domingo, setembro 25, 2011

Uma caminhada para lá dos 30 ANOS

Com sede na cidade da Beira e sucessor do extinto Notícias da Beira, o jornal “Diário de Moçambique”, completa hoje 30 anos da sua existência, pois saiu à rua oficialmente a 25 de Setembro de 1981. Segundo reza ainda o historial, essencialmente, o “DM” manteve a mesma estrutura administrativa do Notícias da Beira, incluindo recursos humanos e patrimoniais, carteira de clientes e gestão financeira, registando como principais mudanças o título e o formato (que passou do clássico para o tablóide, de 16 páginas).Era inicialmente produzido em tipografia a quente, com recurso ao chumbo e ao zinco, sendo que a informatização do parque gráfico do jornal viria a registar-se em 1993, quando uma nova impressora, de quatro corpos, foi adquirida pela empresa, passando então a produção do jornal a ser feita em computadores e o processamento das chapas para a impressão em fotolito.A primeira edição impressa com base no novo sistema gráfico, que marcou o início da era da modernização do “DM”, saiu à rua no dia 16 de Agosto de 1993, passando poucos dias depois o jornal a inserir nas suas páginas imagens coloridas, o que o levou a tornar-se no primeiro jornal do país impresso a cores.Culminando um processo desencadeado anos antes pelo Governo moçambicano, o Diário viria a ser privatizado em Agosto de 2001, passando o jornal a ser gerido pela empresa Sociedade Comercial Notícias da Beira, SA, que tem como accionista maioritário o Grupo Académica. Vinte anos depois de constituída a nossa sociedade anónima, o Estado detém 40 por cento das acções, 20 dos quais reservados aos gestores, técnicos e trabalhadores, mas ainda não subscritos pelos candidatos a beneficiários.Em 2002, o Diário de Moçambique tornou-se ainda no primeiro jornal do país a ser impresso simultaneamente em duas cidades — Beira e Maputo. Este projecto veio a ser abandonado pouco depois.
Para si o que é que isso significa e qual é a sua experiência? - eis a questão colocada a Artur Ricardo, director Editorial do matutino há 10 anos .“Primeiro é preciso deixar claro que são 30 anos da retomada do título ‘Diário de Moçambique’, pois alguns dos profissionais estão aqui há mais de 30 anos. Não quer dizer que o Jornal está a ser produzido há 30 anos, mas sim são referentes ao dia em que se retomou o nome do ‘Diário de Moçambique’, extinguindo-se o Notícias da Beira” .Ele explicou que em homenagem ao “Diário de Moçambique”, que era um jornal de orientação progressista, fundado pelo primeiro bispo da Beira, Dom Sebastião Soares de Resende, o Governo moçambicano decidiu que devia retomar esse título, a 25 de Setembro de 1981. Antes, o Notícias da Beira tinha comprado o “DM” e no início saíam os dois jornais, mas o último viria a morrer, ficando apenas um, relatou Artur Ricardo, acrescentando que o Governo moçambicano decidiu mais tarde resgatar o nome “Diário de Moçambique” no formato anterior que era tablóide, o qual prevalece até os dias que correm. “Fomos crescendo como profissionais e muitas pessoas que começaram há 30 anos não estão na empresa, porque perderam a vida e outros saíram para os outros órgãos de comunicação social e essa Redacção do “DM” acabou ficando uma espécie de uma escola de aprendizagem em que foram formados muitos quadros, que estão a brilhar onde se encontram a trabalhar. Portanto, é uma coisa que nos orgulha bastante” — sublinhou Ricardo.Recordou que trabalharam numa situação de guerra dos 16 anos, que afectou sobremaneira o Jornal, porquanto registavam-se frequentemente cortes de energia eléctrica, que foram extremamente penosos, pois se chegava a momentos em que a edição não saía à rua e muitas vezes saía à tarde.Para além de cortes da corrente eléctrica que afectava toda a cidade da Beira, as equipas de Reportagem também tiveram viagens complicadas devido à guerra, quando se deslocavam aos distritos para a recolha de informações.Mas, segundo ele, surgiram depois outras dificuldades de âmbito económico, chegando ao ponto de os trabalhadores ficarem seis meses sem salários. “E para nós, pessoas que temos famílias, foram momentos extremamente difíceis, mas depois acabou sendo superada esta situação e a empresa foi alienada” — realçou.Disse ainda que a grande dificuldade é produzir o jornal a partir de uma província, pois não é fácil isso.“Estou a falar, por exemplo, da distribuição do jornal a partir de uma província, tendo em conta as dificuldades no sistema de transporte como está concebido neste país, não facilita muito para quem produz o jornal diário fora da capital do país, mas nós estamos aqui todos os dias a lutar, todos unidos e avançamos” — frisou.
A trabalhadora Isabel Fernando Chimoio, que ingressou no “Diário de Moçambique” em 1992, disse igualmente que o Jornal era feito de chumbo, considerando este sistema de arcaico, que submeteu aos trabalhadores ao mundo de dificuldades, que viriam a ser superadas com a era de digitalização, que consistiu na recepção de computadores e uma nova rotativa para a impressão de jornais.Segundo ela, a era de chumbo foi extremamente difícil. Acrescentou que “nessa altura, para as pessoas irem ao serviço, pensavam mil e uma vezes, mas agora a gente chega e faz o jornal num fechar e abrir de olhos”.

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