A
cidade da Beira está a viver, de algum tempo a esta parte, um ambiente de
terror resultante da acção de grupos de bandidos espalhados por quase todos os
bairros, onde dia e noite atacam, ferem e matam cidadãos indefesos na rua;
assaltam e roubam bens e dinheiro em casas de habitação e de actividades
económicas. Também abrem capôs dos carros e retiram baterias, usando métodos
que só eles dominam.
Diariamente
chegam-nos relatos de pessoas imobilizadas e despojadas dos seus pertences por
malfeitores que agem livremente, muitas vezes em plena luz solar, ante o olhar
de transeuntes assustados, estupefactos e impotentes.
Na
baixa da cidade, a zona do Maquinino é o epicentro da crueldade dos bandidos
que circulam e actuam em grupos numerosos e, regra geral, têm como covil o
canal do Chiveve ou o chamado “Prédio Gandira”, também conhecido como centro de
venda e consumo de droga e que chegou a ser alvo de uma intervenção policial de
efeitos efémeros.Aliás, mesmo nas proximidades do Comando Provincial da Polícia
da República de Moçambique (PRM) há uma área, a da Casa dos Bicos, em que os
criminosos multiplicam vítimas sem o mínimo de hesitação, certamente por
estarem seguros da sua intocabilidade.
Bairros
do centro urbano como Pioneiros, Esturro, Matacuane e outros também não escapam
da ofensiva dos bandidos, vulgarmente designados por “batacuios”, que
infernizam a capital provincial de Sofala e têm como “modus operandi” a técnica
de apertar o pescoço com o braço para sufocar as suas “presas” e assim
rouba-las.
Enquanto isso, na periferia da segunda maior autarquia do país
proliferam e reinam os famigerados homens de catana que, sem dó nem piedade,
agridem cidadãos para apoderar-se dos seus bens, principalmente na calada da
noite, período durante o qual foi praticamente declarado um recolher
obrigatório não institucional. Não estamos a falar de simples carteiristas que
são um problema comum em qualquer cidade do mundo, mas sim de indivíduos
extremamente violentos e que já denotam alguma evolução em termos de
organização ou estratégia, razão pela qual actuam em grupos subdivididos por
zonas e rapidamente se dispersam após a consumação do crime.
Entretanto,
tudo leva a crer que este recrudescimento da criminalidade é estimulado pela
inacção dos homens da lei e ordem. O patrulhamento é quase inexistente na
Beira, onde tornou-se raro ver polícias a trabalhar na rua, tanto durante o dia
como no período nocturno.
Por
incrível que pareça, nesta cidade é possível percorrer longas distâncias, de
bairro em bairro, sem se deparar com uma patrulha policial, excepto as unidades
móveis das polícias de Trânsito e Municipal que frequentemente se posicionam
nas vias públicas. Na verdade, é difícil compreender o aparente acantonamento
dos agentes da Polícia de Protecção nas esquadras ou nos comandos, talvez à
espera das sempre solicitadas denúncias, numa altura em que a população se
queixa de ser vítima da violência protagonizada por bandidos a solto.
Reconhecemos
as limitações com que a PRM se debate em termos de recursos humanos e
materiais, mas temos a convicção de que, com o pouco que está à sua disposição,
a corporação pode fazer muito mais, bastando para tal agir com inteligência e profissionalismo,
acima de tudo. Em nossa modesta opinião, uma das medidas prioritárias a tomar é
o reforço do patrulhamento. É que a visibilidade das forças policiais na rua é
um factor dissuasor à acção dos malfeitores e transmite uma atmosfera de
segurança aos cidadãos. Por isso, a Polícia não pode continuar a dar sinais de
estar acomodada perante o agravamento da situação criminal na cidade da Beira.
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