quarta-feira, janeiro 05, 2011

Pais revoltados

Um grupo de pais e encarregados de educação furiosos com a falta de vagas para matrícula dos seus educandos, invadiu o gabinete do director da Escola Primária Completa de Khongolote “A”, no município da Matola, em protesto contra a falta de vagas para os seus educandos. O incidente ocorreu na segunda-feira e teve que se paralisar todo o processo das matrículas na escola. Entre outras razões, os revoltosos exigiam explicação do director da escola, sobre as causas que ditaram a exclusão de um número considerável de graduados da 7ª classe no ano passado, com idades compreendidas entre 11 e 12. Estes foram excluídos das listas das colocações para 8ª classe, na Escola Secundária de Khongolote. Segundo alegam, das listas coladas desde o dia 29 de Dezembro passado na EPC de Khongolote “A”, constam alunos nascidos em 1996 e 1997, com vagas na Escola Secundária, em detrimento de alunos nascidos em 1998 e 1999. “O que está a acontecer nesta escola é um paradoxo. Se um dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio é erradicar o analfabetismo, como é que crianças com 11 e 12 anos não têm colocação. Também tenho informação da existência de algumas escolas sem vagas para 1ª classe’’, queixou-se José Palidje, um dos pais envolvido na acção de protesto. A fonte diz não estar em condições de colocar a sua filha com 12 anos a estudar numa escola privada por falta de recursos. O director da EPC de Khongolote “A’’, Castigo Nuvunga, reuniu-se de emergência com o grupo dos encarregados de educação para encontrar uma saída. No encontro, combinou-se que deveriam voltar a encontrarem-se ainda esta semana . Os encarregados deixaram boletins de nascimentos ou cédulas dos educandos, para uma confrontação com dados das listas. Dos pouco mais de mil graduados da 7ª classe, até segunda-feira apenas 330 é que tinham vagas para Escola Secundária de Khongolote, dos quais 221 no curso diurno e 109 no curso nocturno.

Se nas escolas oficiais, tal como o caso da EPC de Khongolote “A’’, onde as matrículas do ensino primário são gratuitas, não há vagas, nas escolas privadas ou comunitária a situação é diferente. Só para ilustração, n a escola Comunitária Missão Yoido, em Khongolote - uma escola pertencente a uma igreja. Nesta, as vagas para todas as classes estão disponíveis. Mas poucos têm capacidade para pagar os custos de inscrição. Aqui, da 1ª à 5ª classe, o valor de inscrição está fixado em 450 meticais, com isenção das mensalidades. Da 6ª a 7ª classe, as matrículas estão a 650 meticais e a propina semestral é de 650 meticais. Nas 8ª e 9ª classes, o preço de inscrição está fixado em 1.250 meticais. Semestralmente paga-se ainda 1.250 meticais de propinas. Quanto maior for o nível, mais elevado é o valor a pagar. Na 10ª classe, paga-se 1.400 meticais de matrícula e 1.300 meticais por cada trimestre. São estes valores que a maioria dos moçambicanos não tem capacidade de pagar e assim sendo não têm como garantir os estudos dos seus filhos. Entretanto, o Governo já anunciou, através do ministro da Educação, Zeferino Martins, que este ano, cerca de 30 mil alunos deverão ficar fora das escolas públicas, devido à escassez de vagas. Isto na 1ª, 6ª, 7ª e 11ª classes. (Cláudio Saúte)

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