sexta-feira, maio 31, 2013

Distração ou...sabotagem?

Depois de quase uma semana de recenseamento iniciado com grandes dificuldades, o director-geral do Secretariado Técnico de Administração  Eleitoral (STAE), Felisberto Naife,  anunciou ontem em Maputo que a instituição que dirige acaba de  importar 750 novas máquinas de  impressão, provenientes da África  do Sul, para substituir as que têm incompatibilidade com os tinteiros na impressão de cartões do eleitor. As impressoras foram adquiridas por um consórcio formado pelas empresas Artes Gráfica (moçambicana  e parte do grupo Académica), com  ligações ao chefe de Estado, Armando Guebuza, e a sul-africana Lithotech. Não houve concurso público  para fornecimento deste material. Felisberto Naife reconheceu  que as dificuldades na impressão dos cartões de eleitor deveriam ter sido resolvidas antes do início do recenseamento. “Deveria ter havido ensaios para  identificar estas particularidades ”, disse sem explicar o porquê de  não terem sido feitos os ensaios  que reconhece serem necessários. “Vamos fazer uma substituição  imediata das impressoras para que  os tinteiros que temos em grandes  quantidades possam ser usados  nessas impressoras para imprimir os cartões de eleitor”, disse. Este tipo de problemas técnicos  parece inconcebível para um País  que desde 1994 realiza regularmente eleições. (A. Nhacuahe)


quarta-feira, maio 29, 2013

O fim do rinoceronte?

A África do Sul quer reerguer o trecho de uma cerca na fronteira com Moçambique para evitar que os caçadores de rinocerontes atravessem para o Parque Nacional Kruger, no seu território. "Há a necessidade de erguer esta cerca", afirmou a ministra do Meio Ambiente Edna Molewa, acrescentando que a autoridade dos parques do país compartilhou a sua análise da situação. Os caçadores estão a usar um corredor sem cerca de 40 km - removido para criar um parque transfronteiriço - para entrar sorrateiramente no Parque Kruger e matar rinocerontes para extrair os seus chifres, que depois são vendidos no mercado negro asiático. Uma nova cerca será electrificada e equipada com um sistema de detecção para evitar tentativas de romper a fronteira."Será electrificada e ligada a alguma tecnologia porque queremos evitar que as pessoas invadam", disse à AFP Fundisile Mketeni, vice-director-geral de biodiversidade e preservação da África do Sul. Esta iniciativa é considerada uma medida temporária, afirmou. Apesar da intensificação das medidas de segurança, que incluem o uso da tecnologia de aviões não-tripulados, o Parque Kruger perdeu 242 rinocerontes só este ano de um total de 350 mortos no país. O trecho da cerca foi baixado para permitir que os animais se movimentem livremente no Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo. Segundo o ministro, debates políticos são mantidos entre Moçambique e África do Sul sobre a cerca, mas têm sofrido atrasos. O tratado para estabelecer um parque internacional foi assinado em 2002 pelos presidentes de África do Sul, Moçambique e Zimbabwe.

Trilão de dólares saiu ilicitamente

África enviou mais dinheiro para fora do continente do que o montante que recebeu da comunidade internacional nos últimos trinta anos, revela um relatório do Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD) e da Global Financial Integrity (GFI).De acordo com o relatório, apresentado no âmbito do 48.º Encontro Anual do BAD, em Marraquexe, África enviou, entre 1980 e 2009, quase 1,4 triliões de dólares para fora do continente, incluindo as saídas financeiras ilegais resultantes de actividades como o tráfico humano ou de droga."O pensamento tradicional é que o Ocidente tem inundado África com dinheiro através de fluxos de ajuda internacional e do sector privado, sem receber grande coisa em troca. O nosso relatório inverte esta lógica - África é um contribuinte líquido para o resto do mundo há décadas", diz Raymond Baker, presidente do Global Financial Integrity, um 'think thank' de pesquisa e activismo com sede em Washington."A saída de recursos de África nos últimos trinta anos é quase equivalente ao PIB africano actual e está a atrasar a recuperação do continente", sublinha o economista-chefe e vice-presidente do BAD, Mthuli Ncube.O estudo, preparado por uma equipa de economistas do BAD e deste 'think thank' norte-americano, conclui que entre 1980 e 2009 os fluxos financeiros que saíram de África situaram-se entre os 1,2 e os 1,4 triliões de dólares a preços correntes, incluindo as actividades ilegais, sobre as quais os autores não se pronunciam, a não ser para dizer que provavelmente terão tido um efeito negativo no desenvolvimento económico.  "Mais de um trilião de dólares saiu ilicitamente de África nos últimos 30 anos, superando os fluxos de capital para o continente africano, e dificultando o desenvolvimento económico", disse o economista-chefe do GFI, Dev Kar, que já ocupou o mesmo cargo no Fundo Monetário Internacional."Reduzir estes fluxos devia ser uma prioridade para os decisores políticos em África e no Ocidente porque eles motivam e são, ao mesmo tempo, motivados por um degradado ambiente empresarial e má liderança política, sendo que ambos cerceiam o crescimento económico. A taxa de crescimento mais baixa resulta em mais dependência de ajuda externa, com o esforço dos contribuintes estrangeiros a compensar a quebra nas receitas [de impostos] dos Estados, uma vez que a evasão fiscal é parte dos fluxos ilícitos", acrescenta o responsável.Entre as recomendações dos autores para inverter esta tendência estão a criação de fundos soberanos, a celebração de acordos entre os países relativamente aos paraísos fiscais para aumentar a transparência, incluindo a redução do recurso a offshores e 'empresas-fantasma', e obrigar os bancos a reportar ao Banco de Pagamentos Internacionais as transferências feitas de e para África, entre outros.


terça-feira, maio 28, 2013

Anda de olho aberto


"O Último Ditador"

- Os nossos jovens  estão carentes de ídolos. Aqueles ídolos que permanecem fortes e consistentes nas nossas memórias, exercendo uma influência positiva, além de enriquecer o nosso conhecimento, a nossa cultura, estimulando a  inteligência e sensibilidade. É importantíssimo tirarmos aquela ideia pequena que muitos jovens aceitam como verdade. A de que o passado cultural deve ficar no baú, como se fosse velharia. Falamos de escritores, músicos e outros artistas,  estadistas, pensadores, atletas. Falemos deles com emoção. É  papel dos m ais velhos  como mestres  transmitir emoção aos jovens. Por isso, resgato aquí o "Último Discurso" do filme "O Grande Ditador" de Charles Chaplin. Este texto, escrito há mais de setenta anos, permanece actual. É um convite à reflexão a respeito da igualdade, da justiça, da humildade, da sabedoria, da bondade humana.


                             Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos. “ 

segunda-feira, maio 27, 2013

"Vamos vencer esta batalha"

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, defendeu este Sábado em Addis Abeba, que África irá vencer a batalha pela sua emancipação económica, uma vez que o direito de não ser pobre é lhe inalienável.Guabuza manifestou esse seu optimismo falando nas celebrações dos 50 anos da Organização da Unidade Africana (OUA) – hoje União Africana (UA), cujas cerimónias centrais decorreram este Sábado na capital etíope, sede da organização.Segundo o estadista moçambicano, que falava na sua qualidade de Presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a independência política de África – por que lutaram os fundadores da OUA - era uma meta para o lançamento duma nova batalha, que é a emancipação económica.     “Sabemos que vamos vencer nesta batalha, pois estamos todos conscientes do facto de que o direito de não ser pobre, como o direito à independência, é um direito que nos é inalienável. Por isso, a luta continua”, disse Guebuza, um dos estadistas que intervieram durante as celebrações.A UA tornou as celebrações deste seu jubileu de ouro, que decorre sob o lema “Pan-Africanismo e Renascimento Africano” como uma oportunidade para reflectir sobre os últimos 50 anos bem como para a discussão do seu plano estratégico para os próximos 50 anos.Igualmente, a organização tomou a ocasião para prestar uma homenagem aos fundadores do movimento pan-africanista e os líderes dos 32 países africanos que, estando já independentes, criaram a OUA (em 1963) pelo seu papel na libertação do continente do colonialismo e do apartheid.       Na sua intervenção, Guebuza falou do papel da região da África Austral na erradicação desses problemas e nesse contexto, destacou o nacionalista e antigo Presidente tanzaniano, Mwalimu Julius Nyerere, como “um dos mais célebres e celebrados filhos da Tanzânia e de África”.“Ele transformou o seu país em retaguarda para os movimentos de libertação, entre eles o ANC, FRELIMO, MPLA, ZANU, ZAPU e SWAPO”, disse Guebuza. Igualmente, o estadista moçambicano destacou o apoio prestado aos países sob jugo colonial e apartheid por outros defensores do ideal Pan-Africanista, como são os casos de Ben Bella, Gamal Nasser, Haile Selassie, Houphouet Boigny [Ufuwé Bwanyi], Leopold Senghor, Kwame Nkrumah, Modibo Keita e Sekou Toure.“O caminho trilhado até à nossa independência foi árduo. Muitos dos nossos irmãos e irmãs foram sujeitos a humilhação, tortura, prisão e desterro. Outros carregam consigo eternas cicatrizes e outros ainda tornaram-se mártires da liberdade que hoje desfrutamos”, anotou o presidente.Além do Presidente da República, a delegação moçambicana a este evento integra os Ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, da Cultura, Armando Artur, na Presidência para Assuntos Sociais, Feliciano Gundana, bem como a vice-Ministra da Saúde, Nazira Abdula.

O sentido das manifestações

Apesar de ser o povo o mais afectado pela greve dos médicos, este mesmo povo manifesta o seu inequívoco apoio a greve e exige o Estado a atender as exigências destes. Ironicamente, o governo acusa os médicos de serem humanamente insensíveis à causa do povo. De que povo fala o governo se este já mostrou a sua simpatia para a causa dos médicos? Deve estar claro para qualquer cidadão que na República de Moçambique, quem mata mais não é a malária, SIDA, Tuberculose ou a greve dos médicos.
Em Moçambique, quem mata mais é o governo através de:
a) Políticas salariais insensíveis que promovem e oficializam a corrupção em toda extensão das relações entre governadores e governados;
b) Corrupção galopante que retira grande parte dos recursos do Estado e do país para os bolsos individuais dos servidores do Estado, subvertendo desta forma a pirâmide do contrato social: em vez de serem os governantes os servidores do povo, eles servem-se do povo para perseguir seus fins ínvios
c) Canibalização da Polícia da República de Moçambique e instituições de administração de justiça que em vez de servirem os interesses do povo, tornam-nas em autênticos guardiões de interesses do poder político minoritário;
d) Um orçamento estruturado para atender as necessidades do Estado-parasita, que se reproduz na relação patrimonialista, ancorada numa ideologia gerontocrática agonizante, porém insaciável.
Resulta daí que tenhamos um país doente. Doenças advenientes de más condições de higiene e saneamento; da falta de água; da má nutrição, de politraumatismos resultantes de acidentes de viação fruto de más condições de estrada e de sinalização; da inoperância da polícia de trânsito, esta que quando entende está na estrada para “cobrar sua parte”, doentes que morrem da sida por falta de tratamento; cidadãos que morrem baleados pela PRM e pelos malfeitores, etc.
O QUE O CIDADAO DEVE SABER É:
Ir ter com o médico constitui o último recurso, quando toda a cadeia preventiva quebra. É por isso que o Ministério chama-se MINISTÉRIO DA SAÚDE e não MINISTÉRIO DA DOENÇA. Isto significa que o Estado TEM O DEVER de proporcionar melhores condições que garantam uma boa saúde aos seus cidadãos. Ou seja, boa saúde não significa a possibilidade de ter um médico à altura das suas necessidades sempre que cair doente. Boa saúde significa o estágio, alcançável através da conjugação de boas políticas públicas e investimento na prevenção incluindo nos salários do pessoal da saúde. E esta é a responsabilidade do Estado, que não é questionada, que o próprio governo esqueceu-se dela. Enfim, COMO MOÇAMBICANOS ESTAMOS POTENCIALMENTE TODOS DOENTES e os que neste momento estão no hospital são representativos do estado doentio em que estamos todos. (E.Raposo)

" Arrôz" com sedição

O Presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), Dr. Jorge Arroz, foi detido cerca das 18h40 deste Domingo (26), nas instalações da AMM, na cidade de Maputo, e conduzido à 6ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique (PRM) onde esteve preso durante cerca de quatro horas acusado de sedição. Os profissionais de saúde que estão em greve há sete dias, exigindo um aumento salarial de 100 por cento e a aprovação do Estatuto Médico pela Assembleia da República, reuniram-se no exterior da esquadra e só saíram de lá quando o seu líder foi restituído à liberdade. "O Dr. Jorge Arroz acaba de ser detido na AMM" reportou-nos um cidadão às 18h46 deste Domingo. A nossa equipa de reportagem dirigiu-se à 6ª esquadra, para onde o Dr. Jorge Arroz havia sido levado e presenciamos o oficial de permanência a explicar as razões da sua detenção na sequência de um mandato emitido pela Polícia de Investigação Criminal sob a acusação de estar a delinear um plano para encerrar todas Unidades Sanitária de Moçambique nesta Segunda-feira (27) no seguimento da greve que ele, e outros profissionais de saúde observam desde a passada Segunda-feira (20). Entretanto a notícia da detenção correu pelas redes sociais, particularmente pelo facebook, e vários cidadãos começaram a acorrer à esquadra situada na praça 20 de Setembro. Arroz que estava acompanhado pelo seu advogado viu em pouco tempo chegar o Bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, Tomás Timbane, que após inteirar-se da acusação começou a tentar contactar a procuradoria da cidade por forma a encontrar um procurador que analisasse a detenção, claramente ilegal. Poucos minutos após as 20 horas Jorge Arroz foi encaminhado para uma cela da 6ª esquadra. Ao pequeno grupo de profissionais de saúde juntaram-se outras centenas de colegas e cidadão anónimos que não quiseram deixar acontecer mais uma ilegalidade da PRM. Temos também relatos que à essa altura os profissionais de saúde que estavam em serviço Hospital Central de Maputo pararam as suas actividades e começam a ponderar juntarem-se ao movimento de cidadãos que exigia a libertação do líder dos Médicos. Cerca das 21 horas, enquanto no exterior se gritava " não saímos daqui sem o Arroz" tudo se encaminhava para que o Presidente da AMM passasse a noite na cela. Uma jovem trouxe água, snacks e uma capulana que foram entregues a Polícia para que fizesse chegar ao detido. Por essa altura o efectivo policial na esquadra havia sido triplicado, com a presença de vários agentes à paisana, ao que tudo indica da PIC. Alice Mabote, Presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, cuja instituição está a prestar apoio jurídico aos médicos em greve desde a primeira greve, chegou. Abriu caminho entre a multidão, polícias e medias que lotavam o interior da esquadra e dirigiu-se ao oficial primeiro para saber a situação e exigiu falar com o Comandante ao mesmo tempo que de telemóvel em punho contactava fazia contactos para a libertação de Arroz. Às 21h30 a Procuradoria já havia sido contactada e estava a analisar o processo de detenção do Dr. Jorge Arroz. Mas a tensão continuava com o trânsito quase condicionado na rotunda existente no cruzamento das avenidas Marien Ngouabi e Guerra Popular. Vários automóveis que passavam manifestavam a sua solidariedade reduzindo a marcha e buzinando. A tensão aumentou um pouco mais quando a polícia tentou empurrar à força, para o exterior da esquadra, os membros da imprensa, médicos e cidadãos que estavam a prestar a sua solidariedade e fechou a porta de acesso principal à 6ª esquadra. 21h58 foi ordenada soltura de Jorge Arroz, afirmou o Bastonário da Ordem do Advogados, que inclusive usou a rede social facebook para divulgar a boa notícia.
Alice Mabote e o Advogado Carlos Jeque pediram a todos que se encontravam no interior da esquadra para se retirarem, num gesto de algum respeito pela polícia para que o detido pudesse ser libertado.Mas os ânimos não acalmaram, o povo que se unira defronte da 6ª esquadra queria ver o Dr. Jorge Arroz sair pela porta da frente. Porém a PRM não deixou. Poucos minutos antes das 23 horas Jorge Arroz foi retirado por umas das portas laterais da esquadra e conduzido até a Associação Médica de Moçambique.

Ainda na noite deste Domingo o chefe das Operações do Comando Geral da Polícia, António Pelembe, falou à imprensa sobre as motivações da detenção do Presidente da AMM. Pelembe disse que Arroz não foi detido, mas sim notificado para prestar declarações. “A polícia encontrou Jorge Arroz em flagrante delito, reunido na associação médica de Moçambique a delinear um plano estratégico de como levar avante a greve no dia de amanhã (hoje). Tal plano visava o encerramento de todas as unidades sanitárias de modo a impedir os que por consciência prestam serviços mínimos aos doentes, e a evacuação de todos os doentes para fora dos hospitais”. Esta Segunda-feira está agendado um encontro de todos profissionais de saúde moçambicanos, no cine teatro Gilberto Mendes, na baixa da capital moçambicana, para darem continuidade a luta por melhores condições de vida. Contrariamente as informações do Ministério da Saúde que tudo está calmo nas Unidades Sanitárias vive-se um ambiente de caos nos Hospitais e continuam a existir Centros de Saúde que não estão a atender aos doentes.(@Verdade)

sábado, maio 25, 2013

África com "maior risco"

Numa lista de 30 países com maiores graus de risco de golpes de Estado, classificados como de "maior risco", "alto risco" e de "risco", liderada pela Guiné-Bissau,Moçambique surge como o 3º país lusófono, logo depois de Timor-Leste, na 18ª posição como país de "risco" de golpe de Estado.A revolta popular ocorrida em Maputo em 2011, em que a população saiu à rua protestando contra o aumento do preço do pão, entre outros, poderá estar na origem desta classificação de Moçambique.Quanto a Timor-Leste, os frequentes distúrbios em Díli e o atentado contra Ramos Horta são sinais que transmitem alguma apreensão.A lista, publicada no jornal The Guardian, foi elaborada com base nos estudos e nas previsões do politólogo inglês Jay Ulfelder, e surge acompanhada de um mapa de África com o grau de risco destacado de acordo com uma tonalidade.Apesar de ser uma lista de todos os países do mundo, o continente africano surge destacado com vários países classificados como de "maior risco", como o Sudão, o Mali e Madagáscar, nos lugares cimeiros.A lista de Ulfelder passou a ser analisada com mais atenção depois de ter acertado nos golpes de Estado ocorridos na Guiné-Bissau e no Mali, no ano passado. O que justifica a presença de vários países nela é a extrema pobreza, a fraco poder das autoridades bem como a existência de regimes democráticos muito frágeis.Para além disso, outra explicação é o facto de os golpes de Estado serem mais previsíveis nos países onde já ocorreram nos últimos anos, e que é uma das características partilhadas pelos países que ocupam os oito primeiros lugares da lista.Outras razões associadas é a junção de três factores: existência de guerras civis na vizinhança, revoltas populares e fraco crescimento económico.Para 2013, segundo Ulfelder, países como o Mali e a Guiné-Bissau seguem no topo da lista.Aqui fica a lista dos 30:
1. Guiné-Bissau 2. Sudão 3. Mali 4. Madagáscar 5. Mauritânia 6, Guiné 7. Chad
8.Congo-Kinshasa 9. Níger 10. Timor Leste 11. Lesotho 12. Haiti 13. Cambodja
14. Equador 15. Afghanistão 16. Nigeria 17. Bangladesh 18. Moçambique
19. República Centro Africana 20. Sudão do Sul 21. Etiópia 22. Tanzânia
23. Iémen 24. Costa do Marfim 25. Síria 26. Ruanda 27. Burkina Faso
28. Zimbabwé 29. Gâmbia 30. Libéria (SAPO)


sexta-feira, maio 24, 2013

Eis o novo Presidente da CNE


O Presidente da República, Armando Guebuza, acaba de nomear, através de despacho presidencial, Abdul Carimo Nordine Sau para o cargo de Presidente da Comissão Nacional de eleições (CNE), órgão responsável pela supervisão dos recenseamentos e actos eleitorais em Moçambique.O Sheik foi, na verdade, proposto à última hora por  Br
azão Mazula, que é membro do  Centro de Estudos de Democracia  e Desenvolvimento (CEDE). Mazula tramitou a candidatura de Abdul  Carimo, depois de o Observatório  Eleitoral, organização que integra  o CEDE, ter entregue oficialmente a sua lista de candidatura composta  por 16 nomes. Faziam parte da referida lista as seguintes individualidades: (1) Salomão Azael Moyana,(2) João Carlos Trindade, (3) Gilles  Cistac, (4) Ivete Marlene Mafundza, (5) Alfiado Laita Zunguza, (6) Anastácio Diogo Chembeze, (7) Eduardo Chiziane, (8) Júlio Gonçalves Cunela, (9) Benilde dos Santos ,Nhalivilo, (10) Ana Cristina Monteiro, (11) Paulo Isac Cuinica, (12) ,Jorge Frederico Borges de Oliveira,(13) Ângelo Francisco Amaro, (14) ,Jacinta Jorge, (15) Arlindo Muririua e (16) Joaquim Rafael Machava. Esta lista foi aprovada em reuniãodo Observatório Eleitoral sem qualquer contestação. Estranhamente, opróprio Sheik Abdul Carimo, membro do Observatório Eleitoral, aceitou a referida lista que depois seguiu para a Assembleia da República (AR).Quando a Comissão ad-hoc, criada para a selecção das personalidades da sociedade civil, publicou na Imprensa a lista dos candidatos, estranhamente já aparecia o nome de Abdul Carimo como tendo sido proposto pelo CEDE.Para além das organizações da sociedade civil, quem também ficou irritado com Mazula foram as parceiras de cooperação internacional. A Diakonia, uma organização sueca que trabalha em Moçambique para o fortalecimento das organizações da sociedade civil, chegou mesmo a escrever uma carta quer ao CEDE assim como ao Observatório Eleitoral a pedir esclarecimentos. Em resposta pública, o Observatório Eleitoral e o CEDE distanciaram-se da decisão do Dr. Brazão Mazula. Em cartas separadas as duas organizações esclarecendo que“à luz dos princípios de ética e por forma a evitar conflitos de interesses, era de bom-tom que o suporte da candidatura e a candidatura (do Sheik Abdul Carimo) tivessem ocorrido no quadro do processo levado a cabo pelo Observatório Eleitoral”. Em carta enviada à coordenadora da Diakonia em Moçambique, Prof. Iraê Lundin, o Dr. Brazão Mazula diz claramente que  foi ele quem tratou da candidatura do Sheik  Abdul Carimo. “Tenho a dizer que  se houve alguma irregularidade no  processo que V.Excia denuncia, éda minha inteira responsabilidade e  não do Observatório Eleitoral, nem do CEDE”, escreve Mazula. Actualmente, Abdul Carimo desempenha as funções de Secretário-Geral do Conselho Islâmico de Moçambique. Anteriormente ocupou a função de Director Executivo do Observatório Eleitoral.

Era uma vez uma porta...

Era uma vez uma porta que, em Moçambique, abria para Moçambique. Junto da porta havia um porteiro. Chegou um indiano moçambicano e pediu para passar. O porteiro escutou vozes dizendo:
- Não abras! Essa gente tem mania que passa à frente!
E a porta não foi aberta. Chegou um mulato moçambicano, querendo entrar. De novo, se escutaram protestos:
- Não deixa entrar, esses não são a maioria.
Apareceu um moçambicano branco e o porteiro foi assaltado por protestos:
-Não abre! Esses não são originais!
E a porta não se abriu. Apareceu um negro moçambicano solicitando passagem. E logo surgiram protestos:
- Esse aí é do Sul! Estamos cansados dessas preferências...
E o porteiro negou passagem. Apareceu outro moçambicano de raça negra, reclamando passagem:
- Se você deixar passar esse aí, nós vamos-te acusar de tribalismo!
O porteiro voltou a guardar a chave, negando aceder o pedido.Foi então que surgiu um estrangeiro, mandando em inglês, com a carteira cheia de dinheiro. Comprou a porta, comprou o porteiro e meteu a chave no bolso.Depois, nunca mais nenhum moçambicano passou por aquela porta que, em tempos, se abria de Moçambique para Moçambique.(Mia Couto)

quinta-feira, maio 23, 2013

Saiba que...


A empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), através do seu Presidente do Conselho de Administração, Rosário Mualeia, foi reeleita para o cargo de Presidente da Associação das Empresas Ferroviárias da África Austral (SARA), numa cerimónia realizada hoje, na cidade sul-africana de Durban. Um comunicado de imprensa, refere que Mualeia foi reeleito com o voto unânime o que demonstra que continua a merecer a confiança das outras empresas da região representadas pelos seus respectivos PCA’s para continuar a dirigir a SARA.Criada desde 1996, a SARA tem como principal objectivo promover os interesses comerciais das empresas ferroviárias da África Austral que se traduzem na defesa de uma competição justa na área do transporte ferroviário.Refira-se que o CFM acolheu, no ano passado, em Maputo, a 3ª Conferência e Exposição desta organização, cujo tema central foi a Promoção de uma Integração Perfeita dos Serviços de Transportes das Empresas Ferroviárias da África Austral.O presidente do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Petróleos (INP), Arsénio Mabote, explicou que com vista ao enriquecimento dos dados disponíveis estão em curso pesquisas sísmicas especulativas e levantamentos aeromagnéticos para que a informação resultante deste trabalho seja passada às empresas concorrentes.“Todos os dias as empresas nos batem na porta a exigir que lancemos concursos para novas áreas. Estamos a tentar criar uma situação de maturação das áreas para que as empresas possam aceder aos dados e poderem apresentar propostas consentâneas com a nossa prospectividade”, disse Mabote, que falava quarta-feira em Maputo no decurso do seminário sobre os desafios da indústria energética. Detalhou que sob ponto de vista de pesquisa de hidrocarbonetos a costa moçambicana é ainda virgem, tendo em conta que os mais de 170 triliões de pés cúbicos de gás descobertos até ao momento resultam de trabalhos feitos numa área com num raio de cerca de 50 quilómetros.