A Frelimo, através do seu secretário-geral, Filipe Paúnde, distanciou-se das declarações do antigo vice-presidente deste partido, Marcelino dos Santos, segundo as quais o capitalismo e o comércio privado podem atentar contra a unidade nacional.“Se nós não tivéssemos percebido isto (o perigo do capitalismo e comércio privado), teríamo-nos dispersado, cada um para o seu canto. Logo que surgiram as primeiras zonas semi-libertadas, proibimos o comércio privado e criámos lojas do povo, que serviam apenas o interesse da população”, argumentou Marcelino dos Santos.“Aquelas são declarações pessoais do camarada Marcelino dos Santos e não reflectem o posicionamento do partido”, disse Filipe Paúnde, citado pelo diário “O Pais”, adiantando que a Frelimo é um partido coerente nas suas decisões e guia-se pelos seus estatutos e pelo seu programa.Confrontado com o facto de Marcelino dos Santos não ser um “militante qualquer” no partido, por ser um dos fundadores da Frelimo, vice-presidente deste partido, e actualmente membro da Comissão Política e do Comité Central, maiores órgãos desta organização política, Paúnde afirmou que este facto não faz com que as declarações sejam vinculativas.“Não importa se é ou não um militante qualquer ou um dos fundadores do partido, o facto é que não obedeceu aos comandos para aquilo que disse, isto porque o nosso partido é democrático. Por exemplo, quando o partido quis avançar com a revisão da Constituição, deu-se orientações para a chefe da bancada divulgar isso e assumimos”, disse.“Nós temos porta-voz do partido e órgãos com declarações vinculativas e não um militante”, acrescentou.Por causa desta “grandeza” de Marcelino dos Santos no partido, o Paúnde diz estar indignado por este nunca se ter expressado contra o capitalismo e o comércio privado. “É isto que me deixa admirado. Há pouco tempo, tivemos a V Sessão do Comité Central, e o camarada Marcelino não disse nada daquilo e aprovou, e bem, as directrizes do partido”, referiu.Para justificar este posicionamento a Frelimo, na voz do seu secretário-geral, diz que, para além de promover o comércio privado, tem nos privados os maiores parceiros para a prossecução dos objectivos do partido na sua governação. “Nós estimulámos o sector privado, inclusive temos a Confederação das Associações Económicas (CTA), a Fematro, entre outras associações económicas, como maiores parceiros do Governo da Frelimo” disse Paúnde, acrescentando que “nós estamos numa economia de mercado e, por isso, precisámos do sector privado”.O secretário-geral da Frelimo explicou ainda que, pela dinâmica da economia nacional e transnacional, não há espaço para o proteccionismo e conservadorismo económico.“Hoje, estamos no século XXI e não podemos continuar a pensar como se estivéssemos nos anos 70. Não faz sentido! A sociedade moçambicana não é uma ilha, sofre efeitos internacionais também”, defendeu.Filipe Paúnde defendeu que a inclusão do sector privado nas prioridades de governação, não é coisa nova, trata-se da continuação dos programas do primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Machel, aquando do Programa de Reabilitação Económica (PRE).“Os ideais de Samora continuam a ser seguidos. Tal como definiu o plano de eliminação da pobreza em 10 anos, hoje estamos engajados na luta contra a pobreza e privilegiamos o sector privado e estatal”, finalizou.
1 comments:
Por onde andou o Marcelino dos Santos estes anos todos? Só agora é que nota que o seu partido já ñ é o que foi?
c.mota
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