quarta-feira, abril 13, 2011

Mubarak ameaçado em Moçambique

O general na reserva e representante da direcção do Partido Frelimo na província de Sofala, Alberto Joaquim Chipande, dirigiu-se ao Instituto de Ciências e Tecnologia Alberto Joaquim Chipande, na pessoa do respectivo reitor Rissuane Mubarak, em carta de duas páginas, onde acusa a ISCTAC de fazer uso indevido e abusivo de seu nome para obter vantagens de terceiros, prometer ou aceitar, para benefício próprio, ofertas com o propósito de obter julgamento favorável sobre os serviços prestados institucional ou individualmente, assim como para promover a imagem política e social dos seus gestores. De acordo com uma cópia daquele documento que deu entrada no Ministério da Educação e no Gabinete do Governador de Sofala, Alberto Joaquim Chipande, refere que a designação que lhe atribui o patronato do ISCTAC foi tomada à sua revelia e sem o seu prévio consentimento. Aquele general na reserva atribui um ultimato de sete dias, contados a partir de 08.04.2011, para a ISCTAC apresentar um documento da estrutura accionista onde conste a sua comparticipação no capital social da sociedade gestora do ISCTAC, nomeadamente a Globalvisa Protocolos, Limitada.De acordo com Chipande, “V.Excias. (ISCTAC) vem apregoado, ao longo dos anos de existência da instituição, com vista a obter e promover os actos acima referidos, que a associação do nome Alberto Chipande à instituição deve-se ao facto de o signatário fazer parte da estrutura accionista da referida empresa, de que não há documentos que o atestam. Por isso, de modo a preservar a sua personalidade moral e pela protecção de seu bom nome e imagem, Chipande intimou a Globalvisa Protocolos, Limitada, no sentido de apresentar provas documentais dentro dos referidos sete dias onde constem provas da sua integração da sociedade, sob pena de, não o fazendo, o lesado recorrer aos meios judiciais e extra-judiciais que se lhe assistem para repor o seu bom nome e imagem”.O documento é subscrito pelo General Chipande, geralmente referido como o homem que deu o primeiro tiro que marcou o processo de luta armada pela libertação nacional de Moçambique. Tentativas no sentido de auscultar Chipande redundaram em fracasso. Ontem insistimos, por várias vezes, para o telemóvel do general na reserva, mas ele não se dignou a atender-nos. Contactado a propósito do referido documento acusatório, Rizuane Mubarak, pronunciou-se nos seguintes termos: “Neste momento estou a sofrer ameaças de morte. No sábado passado, dia 8 de Abril, um indivíduo bem identificado, ligou-me às 23h11 minutos. O indivíduo diz que tem o direito de uso e porte de arma, ameaçou tirar-me a vida se continuasse a defender alguns pressupostos que aqui não vem a tona. Tenho a gravação. Já entreguei a gravação a alguns próximos por uma questão de segurança. Por ser um elemento privado não quero colocar o assunto nos jornais, mas estou a entender que persistem ameaças contra a minha integridade física e moral. Isto ainda se agrava quando começo a perceber que há muita gente interessada em destruir o ISCTAC. Esta instituição está dentro de uma estrutura legal, ainda mais o nosso Estrado caracteriza-se como Estado de Direito. Não acredito que alguém acorde bem ou mal disposto e coloque em causa a instituição que é de âmbito nacional”, desabafou.Acrescentou dizendo que “se alguém está interessado individualmente em destruir o ISCTAC não o irá conseguir desta forma. Isto porque, a sociedade já percebeu que os interesses individuais estão a se sobrepor aos interesses nacionais e da maioria”. Pedimos a Rizuane Mubarak que respondesse concretamente à questão da carta. Referiu que nunca a recebeu. “Eu não acredito nesta informação que dizer estar na carta. Primeiro o General Chipande não iria preferir colocar o assunto de seu interesse pessoal acima da instituição. Não iria usar a sua influência política para proveitos próprios. Não iria colocar a sua reputação feita em 72 anos para ganhos próprios. O general Chipande, se me permite afirmar, tem muito património que vocês jornalistas já escreveram ou se referiram. Não estaria interessado, acredito, em usar o próprio jornalista, para demonstrar a sua pretensão economicista. Ele é um nome público. Já ultrapassou o âmbito familiar. Já está no âmbito nacional. Ele participou na independência, o que significa que participou na edificação de um Estado de Direito. Não seria ele hoje a obrigar o Conselho de Ministros ou um magistrado ou ainda um governador para defender os interesses pessoais dele. Algumas pessoas procuram usar o nome dele para ferir a legalidade. O general Chipande não iria usar os jornalistas quando participou na edificação do Estado de Direito. Iria usar os tribunais para repor os seus interesses. E não iria usar o tribunal, como se fosse um departamento ou um espaço da casa dele”.Perguntamos, entretanto, a Mubarak, se a ISCTAC não constava do rol das universidades tidas pelo Estado como sendo irregulares, ao que afirmou: “Segundo alguns jornais, foram notificadas 38 instituições. E porquê somente falam de ISCTAC, esta que não foi notificada? É um problema pessoal ou dos 38 estabelecimentos de ensino superior notificados? Não acredito que alguém faz normas em casa e só procura visar o ISCTAC. Deixe-nos trabalhar!” Afirmamos termos provas de que ele recebeu a carta que o notifica a provar que consta o nome de Chipande na estrutura societária, ao que ele declinou: “Eu não recebi a carta. Se a tivesse recebido me colocaria à disposição dele e não da imprensa. Os litígios não são discutidos por via da imprensa. Tenho bom relacionamento com o General Chipande”.Pedimos que ele nos revelasse o nome da pessoa que o ameaçou matar, mas ele recusou-se a fornecer-nos a identidade dessa pessoa. “A Globalvisa tem sócios. A reunião vai-se realizar dentro desta semana para discutir vários assuntos da instituição. Aí iremos convidar a imprensa para esclarecimento”.Refira-se que a ISTAC tem mais de mil estudante e emprega 108 funcionários e professores.Este imbróglio que ainda está no começo promete fazer correr muita tinta. (Adelino Timóteo)

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