A Frelimo reconhece que os efeitos da crise poderão fazer do ano 2011 um ano atípico, mas prefere, como sempre, botar uma acentuada dose de “esperança no futuro” que se avizinha. O porta-voz do partido no poder, Edson Macuácua, que é deputado e membro da Comissão Permanente da Assembleia da República, diz que será um ano de grandes realizações quer a nível socio económico quer político. Fala dos Jogos Africanos que “elevarão a auto-estima dos moçambicanos”. Contrariando a oposição que fala de falta de estratégias, Edson Macuácua fala de um 2011 em que o Governo dedicará “toda energia na agricultura”, destacando o amplamente famosos estribilhos do “aumento da produção e produtividade”, e a “consolidação dos passos rumo ao combate à pobreza”. Macuácua fala de uma série de investimentos, como na barragem de Mpanda Nkua, ponte Maputo-Katembe, conclusão da ponte Samora Machel, construção de quatro fábricas de cimento (Sofala, Beleluane, Matutuíne e Moamba), o aumento de investimento no sector da exploração do carvão que, aliás, lhe valeu o baptismo de “ano do carvão”, entre outras realizações. Nesta ordem de realizações, a Frelimo, segundo Macuácua, não vê dificuldades e o consequente aumento do custo de vida em proporções calculadas pela oposição. A Frelimo prefere falar de desafios que serão vencidos. Para a Renamo, será “sem dúvidas um ano de sacrifícios para os que nada tem”. Segundo o deputado José Manteigas, 2011 será mais difícil para os moçambicanos que o ano passado já deram mostras do seus crescente descontentamento pelo rumo que a economia está a levar com as opções do Governo da Frelimo. Diz que o facto o preocupa, porque é um único partido que “não consegue, desde há muitos anos, melhorar a vida dos moçambicanos”. Manteigas fala de uma situação “difícil”, “sem esperança” a que, “infelizmente os moçambicanos vão se habituando de ano em ano”. Para Manteigas, o Governo falha no simples facto de não ter estratégias realistas de melhoramento da vida dos moçambicanos. “Estamos sempre a viver de estratégias e planos que não passam de ensaios para justificar fundos. Ora ensaiam o PARPA (Plano de Acção para Redução da Pobreza Absoluta), depois o mesmo PARPA tem módulos: PARPA I, PARPA II e depois transforma-se em PAPA (Plano de Acção de Produção de Alimentos) e o resultado dessas estratégias é que a pobreza só aumenta. No tocante ao investimento, aquele parlamentar da Renamo, na oposição, fala de projectos que não tem impacto directo na vida das populações como é o caso de mega projectos. Assim, José Manteigas não prevê bom cenário para os moçambicanos em 2011. “Não antevejo cenário diferente, e nem alguma esperança na estratégia de combate à pobreza urbana porque é mais um aliciamento político direccionado sem transparência, tal como o são os sete milhões nos distritos”, disse a terminar referindo-se à locação agora decidia de 7 milhões também aos municípios. Por seu turno, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) fala de falta de clareza nas prioridades do Governo da Frelimo. Ismael Mussa, deputado e Secretário-Geral (SG) diz que em 2011, o Governo tem a dura missão de encontrar a “fórmula mágica” para tirar o País da crise em que se encontra. Mussa advinha não ser fácil esta tarefa por se estar num País que “adoptou a não produção como política”. “O país não produz e vive de importações. E numa altura de crise é difícil manter um custo de vida estável vivendo de importações”. Prosseguindo, aquele parlamentar do MDM diz que “temos um Ministério da Indústria e Comércio, num País onde não há indústrias. O que faz esse ministério? “É preciso encontrar mecanismos para baratear os custos de produção”. Ismael Mussa fala da necessidade da revolução na agricultura e na indústria de processamento. “Faltam estratégias de desenvolvimento. Fala-se de políticas de incentivo das pequenas e médias empresas, mas que não se reflectem no número das mesmas PME’s que são criadas. As pessoas estão a preterir Moçambique. Moçambique ainda não definiu a sua prioridade de desenvolvimento, se é a agricultura ou a indústria”. O SG do MDM diz que o seu partido continua a defender a mudança de políticas em relação aos sete milhões, “porque defendemos que devia ser um Fundo de Desenvolvimento que financiasse o crescimento da classe média, através das PME’s, pois são elas que criam mais postos de trabalho e criam rendas”, disse a terminar.(Canalmoz)
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