segunda-feira, abril 25, 2011

Renamo devolve blindado

O distrito de Marínguè, na província de Sofala, viveu momentos de agitação militar na quinta e sexta-feira últimas, na sequência de troca de tiros entre os antigos beligerantes do Acordo Geral de Paz (de um lado a Polícia da República de Moçambique, doutro lado a Renamo). Fontes locais afirmaram que houve um morto da parte da Polícia, mas fontes oficiais da PRM assim como do governo provincial de Sofala e distrital de Marínguè dizem que não houve nenhuma vítima humana, facto este confirmado também por uma fonte segura da Renamo. Informações postas a circular ontem, dão conta, entretanto, de que ao longo do fim-de-semana houve troca de tiros entre a Polícia e os guardas armados da “perdiz”, do qual resultou um morto. As mesmas fontes afirmaram que a troca de tiros foi “intensa” e “obrigou alguns populares a deixarem Marínguè”. Este dado foi desmentido pelo porta-voz da PRM em Sofala, Mateus Mazibe, que disse não ter havido nenhum confronto entre as partes, muito menos vítimas mortais na Polícia. Admitiu, no entanto, que os soldados da Renamo dispararam ao todo nove tiros, em duas fases, respectivamente na quinta-feira e sexta-feira. Uma fonte da “perdiz”, designação por que a Renamo também é conhecida, disse-nos que “houve tiroteio” mas contou-nos que “na verdade tudo começou quando elementos da Organização da Juventude Moçambicana, organização da juventude da Frelimo, deslocaram-se à pista de aterragem do aeródromo de Marínguè alegadamente a fim de procederem à limpeza da mesma e foram interceptados pelos guardas armados da Renamo que os proibiram. A meio da pista desemboca uma picada que dá acesso à zona militarizada da Renamo, onde sempre esteve instalado o quartel general do movimento liderado por Afonso Dhlakama no tempo da Guerra Civil, e que nunca foi desactivado. Os jovens foram queixar-se à Polícia de que elementos da Renamo os tinham interditado de actividades na pista do aeródromo e a Polícia dirigiu-se para o local num carro de assalto, blindado. Os homens da Renamo receberam os polícias que estavam no blindado a tiro, tendo os mesmos fugido em debandada, abandonando inclusivamente o blindado que ficou entretanto na posse dos guardas armados da “perdiz”. O blindado ficou na posse dos homens armados da Renamo. Foi devolvido mais “após de negociações”. A fonte da Renamo com que contactámos afirmou que “o que posso assegurar é que não houve vítimas humanas como se tem dito, mas esta é a verdadeira história”. O administrador de Marínguè, Absalão Chabela, disse ontem que, “de facto, houve ligeiros tiroteios naqueles dias, mas Marínguè está calmo”.“Foram os seguranças da Renamo quem começaram por disparar contra os nossos polícias. Não houve vítimas humanas”, assegurou o administrador a imprensa local. Não se sabe o número de seguranças da Renamo que terão protagonizado os referidos disparos. Entretanto, embora a fonte da Renamo se tenha recusado a revelar mais pormenores a respeito do assunto, sabe-se que Afonso Dhlakama tem estado a mobilizar os seus homens para uma eventual confrontação com as tropas do Estado. Dados de fontes fidedignas apontam que a “perdiz” tem pelo menos trezentos seguranças armados, o que a confirmar-se é o dobro do que lhe foi permitido aquando da assinatura do Acordo Geral de Paz, há cerca de 20 anos, no âmbito do protocolo quatro do AGP. Entretanto, o Major Bhola, responsável pela referida segurança e que se entregou ao Governo há dias em Marínguè, afirmou que na base da Renamo em Marínguè existiam até a sua saída 510 homens equipados com diversas armas pesadas e ligeiras de tipos B-21, bazookas, morteiros-60, AK-47 incluindo motores de moagem e viaturas, grupos geradores e rádios de comunicação. Revelou também ter entregue às autoridades uma granada, sete obuses de “bazooka”, três de morteiro-60 e seis de morteiro-80, afirmando-se ainda disponível a indicar esconderijos de armamento localizados a 90 quilómetros do antigo Quartel-General. (Adelino Timóteo)

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