São descritas como tensas e de cortar à faca as relações entre a Liga
Moçambicana de Futebol (LMF), entidade que gere o principal campeonato nacional
de futebol do país, o Moçambola, (20ªJornada)e a
transportadora oficial, a nossa companhia de bandeira (LAM). O cerne da discórdia prende-se com a manifesta
intenção das Linhas Aéreas de Moçambique de suspenderem a
emissão de bilhetes aéreos para as 16 equipas que militam no Moçambola.
Esta atitude está a ser mal
digerida na LMF, até porque põe em risco o futuro da prova. Mas o recente
contexto do país, influenciado por factores endógenos e exógenos, contribuiu para a
degradação das condições económicas, daí não se poder estranhar o
posicionamento do Presidente da República, quando afirma, repetidas vezes, que
Moçambique está de volta. A crise fez-se sentir, igualmente, no contexto
desportivo, onde os clubes passaram a ter dificuldades de arcar com as suas
responsabilidades, em especial para com os jogadores. Esta triste realidade
levou Ananias Coana, presidente da LMF, a avançar, na última Assembleia Geral,
realizada ainda este ano, com o projecto de regionalização de futebol, para
minimizar as dificuldades. Porém, o projecto não passou porque os seus
associados não aceitaram. A parceria entre as duas instituições remonta a 16
anos, quando a LMF tinha como presidente Alberto Simango Júnior, actual
presidente da FMF, sendo que o actual presidente da LMF, Ananias Coana, ocupava
vários cargos importantes neste organismo, entre eles, o de vogal e de
vice-presidente, o que lhe permite ver as mudanças de relacionamento que estão
a acontecer com as várias direcções da LAM. Com efeito, durante esse período
que dura a parceria entre a LAM e a LMF, desde 2001, a companhia teve vários
presidentes de Conselho de Administração, entre eles, José Viegas, Carlos
Jeque, Silvestre Sechene e António Pinto de Abreu e, ao que tudo aponta,
algumas direcções vêem no relacionamento entre as partes uma oportunidade para
alavancar o negócio, conhecidas que são as dificuldades financeiras que a
empresa atravessa, e outras se mostravam mais comprometidas com a causa de
futebol, no espírito de responsabilidade social. Como que a consubstanciar este
relacionamento amargo, a LAM anunciou as novas taxas que devem ser suportadas
pela LMF, a saber, taxa de emissão, taxa de combustível, para além do IVA. Mais
ainda: a LAM diz que não se responsabiliza pelas despesas de alojamento
e alimentação decorrentes da reprogramação de vôos que possa surgir por vários
motivos.
Sobre o assunto, um renomado jurista, que também fez parte da direcção
da Liga nos primeiros anos da criação da instituição (actualmente dirige um
clube que participa na Divisão de Honra), disse, recentemente ao SAVANA, haver um vazio em termos de a quem cabe
a responsabilidade na acomodação dos jogadores, quando os vôos atrasam, “o que
não deve continuar”. Entende, ainda, que pelo que a LAM faz, disponibilização
de transporte, os clubes, no mínimo, deviam se precaver destas situações e procurar
resolvê-las, no lugar de cruzarem os braços deixando tudo à responsabilidade da
LMF. A questão das viagens aéreas versus atrasos de vôos é um assunto que fez
correr muita tinta, sobretudo depois que os jogadores do Textáfrica acabaram
dormindo nos bancos do Aeroporto em Pemba, durante a viagem para Chibuto.
Entretanto, o Presidente da LMF, Ananias
Coana, faz um esforço indisfarçável para acalmar os desportistas e não só,
afirmando que o Moçambola não está tremido, mas ressalva a necessidade
de haver mais ponderação, tendo em conta o facto deste organismo não sobreviver
das receitas uma vez que não as produz. Consta ainda que a LMF nunca se recusou
a assinar contrato com a LAM, mas apenas a teria alertado no sentido de
respeitar escrupulosamente as normas internacionais da aviação civil e a
revisão das taxas que, nos contratos anteriores nunca fizeram parte. De outras
fontes insuspeitas, apuramos que as novas taxas sobre o transporte aéreo das
equipas do Mocambola, concretamente,
do combustível e do IVA, poderão ser isentas como fruto das negociações que
estão a decorrer entre o governo e a LMF. Coana é citado pelo matutino . Notícias
desta semana a afirmar o seguinte: “Tivemos a comunicação antecipada sobre o
novo contrato e posterior negociação, mas a LAM insistiu que já não podia cobrir
essas taxas e recorremos ao Governo para que a LMF fosse isenta das mesmas”,
explicou Coana, que aguarda pela resposta do Governo. E enquanto esta não
aparece, ainda que o contrato continue a ser executado nos moldes dos anos
passados, o espectro de incerteza mantem-se. Sabe-se que a instituição que
regula as taxas é o Ministério da Economia e Finanças. Mas os próximos dias
serão esclarecedores.
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