Os novos realizadores de curtas-metragens são produto de um curso organizado pela Universidade Politécnica (A Politécnica) com a produtora “Pirilampo”, do Brasil, tendo como objectivo apresentar caminhos para a realização de peças audiovisuais, por meio de prática.Durante dois meses, os formandos aprenderam as diferentes funções por de trás da câmara, para que um grupo realize um filme de curta-metragem documental.O curso se propunha a estimular a expressão criativa, a auto-reflexão, o trabalho em equipa, para além de valorizar as expressões culturais e as identidades da região em que se realiza.Por outro lado, os iniciantes do cinema terão que ir buscar alternativas ao cinema tradicional.Com efeito, os quatro novos filmes apresentam propostas diferenciadas, por exemplo, em “Shilambwashi Shetu-Esta terra é nossa”, dirigido por Albino Moisés, é uma narrativa biográfica sobre um ex-prisioneiro makonde encarcerado pela PIDE. O mesmo é levado a cumprir a sua pena em Mueda, Ilha do Ibo, Machava e Mabalane. Mais tarde acaba vendido como escravo para a plantação de cana sacarina na Maragra, distrito da Manhiça, aonde casou e vive actualmente com a idade de 110 anos.Importa referir que Albino Moisés é jornalista cultural do nosso matutino.Em busca da felicidade, foi co-dirigido por Shadi Gilani e Jocelyne Mager que é um retracto poético sobre a felicidade na vida quotidiana de quatro pessoas de diferentes idades e actividades que vivem e trabalham em Maputo.Cine Caniço dirigido por Francisco de Souza que é uma história de um cinema da periferia, e fala das motivações que o fazem continuar no negócio.Enquanto isso, O Sal de Sandra Cosme gravita sobre o peixe, percorrendo desde a sua captura, comercialização e consumo.Ou seja, é mostrado desde o mar, mercado e já no Prato; e em cada um, ganha diferentes significados.Todos os filmes foram rodados na cidade e província de Maputo e contaram com o apoio da equipa de formadores brasileiros da Produção Pirilampo que também conduziu o trabalho de edição.As quatro “curtas” foram escolhidas de um total de 18 histórias que pudessem ser filmadas.Mostrando-se feliz com o trabalho, Kaio Almeida, um dos formadores, disse: “posso dizer agora que o Workshop de Cinema Documentário de Maputo foi um sucesso. O trabalho foi árduo para todos os que participaram, seja na posição de formador ou de formando. É verdade que nem todos os filmes estavam finalizados, mas isso deixou a oportunidade de exibi-los novamente e pela versão do director, directors cut, como se diz no mundo audiovisual.”Disse ainda ter gostado de ver as meninas arrumadas, os homens bem alinhados, todos orgulhosos de mostrarem as suas obras de arte diante da comunidade, principalmente das suas famílias e amigos.A formadora Leila Lourenço referiu, a propósito, que “os mais novos cineastas de Moçambique estão de parabéns, não só pelo trabalho, mas também pela competência de conceberem obras cinematográfica, não perfeitas, mas com linguagem próprias e importância de conteúdo. Os filmes que vimos eram tão diversos entre si que se completavam e emocionaram quem assistia com várias nuances do sentimento humano. Palmas para os novos cineastas moçambicanos”.Teodosio Langa, um dos novos produtores aponta que, “sabendo-se que a produção de cinema foi sempre onerosa, com este curso, acho que vamos tentar, de forma modesta, contribuir para que o cinema moçambicano continue a apresentar conteúdos ligados as suas gentes. Este é um tipo de cinema que não demanda muitos recursos financeiros e técnicos, mas que isso não pode significar a baixa qualidade dos mesmos, daí que vamos precisar do apoio dos mecenas e outros parceiros”.
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