O maior partido da oposição em Moçambique, Renamo, considera que em Moçambique vive-se uma paz aparente, conseguida através de manifestações contrárias aos do partido no poder, de pontos de vista diferentes, da repreensão social, política e económica, sobre pontos de vista diferentes com relação ao desenvolvimento económico.Segundo a chefe da bancada parlamentar da Renamo na Assembleia da Republica (AR), o parlamento moçambicano, Maria Angela Enoque, notam-se cenários de partidarização das instituições públicas, das direcções públicas, como é o caso da Polícia que, na sua visão, actua com parcialidade, principalmente em momentos eleitorais e manifestações públicas.Maria Enoque falava , na abertura da II Sessão Ordinária da AR, cujos trabalhos prolongam-se até 20 de Dezembro próximo.“Em democracia a Polícia é um agente servidor público, é estabilizador da ordem pública e não um caçador, independentemente do ambiente político”, disse Maria Enoque, realçando que não se desenvolve a cultura de paz com fome, com repreensão, exclusão social e económica, com desemprego, com insuportável custo de vida.Para a chefe da bancada parlamentar da Renamo, só se pode falar de paz quando houver coragem e frontalidade para sanar todos estes males que grassam a sociedade moçambicana e quando o povo puder usufruir de serviços de qualidade, do exercício de cidadania, do respeito pelos seus direitos e de melhores condiçõesMaria Enoque sublinhou que há 18 anos que não se consegue, por via democrática, manter a paz. “O abafar das tensões tem sido constante, e a saturação origina a explosão”.Assim, segundo ela, os acontecimentos de 5 de Fevereiro de 2008 e dos dias 1 e 2 de Setembro passado, são exemplo dessa saturação.Aliás, a chefe da bancada da Renamo levou maior parte do tempo do discurso debruçando-se sobre as manifestações violentas de Setembro passado, que resultaram na morte de 13 pessoas e no ferimento de outras cerca de 150.“Mais uma vez parte do nosso país se viu enlutada, mas desta vez não foi a natureza o responsável destas desgraças, mas o discurso político apregoando o crescimento económico, baseado numa fictícia balança de pagamentos, dizendo-se estar a melhorar a níveis satisfatórios”, afirmou Maria Enoque.Ela sustenta haver no país falta de comunicação entre o poder político e o povo, mentira com relação ao comportamento da economia e inverdades com relação as consequências da crise económica internacional, ao se afirmar que esta não iria afectar o país.“A inopinada subida do custo de vida, mais concretamente à subida dos preços dos bens essenciais como água, energia, arroz, pão, a falta de consideração com relação as suas necessidades mais elementares, por parte dos que decidem, a incerteza com relação ao futuro e sem um canal claro para depositar as suas dificuldades, levou o Povo `a rua, como única forma de se fazer ouvir”, afirmou Maria Enoque. Acrescentou que a agitação que se registou também deve-se a desigualdade social, a falta de politicas sociais claras, a delapidação do erário publico, a arrogância, prepotência, a e falta de respeito à dignidade humana. “O que mais chocou foi a forma bruta como o povo foi tratado pela ousadia. Chamando vândalos, bandidos e arruaceiros”, lamentou, para quem a estratégia usada nas manifestações foi a mesma para reprimir a campanha eleitoral da oposição, em especial do partido Renamo.“Curiosamente, estes mesmos vândalos, bandidos e arruaceiros, ontem eram chamados de maravilhoso povo Moçambicano e enchiam as ruas em campanhas eleitorais”, criticou Maria Enoque, lamentando a perda de vidas inocentes.No seu discurso, Enoque lamentou igualmente o recrudescimento da criminalidade em Moçambique e o envolvimento de alguns agentes da Policia em actos criminosos.“O discurso e a acção estão desencontrados quanto as questões de controlo e combate da criminalidade, de protecção dos moçambicanos e de todos os que têm Moçambique como um porto seguro”, afirmou. Ainda sobre a criminalidade, Enoque disse que o país continua a espera de alguma informação em torno da acusação feita ao cidadão Momad Bachir, pelo gabinete de Tesouro Americano. “E’ preciso que a honra do cidadão e dos moçambicanos seja reposta”, disse.Criticas foram também lançadas contra decisão de autorizar a fabrica de Alumínios, MOZAL, para libertar directamente para a atmosfera gases tóxicos, durante seis meses que decorrer o processo de limpeza da zona de tratamento dos fumos e gases e reparação do sistema de filtragem.A deputada disse lamentar o facto de os estudos que demonstram não haver perigo ao ambiente e a saúde publica não terem sido de domínio público e pelo facto de, segundo ela, o estudo base da autorização ter sido feito pela própria empresa interessada.
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