segunda-feira, dezembro 20, 2010

Expirou o empréstimo

O movimento feminino do partido Frelimo, a OMM – Organização da Mulher Moçambicana, está a caminho de se apoderar das instalações onde funciona a Escola Primária Completa de Bandula, no distrito de Manica, província do mesmo nome. A OMM alega que nas instalações onde funciona a escola, há pelo menos 18 anos, são suas e que foram “dadas emprestadas ao Governo” local. Segundo a presidente da OMM no distrito de Manica, Sofia Miquissene, as instalações onde funciona a escola foram cedidas ao Governo, pois na altura não havia onde se pudesse instalar uma escola para crianças locais, durante a guerra civil. Actualmente, o local é compartilhado por três instituições diferentes, nomeadamente: a escola, a direcção local de registos e notariados e a delegação distrital da OMM. A OMM não está satisfeita com a partilha das alegadas instalações, pois considera serem exclusivamente suas, sendo que, na sua óptica, o Governo deveria arranjar instalações para abrigar a escola e os serviços de registos e notariados. “Disponibilizamos a casa ao Governo porque estávamos em guerra e não havia outro local para os nossos filhos estudarem. Mais tarde, o Governo implantou ali a sede da localidade, os serviços de registos e notariados,” disse a presidente da OMM em Manica acusando o Governo de “não querer devolver” as instalações. “Agora tentamos articular com o governo distrital no sentido de reaver a nossa casa, e não cedeu. Temos novos projectos para desenvolver localmente, portanto adquirimos máquinas de costura”, disse a responsável da organização feminina da Frelimo, queixando-se de prejuízos alegadamente causados pela escola. O chefe da localidade de Bandula, Paulo Torres, garantiu que a escola será removida do local e as instalações entregues à OMM. Torres disse: “já estão em construção novas instalações para albergar a escola e os serviços de registos e notariados, e deixar as mulheres desenvolver as suas actividades da melhor forma”. “Brevemente, vamos dar de volta a casa às mulheres, porque já passam muitos anos e o governo já está a resolver isto” disse Paulo Torres. Entretanto, não foi explicado em que circunstâncias a OMM obteve as referidas instalações. Nem a presidente da organização, nem o representante do Governo explicaram como as instalações transitaram da administração colonial para o movimento partidário. Também não foi explicado como é que a OMM fez o favor de por a escola ao serviço do Estado. Certo é que a Escola Primária Completa de Bandula deixará de funcionar naquelas instalações, para dar lugar a uma organização do partido no poder.(José Jeco)


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