terça-feira, setembro 13, 2011

Reconhecimento merecido

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, disse que o título de Doutor Honoris Causa em Ciências da Educação atribuido a Janet Mondlane vem reafirmar o papel desempenhado por esta figura na formação de quadros, incluindo no período colonial altura em que este direito era negado aos nativos.O título foi atribuído pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a maior e mais antiga instituição do ensino superior público em Moçambique, em reconhecimento do papel dinamizador por ela desempenhado desde a luta de libertação nacional até os dias que correm, nas diferentes áreas da vida social e económica do país.“Ao seres agraciada com o Título de Doutor Honoris Causa em Ciências da Educação fazes-nos recordar o teu papel na formação de quadros moçambicanos, numa altura em que no Moçambique colonizado esse direito era negado ao nosso Povo”, afirmou Guebuza, discursando na cerimónia de graduação da Janet Mondlane, esposa do malogrado Eduardo Mondlane, fundador e primeiro Presidente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e obreiro da unidade nacional.Guebuza recordou que quando Janet Mondlane visitou Moçambique, entre Novembro de 1960 a Fevereiro de 1961, reforçou a convicção de que a dominação estrangeira e a sua máquina de opressão não eram ficções. “Eram, isso sim, realidades do quotidiano do moçambicano, sendo a negação da formação e do progresso social exemplos evidentes”, afirmou o estadista moçambicano.Segundo Ele, isto explica porque Janet Mondlane, depois de regressar aos Estados Unidos da America, se empenhou na mobilização, juntamente com o marido, de recursos financeiros, junto de pessoas de bem, para constituir um fundo de bolsas que seria gerido em Moçambique por André-Daniel Clerc, aquele que, com Eduardo Mondlane, escreveu a obra “Chitlango, o filho do Chefe”.Guebuza recordou que desde 25 de Junho de 1962, ano da fundação da Frelimo, dava-se particular atenção à educação como uma componente fundamental para um envolvimento mais activo dos compatriotas na alteração das condições que lhes eram adversas, acção que, no entanto, continua a ser um dos princípios norteadores do actual governo. Para Guebuza, Janet Mondlane deu uma valiosa contribuição na superação destes desafios, participando na criação, em Kurasini, na Tanzânia, do emblemático Instituto Moçambicano. Esta instituição ocupava-se da formação de nível secundário de moçambicanos e de preparação de outros que seguiriam formação no ‘Kurasini International College’.Com a forte acção da Janet Mondlane, mesmo perante forcas adversas do colonialismo, os programas do Instituto, que dispunha de um internato, ganharam uma nova dinâmica e alargaram-se para o Centro Educacional de Bagamoyo e a áreas como a da saúde e dos serviços sociais. Na área da saúde destaque vai para a formação de pessoal, fundamental para a frente político-militar e para o tratamento da população nas Zonas Libertadas.Os programas do Instituto também abrangiam a área social, apoiando crianças, deficientes, mulheres e órfãos acolhidos no Centro Educacional de Tunduru, local onde se realizaram as maiores conferências sobre as políticas sociais que ainda hoje são prioridade do Governo, entre outros feitos.Guebuza disse que mesmo com a morte do marido, a 03 de Fevereiro 1969, Janet Mondlane não vacilou nem se deixou intimidar por aqueles que viam nas suas virtudes e entrega à causa do seu Povo uma ameaça ao projecto de destruir a coesão do movimento de libertação de Moçambique.“A Janet sabia que a FRELIMO era a sua família alargada e o Povo Moçambicano o seu Povo heróico”, declarou Guebuza. O Chefe do Estado moçambicano indicou que mesmo depois da independência nacional, em 1975, Janet Mondlane não baixou os braços. “Ela continuou a demonstrar o seu pendor para causas sociais nobres. Por isso, por todos os cantos deste nosso belo Moçambique, ela granjeia admiração e simpatia, sendo tratada carinhosamente por Mamã Janet’, frisou Armando Guebuza. Naquela ocasião, o Presidente Guebuza disse a Janet que “todos nós aguardamos, muito ansiosamente, pelas próximas edições das cartas do Presidente Mondlane que integram a colecção ‘Eco da tua voz’”. De acordo com Guebuza, “esta será mais uma oportunidade para conhecermos melhor esse grande Homem que ainda hoje nos inspira nas batalhas pelo bem-estar”.Janet Mondlane, de 77 anos de idade, é natural dos Estados Unidos da América, terra que ela abandonou para se juntar a causa moçambicana. Ela casou com Eduardo Mondlane em 1956.

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