domingo, outubro 30, 2011

600 mil nas virilhas,meias e sovacos

A Policia moçambicana (PRM) está a apurar a proveniência dos 669.900 dólares norte-americanos (cerca de 18 milhões de meticais) apreendidos na tarde da passada Quarta-feira, no Aeroporto Internacional do Maputo, na posse de dois indivíduos de nacionalidade paquistanesa.Trata-se de M. Adnan, de 31 anos de idade, e M. Ahned (41 anos), residentes no bairro Central, na cidade de Maputo, e que, segundo eles, operam em Moçambique há mais de cinco anos na área da venda de viaturas usadas. Ambos tinham como destino Dubai, nos Emiratos Árabes Unidos, onde iriam adquirir mercadoria.A dupla transportava esse montante organizado em maços e camuflado em diversas partes do corpo. Segundo o porta-voz da PRM na cidade do Maputo, a capital moçambicana, Orlando Mudumane, a sua detenção foi possível graças a uma denúncia, seguida de uma aturada revista.Os paquistaneses disseram à Polícia não ser a primeira vez que transportam somas elevadas nas mesmas condições para fora do país.Mudumane indicou que a Polícia está a investigar a proveniência do dinheiro e que se for lícito, segundo a fonte, ser-lhes-á devolvido, mas obrigados a pagar uma multa por inobservância das normas de transporte de altas somas de dinheiro.O “Noticias” escreve que a Polícia vai instaurar um processo-crime contra eles e poderão responder em juízo pelos seus actos.

Mugabe pode receber Saif

Saif al-Islam, filho do então líder líbio, Muammar Gadhafi, é apontado como estando a preparar o asilo no Zimbabwe ou então entregar-se ao Tribunal Penal Internacional (TPA), para evitar a sua captura por militares do novo regime naquele país.Gadhafi foi morto em circunstâncias ainda não esclarecidas num confronto havido entre os seus aliados e as forças do Conselho Nacional de Transição (CNT), na cidade de Sirte, sua terra natal.Notícias veiculadas pelo semanário sul-africano 'Mail & Guardian', editado em Joanesburgo, referem que para evitar uma sorte idêntica a do seu pai, Saif al-Islam ver-se-á forçado a entregar-se ao TPI ou asilar-se no Zimbabwe, país da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).O Jornal refere que o Presidente zimbabweano, Robert Mugabe, poderá acolher Saif, uma vez que ele beneficiou do regime de Gadhafi, além de que o Zimbabwe não é signatário do Tratado do TPI, que obriga os Estados membros a prenderem todo aquele que for suspeito e indiciado de crimes contra a humanidade.O TPI declarou que Saif, de 39 anos, está em contacto com aquela instância de direito internacional, que o adverte que poderá ordenar uma intercepção aérea se ele e os alegados mercenários que o protegem tentarem escapar do país.Notícias de Tripoli, citadas pelo Guardian, indicam que o filho do finado líder líbio se encontra escondido em comunidades das tribos tuaregues nas áreas fronteiriças entre a Líbia e o Níger.As mesmas notícias indicam que a família de Gadhafi mantém relações amistosas com as tribos habitantes das regiões desérticas do Níger, Mali e outros países vizinhos da Líbia. Para além do Zimbabwe, onde se acredita que Saif poderá se exilar com a protecção de alegados mercenários sul-africanos.O Níger, Mali, Chade e Burquina Faso são signatários do Tribunal Internacional de Crimes, o que significa que Said poderá ser entregue àquela instância de direito, para responder por acusações de crimes contra a humanidade.Três irmãos foram mortos durante a guerra apoiada pela Nato, enquanto um outro Saadi, é dado como estando no Níger.Saifal-aIslam era considerado reformador liberal e arquitecto da reaproximação entre a Líbia e nações ocidentais.Ele é acusado pelo TPI de ter recrutado mercenários durante o levantamento que viria a desembocar em guerra, cujo maior saldo foi a morte do líder líbio.

Objectivo dos EUA contra rivais como a China.

Assim como a campanha de bombardeamento a Líbia foi lançado com apelos para salvar civis da cidade de Benghazi, agora uma outra intervenção está a ser preparada em África, com o pretexto de ajuda humanitária as vítimas da seca fome. Este é um exercício cínico em decepcionante para a opinião publica. De acordo com um relatório produzido pelo conselho de relacoes exteriores dos EUA, Al-Shabaab é o grupo armado visado e mais forte com dez mil homens e segundo o Centro Nacional de Contra terrorismo, não tem ligações organizacionais com a Al Qaeda.No entanto, autoridades dos EUA culpam esta Organização pela actual fome que se vive naquele pais do corno de África . “O implacável terrorismo da Al-Shabaab contra o seu povo e graves e tão grave que só se espera o pior” anunciou a Secretaria de Estado americana Hillary Clinton na Semana passada. Na Verdade, Washington negou ajuda a todas áreas da Somália, que não estão sob o controle a norte do Governo Federal de Transição (TFG) o que significa que a ajuda é restrita a poucos quilómetros quadrados. "Estamos empenhados em salvar vidas na Somália e trabalhamos em qualquer área nao Controlada por al-Shabaab," Donald Steinberg, vice-Administrador da USAID numa conferencia de Imprensa em Londres. "Infelizmente, cerca de 60% das pessoas afectadas estão em territórios controlados por al-Shabaab ."Não se poderia ter uma visão mais clara da declaração de intenção de Washington de usar a ajuda alimentar e contra a fome como arma de guerra contra uma população civil. Cerca 3,7 milhões de pessoas estão ameaçadas pela fome na Somália, e 2,8 milhoes deles estao no sul do País onde o TFG nao tem autoridade. Qualquer agência que tenta fornecer alimentos em grandes partes da Somália corre o risco de serem processados ​​por ajudar materialmente a uma organização terrorista.Em 2009, os EUA forçaram o Programa Alimentar Mundial a fechar os seusProgramas de Alimentação a Mães e Crianças desnutridas com o Fundamento de que estava a ajudar uma organização terrorista. As áreas onde a ONU declarou oficialmente um estado de fome tem sido negada a ajuda alimentar nos últimos dois anos.Aliado dos EUA, o presidente Yoweri Museveni do vizinho Uganda declarou uma zona de exclusão aérea a ser estabelecido sobre o sul da Somália. A finalidade, segundo ele, vai ajudar acabar com milícia al-Shabaab. No entanto, al-Shabaab nao tem poder aereo e nem de superfície como mísseis. Os seus combatentes, muitos deles nao mais do que adolescentes,movimentam-se em viaturas pick-up.A zona de Exclusão Aérea nao tem outro propósito se nao preparar o caminho para uma invasão. F. Geral Carter Ham, que lidera o comando dos EUA para África, AFRICOM, deixou claro que o Pentágono gostaria de ter uma zona de exclusão aérea desde que ela possa ser apresentada como uma decisao vinda de potências regionais, em vez de Washington. Ele quer que a União Africana apresente o plano da mesma forma que a chamada para uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia veio da Liga Árabe. Seria uma operação militar dos EUA sob uma bandeira falsa.Apoiado pelos EUA as forças da União Africana conhecido como AMISOM acabam de lançar uma ofensiva terrestre contra a milícia al-Shabaab. Uma luta feroz tem sido relatada em Mogadíscio e perto da cidade de Elwak, na região de Gedo do sul da Somália.Os EUA já tem preparada a capacidade de ataque em profundidade para a Somália. Em junho deste ano lançou um ataque usando conhecidos avioes não tripulados drone. Anteriormente, desembarcaram tropas das forças especiais em helicópteros para matar ou capturar suspeitos. Pode lançar ataques a partir de uma nova base da CIA em Mogadíscio, da frota de navios militares que patrulham ao largo da costa da Somália, ou a partir da base militar que mantém perto de Djibuti.As reivindicações dos EUA de que Al-Shabaab está ligado à Al Qaeda, estao a ser apresentadas como uma grande ameaça militar para os EUA. O Presidente do Comitê de Segurança Interna Peter King disse que al-Shabaab ser "uma crescente ameaça à nossa pátria", alegando que o grupo estava a recrutar somalis-americanos para o terrorismo.Escrevendo no Guardian, Karen Greenberg, Diretor Executivo do Centro de Direito e Segurança da Universidade de Nova York Law School, desafiou King. Ela apontou que apenas um somali-americano foi condenado por crimes ligados ao terrorismo e que ele não tinha qualquer ligação com a Al-Shabaab.A reação de Washington à fome lembra a Operação Esperança Restauração, quando, nos últimos dias da presidência de George Bush pai, em 5 de dezembro de 1992, 30.000 soldados dos EUA foram enviados para a Somália sob o pretexto de entregar ajuda alimentar para crianças famintas.Al-Shabaab nao existia na altura. A suposta ameaça aos comboios de alimentos vieram dos "senhores da guerra" que emergiram do colapso do regime de Siad Barre. Os EUA tinham desde 1977 apoiado o ditador militar Barre contra o regime pró-soviético da Etiópia. Em 1991, Washington abandonou Barre e o seu regime entrou em colapso. Nenhum governo estável existiu na Somália desde então.O Presidente Bill Clinton continuou com o que se tornou cada vez mais abertamente uma ocupação. Em 1994, apos um helicóptero Black Hawk ter sido abatido em Mogadíscio e os corpos dos tripulantes exibidos diante das câmeras de televisão, foi forçado a retirar as tropas dos EUA da Somália.Operação de restauração Esperança representou uma nova fase de agressão colonial. A Liga dos Trabalhadores dos EUA , o antecessor do Partido da Igualdade Socialista, escreveu: "O desencadeamento de dezenas de milhares de soldados, apoiados por navios de guerra, caças e helicópteros de ataque, é uma violação brutal da soberania do povo somali. "É sinal de um retorno à escravidão colonial dos povos oprimidos, não só de África, mas em todo o mundo."Desde então, Washington foi determinada a reverter a sua derrota e recuperar o controle de um país que está no coração de uma nova corrida para a África, um continente rico em petróleo e outras matérias-primas preciosas. Somália senta-se na encruzilhada do comércio mundial por mar e ar. Cerca de 90 vôos comerciais por dia atravessam o seu espaço aéreo. Rotas marítimas que transportam petróleo do Golfo e Norte de África passm pela costa. O controle da Somália é um objetivo-chave dos EUA para manter a hegemonia global contra rivais como a China.Washington aprendeu a adoptar tácticas diferentes desde a sua derrota em 1994. Cada vez mais está a usar forças proximas em África. Em Dezembro de 2006, os EUA apoiaram a invasão etíope da Somália, que instalou o TFG como um regime fantoche. Quando as tropas etíopes se retiraram, a AMISOM substituiu-os. Uganda e Burundi dominam a AMISOM, e os seus militares foram treinados pelos EUA e devidamente equipados. Através de todas estas voltas e reviravoltas de intriga imperialista, a caracterização da invasão da Somália 1992-1994 tem sido repetidamente confirmada. Uma sucessão de aventuras imperialistas, invasões e guerras - nos Balcãs, na Ásia Central, no Golfo Pérsico e em África, mais frequentemente tem sido sob o pretexto de missões humanitárias. Trabalhadores e os jovens devem rejeitar todas as tentativas de manipular a preocupação pública com a fome trágica na Somália para pavimentar o caminho para mais uma intervenção brutal.
(Susan Garth)

quarta-feira, outubro 26, 2011

“Dos Frutos do Amor e Desamores até à Pátria”

O escritor Adelino Timóteo, lançou, segunda-feira, na cidade da Beira, um livro de poesia intitulado “Dos Frutos do Amor e Desamores até à Pátria” . Trata-se de uma obra literária dividida em duas partes, nomeadamente “Frutos do Amor” e “Desamores até à Pátria”. Falando na cerimónia de lançamento do seu quarto livro de poesia que decorreu no Centro Cultural Português Pólo na Beira, Adelino Timóteo disse que os poemas inseridos naquela obra têm uma relação com o dia-a-dia da sua própria vida desde a infância até aos momentos actuais. Contou ainda que muitos leitores do seu recente livro têm lhe questionado sobre o título da segunda parte da obra, “Desamores até à Partida”. Em resposta ele diz que fala dos momentos em que começava a ganhar consciência da considerada vida dura.O livro em questão, que aparece no mundo literário sob a chancela da Alcance editores, refere-se igualmente às relações eróticos-amorosas que, até certo ponto, ausentes do conturbado presente, se tornam apenas em lembrança de um tempo mais fértil, no qual ainda existiam utopias a iluminarem a terra. “Desamores até à Partida” remete para o que foi e não é mais, conforme explicou, na ocasião, o seu autor.“Eu sou um ser humano e vivo o dia-a-dia destes desamores. Posso dizer que neste livro estão presentes todas as pessoas com quem vivi estes momentos”, acrescentou Adelino Timóteo. No que refere a primeira parte “Frutos do Amor” o autor entende que os leitores estão claros sobre o título atribuído. Nesta parte o livro, com 47 páginas, menciona que desenha a nudez de uma mulher desejada, flor-sol, lábios húmidos e quentes, vertigem e explosão de carícias, mistérios, ardores que deflagram no ar do poeta, uma escrita que também se faz rebeldia, forjada ora por reminiscências, ora por esquecimentos e lembranças. Adelino Timóteo recorda que na sua infância gostava de ver os frutos que ele e os seus amigos iam tirar nas árvores de um cemitério que se localizava no bairro de Macurungo, na Beira, onde nasceu. “Na altura eu tinha uma visão idílica dos frutos e via-os de várias vertentes, daí também o fruto do amor”, contou, frisando que “uma das maneiras de desafiar a tristeza é recordar os momentos belos vividos”. Adelino Timóteo nasceu a 3 de Fevereiro de 1970 na cidade da Beira. Formado em docência de língua portuguesa, não chega a exercer a sua profissão. Actualmente é jornalista do “Canal de Moçambique”. Em 2004 e 2007 foi, respectivamente, homenageado pelo Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU) e o Conselho Municipal da Beira. No primeiro caso pela sua poesia e no segundo pelo seu contributo cultural que tem dado a cidade, como escritor e artista plástico. Já em 1999 venceu o Prémio Anual do Sindicato Nacional de Jornalistas para a melhor crónica jornalística. Em 2001 venceu o Prémio Nacional Revelação de Poesia da Associação dos Escritores de Moçambique (AEMO).

Socorro!

Crianças pediram ao Governo, na Beira, a criação de locais de recreação infantil que praticamente não existem nesta cidade, de forma a evitar a afluência dos menores às áreas frequentadas pelos adultos e, consequentemente, os eventuais casos de assédio e outras formas de violação que possam ocorrer. Esta preocupação foi manifestada por crianças oriundas de várias escolas da Beira que ontem marcharam por ocasião das celebrações do 26º aniversário da fundação da Organização dos Continuadores Moçambicanos.Centenas de crianças juntaram-se na Praça dos Continuadores, onde procederam à deposição de uma coroa de flores.Não houve os habituais discursos por parte dos organizadores do evento.Entrevistadas na ocasião pelo “DM”, algumas das crianças pediram ao Governo a criação de parques, bibliotecas e clubes infantis que ajudem a recrear os petizes, evitando que estes recorram aos bares, clubes nocturnos e outros locais frequentados pelos adultos.Karmen Kiara, 13 anos, aluna da 9ª classe na Escola Secundária Samora Machel, disse que a falta de parques infantis faz com que muitas crianças recorram às discotecas para se recrearem.Esta situação, segundo referiu, propicia o assédio sexual contra as crianças, gravidez precoce, entre outros males que afectam os continuadores. “Isto tudo pode ser evitado se o Governo garantir espaços específicos para a diversão das crianças”.Para Clementino da Cruz, também de 13 anos, a frequentar a 7ª classe na Escola Primária Completa Amílcar Cabral, na Munhava, a falta de locais em que as crianças possam recrear-se faz com que estas recorram até mesmo às lixeiras para apanharem latas e outros objectos com os quais se divertem, sem terem em conta os riscos à saúde que possam correr.Por seu turno, o presidente do Parlamento Infantil em Sofala, Leonardo Daniel Jorge, 18 anos, aluno da 11ª classe na Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba, referiu que o Governo deveria apostar mais na criação de condições para proporcionar recreação às crianças, para que estas possam crescer saudáveis.“As crianças necessitam de parques infantis, bibliotecas e jardins. Estes lugares dão falta na cidade. Os que existiam estão a desaparecer. A título de exemplo, o jardim do Bacalhau, na Ponta-Gêa, foi transformado num local que quase já não serve às crianças”, disse Jorge.Ele apelou ao Governo no sentido de dedicar parte do seu orçamento à criação destas condições para o bem-estar das crianças.Já Mariana da Maide, 14 anos, aluna da 9ª classe na Escola Secundária da Ponta-Gêa, referiu-se à falta de carteiras nas escolas como estando a afectar a qualidade de ensino de muitas crianças.“Estudar sentado no chão não ajuda a criança a ter boa caligrafia, porque cria desconforto. O Governo deve envidar esforços no sentido de alocar carteiras às escolas, para criar condições que nos permitam estudar de forma confortável”, pediu Maide.

300 euros mês

De repente, o espaço António Repinga virou centro de contestação social.Os rivais de ontem viraram camaradas, unidos pela mesma causa: pensão condigna, avaliada em 12 Mil Meticais/mês.São desmobilizados das Forças Armadas de Moçambique (FAM), da Renamo, Naparamas e até milicianos,que decidiram unir as forças, fazer coincidir a concentração com o Conselho de Ministros. Difícil avaliar o efectivo destes indignados, mas por aí 1.500 almas aos gritos que nunca paravam. Cânticos que, pese a relativa distância com a sala do Governo, eram perceptíveis aos ouvidos de Aires Ali, o Primeiro-Ministro que, coincidência ou não, esteve à frente do centro de decisão, já que Armando Emílio Guebuza (palacio presidencial)está na Austrália.Ali manteve-se ali, na sala, eventualmente se sentindo mais seguro ao lado dos outros membros do Governo.O homem não ganhou para o susto. E que susto.Homens e mulheres sem medo de uma AKM ou de uma bazuka, se calhar mais corajosos que os policiais que ontem os vigiavam a escassos metros.O grupo promete voltar à “sua” praça. A Praça da Indignação,para darem continuidade à contestação, estratégia adoptada depois de Armando Guebuza, ou alguém em seu nome, não ter dado ouvido a estes homens e mulheres. E como a paciência não é elástica, avisam que não tardará muito até que entrem para o Plano B destas manifestações, quase ignorando a presença policial nas suas variadas especialidades,incluíndo a famosa Força de Intervenção Rápida (FIR), todos armados até ao pormenor. Não foi necessário, porém, recorrer às chambocadas, o que teriaprecipitado um cenário negro.Nada que seja novidade.Os indignados estão emquase todo o lado, nos Estados Unidos, na Europa, no Norte de África e até aquí ao lado, em Joanesburgo, a ala juvenil do histórico ANC entra amanhã em cena, nasruas, contra o enriquecimento ilícito, contra as multinacionais,contra a injustiça social.Esta marcha junta-se auma outra de há semanas,na capital económica da Áfricado Sul.Angola também nãoescapou a estes ventos decontestação. E Moçambiquenão podia ficar indiferente.E se a socidade civil não tem “estofo” para avançar – sem destruições– os desmobilizados tomam a dianteira, pese acontra-propaganda da véspera.Esta casa aplaúde a forma disciplinada dos manifestantes.Isso terá ajudado os vários ramos da Polícia a assumirem uma excelente postura perante um cenário cujo desfecho era imprevisível.Que se manifestem,desde que de forma ordeira.E o Governo que estejapreparado, a avaliar pela carestia da vida. Deve “saber”falar. São os nossos indignados.

terça-feira, outubro 25, 2011

Mutola prepara regresso a uma Olímpiada

A “menina de ouro” moçambicana, Maria de Lurdes Mutola, antiga campeã olímpica e mundial dos 800 metros, vai treinar Caster Semenya, revelou a atleta sul-africana em comunicado. “A Maria (Lurdes Mutola) tem sido o meu ídolo desde que comecei a correr. Depois dos Mundiais perguntei-lhe se estava interessada em treinar-me. A resposta foi positiva e estou muito feliz”, afirmou Semenya, esclarecendo que o acordo foi alcançado após os campeonatos do Mundo que decorreram na Coreia do Sul há cerca de um mês, no qual conquistou a medalha de prata nos 800 metros.Para Lurdes Mutola, que se aposentou em 2008 com uma medalha de ouro olímpico, três títulos mundiais ao ar livre e sete em pista coberta, todos nos 800 metros, treinar Semenya “é um enorme desafio”: “É uma atleta jovem, mas já com excelentes resultados. Ainda temos um caminho longo a percorrer, queremos chegar aos Jogos Olímpicos Londres-2012 como número um”.Lurdes Mutola, a única atleta que ofereceu uma medalha de ouro olímpica a Moçambique, afirmou ainda que pretende usar toda a sua experiência para ajudar Semenya, salientando que “é muito mais fácil chegar ao topo do que manter-se lá”.Semenya incompatibilizou-se com o ex-treinador Michael Seme pouco antes dos Mundiais de Daegu.Refira-se que Lurdes Mutola, desde a sua retirada do atletismo profissional, tem se dedicado a apoiar o desporto e também tem estado a jogar futebol feminino. Recentemente foi incluída na Comissão Nacional de Futebol Feminino, na área de marketing.
A bancada da Renamo na Assembleia da República ridicularizou a proposta de revisão da Constituição da República apresentada pela Frelimo e o processo em si. Entretanto, a chefe da bancada do partido Frelimo, Margarida Talapa, foi ao pódio do Parlamento reafirmar que a revisão constitucional é oportuna ao mesmo tempo que criticou o facto da Renamo se ter recusado a integrar-se na “Comissão ad-hoc” criada especificamente para rever o actual texto constitucional.A Renamo diz que os moçambicanos não precisam de uma nova Constituição, mas, sim, de um Governo com ideias para resolver os seus problemas. Mas a chefe da bancada da Frelimo, no seu discurso de abertura da quarta sessão da AR, que ontem se iniciou, disse que a proposta da Frelimo “está orientada para a adequação do texto constitucional às transformações operadas no País e os imperativos de aprofundamento da democracia e do aprimoramento e consolidação do tecido constitucional”.A líder parlamentar da Frelimo, Margarida Talapa, voltou a frisar que, entre outras, as preocupações centrais da iniciativa de revisão prendem-se com a necessidade de uma justiça célere, com profissionalismo, efectividade, responsabilidade, integridade e isenção e aperfeiçoamento dos órgãos locais do Estado e do poder local.Sobre a ausência da Renamo na Comissão Ad-Hoc, Talapa mandou recados ao partido de Afonso Dhlakama, tendo dito que “Moçambique não é digno dos ausentes deste processo”. Assim, segundo a líder parlamentar da Frelimo, “os ausentes deste processo perdem uma oportunidade ímpar para se inscreverem nas páginas de Moçambique contemporâneo”.Depois de meses a criar expectativas mantendo um segredo sepulcral sobre a mesma, a proposta de revisão da Constituição apresentada pela Frelimo acabou por surgir e é agora considerada praticamente inócua ao ponto de na opinião pública circular a opinião de que “a montanha pariu um rato”.Várias correntes alegam agora que a Frelimo “teve medo” de avançar com a revisão do sistema de separação de poderes e redução dos poderes do presidente da República e estará agora à espera que isso seja proposto por alguma organização da sociedade civil para a Frelimo apenas lhe pôr a chancela parlamentar pelo facto de dispor de número suficiente de deputados sem necessitar de ouvir a oposição sufragada e eleita para integrar a Assembleia da República.A Renamo já veio a público, entretanto, dizer que as propostas que não venham da esfera parlamentar são “ilegais”. (Matias Guente)

segunda-feira, outubro 24, 2011

Saúde em Moçambique corrompida

Em Moçambique, o sector da Saúde, como todos os outros sectores sociais, está mergulhado na corrupção. O Estudo sobre Corrupção da Ética Moçambique (2001) refere que, no caso concreto do sector da Saúde, médicos e enfermeiros são alguns dos protagonistas da pequena corrupção. Situações de suborno exigidos a doentes são frequentemente relatadas na comunicação social. Enfermeiros, médicos, técnicos de medicina, serventes, agentes de farmácias são descritos como estando envolvidos em práticas de corrupção. Os baixos salários no sector são vistos como um incentivo para a existência de pagamentos informais, para o absentismo e para a ladroagem, etc. Os mais comuns abusos no sector incluem a cobrança informal de rendas e subornos a pacientes, o uso ilegal dos bens públicos para benefício privado, o absentismo e os conflitos de interesses decorrentes da prática de medicina privada por parte de médicos. Muitas das vezes estes médicos servem-se dos recursos dos hospitais públicos para o tratamento dos seus pacientes privados e, noutras situações, utilizam o sistema de saúde público para angariarem mais clientes para as suas clínicas privadas.Veja Aqui.

FMI satisfeito com Moçambique

O Fundo Monetário Internacional (FMI) manifestou em Maputo, a sua satisfação com as “politicas fiscais e monetárias prudentes” adoptadas pelo governo moçambicano, que considera como sendo um dos principais factores para a forte desaceleração da taxa de inflação em Moçambique. Uma missão do FMI visitou Moçambique entre 5 a 19 d Outubro corrente para realizar a Terceira Avaliação ao abrigo do Instrumento de Apoio a Políticas (PSI, sigla em inglês) que foi aprovado em Junho de 2010.O PSI e’ um instrumento através do qual o FMI faz uma monitora e e apoia as políticas do país, mas não concede empréstimos. O PSI actual de Moçambique cobre o período 2010 a 2013. O Chefe da Missão para Moçambique, Johannes Mueller, citado no comunicado de imprensa do FMI afirma que “Moçambique continua resistente as perspectivas de enfraquecimento económico global”.“O crescimento económico poderá alcançar 7,2 por cento no corrente ano e acelerar ainda mais a médio prazo, sustentado por um forte investimento público e actividade dos mega projectos no sector dos recursos minerais”, acrescentou. Enquanto isso, a taxa de inflação desacelerou fortemente, de 16,5 por cento em 2010 para menos de oito por cento em Setembro do corrente ano. Mueller disse que a queda da inflação beneficiou as camadas mais desfavorecidas da sociedade, e ele atribui esta situação “a evolução favorável dos preços internacionais, boas colheitas agrícolas, um metical mais forte e, o factor mais importante, a orientação prudente das politicas fiscal e monetária pelas autoridades do pais”. Contudo, a inflação subjacente (core inflation, que exclui alimentos e combustíveis) continua a manter níveis elevados e precisa de ser reduzida ainda mais.“A aceleração das exportações quer de mega-projectos quer dos sectores tradicionais ajudou a compensar o aumento da factura de importações de combustíveis e de investimentos de mega-projectos, mantendo as contas externas alinhadas as projecções iniciais. Este facto, associado a influxos robustos de capitais, contribuíram para o alcance de uma posição de reservas internacionais mais forte do que o esperado”.Prosseguindo, o comunicado do FMI refere que a “missão saúda o compromisso das autoridades do país em continuar a adoptar políticas fiscais e monetárias prudentes destinadas a reduzir ainda mais as expectativas inflacionistas. Esta orientação colocará Moçambique em boa posição caso ocorram impactos das perspectivas de desaceleração económica externa que imponham a necessidade de se ajustar as politicas”.A missão apoia a orientação da política fiscal subjacente a lei orçamental de 2012 e enfatiza a necessidade de se assegurar que o Orçamento reflicta apropriadamente as prioridades plasmadas no Plano de Acção de Redução da Pobreza (PARP).Mueller acrescentou que a missão o FMI concorda com as autoridades moçambicanas relativamente para que se mantenha o enfoque actual na área de reformas estruturais e saúda as intenções das mesmas em reforçar ainda mais a gestão de finanças públicas, administração tributaria, gestão da divida, selecção de projectos de investimento, gestão de recursos naturais e o quadro legal de combate a corrupção e branqueamento de capitais.Falando a imprensa, o representante do FMI em Maputo Victor Lledo, vaticinou a queda da taxa de inflação para seis por cento a médio prazo, caso o governo mantenha as políticas actuais. Os maiores riscos que Moçambique enfrenta devido a crise financeira internacional, disse Lledo, incluem o declínio dos preços nos mercados mundiais dos principais produtos de exportação, tais como o alumínio e dificuldades do sector privado de aceder aos recursos financeiros. Contudo, até agora não existem indicações nesse sentido. De facto, o FMI considera o actual estágio do sector financeiro moçambicano de “saudável e estável”. Na ocasião, Lledo congratulou o Banco de Moçambique pela sua intervenção atempada na política monetária e pela sua determinação de “continuar a tomar medidas para conter a inflação”. Com relação aos incentivos fiscais oferecidos aos mega-projectos, Lledo disse que nem todos investimentos estrangeiros de grande escala gozam do mesmo regime fiscal. As condições mais favoráveis foram oferecidas aos primeiros projectos implantados em Moçambique, tais como a fundição de alumínio MOZAL, que foram concedidos numa fase em que o investimento estrangeiro era escasso. Os últimos mega-projectos na área de mineração são regidos pela legislação fiscal de 2007 para os sectores mineiro e de petróleos, e não contemplam grandes isenções fiscais. Lledo anunciou que o FMI acordou em ajudar o governo moçambicano a implementar o regime fiscal de 2007. Sobre a possibilidade da renegociação dos contractos dos mega-projectos, para que as empresa tais como a MOZAL possam dar uma maior contribuição em termos de impostos, Lledo disse que o governo “deveria tratar esta matéria com muita cautela por causa do seu impacto no investimento”.“Qualquer renegociação deverá ser de comum acordo entre ambas as partes”, disse. Até num passado recente, o financiamento externo para a economia moçambicana era na forma de donativos e empréstimos concessionais.Contudo, ao abrigo do actual PSI o governo moçambicano também está na posição de obter empréstimos não-concessionais até um máximo de 900 milhões de dólares. Lledo disse que até agora Moçambique já assinou empréstimos não concessionais que perfazem um total de 146 milhões de dólares. Estes empréstimos incluem uma soma de 80 milhões de dólares do Brasil para a construção de um aeroporto internacional em Nacala, na provincial de Nampula e 66 milhões de dólares para a segunda fase da reabilitação do Aeroporto do Maputo, mais concretamente a construção da nova terminal doméstica. “Estes empréstimos não são exactamente comerciais”, disse Lledo, mas contemplam condições menos favoráveis, por exemplo, comparativamente aos empréstimos concessionais do Banco Mundial.

Energia do bagaço

Marromeu, em Sofala, passará a dispor de um novo projecto energético, com a implementação de um empreendimento de produção de electricidade a partir do bagaço de cana-de-açúcar cultiva pela Companhia de Sena, detida pelas multinacionais Guarani e Tereos do Brasil e França, como accionistas maioritários.Trata-se de um projecto que visa a comercialização da corrente à empresa Electricidade de Moçambique (EDM) e com impacto no aumento de fontes energéticas em Moçambique. A produção de energia para fins comerciais, conforme o director fabril da Companhia de Sena, José Luís Zago, está integrada num projecto de três anos, cujo término está agendado para 2014, período em que a firma irá fazer a acoplagem de sua electricidade com a EDM, caso a segunda empresa concorde em comprar o excedente produzido na base de bagaço. Para a concretização da iniciativa, conforme disse o director fabril, a sua firma está já a desenhar os primeiros traços de um plano que incluirá negociações com a EDM para a produção de energia em quantidades industriais, pois a intenção da Companhia de Sena é a comercialização da corrente para a Electricidade de Moçambique.Se as duas empresas chegarem a um acordo, a acoplagem será feita a partir das turbinas instaladas na companhia, passando estas a transportar a corrente eléctrica para as infra-estruturas da EDM.“Estamos a fazer o nosso plano para daqui a três anos vendermos energia à EDM. Teremos bagaço suficiente que servirá de matéria-prima para a produção de energia” — disse José Zago, acrescentando que, para pôr o projecto a andar, a firma de que é director fabril vai aplicar dois milhões de euros.O processo de produção de energia eléctrica a partir do bagaço de cana-de-açúcar é considerado técnico e totalmente automatizado e inserido dentro da linha de produção das usinas.Após a planta ser colhida e levada até a usina, geralmente ela passa por três moendas. O produto da primeira moagem vai para a produção de açúcar, na chamada moagem de primeira linha. Já na segunda e na terceira moagens o que é produzido é o álcool combustível. O que resta da cana é o bagaço, que é levado por uma esteira até a caldeira que realiza a queima. Depois de passar pelas turbinas e geradores, o vapor produzido na queima gera a energia eléctrica.Quando questionado sobre a quantidade de energia que se pretende gerar a partir do bagaço, Zago afirmou que até 2014 a companhia estará em condições de produzir corrente eléctrica que for solicitada pela EDM.“Hoje a empresa tem capacidade de suportar dois megabits, mas, a partir do acordo, a empresa pode produzir muito mais” — explicou Zago.Entretanto, o mesmo interlocutor afiançou que, para além de energia, a Companhia de Sena tem disponíveis 12 milhões de dólares para investir na construção de uma destilaria destinada à produção de álcool e etanol.Uma das matérias-primas da destilaria a ser construída será o melaço final que é desaproveitado.Dados apurados pelo DM indicam que as usinas para a destilaria serão importadas ou do Brasil ou da França.Refira-se que a Guarani é neste momento o maior produtor mundial de biocombustíveis e em Moçambique, a produção etanol, particularmente, aguardava a recomendação governamental sobre a política do género.

74 dólares por 1L de sangue

O negócio de sangue humano, um líquido essencial para a vida, está a ganhar terreno na vila municipal de Monapo, província de Nampula, norte de Moçambique, sob o pretexto de salvar vidas de pessoas que se encontram internadas nas unidades sanitárias locais. Segundo o matutino “Noticias”, esta situação deve-se a incapacidade de doação por parte dos parentes de alguns pacientes que se encontram internados no Hospital Rural de Monapo, padecendo de diferentes enfermidades, cujo tratamento passa pela transfusão de sangue.Assim, começam a surgir indivíduos que se predispõem a oferecer parte do seu sangue a troco de valores monetários que oscilam entre mil e dois mil meticais (um dólar equivale a cerca de 27 meticais ao cambio actual) para meio litro de sangue.Esta prática e’ mais comum no Hospital Rural de Monapo (HRM), uma unidade sanitária que presta vários serviços, incluindo cirurgia, maternidade e pediatria, além de medicina geral garantidos por uma equipa de médicos especializados. Os serviços médicos ali prestados são procurados também por pacientes dos distritos circunvizinhos de Mossuril, Ilha de Moçambique, parte de Meconta e Nacala-Porto. Este negócio a revelia das unidades sanitárias e fora do controlo dos técnicos da saúde, que têm apelado a comunidade, nos seus encontros regulares, para evitar práticas consideradas arriscadas e imorais.Porém, a directora daquela unidade sanitária, Telma Xavier, refuta categoricamente o envolvimento de técnicos do hospital sob sua gestão no negócio de sangue. “Sempre que um paciente internado no Hospital Rural de Monapo necessite de sangue para corrigir uma anemia ou para aplicação no decurso de numa intervenção cirúrgica nós notificamos esse facto aos seus parentes e deixamos claro que o hospital, naquele momento, está com o seu “stock” esgotado, dependendo do grupo sanguíneo”, asseverou Telma Xavier.Os parentes procuram por potenciais doadores de sangue entre as pessoas da comunidade para convencê-los a doarem sangue no HRM. O sangue colectado é submetido a testes obrigatórios e em caso de se provar a sua utilidade faz-se o uso do mesmo, seguindo recomendações médicas.Contudo, devido à demanda dos serviços prestados, o “stock” de sangue do HRM tem registado ruptura que é suprida sempre que os doadores respondem aos apelos do sector da saúde, no sentido de fazer doações para salvar vidas em perigo.Neste sentido, não há necessidade de as pessoas se envolverem em negociatas para vender ou comprar sangue para transfusão, pois quem decide pela transfusão ou não é o médico e não há como as pessoas usarem o sangue fora da unidade hospitalar.Segundo aquela responsável, vender sangue que possa salvar uma vida, mais tarde, é um acto imoral protagonizado por gente sem escrúpulos e oportunistas.

G-19 avisa:os nossos contribuintes estão na rua!

Os parceiros de cooperação do Grupo de Apoio Programático (G-19) defenderam, em Maputo, a necessidade de o governo moçambicano continuar a apostar o combate a corrupção e transparência na condução dos negócios do Estado.Falando em nome do G-19, durante a Reunião Final do Processo de Planificação do Quadro de Avaliação do Desempenho, o Alto-Comissário do Canadá em Moçambique, Alain Latulippe, instou o Governo a colocar no topo das suas prioridades o indicador referente a luta contra a corrupção.Neste contexto, afirmou que o Grupo apoia o pacote legislativo Anti-Corrupção remetido ao parlamento.“Mas há ainda muito por fazer. Este pacote legislativo precisa de ser aprovado. A sociedade civil tem um papel a desempenhar e o seu ponto de vista deve ser reflectido neste exercício”, defendeuEnquanto se aguarda pela aprovação das novas leis, segundo Latulippe, o desafio deveria ser a implementação da legislação vigente.Reiterou, por outro lado, a importância da transparência em todo o processo de governação, incluindo na condução dos negócios do Estado.“Nos nossos países, o povo está na rua. Temos de desenvolver o nosso trabalho num ambiente diferente com relação aos anos anteriores”, disse Latulippe numa referência às manifestações que têm vindo a abalar quase toda a Europa, e não só, associadas a actual crise económica internacional.Ele reconheceu que, apesar da actual conjuntura internacional, o processo de planificação decorreu num ambiente excepcional. No actual processo de planificação do quadro de avaliação, segundo Latulippe, o número de indicadores foi reduzido, ao mesmo tempo que foram definidos os elementos mais relevantes, nomeadamente a gestão das finanças públicas, transparência, a luta contra a corrupção, entre outros.“Os nossos contribuintes querem resultados, pelo que precisamos destes indicadores para medir estes resultados”, disse.Para os Parceiros de Apoio Programático, está cada vez mais evidente que Moçambique é um país que promete, a avaliar pelo potencial dos seus recursos, porque estes podem trazer benefícios para o povo, através do desenvolvimento socio-económico.O Processo da Reunião Final de Planificação do Quadro de Avaliação de desempenho teve como objectivos acordar os indicadores e metas para o ano 2012 e metas indicativas para 2013 e 2014. Igualmente serviu para apresentar os progressos registados em relação “aos assuntos de atenção especial” identificados na Reunião Anula de 2011.

sexta-feira, outubro 21, 2011

O ponto final a uma revolta de oito meses

Muamar Kaddafi foi fatalmente ferido por uma bala nos intestinos depois de ser capturado, de acordo com um médico que examinou o corpo, em meio a relatos conflitantes sobre a morte do ex-líder líbio. Kaddafi, de 69 anos, foi morto e capturado por combatentes líbios do governo provisório, a quem ele havia chamado de "ratos" no começo da insurreição de oito meses que pôs fim a seus 42 anos no poder. Ele foi localizado no dia 20 quando as forças líbias assumiram o completo controle da cidade-natal de Kaddafi, Sirte. "Kaddafi foi capturado vivo, mas morreu depois. Houve uma bala e essa foi a causa primária de sua morte; ela penetrou nas suas entranhas", afirmou o dr. Ibrahim Tika à TV al Arabiya. "E houve uma outra bala na cabeça, que entrou e saiu". Antes, o primeiro-ministro do governo provisório líbio, Mahmoud Jibril, ao ler o que disse ser o relatório da autópsia, declarou que Kaddafi foi retirado sem resistência de um "cano de esgoto", alvejado no braço e colocado num camião, que foi então "travado num cessar-fogo" enquanto o levava ao hospital. Imagens mostravam um homem com os cabelos longos e encaracolados de Kaddafi, coberto de sangue e sofrendo golpes de homens armados. Tika, que também examinou o filho de Kaddafi, Mo'tassim, disse que ele teria morrido depois do pai. "Quanto a Mo'tassim, houve um ferimento no peito e logo abaixo do pescoço. Havia outros ferimentos nas costas e nas pernas", disse. Sempre que precisava fugir às pressas, Muamar Kaddafi deixava para trás evidências do estilo de vida extravagante desfrutado durante décadas de seu regime tirânico. Conforme palácios e abrigos iam sendo dominados pelos rebeldes, a pompa e o luxo que cercavam os filhos e seguidores mais próximos do líder emergiam diante de olhares estupefatos - e furiosos. Kaddafi acumulou um patrimônio bilionário, que chegou a ser calculado em US$ 80 bilhões, entre recursos no exterior, ouro e imóveis.Diversas propriedades da família foram descobertas. Um complexo de mansões na zona costeira, nos arredores de Trípoli, virou parque de diversões dos combatentes rebeldes. As residências de dimensões hollywoodianas pertenciam ao próprio ditador, aos filhos dele e a conselheiros próximos, como Abdullah al-Senussi, o chefe de inteligência, acusado pelo massacre de 1.200 prisioneiros da cadeia de Abu Salim, em 1996. Uma das casas tinha banheira de hidromassagem, jet skis possantes, escola de mergulho, um estábulo e até pista para saltos de cavalos. O dono era Hannibal, o quarto filho de Kaddafi.Chegou-se a especular que o ditador teria barras de ouro suficientes para encher um avião. No complexo de Bab al-Aziziya, em Trípoli, rebeldes encontraram pistolas de ouro e até artigos exóticos: um abanador onde havia um elefante esculpido a ouro. E um sofá de gosto duvidoso, em formato de sereia - mas com o rosto da filha de Kadafi, Aisha. Uma curiosidade foi o álbum de fotos da ex-secretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice, por quem Kaddafi já havia declarado admiração. Ela havia visitado a Líbia em 2008.Os carrinhos de golfe encontrados na fortaleza foram usados pelos opositores para rodar pela capital.Na cidade natal do ditador, Sirta, havia mais sinais da riqueza abundante no pomposo centro de conferências Ouagadougou - complexo construído especialmente para receber líderes estrangeiros. Em setembro, os rebeldes do CNT ainda ganharam uma herança inesperada: encontraram US$ 23 bilhões em activos no Banco Central da Líbia. Os recursos foram destinados à reconstrução do país.

quinta-feira, outubro 20, 2011

O que aconteceu com Samora?

Olivia Machel, filha mais vela do primeiro presidente de Moçambique, em debate difundido pela televisão privada STV, diante do então ministro da Segurança Sérgio Vieira que também participou do debate, acusou a Força Aérea de Moçambique de não ter escoltado o avião que viria a despenhar-se em Mbuzini, na África do Sul, a 19 de Outubro de 1986. Olívia Machel é filha do primeiro casamento do que viria a ser o primeiro presidente da Moçambique. Na altura Samora Machel era enfermeiro na Inhaca.João Cabrita, jornalista e investigador que investigou o acidente de Mbuzini até à exaustão e prossegue, disse que “ao insistir na tese de que Samora Machel foi assassinado, o presidente da República Armando Guebuza está a assumir uma postura ambígua. Isto porque a Comissão Nacional de Inquérito, às causas do acidente de Mbuzni, da qual Guebuza é presidente, corroborou com as conclusões da Comissão de Inquérito instaurada pela África do Sul como Estado da ocorrência do desastre, incluindo as que se referem à causa do desastre.”Cabrita acrescentou que “essa postura ambígua do chefe de Estado moçambicano leva a concluir que ao mais alto nível do governo da Frelimo optou por um alinhamento a Moscovo e à politica dos soviéticos visando exonerar a tripulação do Tupolev presidencial, contrariando assim o que havia sido constatado pelos investigadores moçambicanos e os seus congéneres sul-africanos e soviéticos”. Faça dois "clik" nas páginas para melhor perceber uma das várias correntes sobre a morte de Samora Machel.

segunda-feira, outubro 17, 2011

Capitalismo & poder sem novos truques

O movimento Ocupe Wall Street (Occupy Wall Street) obteve novo ímpeto nesta segunda-feira, com quase US$ 300 mil em caixa e a satisfação de atrair a atenção mundial para seu protesto contra a crise financeira e a iniquidade econômica. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban ki-moon, expressou simpatia aos manifestantes e até mesmo o governo da China, que se abstém de comentar assuntos internos dos outros países, disse que algumas questões levantadas pelos manifestantes norte-americanos são pertinentes. O movimento começou em 17 de setembro."Nós sentimos que existem questões levantadas por esse movimento que devem ser avaliadas", disse Liu Weimin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em Pequim. "Através da mídia sabemos que existem muitos comentários, discussões e reflexões", disse Liu. O jornal estatal GlobalTimes disse em editorial que os chineses deveriam "observar calmamente o movimento de protestos e a situação mundial e não serem confundidos por pontos de vista extremistas".A partir de algumas dezenas de manifestantes que começaram a acampar em protestos contra Wall Street no parque Zuccotti, em Manhattan, o movimento cresceu para manifestações de centenas de milhares de pessoas não apenas nas maiores cidades dos Estados Unidos, como também do Canadá e da Europa.Ban disse que os ministros das Finanças dos países do G-20, grupo das 20 nações mais industrializadas, agora em reunião em Paris, deveriam escutar os manifestantes. "Olhar apenas para os assuntos econômicos internos não dará respostas à essa crise econômica internacional, que é muito séria", disse Ban. "Isso é o que vemos ao redor do mundo e que começou a partir de Wall Street, as pessoas estão mostrando suas frustrações e tentam mandar uma mensagem bem clara ao redor do mundo".No final de semana passado, ocorreram manifestações em Londres, Roma, Seattle, Madri, Paris e várias cidades. Os maiores protestos ocorreram na Europa. Em Roma, centenas de arruaceiros se infiltraram em uma passeata pacífica de dezenas de milhares de pessoas, provocando danos estimados em pelo menos ? 1 milhão (US$ 1,4 milhão) com atos de vandalismo.Ao redor dos Estados Unidos, mais de 350 pessoas foram detidas em seis cidades durante os protestos. Na segunda-feira, o ativista dos direitos civis Cornel West deverá comparecer mais tarde a um tribunal, após ter sido detido em Washington junto a outros 18 manifestantes quando protestavam nos degraus da Suprema Corte dos EUA.Em Nova York, mais de US$ 300 mil em dinheiro vivo foram doados ao movimento através da internet ou de pessoas que visitaram o parque Zuccotti, disse Bill Dobbs, que atua como assessor de imprensa do Ocupe Wall Street.As informações são da Associated Press.

Brada aos céus!

A Direcção da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a maior e mais antiga instituição do ensino superior em Moçambique, decidiu retornar, a partir do próximo ano, ao anterior currículo académico trocado há apenas três anos.Há três anos, a UEM decidiu trocar o seu currículo académico o que, dentre vários aspectos consistiu na redução do período de licenciatura de quatro anos para três, na maioria dos cursos, e de sete para seis anos, para o curso de Medicina. Na altura, a instituição justificou essa adopção do currículo conhecido como Modelo de Bolonha, por este último ser alegadamente flexível para a formação de quadros necessários para o desenvolvimento do país.Entretanto, semana passada, o porta-voz da UEM, Joel das Neves, anunciou o retorno ao currículo anterior, alegando que o Modelo de Bolonha “não é viável”.Facto curioso é que a introdução do currículo até agora em vigor não reuniu consenso por parte de académicos, sector privado e sociedade no geral, mas a UEM na altura liderada pelo padre Filipe Couto disse que a adopção do Modelo de Bolonha era irreversível, pois estava provado ser o mais ideal para o país.O padre Couto cessou funções como reitor da UEM em princípios de Maio último, tendo subido para esse cargo o antigo vice-reitor Académico, Orlando Quilambo. Desde a sua ascensão, Quilambo (da equipa directiva de Couto)tem vindo a tomar medidas contrárias às anteriores decisões, sendo uma delas o retorno de estudantes que frequentavam o curso de Agronomia em Sábie, distrito de Moamba, província de Maputo, para o campus principal da UEM, localizado na cidade de Maputo.Os 113 estudantes estavam matriculados na nova Escola Superior de Desenvolvimento Rural de Sábie (ESUDER), criada no distrito da Moamba, Sul de Moçambique, mas a sua transferência para a Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal foi anunciada em Julho último, alegadamente por falta de laboratórios e bibliotecas em Sábie.

Porque não é "Zé Ninguém", o escritor....

....... moçambicano Mia Couto, homenageado na quarta edição do Escritaria, em Penafiel, acha que perante a situação actual “é preciso sair à rua; é preciso revoltarmo-nos; é precisa esta insubordinação”.Interrogado pela agência Lusa sobre o movimento dos “indignados”, que desfilaram um pouco por todo o mundo, Mia Couto admitiu que preferia a ingenuidade combativa dos manifestantes “à resignação, que acaba por ser uma aceitação antecipada de um veredicto que é o da marginalização e o da redução ao nada”. Ele, que foi um militante empenhado da luta pela independência moçambicana, acha “que só há que saudar gente que faça coisas e não cruze os braços, mesmo que não ainda compreenda exactamente qual é a saída”. “Pelo menos vem dizer que não aceita o que está a acontecer, e isso é importantíssimo”, concluiu.Para o escritor, “há uma espécie de imposição de lógicas que têm de ser interrogadas”. “Dizem-nos que o mundo está mal e que o mundo precisa do nosso sacrifício, que entendamos a situação, mas acho que, uma vez mais, estão a pedir sacrifícios a quem sempre foi pedida a mesma coisa”, afirmou. Reportando-se à situação moçambicana, lembrou que, quando se juntou à revolução, o lema era que o militante da Frelimo era o primeiro no sacrifício e o último no benefício. “Acho que isso morreu para a Frelimo, morreu no mundo hoje”.Sobre a inversão do fluxo de emigração a que a crise tem obrigado muitos portugueses, Mia Couto diz esperar “que este novo movimento, que já não é só de sul para norte, mas também de norte para sul, de este para oeste, nos coloque numa situação de maior partilha, numa condição mais igualitária do que no passado”. E esclareceu: “Não que eu fique contente com a crise que está a acontecer neste centro que é a Europa, mas o que se passa é a emergência de outro centro. O Brasil é esse centro e, por isso, joga um papel decisivo dentro desta família de língua portuguesa”.Não deixa, no entanto, de reconhecer que Portugal continua a desempenhar o papel de “porta-giratória” da lusofonia, no que à cultura diz respeito. “Para que eu conheça o que está a ser publicado em Angola, em Cabo-Verde, em São Tomé, eu tenho de vir a Portugal. Nós não temos contactos directos. A nível de África, são muito escassos e o Brasil, embora menos, também depende do que se passa em Portugal”, afirmou.

quinta-feira, outubro 13, 2011

Ao estilo dos democratas americanos

Um avião cargueiro militar da Força Aérea dos Estados Unidos da América (EUA), “Galaxy C-5”, aterrou ao princípio da tarde de domingo, na Base Aérea das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) localizada no Aeroporto Internacional de Maputo, e deixou no local material que a representação diplomática dos Estados Unidos em Maputo diz ser material de funcionamento da própria embaixada, mas fonte ‘oficiosa’ da Polícia da República de Moçambique, no comando geral, diz ter sido material bélico para a Swazilândia. A Reportagem do "CM" apurou no aeroporto de Maputo, que o aparelho descolou duas horas depois, ou seja, perto das 16 horas, para destino desconhecido.Fontes das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas, garantiram que o avião militar americano transportava material bélico. No entanto, fonte oficial da embaixada americana tem outra versão e diz que é costume aviões militares americanos virem a Maputo trazer coisas para uso exclusivo da embaixada.Um outro oficial superior, dessa vez da Polícia da República de Moçambique (PRM) disse, entretanto, também no domingo, que “o avião Galaxy C-5, militar, traz material militar de cooperação que está de passagem”.No Aeroporto Internacional de Maputo, foi vedada o acesso à placa. Mesmo assim conseguiu-se captar de longe a imagem do aparelho quando se preparava para levantar voo.O adido de Imprensa e Cultura da Embaixada dos Estados Unidos da América em Maputo, Tobias Bradford, refuta a versão das duas fontes moçambicanas, uma militar e outra da Polícia da República de Moçambique. Diz que “o avião já veio a Maputo várias vezes trazer material de uso corrente pelo pessoal da embaixada”.“Os materiais que vieram é para a embaixada mesmo. Os materiais que vêm nunca vão para outro país. São mesmo para uso só da embaixada. Então aquilo não é nenhum material bélico”.“Sobre o suposto suporte do governo americano para a Renamo devo dizer que não tem propriamente base. Devo dizer que nem foi o governo que fez essa acusação mas deixe-me repetir que nós não apoiamos nenhum partido político nem nenhum movimento que queira para além de paz e estabilidade em Moçambique. Nós queremos um Moçambique bem, estável, com progresso económico e político. Então nós refutamos quem diz que nós temos essas intenções.”Mas quem diz que aquilo é equipamento para a Swazilândia são fontes da Policia e Forças Armadas de Defesa de Moçambique, insistiu-se na conversa com a fonte da embaixada americana que ouvimos a respeito do caso. “Aquilo não é material para nenhum país, nem para a Swazilândia nem para outro país. É material para uso da embaixada e neste caso os equipamentos são aparelhos de exercício de ginástica”, afirmou Tobias Bradford, adido de Imprensa e Cultura da representação diplomática de Washington em Maputo.Note que as fontes foram contactadas depois de visto o avião a aterrar. São fontes oficiosas, digamos assim, não oficiais porque não quiseram dar a cara, mas são fontes militares e policiais, insistimos com Bradford.“Isso pode dar uma ideia muito diferente do que era a situação. A situação era muito simples. Esse tipo de avião vem de vez em quando segundo os tipos de necessidades da embaixada. Os materiais que vêm nunca vêm para outro país. São para uso da embaixada.”Mas as fontes disseram que aquilo era material bélico para a Swazilândia. E Bradford respondeu: “Aquilo não é nem para a Swazilândia nem para nenhum outro país. Foi material exclusivamente para uso interno da embaixada e neste caso os equipamentos são para exercícios de ginástica”.“Mas note ainda que quando se fala em material de cooperação não quer dizer que seja material bélico. Nós não trouxemos nada de material bélico”.“Os factos podem dar uma ideia do que era a situação. A situação era muito simples.”“O avião vem de vez em quando para suporte administrativo da embaixada. Não vem com uma regularidade fixa. Depende das necessidades da embaixada e da disponibilidade de um avião daquele tipo”.Contactadas de novo, na terça-feira, as fontes moçambicanas. Reiteraram o que no disseram no domingo. A fonte policial disse, inclusivamente, que no sábado, véspera do avião ter estado em Maputo, houve um encontro com a Polícia para tratar do assunto, tendo estado presentes elementos americanos.Recentemente, no porto de Maputo, um contentor foi apreendido pelas autoridades moçambicanas, porque alegadamente continha armamento que era levado para a Swazilândia. Mas tarde, as próprias autoridades moçambicanas vieram a público dizer que o contentor não continha armamento, mas, sim, “brinquedos para crianças da Swazilândia”.Na Swazilândia a monarquia local está a abraços com a oposição política (civil) que exige reformas constitucionais, políticas e a realização de eleições livres justas e transparentes.Em Moçambique, o líder da Renamo – o segundo maior partido político com representação parlamentar, na oposição – vem ameaçando realizar uma revolução para derrubar o governo da Frelimo. Recentemente, o governo moçambicano acusou os Estados Unidos da América de estar a apoiar militarmente a Renamo para levar avante as suas pretensões de derrubar o executivo do presidente Armando Guebuza, uma acusação também na altura prontamente refutada pela representação diplomática dos EUA em Maputo, que as considerou de “infundadas”.Afonso Dhlakama tem vindo a dizer que o seu partido tem homens fortemente treinados e equipados militarmente capazes de “atirarem em caso de necessidade”, ao que o ministro da Defesa, Filipe Nyussi, respondeu que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) estão preparadas para actuar “em caso de ameaça à soberania”. Sabe-se de fontes seguras que o exêrcito moçambicano está a concentrar, por prevenção, material bélico não especificado na provincia central da Zambézia, onde a RENAMO está a agrupar os seus sexagenários guerrilheiros.A Embaixada Americana em Maputo emitiu um comunicado nos seguintes termos que passamos a transcrever na íntegra: “Um artigo recente na imprensa sugeriu que um avião militar dos E.U.A. trouxe equipamento militar destinado a Moçambique e/ou Suazilândia. Para esclarecimento, o avião descarregou equipamento de apoio administrativo não-militar, para o uso dos funcionários da Embaixada dos E.U.A. em Moçambique. Nenhum material foi entregue para qualquer outra finalidade ou para uso por qualquer outro país, incluindo Moçambique e Suazilândia. O vôo utilizou o espaço aéreo da Suazilândia na rota para e de Maputo, mas o avião não aterrou naquele país. Como é o caso com todos os vôos, este vôo de rotina de apoio administrativo foi coordenado com o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moçambique. Qualquer sugestão de que este equipamento de apoio administrativo pudesse ser usado por qualquer outro grupo ou para qualquer outro propósito é absolutamente falsa”.“O governo dos E.U.A. é um parceiro forte do governo e povo de Moçambique e apoia programas nas áreas de saúde pública, segurança marítima e alimentar, educação, e desenvolvimento de infra-estruturas. Como demonstra o seu compromisso com estes programas, os E.U.A. estão interessados num Moçambique económica e politicamente forte”.“O porta-voz da Embaixada está disponível para comentar sobre qualquer assunto envolvendo o governo dos E.U.A.” (F. Veloso e B. Álvaro)