segunda-feira, maio 02, 2011

Continuar a lutar pacificamente

O Presidente da Organização dos Trabalhadores de Moçambique - Central Sindical (OTM-CS), Carlos Mucareia, disse que não basta criar estruturas de dialogo social e laboral sem pô-las a funcionar.Ele reiterou que a questão da cesta básica adoptada pelo Governo, por exemplo, devia ter sido antes submetida a Comissão Consultiva de Trabalho (CCT) para receber os subsídios necessários.“Não basta criar estruturas é preciso pô-las a funcionar. A questão da cesta básica adoptada pelo Governo, por exemplo, devia ter sido antes submetida a CCT para receber os subsídios necessários”, reiterou Mucareia, no final do desfile que juntou, em Maputo, entre 20 mil e 35 mil trabalhadores. Na baixa da capital, os trabalhadores maioritariamente uniformizados com t-shirts com inscrições alusivas à data e capulanas, empunhavam dísticos, cartazes e tarjas com denúncias sobre as más condições de trabalho, acusações de corrupção ao partido no poder e queixas directas ao chefe de Estado, Armando Guebuza, e à ministra do Trabalho, Helena Taipo, ausentes da cerimónia."FRELIMO devolva o dinheiro que roubou dos ´madjermanes`", lia-se numa enorme faixa que os ex-trabalhadores moçambicanos na antiga RDA empunhavam.A frase é uma forma de manifestar descontentamento pelo fato de o Governo moçambicano não ter alegadamente pago a totalidade das indemnizações canalizadas pela Alemanha resultantes da rescisão de contratos de trabalho. Numa manifestação bastante concorrida, que decorreu sob o lema “Sindicatos por um diálogo social efectivo”, os trabalhadores exigiram, entre outros direitos, uma justa distribuição da riqueza, investimento na formação profissional, combate cerrado contra a criminalidade, corrupção e emprego precário. Os trabalhadores dos serviços de limpeza do município de Maputo optaram por uma exigência direta ao chefe de Estado, lembrando-lhe: "Guebuza, o povo está com fome".A alegada indiferença das autoridades moçambicanas em relação às más condições de trabalho também foi denunciada durante o desfile, em que os trabalhadores do Banco Comercial de Investimentos (BCI) do grupo português Caixa Geral de Depósitos acusam o Governo de "conhecer os problemas dos trabalhadores, mas preferir sentar por cima".Por outro lado, Carlos Mucareia, exortou, no final do desfile, as entidades empregadoras a continuarem a dialogar com os trabalhadores nos locais de trabalho por forma a se alcançar melhores salários, de acordo com as condições de cada empresa.
“Estamos certos de que a nossa mensagem enriquecida com as diferentes mensagens dos trabalhadores tenha alcançado o objectivo e que os empregadores tenham tomado nota de todas as questões levantadas porque o trabalhador moçambicano esta a crescer e a consolidar-se em cada espaço”, afirmou Mucareia.Ele acrescentou que, hoje em dia, “o trabalhador sabe o que quer e como quer”.A mesma fonte indicou que os trabalhadores moçambicanos, ano após ano, tem demonstrado claramente a sua disponibilidade em continuar a lutar, pacificamente, pelos seus direitos, sublinhando que qualquer gesto de violência só gera violência e que esta só destrói e nunca constrói. Contrariamente aos seus antecessores, o actual chefe de Estado moçambicano nunca, em 7 anos de presidência, participou nas cerimónias do Dia Internacional dos Trabalhadores, uma atitude vista como forma de evitar a exposição do Presidente a manifestações que a cada ano que passam tem sido marcadas por mensagens mais hostis ao executivo.Num dos desfiles de 1º de Maio, o ex-chefe de Estado moçambicano Joaquim Chissano foi insultado em plena tribuna da Praça dos Trabalhadores pelos ex-trabalhadores na antiga Alemanha do Leste, tendo o Presidente respondido na altura de forma diplomatica e realismo ajustado as carências do país.

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