O presidente do Partido Renamo disse em Nampula que a recém aprovada Lei do Estatuto do Combate é uma lei “partidarizada e discriminatória”, por isso não faz sentido a sua existência. Segundo disse Dhlakama, “se a Frelimo quer uma lei como está, que a invente lá no Comité Central e que arranje dinheiro para pagar aos seus homens. Não deve pagá-los com fundos provenientes dos impostos dos moçambicanos pobres”. “Nós não podemos e nem devemos permitir isso”, apelou. “A Frelimo está a comprometer a família moçambicana, criando problemas para as futuras gerações (…), não estamos numa aldeia comandada pela Frelimo, somos um povo com seus direitos conquistados com muito suor e sacrifício”, disse Afonso Dhlakama.O líder histórico da Renamo entende que “se há democracia deve ser vivida por todos nós e deve ser respeitada”, porque “Guebuza e seus amigos gozam tudo sozinhos. Estão cheios de regalias”. “Somos obrigados a mudar aquilo”, disse Dhlakama para quem “a Frelimo não pode pensar que vai se manter com a maioria ilegal na AR, porque são resultados falsos e os 191 deputados que tem lá são inconstitucionais”.Disse que o partido que dirige, cuja bancada parlamentar na AR votou contra a aprovação da referida lei, “não vai aceitar uma lei que apenas está a favor dos membros da Frelimo”.“A Frelimo queira ou não, esta Lei vai desaparecer. Não vai ser aplicada aqui em Moçambique e não tem razão de ser”, disseDhlakama questiona, entretanto, “por que razão devem haver três escalões de desmobilizados”.Diz ele que o primeiro é dos que militaram na luta pela independência e dos que pelo menos entraram nas fileiras da Frelimo até duas ou uma hora antes da assinatura dos acordos de Lusaka, os quais gozam de todo tipo de regalias.Afirma que o segundo grupo é constituído pelos então da Frente Popular de Libertação de Moçambique (FPLM), chamado por grupo da defesa, os quais gozam de muitas regalias, embora condicionadas (exigindo-se um mínimo de três anos até a data.Diz que o terceiro grupo é constituído pelos que lutaram pela democracia, que é a Renamo, os quais não têm regalia nenhuma, sendo-lhes exigidos um mínimo de dez anos nas fileiras militares e que até à data tenham o mínimo de catorze anos. Observa que esta medida é para reduzir o número dos desmobilizados que poderão se beneficiar.“Porquê isto se todos lutaram pela causa do país?”, questiona Afonso Dlhakama. O líder do maior partido da oposição em Moçambique entende que osdesmobilizados/combatentes “não são mercenários para serem pagos. Não se pode tratar de uma situação como se estivessem a pagar a mercenários. Apenas é o reconhecimento feito a todos os grupos e as regalias devem ser iguais”.“Por isso, se não forem tratados da mesma forma que seja retirada a lei”.“A Frelimo fala da existência de pouco mais de sessenta mil combatentes da luta de libertação nacional. É um número falso, porque até em 1974 a Frelimo tinha apenas cerca de oito mil desmobilizados. Onde arranjou estes pouco mais de sessenta mil?”, questiona Dhlakama.“Se nós forçarmos a Frelimo para formar os antigos combatentes em cada província, vamos encontrar jovens com trinta anos que ainda não tinham nascido à data da assinatura do acordo de Lusaka. Isto é uma forma de aumentar membros que não tem. Por isso andam a meter filhos, primos, esposas e amantes”, denuncia Dhlakama.“É errado atribuir o estatuto de combatente a uma pessoa que entrou para a Frelimo duas horas antes da assinatura dos acordos de Lusaka”.
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