incomoda. Transparência é uma exigência.Egito e Líbia, liderados há mais de 30 anos pelos mesmos ditadores (Hosni Mubarak e Muhammar Gaddafi, respectivamente), podem, por que não?, viver processos semelhantes no futuro. Os reis de Marrocos, Jordânia e Arábia Saudita deveriam se preocupar. Idem para as demais ditaduras do Golfo Pérsico.Nunca houve uma influência democrática no mundo árabe, com as exceções parciais do Líbano e, ironicamente, do Iraque pós-Saddam. O impacto do que ocorreu na Tunísia é, portanto, imprevisível. No futuro, a revolução tunisiana pode entrar para a história como uma das mais improváveis e surpreendentes da história recente. Na Ucrânia, foram necessárias semanas de protestos contra o ditador local, e a partir de certo ponto, já estava claro que sua queda era inevitável. Na Tunísia, Ben Ali era uma maçã podre que caiu ao primeiro sopro. Sua sombra era ilusória. Olhando em retrospecto, fica fácil apontar sinais de um regime que não tinha como se sustentar. Há pouco mais de um ano, em novembro de 2009, estive na Tunísia e tive duas experiências reveladoras. A primeira, na chegada, no porto de Túnis, quando ingenuamente escrevi “jornalista” no campo “profissão” do cartão de embarque e levei uma canseira de meia hora com a autoridade local, que quis saber tudo da minha vida, embora eu ali estivesse apenas de férias.E a segunda na saída, quando o restinho de dinheiro local que eu levava para a área de embarque do aeroporto, para aquele tradicional último café antes do voo, foi confiscado por um operador de raio-x a título de ˜gorjeta”.Repressão à imprensa e corrupção (ainda que pontual), sobre isso se assentava o regime de Ben Ali. Mas nem nos meus pensamentos mais delirantes eu suporia que aquilo em breve se tornaria uma bola de neve que derrubaria o velho líder.(Escrito por Fábio Zanini)

Governo desautorizado

Quando despoletou mais uma novela madereira na semana passada em Cabo Delgado, Norte de Moçambique, lembrei-me do estaleiro que uma vez visitei, em Dezembro último, na cidade de Nampula, na vizinha província com o mesmo nome.Quando estive em Nampula em Dezembro passado, na companhia de outros colegas de profissão, um amigo levou-nos a visitar uma espécie de estaleiro que se encontra defronte do “Mercado Arresta”, na periferia da cidade, onde existem quantidades enormes de madeira em toros.Aparentemente, a principal actividade realizada no interior daquele estaleiro é o armazenamento em contentores de madeira em toros, uma actividade que envolve inúmeras pessoas, incluindo cidadãos chineses.O nosso amigo guia estimou em mais de 30 o número de camiões que partem daquele estaleiro para o Porto de Nacala transportando contentores de madeira prestes a ser exportada de forma ilegal.Esse episódio veio-me à memória depois da apreensão, na semana passada, do navio chamado “Kota Mawar”, quando se encontrava no Porto de Pemba, em Cabo Delgado, prestes a partir com 161 contentores de madeira em toros e de marfim, violando a legislação moçambicana sobre a exploração desses recursos.O estranho nos dois episódios é a facilidade com que as pessoas exploram recursos proibidos por lei sem serem vistos por ninguém com mandato para travar essas violações ou para fiscalizar a actividade de exploração da madeira.Se admitirmos que tal acontece porque o país é extenso então temos que também aceitar que neste vasto território é possível surgirem exércitos ou tropas paralelas ao Governo e não serem conhecidas por ninguém. O que, obviamente, “e inaceitável.Mais estranho ainda é o facto desses recursos serem empacotados em camiões de grande tonelagem, atravessarem cidades, circularem pelas estradas construídas e geridas pelo Governo, sem o conhecimento de ninguém da autoridade.Para a madeira sair do “Mercado de Arresta” para o Porto de Nacala tem de atravessar a cidade de Nampula, além de também passar por diversas localidades e sedes distritais localizadas ao longo de uma das estradas principais da região Norte do país até chegar a cidade portuária de Nacala. Para a sorte dos exportadores, é raro o registo de casos de apreensão de camiões de madeira nesta rota. Impossível, ou no mínimo difícil. Reina uma certa falta de confiança dos cidadãos em relação a determinação dos agentes do Estado em combater estas ilegalidades.Em Nampula, algumas pessoas afirmam que o fracasso no combate ao desmatamento e exploração ilegal da madeira nacional é consequência da conivência dos oficiais do Estado responsáveis por este trabalho.Aliás, o jornal “Notícias” do passado dia 12 de Janeiro, escreve que, em conexão com o caso da apreensão da madeira no Porto de Pemba, estão implicados alguns funcionários da Agricultura e das Alfândegas.O argumento é que estes não terão respeitado os procedimentos obrigatórios seguidos no processo de exportação de produtos madeireiros, pois eles têm a obrigação de assistir todo o processo de empacotamento.Espero que este seja início de uma campanha duradoura de prestação de um serviço sério por parte das autoridades no controlo dos recursos naturais do país, o que irá, com certeza, agradar a todos os moçambicanos, incluindo o meu amigo que nos levou aquela espécie de estaleiro localizada defronte do “Mercado Arresta”.(Mahamud Matsinhe)
No mapa : principais Áreas da Província de Nampula onde os Madeireiros Chineses Operam Directa ou Indirectamente