Pelo menos mil mulheres, na sua maioria proprietárias de machambas de arroz na zona de Damas, no bairro da Munhava Matope, na cidade da Beira, amotinaram-se desde a manhã até cerca das 16 horas de ontem, defronte do edifício do Conselho Municipal da Beira (CMB), exigindo o ressarcimento justo pela perda das suas terras ou destruição das suas culturas, em conexão com a implantação do projecto de construção do novo terminal de carvão e minerais no Porto da Beira. O grupo, constituído por mais de mil camponesas, juntou-se naquele local pelo facto de o CMB fazer parte da comissão encarregue de efectuar o levantamento das camponesas lesadas em parceria com a empresa Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) proprietária do projecto.Do mesmo grupo de camponesas, algumas estão a receber 1.500 meticais, outras dois mil meticais e outras ainda cinco mil meticais como compensação. Fátima Manuel Jussa, uma das proprietárias das machambas ocupadas, disse não saber o porquê desta disparidade. “Queremos explicação sobre o porquê de alguns de nós, com mesmas dimensões de terra, recebem cinco mil meticais e outros 1.500 meticais”, referiu Fátima.Por seu turno, Maria Fernando disse que perdeu culturas de arroz e usurparam a sua machamba contra o pagamento de 1.500 meticais. “Lançaram areia e água salgada na minha machamba, quando na altura tinha plantado arroz. Eles não querem me pagar. As minhas amigas, na mesma situação, estão a receber cinco mil meticais”, disse, questionando: “Por que esta forma de tratamento diferenciado?”“Estão a dizer-me para continuar a cultivar arroz numa machamba alagada de água salgada, só porque não querem pagar pelos prejuízos que me causaram. Isto não é possível, porque a machamba pode não produzir mais”, protestou Biquisse António, precisando que “disseram-me que vão pagar 1.500, mas quando procuro saber os porquês ninguém responde”. Entretanto, o representante dos CFM no processo de compensações, Rito Almirante, disse que a disparidade no pagamento dos valores deve-se ao facto de existir um grupo que perdeu apenas culturas de arroz, devido à invasão das águas salgadas, e outro que perdeu culturas e a própria terra. O último grupo tem direito a receber cinco mil meticais, enquanto o primeiro, que apenas ficou sem as culturas de arroz, tem como compensação 1.500 meticais. “Esta base de cálculo destes valores não está ser entendida pelas camponesas, havendo no grupo dos que têm direito a receber 1.500, alguns oportunistas”, afirmou Almirante, prometendo segunda-feira efectuar novos registos. O processo de levantamento indica que mais de mil camponesas ficaram lesadas pela repulsão das areias dragadas no mar. A empresa CFM calcula em 2.9 milhões de meticais o valor envolvido para as compensações.
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