quarta-feira, janeiro 19, 2011

Urgente priorizar a microeconomia

O economista moçambicano Prakash Ratilal, prevê um cenário económico e social mais difícil nos próximos tempos, em consequência da última intervenção do Banco de Moçambique (BM), ao nível da política monetária. A mais recente intervenção, aprovada há uma semana pelo Comité da Política monetária, consiste na revisão em alta das taxas de juro de referência, que registaram um agravamento na ordem de 1% nas Reservas Obrigatórias, numa acção que segundo o BM, visa “refrear a propagação do choque inflacionário em 2011, em virtude de ter tomado nota da prevalência de sinais de pressão inflacionária na economia moçambicana”. Num artigo de opinião sobre as recentes medidas do banco central, Prakash Ratilal considera que as recentes medidas vão trazer consequências reactivas de correcção em alta por parte dos bancos comerciais, facto que terá um efeito multiplicador para todos os sectores sócio-económicos. “... os bancos comerciais poderão aumentar a sua taxa de juros, por forma a cobrir os riscos dos empréstimos, custear as suas despesas de funcionamento e obter lucro para distribuir dividendos aos seus accionistas, depois de pagar os impostos ao Estado. Isto vai certamente elevar os custos do dinheiro e as empresas verão agravados os seus custos de produção, tornando-se menos competitivas, e as mais frágeis poderão eventualmente desempregar trabalhadores”. Para Ratilal, “as medidas no plano monetário e cambial só terão efeito pleno se, a par, se utilizar de forma dinâmica a política fiscal para que ela se torne um instrumento eficaz da política de desenvolvimento do país”. No seu artigo, aquele conceituado economista chama atenção para outros factores de risco que podem, a curto prazo, agravar a vida económica e social em Moçambique, nomeadamente, os contínuos efeitos da crise financeira internacional e a eminente crise de cereais no mercado mundial. “...assistimos ao prolongar dos efeitos nocivos da crise internacional que ainda está a provocar graves efeitos sobre o emprego, sobre as dívidas públicas de vários países, o que pode condicionar a manutenção da sua ajuda pública ao País”, afirma no seu artigo, alertando ainda para a necessidade de “estar atento pois há riscos de a situação alimentar à escala mundial entrar em emergência”. “Tudo isto poderá recair severamente sobre a nossa economia, sobre as empresas, sobre os cidadãos. Se não se conseguir alterar o panorama económico interno com rapidez, principalmente gerando excedentes na agricultura,m se não houver mudanças que incrementem a produção, as taxas de juro internas tenderão a subir ainda mais”, adverte. Segundo Ratilal, que já foi Governador do BM (1981/86) “o Banco de Moçambique pouco poderá fazer para contrariar esta tendência negativa. A única saída que temos é a de efectivamente dar prioridade à microeconomia, valorizar os recursos naturais e as capacidades disponíveis localmente, é valorizar iniciativas de empreendores nacionais”. (mediafax)

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