terça-feira, abril 30, 2019

Mexer fura bolada

Resultado de imagem para jogador mexerEnquanto estamos todos empenhados em mostrar ao mundo que somos um povo de gatunos, o nosso irmão Edson André Sitoe, ou simplesmente Mexer, vem estragar tudo. Neste fim-de-semana Mexer contrariou todo o nosso esforço. Mexer marcou um golo importante (de empate) que praticamente garantiu à sua equipa a conquista da taça da França, um certame bastante mediatizado. E isso foi suficiente para todo o mundo falar bem de nós, contrariando todo o nosso trabalho que é de promovermos a quantidade e a qualidade dos nossos gatunos além-fronteiras. 
 
É que parecia estar muito bem claro para todos nós que a ideia era fazermos de tudo para mostrarmos ao mundo inteiro que somos uma nação de gatunos, simplesmente. Que aqui todo gajo, desde atleta, presidente, músico, ministro, embaixadora, professor, Pê-Cê-A, etecetera, deve pura e simplesmente surrupiar bens públicos que estiverem onde a sua mão conseguir alcançar de modo a mantermos a nossa imagem. Pensei que este objectivo comum tivesse sido entendido, mas, pelos vistos, não. 
 
Imagem relacionadaMexer, meu irmão, veja o que você fez! Agora as pessoas já sabem que moçambicano sabe jogar futebol. Já sabem que moçambicano pode ser decisivo numa partida daquele nível. Já sabem que moçambicano pode fazer coisas boas. Veja só, irmão! Veja só o retrocesso! Ora, o que vamos fazer com os gatunos que andamos a formar nesse tempo todo? O que vamos fazer com a marca que lançamos? Vai com calma, irmão! Se for marcar, que não seja um golo decisivo. Não estrague a bolada. 
 
Talvez haja uma saída. Quem sabe, se prendermos aquele "Indivíduo" dentro desta semana as coisas mudem a nosso favor! Talvez assim as pessoas voltem a confiar na qualidade dos nossos gatunos outra vez. Não podemos deixar que esse miúdo estrague o trabalho de toda uma nação: criar gatunos para exportação. Se quisermos que a nossa pilantragem seja reconhecida mundialmente (como temos mostrado até agora) devemos todos fazer as coisas nesse sentido. Todos, sem excepção. 
 
- Co'licença
 
(Por Juma Aiuba)

quinta-feira, abril 25, 2019

“Amigo” do IDAI chama-se Kenneth

O Governo mocambicano decretou hoje (25) o alerta vermelho para a Zona Norte do Pais. A decisao foi tomada no Conselho Coordenador de Gestão de Calamidades (CCGC), reunido em Sessão extraordinária, em Maputo, face a tempestade tropical moderada “Kenneth”, que deverá atingir a região norte de Moçambique e Sul da Tanzânia, na tarde de Quinta-feira.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), a tempestade localiza-se a cerca de 650 quilómetros da costa da província de Cabo Delgado e desloca-se a uma velocidade de 25 quilómetros por hora.

A tempestade, que se formou no norte de Madagáscar, continua a ganhar intensidade prevendo-se que venha a entrar no Canal de Moçambique e atingir as províncias nortenhas de Cabo Delgado e Nampula. Espera-se que o Kenneth venha a atingir o estágio do ciclone tropical de categoria três na tarde de hoje. O alerta vermelho foi proposto ao CCGC, órgão chefiado pelo Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, pela directora geral do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), Augusta Maita, explicando que existem fortes indícios de que a tempestade está a ganhar intensidade.
“Estamos a articular com os governos provinciais há dois dias e, neste momento, a nossa principal preocupação é ver no terreno aquilo que já tínhamos solicitado e já nos foi assegurado que está a acontecer, que é a identificação de locais seguros para colocar as famílias”, disse.
Augusta Maita deu a conhecer que perante a situação, o INGC está a redireccionar parte dos meios que haviam sido alocados a província central de Sofala, para Cabo Delgado como forma de responder a tempestade. “Em termos de resgate, por exemplo, já não faz mais sentido a permanência de alguns meios na província de Sofala para responder a situação do IDAI. Teremos até o final da tarde de hoje um helicóptero posicionado em Cabo Delgado. Vamos intensificar estes meios logo que tivermos uma indicação clara daquilo que vai ser o impacto directo”, sublinhou.
Referiu que o INGC fez um levantamento preliminar dos recursos necessários para responder a tempestade, mesmo sem ter a ideia daquilo que vai ser o impacto directo.
“Com base naquela que foi a estimativa levantada pelos colegas do INAM e da Direcção dos Recursos Hídricos, da população em risco, estamos a falar de 692 mil pessoas, tanto na província de Cabo Delgado como em Nampula. Em face disso, nós fizemos um levantamento preliminar daquilo que seriam as necessidades de bens alimentares e não alimentares para assistência humanitária e estão estimados cerca de 100 milhões de meticais (cerca de 1,6 milhão de dólares ao câmbio corrente) ”, disse. Maita acredita que este valor poderá sofrer uma alteração em função daquilo que for a constatação no terreno do impacto do fenómeno.

Do construtivo ao bota-abaixo


Resultado de imagem para tiro no péHoje (24), na AR, o deputado da Renamo, António Muchanga, voltou a “brilhar”. Mas ele só faz sua passeata acutilante porque a Frelimo se demitiu de fiscalizar o Governo e se abalou do prato da balança dos contrapesos necessários ao peso do executivo e do judiciário. No parlamento, a bancada da Frelimo é uma nulidade circense. Um grupo actuando completamente desfasado das aspirações da sociedade. O discurso do grupo parlamentar da Frelimo sobre as “dívidas ocultas” não tem pensamento nem ideologia. É politiquice de mau gosto, a táctica da avestruz, como mostrou o penoso discurso do deputado Francisco Mucanheia. Tiros no pé que certamente sairão caros em ano eleitoral.
Mas o grupo parlamentar da Frelimo é apenas a imagem mais penosa de um partido que deixou de discutir o país para se preocupar apenas com a discussão de tachos entre pares e o comércio de influências entre suas famílias mais notáveis em busca da impunidade e da protecção recíproca.
Resultado de imagem para Beatriz Buchili 
A presença de Beatriz Buchili hoje na AR era uma oportunidade para a Frelimo mostrar que está disposta a sacudir a poeira de muitos anos mergulhado na complacência com a corrupção e com um sector de justiça amorfo, cujo estado é tão lastimável que nem os esforços mais recentes chegam para nos atiçar a chama da esperança. A actual reação penal contra a roubalheira deve ser aplaudida mas ela ainda não provou nada. Só com condenações transitadas em julgado poderemos lograr cantar hossanas. Mas até aqui, nada feito!

Ao longo dos últimos anos a inércia foi tanta que, agora, com este súbito despertar, há novos temores no firmamento: uma percepção de que essa mesma inércia sedimentou e escondeu doses enormes de incompetência. E o risco subsequente, cada vez mais perceptível, é o de termos hoje uma justiça que se quer impor fazendo tábua rasa das liberdades e garantias constitucionais dos cidadãos. Eis o risco, repito, o risco de anos sem fim de desinvestimento num sector essencial para o nosso progresso colectivo – e esse desinvestimento teve como objectivo último garantir a im(p)unidade das franjas de rapina da Frelimo, mergulhadas numa cultura de tráfico de influências nos negócios do Estado e repartição de comissões ilegais como modo de vida.
Resultado de imagem para dívidas ocultas
Nem o pesadelo das “dívidas ocultas” muda a política da Frelimo. Seus deputados e militantes não percebem que já deviam ter abandonado a cegueira política e barricarem-se em defesa da sociedade. E defender a sociedade é tudo o que se pode fazer para granjear as simpatias dessa mesma sociedade, que hoje, como trágica alternativa, se acoita no demagogo deputado da Renamo, António Muchanga (que recentemente perdeu as eleições municipais na Matola por um voto e remeteu-se a um silêncio estranho) para ser o veículo derradeiro das suas demandas.
Resultado de imagem para António MuchangaOu seja, a sociedade decidiu canalizar para o deputado Muchanga todas as suas mágoas; é ele quem as transporta na AR, tornando-se a voz da transparência e da boa governação, ele que nem tem créditos firmados nessas matérias; é apenas um vozeirão cacofónico que apela às massas. Tal como Julius Malema na África do Sul, que vezes sem conta é usado por militantes do ANC para criticar políticas do ANC, em Moçambique é Muchanga quem faz o expediente de muitos militantes da Frelimo que não se reveem no registo insosso da sua bancada no parlamento e na deriva do governo do dia.
Por outras palavras, boa parte das demandas que Muchanga faz não são genuinamente do seu campo político. São as agendas do progresso, que a Frelimo abandonou. No parlamento, Muchanga capturou partes relevantes do discurso e da agenda que a Frelimo finge ter mas navega nos antípodas. E isto é uma grande tragédia para um partido que continua alimentando a passeata solitária do deputado.
Esta é a grande tristeza que vivemos hoje em Moçambique: a Frelimo abandonou completamente o discurso crítico construtivo dando lugar ao triunfo do populismo do bota-abaixo destrutivo encarnado pelo senhor Muchanga. E, numa sociedade sem diversão, as picardias de Muchanga contra o novo-riquismo torpe da Frelimo assente no roubo ao Estado fazem um número pleno. Todo mundo exulta...e exalta! Nas redes sociais a farra é de arromba. A política, essa passa ao lado. Ninguém está interessado em construir uma sociedade sã. É o descalabro em que vivemos. Dum lado, a avestruz embrenhada em seu refúgio; doutro um vozeirão destrutivo. E uma plateia aplaudindo! Comédia ou tragédia? (Carta)

quarta-feira, abril 24, 2019

FrUsTRaDo ?


Imagem relacionadaSamora Machel Júnior, filho do primeiro Presidente moçambicano, quer que a FRELIMO abra um processo disciplinar contra o presidente do partido no poder e chefe de Estado, Filipe Nyusi, por alegada violação dos estatutos.
Samora Machel Júnior: "O presidente da FRELIMO e o secretário-geral pensam que a FRELIMO é a sua vontade"
"Deve ser instaurado um processo disciplinar ao camarada presidente e ao secretário-geral [Roque Silva] por desrespeito aos mais elementares valores da FRELIMO", afirma Samora Machel Júnior, membro do Comité Central do partido no poder. A posição de Samora Machel Júnior está expressa na sua defesa, a que a Lusa teve acesso, à nota de acusação formulada pelo Comité de Verificação do Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). A FRELIMO decidiu instaurar um processo disciplinar contra Samora Machel Júnior na sequência da sua candidatura à presidência do município de Maputo nas eleições municipais de 10 outubro do ano passado pela Associação Juvenil para o Desenvolvimento de Moçambique (AJUDEM), após ser excluído das eleições internas do partido no poder.
Filipe Nyusi, presidente da FRELIMO e chefe de Estado
Na resposta, com 40 páginas, o filho de Samora Machel acusa Filipe Nyusi e Roque Silva de terem violado os estatutos do partido para inviabilizarem a sua candidatura a cabeça-de-lista da Frelimo à presidência de Maputo. "Eu candidatei-me pela AJUDEM quando ficou claro que o presidente da FRELIMO e o secretário-geral pensam que a FRELIMO é a sua vontade", lê-se no documento.

Sobre o facto de a candidatura pela AJUDEM ter sido travada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), Samora Machel Júnior considera ter havido crime eleitoral, acusando membros desta entidade de terem obedecido às ordens da cúpula da FRELIMO. "Tenho provas cabais de terem existido vários crimes e ilícitos eleitorais, com autores morais e materiais identificáveis, para a exclusão da AJUDEM junto da CNE", refere a contestação.
O filho do primeiro Presidente moçambicano (1975-1986) considera que a CNE está partidarizada, acusando membros deste órgão de terem sido obedientes aos comandos da Frelimo para serem bem vistos. "Engendraram as manobras necessárias para ameaçar alguns subscritores da lista da AJUDEM. É ilícito eleitoral, é crime", adianta o documento.
Resultado de imagem para samora e paiSamora Machel Júnior acusa a direção do partido de ter permitido o enchimento de urnas nas eleições internas da FRELIMO para permitir a designação de um candidato da sua escolha a cabeça-de-lista às municipais de 10 de outubro. "No comité da cidade, para a eleição do cabeça-de-lista, houve notável enchimento de urnas e o primeiro secretário, em perfeito conflito de interesses, manipulou o processo pré-eleitoral", considera a carta da defesa de Samora Machel Júnior. Nesse sentido, prossegue, seria inútil impugnar o ato eleitoral, uma vez que foi organizado por órgãos do partido que atuam em violação dos estatutos. "Este processo disciplinar contra mim movido é um mecanismo de branquear um processo eleitoral inquinado de todas as irregularidades", acrescenta.
Samora Machel Júnior diz que foi o único pré-candidato nas internas da Frelimo que reuniu todos os requisitos necessários para concorrer como cabeça-de-lista pelo município de Maputo, mas que viu essa pretensão travada pela direção máxima do partido.
"O Comité de Verificação do Comité Central devia ter tomado conhecimento de que o camarada presidente do partido não está a empenhar a sua magistratura moral e política, não defende a unidade e coesão internas, não garante o respeito pelos princípios e valores da Frelimo, [e] viola gravemente os princípios e estatutos da Frelimo", refere a contestação.