O Presidente angolano, José
Eduardo dos Santos, afastou, por decreto, a administração da transportadora
aérea estatal TAAG, liderado por Peter Hill, na sequência da decisão dos árabes
da Emirates, que se retiraram da gestão daquela companhia.A informação consta
de um comunicado enviado esta quinta-feira, em Luanda, pela Casa Civil do
Presidente da República, dando conta que o decreto exarado pelo chefe de Estado
dá como "findo o mandato do conselho de Administração da TAAG", que
havia sido nomeado em 15 de setembro de 2015, "na sequência da rescisão
unilateral" pela Emirates do contrato de gestão com a companhia aérea
nacional.
No mesmo decreto exarado , José
Eduardo dos Santos procede à nomeação de uma comissão de gestão para
"assegurar a continuidade da atividade" da transportadora, que será
coordenada por Joaquim Teixeira da Cunha, antigo presidente do conselho de
administração.Esta comissão de gestão
terá como coordenadores adjuntos Rui
Paulo de Andrade Telles Carreira e Wiliam Rex Boutler, integrando ainda Eric
Zinu Kameni, Nuno Ricardo da Silva Oliveira Pereira, Patrick J. Rotsaert e
Vilupa Mathanga Gunatileka, de acordo com a mesma informação prestada. A transportadora aérea Emirates
anunciou na segunda-feira(10) o "fim imediato" do contrato de
concessão para gestão da companhia de bandeira angolana TAAG face "às
dificuldades prolongadas que tem enfrentado no repatriamento das receitas"
das vendas em Angola.Numa declaração, a transportadora referia igualmente que
está a "tomar medidas no sentido de reduzir a sua presença em Angola"
e que a partir de hoje reduz de cinco para três o número de frequências
semanais para Luanda.Angola vive desde 2014 uma crise
financeira e económica decorrente da quebra nas receitas com a exportação de
petróleo, também com efeitos cambiais, com várias operadoras aéreas a
queixarem-se da dificuldade em repatriar dividendos das vendas em Angola, por
falta de divisas."Esta questão tem-se mantido sem solução, apesar de
inúmeros pedidos feitos às autoridades competentes e garantias de que medidas
seriam tomadas", referiu então a companhia árabe.
"Com efeito
imediato, a Emirates põe fim à sua cooperação com a TAAG - Linhas Aéreas de
Angola - ao abrigo de um contrato de concessão de gestão em curso desde
setembro de 2014", acrescentou a companhia, com sede nos Emirados Árabes
Unidos."Esperamos que a questão do repatriamento de fundos seja resolvida
o mais cedo possível, de modo que as operações comerciais possam ser retomadas
de acordo com a demanda", informou ainda.O contrato de gestão assinado
entre o Governo angolano e a Emirates prevê a introdução de uma "gestão
profissional de nível internacional" na TAAG, a melhoria "substancial
da qualidade do serviço prestado" e o saneamento financeiro da companhia
angolana, que em 2014 registou prejuízos de 99 milhões de dólares (88 milhões
de euros).Em contrapartida, no âmbito do Contrato de Gestão da transportadora
pública angolana celebrado com a Emirates Airlines para o período entre 2015 e
2019, prevê-se dentro de quatro anos resultados operacionais positivos de 100
milhões de dólares.
Em entrevista no
final de 2016, o presidente do conselho de administração da TAAG, Peter Hill,
indicado para o cargo pela Emirates ao abrigo do acordo com o Governo angolano,
anunciou ter cortado 62 milhões de euros em custos no primeiro ano daquela
gestão.
"Nós dissemos, no nosso plano de negócios, que em três anos íamos
reduzir custos em 100 milhões de dólares [89 milhões de euros] e logo no primeiro
ano já poupamos 70 milhões [62 milhões de euros]. Por isso estamos muito
contentes e posso dizer que as finanças da companhia estão a melhorar
dramaticamente", explicou."Herdamos uma companhia não lucrativa, com
muitos trabalhadores, e nos últimos 12 meses estamos a reduzir os custos",
enfatizou o administrador, que assumiu funções em outubro de 2015.Segundo Peter
Hill, a TAAG contava então com cerca de 4.000 trabalhadores, para operar 31
destinos domésticos e internacionais, após uma forte redução, apenas com
programas de reforma.
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