Milhares de pessoas enfrentaram esta madrugada a Polícia, na cidade de Bengasi , norte da Líbia. Os confrontos ocorreram quando uma multidão protestava contra a detenção do advogado e ativista dos direitos humanos, Fathi Tarbel. De acordo com o jornal local "Ouryna", citado pela agência Reuters, os cerca de 600 mil manifestantes estavam armados com cocktails molotov e pedras.Os manifestantes concentraram-se junto à sede do governo para exigir a libertação de Fathi Tarbel, coordenador do movimento que agrupa os familiares dos presos mortos em 1996 durante um tiroteio numa prisão em Trípoli. Segundo o jornal "Al Manara", muitos dos protestantes são familiares das vítimas. Segundo testemunhas, manifestantes da cidade portuária de Bengasi enfrentaram a Polícia e gritaram palavras de ordem exigindo a renúncia do primeiro-ministro Baghdadi al-Mahmoudi .Em declarações à Lusa, um diplomata português disse que não acredita que a situação tenha um desenvolvimento semelhante ao que aconteceu no Egito e adianta ser convicção dos diplomatas da União Europeia, em Tripoli, de que não acontecerá na Líbia uma convulsão que leve a uma mudança de regime. "As condições sociais na Líbia são muito superiores às da Tunísia, por exemplo, porque a Líbia é um país muito rico e a população usufrui de imensas regalias em termos de saúde, de ensino e até de alimentação, além de não ter muita consciência política", justificou.A "manif" desta madrugada foi uma espécie de termómetro da jornada de protestos contra o governo da Líbia, convocada através das redes sociais, que está programada para amanhã. Sob a palavra de ordem "Revolta de 17 de fevereiro de 2011: para fazer um dia de ira na Líbia", um grupo do Facebook, que apela a uma revolta contra o regime de Muammar Kadhafi, reuniu até hoje mais de 4.400 simpatizantes. Um outro grupo, com mais de 2.600 elementos, convida o povo líbio a sair à rua por "um dia de ira contra a corrupção e o nepotismo", assinalando o aniversário da morte de pelo menos 14 manifestantes em Bengasi, a 17 de fevereiro de 2006. Entretanto, o coronel Muammar Kadhafi, no poder há 42 anos, já fez saber que não vai tolerar manifestações contra si ou contra o regime. Numa petição recebida pela agência noticiosa francesa AFP, mais de 200 signatários e organizações da oposição líbia com sede no estrangeiro sublinham "o direito do povo líbio a exprimir a sua opinião em manifestações pacíficas, sem qualquer forma de bloqueio, provocações ou ameaças". Apelam ainda ao coronel Muammar Kadhafi e à sua família para abandonarem todas as autoridades e os poderes "revolucionário, político, militar e de segurança". Os protestos na Líbia são também, claramente, contra o regime de Muammar Kadhafi. De acordo com a televisão Al Jazira, os manifestantes começaram a gritar contra "os governantes corruptos do país", tendo a Polícia respondido com bombas de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão. Alguns dos manifestantes dirigiram-se para a praça Shajara, no centro da cidade, onde ocorreram novos confrontos com a Polícia e partidários do governo líbio. O jornal "Ouryna" afirma que os opositores de Muammar Kadhafi dispersaram com a chegada dos defensores do regime. Pelo menos 14 pessoas, entre as quais dez polícias, ficaram feridas.O poder de convocação da Internet tem aterrorizado os governos totalitários árabes, na Líbia inclusive. Segundo denúncias da Rede Árabe de Informação sobre Direitos Humanos (ANHRI),as forças de segurança libanesas prenderam nos últimos dias vários ativistas por terem publicado na Internet as suas críticas ao regime e o apoio às mudanças democráticas no mundo islâmico.A ANHRI denuncia, também, as advertências feitas por Kadhafi contra o uso do Facebook que, segundo alega o coronel, faz parte de uma "conspiração imperialista".
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