sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Qual é a coisa, qual é ela?

Quem tem medo de rever os contratos dos mega-projectos? O que distingue os que têm medo de pôr os mega-projectos a render para o País, a render para o Estado, dos outros que insistem em querer que o assunto fique como está, aparentemente a render para alguém que se esconde? Porque será que o governador do Banco de Moçambique, Dr. Ernesto Gove, foi tão objectivo quando alertou o Governo da República que é mesmo necessário rever os contratos com os Mega-projectos para se salvar o País nesta fase tão delicada? Será que só ele foi capaz de perceber que o que se está a passar na África do Norte e no Médio Oriente pode acontecer aqui também? Será que só o Dr. Ernesto Gove foi capaz de perceber que não tarda muito, se o Governo da República continuar com a sua política cega, a alimentar “pançudos” e seus veneradores, um dia destes os actuais senhores ministros já não terão muito mais a dizer e ainda menos a fazer que possa evitar uma explosão social sem precedentes que até o 1 e 2 de Setembro há-de parecer uma brincadeira? Querem os senhores do Governo da República continuar a esquecer-se que o Povo já não pode esperar mais? Não compreendem que o Povo já não está a apertar o cinto na cintura? Não compreendem que o Povo já está a sentir o pescoço apertado e entre isso e a morte tudo o que possa suceder é gorjeta? Acham que é possível com fome suportar-se mais este estado de coisas em que uns ditos “patriotas” de barrigas inchadas pedem aos outros que suportem as suas exibições de fausto, quais insistentes provocações, e ainda batam palmas à esperteza rara de meia dúzia de figurões armados em donos de Moçambique? Alguém no seu juízo perfeito poderá julgar que o Governador do Banco Central de um momento para o outro enlouqueceu ao reconhecer publicamente que é hora de se ouvir quem tem vindo a propor a renegociação dos mega-projectos? Ou quererão que todos fiquemos a pensar que temos um governo de loucos? Não será até que os próprios gestores e accionistas dos mega-projectos também já se aperceberam de que eles próprios já estão também interessados em rever as coisas para salvar o seu património? Não será que o Dr. Ernesto Gove finalmente se convenceu que está a lidar com garotos, aventureiros, ignorantes e irresponsáveis que não entenderam que a “governar” (?) desta maneira vão todos voar como estão a voar todos os teimosos de outras latitudes que se sentiam com o rei na barriga? Ernesto Gove está a alertar o Governo da República para os riscos que o País está a correr com as políticas de subsídios sem sustentabilidade como aliás o Canalmoz e o Canal de Moçambique vêm alertando dando eco a vozes com créditos há muito confirmados. O País não tem mais por onde escolher. Ou o Governo acaba com os subsídios, revê as suas políticas absurdas, renegoceia os mega-projectos e dá uma moratória fiscal às empresas para ganharem novo fôlego sem ser através de mais um bluff como o novo subsídio às pequenas e médias empresas recentemente anunciado mas que não dá para tapar o buraco de um dente cariado, ou isto vai acabar muito mal. Subsídios não resolvem nada. Só agravam a situação porque já todos percebemos que os subsídios não são aplicados aos seus propósitos, pois acabam sendo mais “sacos azuis” para os “pançudos” continuarem a farra. É preciso é que o Estado deixe mais dinheiro nas empresas, já que não faz nada. O dinheiro que o Estado recebe das empresas em impostos que o Governo derrete em farras, seria melhor empregue a pagar melhores salários. O Governador do Banco Central teve o mérito de não se acobardar, pondo até o seu cargo em risco – numa atitude inédita, de grande honradez, que há muito não vemos na “ala dos namorados”. Ernesto Gove provou ser homem para momentos difíceis. Acabou de se posicionar de tal forma que não lhe caberá daqui em diante qualquer responsabilidade se quem de direito preferir continuar a olhar apenas para o seu umbigo e de sua Família, como os outros seus pares distraídos, da Tunísia ao Egipto, a quem, mais recentemente, se juntaram outros, até aquele que queria ser o presidente de África e agora já diplomatas e amplos sectores das forças de Defesa e Segurança que lhe eram fiéis, fartas das suas mentiras e exercícios de ilusionismo, a passarem-se para o lado do Povo, honrando os militares e a diplomacia Líbia. Kadhafi agora com as calças nas mãos passa pelo que até há pouco se julgava impossível. Pensava que montado que estava em tanto petróleo punha e dispunha dos seus concidadãos. Esqueceu-se que não há nada mais incendiário que o Povo revoltado, que o Povo oprimido, que o Povo enganado, que o Povo traído. Deseja-se é que o civismo dos egípcios sirva de exemplo a outros povos. Os egípcios deram uma lição ao mundo. Souberam pôr a andar o ditador, evitando estragar o País. Os mega-projectos já andam há mais de uma dezena de anos a exportar as riquezas do País sem aqui deixarem mais nada a não ser umas boas boladas para os bolsos de quem entre aldrabar eleições e encher as suas contas pessoais vai hipnotizando os pobres prometendo-lhes dias melhores e iludindo os outros moçambicanos fazendo-se passar por quem ama esta pérola do Indico mais do que ninguém. O que o Governador do Banco de Moçambique disse não é mais do que reconhecer o que muitos cientistas liderados pelo IESE já vêm dizendo há muito tempo e ainda esta semana o professor Carlos Nuno Castel-Branco repetiu na sua aula de sapiência na “A Politécncia”. Também muitos outros moçambicanos da oposição se associaram a esses cientistas e há muito que vêm pedindo ao Governo que renegoceie os mega-projectos para que eles passem a contribuir para o desenvolvimento de Moçambique de uma forma significativa e não apenas de uma forma caricatural. Ernesto Gove e os seus assessores e colaboradores terão compreendido que a corda já está esticada demais. O Banco de Moçambique saberá melhor do que ninguém que os cofres estão praticamente vazios – ou a supervalorização do Metical não fosse evidência de que se está já no vermelho. O BM sabe que se nada for feito isto poderá arder, mesmo que desliguem as redes sociais e de telefonia móvel. Estamos na terra do batuque. E não podemos esquecer que quando não há maçaroca para comer há maçaroca para bater. A própria Frelimo sabe bem que quando não havia sequer telefones foi possível levar a luta do Povo avante. O Banco Central saberá melhor do que ninguém que já não se pode continuar a brincar com coisas sérias. O Governador do Banco Central tem de ser ouvido e respeitado. É urgente que os senhores ministros que andam a defender o quinhão do Patrão Grande e os seus tachos acordem porque a temperatura do Sol já vai alta!… Muito alta mesmo!.. Nem os melhores aparelhos de ar-condiccionado conseguirão arrefecer o ambiente se a cegueira dos obnóxios persistir!... É completamente irresponsável quem quiser continuar a ignorar que o rastilho do barril de pólvora já está a arder. Quem o apaga? (Canalmoz / Canal de Moçambique)

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