

O Presidente do Tribunal Supremo, Ozias Ponja, chamou a atenção e cuidado dos moçambicanos para o crime informatico principalmente quando se aborda o problema na componente bancária e financeira. A criminalidade informática, conforme explicou Ozias Pondja, é qualquer conduta ilegal, não ética, ou não autorizada que envolva o processamento automático de dados e/ou transmissão de dados. As empresas é que mais sofrem com os crimes nesta área, pois vezes sem conta se têm registado, invasões nos dados e informações empresariais confidenciais. O presidente do Tribunal Supremo precisou que esta modalidade de crime é originada, infelizmente pelo progresso que se regista nas maravilhas tecnológicas necessárias para o desenvolvimento, facto que precisa de leis que punam exemplarmente os que se aproveitam das novas tecnologias para concretizar práticas criminosas. “Devemos estar preparados para fazer face a esta criminalidade”, disse, para depois reconhecer que “o combate à criminalidade informática é um grande desafio, pois a cada solução surge um novo problema”. É na busca de preparação que no decurso da XIV Sessão Ordinária do Conselho Judicial, em Maputo, uma palestra sobre crimes cibernéticos será apresentada. A mesma vai constituir uma base para um melhor conhecimento dos avanços e impactos dessa nova criminalidade, em relação à qual o país deve estar preparado. “Com o desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação e, sobretudo com o advento da internet, surgem novas questões a serem analisadas por pesquisa-dores e operadores do direito, uma vez que não podemos olvidar que o direito deve acompanhar a evolução da sociedade, adequando-se à nova realidade social que se apresenta, qual seja, a do mundo virtual e da sociedade de informação”, finalizou Ponja.
A propósito da última postagem , recupero um extracto da entrevista concedida ao jornal SAVANA pelo economista e director do IESE, Carlos Nuno Castel-Branco , onde fala da economia nacional. Analisando a aplicação do FIL (Fundo de Investimento Local), vulgarmente conhecido como “sete milhões” este docente universitário explica as razões dos mesmos não reflectirem na redução da pobreza rural:
"Primeiro, os ditos “sete milhões” são valores demasiado pequenos para fazer mudanças de estrutura em Moçambique. Ao todo, os distritos recebem por ano 2% do orçamento geral do Estado (OGE) e 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique. Por que é que 2% do OGE deveria alcançar o que os restantes 98% não alcançam? Quando o projecto piloto de descentralização distrital teve lugar em Nampula entre 2002-2005, por ano os distritos desta província recebiam o dobro do que hoje recebem todos os distritos do País. Segundo, os dados não mostram nenhuma realocação significativa de fundos para os distritos. Os fundos distritais são retirados dos orçamentos provinciais e representam cerca de 7% da totalidade dos orçamentos alocados às províncias. Terceiro, estes fundos são distribuídos para projectos individuais de pessoas localmente influentes e não atingem os mais pobres. Quarto, sendo alocados para projectos individuais, estes fundos operam independentemente da infra-estrutura, da base logística, da base empresarial e institucional que possa garantir o sucesso produtivo e reprodutivo da sua aplicação. Há casos individuais de sucesso – alguns pequenos comerciantes, agricultores e artesãos tiveram sucesso. Mas isto não é forma de combater a pobreza quando quase 12 milhões de moçambicanos vivem com um rendimento abaixo da linha de pobreza. O País não precisa de alguns casos de sucesso para serem mostrados nas presidências abertas e nas feiras; o País precisa de sucesso para milhões de moçambicanos todos os anos se a pobreza alguma vez vai reduzir. E sucesso para milhões de pessoas todos os anos não se consegue com paliativos distribuídos individualmente aos mais influentes de cada local. Segundo as directivas do Governo, os sete milhões devem ser prioritariamente aplicados na produção de comida. As estatísticas do IOF 2008-09 mostram que a produtividade per capita e por hectare baixou, e que a produção de comida per capita está a cair a 1,5% por ano em média. No entanto, as mesmas estatísticas mostram que a posse de bens duráveis aumentou. Será que os sete milhões estão a ser usados para adquirir bens duráveis importados (bicicletas e rádios - que já houve tempo em que os produzíamos em Moçambique e com qualidade -telefones, entre outros) em vez de produzir comida? Se produzir comida não for tornado viável empresarialmente e acessível para todos pelo esforço combinado do governo e produtores, é mais fácil viver de sete milhões e importar bens duráveis".
Um moçambicano e outro sul-africano mortos na fronteira de Ressano Garcia (sul).O incidente ocorreu no interior de Moçambique (500 metros) a meio da noite de ontem.A vitima moçambicana é membro do patrulhamento comunitário e a outra é militar das forças armadas sul-africanas. Num outro desenvolvimento,
as autoridades moçambicanas deram a conhecer a detenção do adido militar do Malawi em Maputo, não se sabendo as motivações. Entretanto os trabalhadores da Companhia Industrial da Matola entraram em greve exigindo melhores salários e o fim do racismo na empresa.(Fonte RM)
O Presidente Armando Guebuza esteve no distrito de Massinga, província de Inhambane, onde procedeu o lançamento da campanha agrícola, tendo viajado de Maputo até aquele ponto por terra, juntamente com a sua comitiva. Para chegar a localidade de Ngomane, em Massinga, o Presidente fez um percurso de aproximadamente 570 quilómetros com três paragens, nas cidades de Xai-Xai, na província de Gaza, na localidade de Zandamela, na cidade da Maxixe, em Inhambane, e no fim a vila da Massinga. Refira-se que o Governo tomou recentemente um conjunto de medidas de austeridade, nomeadamente a contenção da despesa pública, visando reduzir o impacto negativo do custo de vida no país. Armando Guebuza no decorrer da Presidência Aberta pelo país, com a duração não menos de um mês, deslocava-se numa frota de seis helicópteros, o que trouxe um mau estar no seio da sociedade face aos encargos financeiros para os cofres do Estado. A última visita em que se deslocou por via aérea foi a vila de Boane, dias antes dos tumultos na cidade de Maputo e Matola devido ao aumento do custo do preço do pão.
No Jornal Expresso, edição de 26/3/83 foi noticia:
O PRESIDENTE da República Popular de Moçambique, Samora Machel fez esta semana uma forte crítica à forma como a economia do país é planificada e dirigida. O dirigente moçambicano expôs a crise económica que a RPM atravessa ao falar na ll.ª Sessão da Assembleia Popular que durante três dias esteve reunida no Maputo, reunindo 200 deputados vindos de todo o país. Num improviso no final do debate para aprovação do plano económico para este ano, Samora Machel criticou duramente a forma como a economia é dirigida a partir de gabinetes da capital. “O melhor economista – disse então - estão nos gabinetes, não vai ao campo, não vai a fábrica. O agrónomo, especialista do milho, do arroz, do tabaco, fica na planificação, não vai ao campo. O geólogo, não vai ao terreno. Este é a contradição”.Mais tarde, no seu discurso de encerramento da Assembleia Popular,o Presidente moçambicano afirmou: “Conquistamos o poder politico, mas ainda não temos o poder económico”, adiantando que o “afastamento dos quadros da realidade desenvolve o racismo, o tribalismo e o regionalismo”, bem como a “estratificação da sociedade moçambicana.” Samora Machel classificaria depois as “acções militares contra o banditismo armado” (referência aos grupos que lutam contra o regime moçambicano) como bem sucedidas nos últimos meses" . Machel admitiu no entanto que se hesita “em punir os perturbadores da ordem social”. “A acção das nossas estruturas é não só fraca como chegámos ao cúmulo de dificultar a participação popular no processo de punição dos exploradores” adiantou numa referência ao aumento significativo do mercado negro do país. As suas duas intervenções, no improviso a respeito do Plano e no discurso de encerramento da 11.ª Sessão da Assembleia Popular, criaram uma enorme expectativa entre quadros do partido e do Exército que se vêm mostrando bastante preocupados com o agravamento da situação económica em Moçambique - que, na opinião de Samora Machel, passa por um “momento crítico”.“Consciente ou inconscientemente decide-se o futuro da nossa vida, do nosso Estado de operários e camponeses”.