Uma pintura sobre o último modelo do Fiat 500, retratando a mulher nas comunidades moçambicanas, foi a última obra do falecido artista Malangatana e apresentada hoje em Maputo para leilão, a favor da fundação deixada pelo pintor. Durante cerca de três semanas de novembro de 2010, Malangatana trocou o seu atelier pelas oficinas da revendedora de automóveis Técnica Industrial, nos arredores de Maputo, e a tela normal pela chaparia de um Fiat 500, para dar vida à "Italiana", o nome que o autor deu à sua última obra antes de morrer em Portugal, em janeiro deste ano. Apesar de o nome estar associado ao país de origem do mítico Fiat 500, na "Italiana" Malangatana homenageia a mulher moçambicana, ressaltando a dignidade com que reage às privações do dia a dia. Segundo o administrador do Grupo João Ferreira dos Santos (JFS), Francisco Ferreira dos Santos, sociedade proprietária da Técnica Industrial, a possibilidade de Malangatana pintar um carro da empresa foi encarada como uma forma de tributo aos laços que o pintor manteve com membros das várias gerações da família que fundou o grupo. "É uma história de famílias, porque ele se relacionou com as três gerações dos João Ferreira. Quando lhe propusemos a obra, para leiloar a favor da fundação dele, aceitou logo", disse Francisco Ferreira dos Santos.Apesar de já debilitado pela doença que acabou lhe causando a morte, recorda o administrador do Grupo JFS, Malangatana pintou a "Italiana" com uma "energia incrível". Para a família do pintor, a obra é uma forma de pôr em movimento o sonho de Malangatana, que quis que o seu legado fosse transmitido às novas gerações através da sua fundação."Dizia que estava a namorar uma ´Italiana`, que lhe iria ajudar a criar um filho, a fundação que vai receber os resultados da venda do carro que pintou", disse na ocasião Mutxine Ngwenya, um dos filhos do pintor. A viatura será leiloada a partir do dia 06 de junho próximo para todo o mundo, mas a partir de Maputo, estando a ser definidos os termos da arrematação, segundo informações divulgadas na exibição da obra.Malagantana Valente Ngwenya, que morreu aos 74 anos no Porto, é para muitos o melhor pintor africano.
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