O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, comemora quinta-feira o seu 68º aniversário natalício, revivendo os momentos inolvidáveis registados na memória do tempo.Para assinalar a ocasião, está nas prateleiras das livrarias em Maputo a obra intutulada “Armando Guebuza, Um pouco de si”, do género fotobiografia, da chancela da Imprensa Universitária, que retrata cronologicamente os vários momentos de vivência do actual estadista moçambicano desde a sua infância.A fotobiografia quase sempre tem por objecto figuras que foram marcantes na sua época ou atingiram o brilho da intemporalidade nas artes, na ciência e na vida pública. A sua característica diferencial é o facto de a narração ser feita pela imagem, reservando-se para o texto a função de interpretar, clarificar, contextualizar a imagem.No livro, com 152 páginas, Armando Guebuza protagoniza um percurso pessoal notável a muitos títulos. A história que ele conta na longa entrevista que serve de fio condutor a uma boa parte das páginas é comum ou em muito se assemelha a história de muitos homens e mulheres da sua geração.Aliás, essa geração é a geração que se levantou contra as desigualdades e injustiças que vitimavam os moçambicanos e integrou, em qualquer das suas múltiplas frentes, a luta vitoriosa contra o colonialismo português.A fotobiografia do “neófito” Guebuza proporciona uma leitura do mais elevado interesse e, sem a menor sombra de dúvida, um importante acervo informativo sobre a fase que imediatamente precede o surgimento das formas organizadas de resistência, sobre o movimento de libertação e sobre os primeiros anos da independência.Na obra é também possível revisitar a então cidade de Lourenço Marques desde a primeira metade do século XX e acompanhar até aos anos 60 a sua estratificação sócio-racial, o exercício da sobrevivência nem por isso menos dramático dos moçambicanos que viviam na zona de contacto, os espaços de socialização no mundo dos subúrbios, a conquista da escola, o despertar da consciência nacional.Um outro assunto retratado no livro, embora sem a extensão e profundidade que o assunto justificaria, é o movimento de fuga dos estudantes do Núcleo Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM) para Dar-es-Salaam no início dos anos 60.A fotobiografia segue Guebuza pelo Período de Transição para a Independência e pelas suas diversas funções governativas a partir de 1975. Excertos de documentos oficiais, artigos de imprensa, entrevistas, intervenções públicas e, novidade bem-vinda, poemas do próprio Guebuza e outros autores.Na obra, destacam-se poemas como Forjando os dias futuros, da autoria de Armando Guebuza que em quatro estrofes o poeta e Chefe de Estado registou em papel os seguintes versos: 'Estes dias são de certeza do dia alegre; Estes tempos são de combate à podridão; Estes tempos são rebeldia ao chicote; Estes tempos são de luta armada'.Neste efémero mas nutrido poema de Guebuza espelha-se nitidamente o pensamento que norteia, nos dias de hoje, o desafio que ele abraçou quando decidiu concorrer para o mais alto cargo da nação e vai disseminando, como que profeticamente, a 'poesia de combate' sobre os bons dias que virão.O último verso 'Estes tempos são de luta armada' aceita uma transposição para os tempos de hoje e encaixaria muito bem na mecânica do discurso político de Armando Guebuza que seria o mesmo que afirmar 'Estes tempos são de luta contra a pobreza'.
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