O
sonho das Linhas Aéreas de Moçambique(LAM) adquirirem três novos aviões Boeing
737 ruiu por falta de dinheiro no ano passado, entretanto o pagamento inicial
de cerca de 25 milhões de dólares norte-americanos, um financiamento que a
empresa contraiu no Moza Banco com carta de conforto do Governo, não é
recuperável por quebra de contrato.
Em
Fevereiro de 2014 as LAM anunciaram a aquisição de três aviões Boeing do modelo
Next-Generation 737-700, num investimento total de 228 milhões de dólares
norte-americanos, como parte da sua estratégia para aumentar destinos. Marlene
Manave, a então administradora-delegada, perspectivava que a companhia de
bandeira nacional iria poder voar mais destinos no nosso continente e até para
fora de África.
Passados
pouco mais de dois anos as Linhas Aéreas de Moçambique suspenderam a compra. De
acordo com o actual presidente do conselho de administração, António Pinto de
Abreu, por falta de dinheiro para financiar a operação.
Entretanto
sabe-se que como pré-pagamento as LAM pagaram à empresa Boeing 25 milhões de
dólares norte-americanos, conseguidos através de um financiamento no Moza
Banco.
De
acordo com o Relatório e Contas de 2015, o empréstimo concedido em 2014, pelo
prazo de 30 meses, foi conseguido graças a uma “carta de conforto emitida pela
Governo de Moçambique representado pela Direcção Nacional de Tesouro, nos
termos e condições aceites pelo banco, com valida até à maturidade do presente
financiamento”.
“A
31 de Dezembro de 2015 encontra-se em dívida 864.250.000 meticais”, pode-se ler
do Relatório e Contas.Nas
contas da LAM está no entanto registada uma dívida da Boeing no valor de
1.164.637.974 meticais, que se entende corresponderem ao valor do pré-pagamento
com a devida correcção cambial. Não se
conseguiu obter esclarecimentos da Administração das Linhas Aéreas de
Moçambique mas esta inscrição na rubrica de activos financeiros deixa a
impressão que a empresa está negociar com a contra parte norte-americana o
reembolso do pré-pagamento. Entretanto
fontes com conhecimento do dossier afiançaram ao que o pré-pagamento, de acordo
com o contrato assinado com Boeing, será um valor não reembolsável afinal a
quebra de contrato aconteceu por iniciativa da companhia moçambicana.
Aliás
a colocação deste valor como recuperável minimiza as perdas das LAM que
no fecho do exercício financeiro de 2015 acumularam
um prejuízo de 2.716.740.653 meticais que
contribuiu a situação de falência técnica pois o capital social próprio da
empresa cifrou-se em 1.321.839.818 meticais negativos. Se o pré-pagamento à
Boeing fosse adicionado os prejuízos iriam disparar para mais de 3,8 biliões de
meticais. Sabe-se
que em 2016 o Estado, maior accionista da empresa, alavancou as LAM, com uma
injecção de capital que não foi possível apurar. Portanto
os moçambicanos além de não receberem aviões perderam 25 milhões de dólares que
apesar disso vão ter de pagar ao banco que financiou a operação. Ironicamente a
instituição financeira financiadora foi intervencionada pelo Banco de
Moçambique justamente com dinheiro do povo. (@VERDADE)
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