O tema não é novo: a criminalidade vai de vento em popa na Beira. Nos últimos meses, a actuação de grupos de criminosos pela cidade tem estado a atingir proporções alarmantes, tanto pelo elevado número de assaltos perpetrados quanto pela violência das acções - de tal modo que o assunto virou pão nosso de cada dia.Onde quer que os citadinos estejam — em casa, no serviço, na rua, numa clínica ou até mesmo, vejam só, numa igreja! — já não se sentem seguros. A qualquer momento correm o risco de sofrer assaltos, geralmente perpetrados por grupos com vários integrantes (nalguns casos chegam a dez, doze gatunos) e munidos de armas brancas (catanas) e de fogo.Nalgumas situações, tais assaltos acabam com agressões às vítimas, com recurso a catanas e outros instrumentos contundentes que os bandidos têm vindo a utilizar nas suas incursões.Muitos desses assaltos, tão frequentes nos últimos tempos, nem sequer chegar ao conhecimento das autoridades policiais, em parte porque os cidadãos já perderam a confiança na nossa Polícia.O verdadeiro clima de terror que se vive na Beira chegou a um ponto tal que dá a impressão de que, de facto, só temos uma Polícia para o inglês ver.De vez em quando, numa e noutra esquina, mormente durante o dia, vemos grupos de dois ou três agentes da Polícia da República de Moçambique numa acção a que podemos chamar de ronda estática, mais preocupados em exigir documentos de identificação a pessoas aparentemente de conduta duvidosa ou querendo saber das trouxas que os citadinos transportam.Do anoitecer até ao amanhecer, quando mais se espera a acção policial, os agentes praticamente desaparecem das ruas. Pouca ou quase nenhuma acção de patrulha de vê, tanto nas áreas suburbanas quanto nas urbanas — onde agora também já se faz sentir a actuação dos bandidos.Fica-se com a impressão de que a PRM em Sofala está simplesmente mergulhada num sono profundo, despreocupada com a situação criminal que se vive particularmente na capital provincial.E estamos a falar de um comando provincial que tem vindo nos últimos meses a ser revitalizado - o comandante provincial está há poucos meses no posto, da mesma forma que são novos muitos outros elementos com cargos de direcção em diversos departamentos e esquadras. Pelos vistos, as mudanças operadas na PRM em Sofala, no lugar de trazerem resultados no combate à criminalidade urbana, só vieram tornar ainda mais assustadora a acção dos bandos de criminosos, que planificam e executam as suas incursões num completo à vontade, como se não houvesse na cidade quem imponha a lei e ordem.Até parece ganhar força a denúncia que tem sido feita pelo comandante-geral da PRM: há agentes da Polícia mancomunados com os bandidos!De contrário, não se justifica como é que os criminosos tenham assim tanto campo aberto, actuando sem que ninguém lhes ponha a mão e sempre escapando às garras da Polícia! Esta semana, o comandante provincial da PRM em Sofala, Joaquim Nido, anunciou, em entrevista ao “Diário de Moçambique”, que a Polícia nesta província tem em marcha uma actividade operativa a que baptizou de “plano vassoura”, que tem em vista apertar o cerco aos bandidos, especialmente os chamados “homens de catana”, que têm vindo a semear clima de terror na Beira.Mesmo reconhecendo haver um défice de cobertura policial na cidade, o comandante disse acreditar que a operação em causa vai contribuir para a eliminação dos focos do crime violento que preocupam os citadinos.Porém, parece que a realidade no terreno contrasta com o discurso policial: no lugar de apertar o cerco ao banditismo, a criminalidade atingiu contornos de que não há memória nos anos mais recentes.Mas, apesar dessa situação, queremos aqui manifestar o nosso voto de confiança ao Comando Provincial da PRM em Sofala. Que a vassoura tenha realmente alguma serventia; que sirva para, sendo bem manejada, deixar a casa limpa, como todos queremos!(DM)
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