Morreu na madrugada de hoje o conceituado artista plástico moçambicano, Malangatana Valente Ngwenya, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Portugal, vítima de doença prolongada.Malangatana, de 74 anos, encontrava-se internado há vários dias naquela unidade hospitalar a receber assistência médica contra a doença que o atormentava há vários anos.O pai das artes plásticas moçambicanas encontrava-se nas terras lusas em busca de um solução judicial para o caso de pirataria envolvendo mais de 30 obras de sua autoria.O Ministro da Cultura, Armando Artur, disse, que a morte do mestre Malangatana constitui uma autêntica mágoa à comunidade artística moçambicana que sempre teve no “velho” um farol orientador no trilho das belas artes e cultura.“Moçambique teve o privilégio de ter um dos melhores filhos das artes, precursor da cultura no país”, disse Armando Artur, acrescentando que o valioso contributo do mestre Malangatana não se resume apenas a cultura mas a contestação a ocupação colonial portuguesa.O pintor usou, na década de 1950, o poder e a força das artes plásticas para contestar a ocupação colonial portuguesa, lutou pela independência e contribuiu, segundo o ministro, na edificação de Moçambique de hoje, que caminha rumo ao desenvolvimento.O mestre Malangatana, segundo o titular da pasta da cultura, sofreu na pele a bárbara e impiedosa acção do regime colonial, daí o seu incontornável contributo na luta contra o mesmo.Desta feita, o governo moçambicano continuará a trabalhar na preservação do legado artístico deixado pelo grande artista.“A morte dos artísticas deixa um grande vazio, mas o que nos conforta é que um artista nunca morre, porque o seu legado continua entre nós”, disse Armando Artur, apontando que o Executivo continuará a trabalhar no resgate do contributo dos artistas.Como governo, “vamos transformar o vazio em redobrar de esforços para continuar a construir o país rumo ao desenvolvimento, conforme o sonho dos artistas”, disse o ministro.Malangatana, ícone da pintura moçambicana, nasceu a 6 de Junho de 1936, na localidade de Matalana, distrito de Marracuene. Ele vendeu os primeiros quadros há 50 anos.Começou a desenhar ainda em criança com carvão ou com outros materiais que tivesse à mão. Sentia-se preso na pintura até Augusto Cabral, seu patrão no clube onde era apanha bolas, o ter descoberto e apostado em si, dando-lhe material, desafiando-o a pintar o que lhe ia na alma. Conhecido pelos seus belíssimos quadros, antes entrar para o mundo das artes plásticas, Malangatana foi apanha-bolas no clube de ténis, empregado doméstico, pastor de gado, empregado de bar. No seu percurso, lutou activamente pela independência de Moçambique, tendo sido preso pela Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE), torturado e, mais tarde, juntou-se ao partido FRELIMO, pelo qual viria a ser deputado na Assembleia Popular de então.Em 1997 foi nomeado Artista pela Paz, tendo o director da UNESCO descrito Malangatana como “muito mais do que um artista, alguém que demonstra que existe uma linguagem universal, a linguagem da Arte, que permite comunicar uma mensagem de Paz”. Recebeu inúmeros prémios no seu percurso artístico.As suas obras encontram-se espalhadas pelos quatro cantos do Mundo como África, Europa, Estados Unidos, América Latina e Ásia.A morte de Malangatana, aos 74 anos, foi hoje lamentada por artistas, amigos, políticos e entidades oficiais que sublinharam o carisma e humanidade do pintor, ao mesmo tempo que assinalaram a grande perda para a cultura lusófona.Malangatana Valente Ngwenya, faleceu às 05:30 e o corpo vai ser trasladado nos próximos dias para Moçambique, onde decorrerão as cerimónias fúnebres, segundo entidades oficiais.(Proponho a leitura da historia de um reencontro de amigos aqui)
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