sexta-feira, julho 07, 2017

Sentada

Carlos Machili iniciou seus estudos em Nampula, Moçambique. Em 1963 segue para o Seminário Menor do Instituto dos Padres da Consolata, em Fátima-Leiria, Portugal. Conclui o seu liceu em 1965 e é incentivado pelo Instituto dos Padres da Consolata a iniciar a formação filosófica na Pontifícia Universidade Gregoriana, na Itália. Licencia-se em Filosofia e, em 1970/71, abandona a congregação, encaminhando-se para a especialização em Ciência Política na Universidade de Roma, com o estudo sobre as instituições políticas africanas. Carlos Machili retorna a Moçambique, trabalha no ensino secundário e no Ministério da Educação. Torna-se reitor da Universidade Pedagógica de Moçambique, assume o cargo de Diretor de Assuntos Religiosos no Ministério da Justiça e, atualmente, é membro do corpo docente do Departamento de História da mesma instituição. Foi director-geral da Agên­cia de Energia Atómica (ANEA) e membro da Comissão Central de Ética Públi­ca . Militante e antigo membro do Comité Central da Frelimo .
O que pensa das negociações para a paz em Moçambique?
Resultado de imagem para Carlos MachiliA paz tem de ser construída por moçambicanos. Dhlakama é um moçambicano. A Renamo é moçambicana e os outros partidos pequenos, etc. Nós temos de sentar e discutir o projecto de futuro de Moçambique para os moçambicanos. Com certeza que Dhlakama fez alianças com o apartheid, mas o Dhlakama já me disse que a guerra não é boa para o desenvolvimento. Então, vamos reconquistar o Dhlakama e o partido dele para fazerem causa moçambicana, com uma visão diferente. Agora ele tem de saber que se vier fazer democracia em Moçambique a obedecer interesses exteriores, esta geração vai-lhe fazer vida negra. Como pode sair a Frelimo, também ele prepare-se porque esta geração não vai aceitar que lhe sejam tirados os direitos que tem. A paz tem de ser construída por moçambicanos e sermos sinceros com o povo, dizer as causas verdadeiras e nos obrigam a matarmo-nos uns aos outros.
Nas negociações passadas, Afonso Dhlakama e Renamo depois vieram queixar-se de ter sido aldrabados pela Frelimo. O que será se desta vez a história se repetir? Não foi aldrabado. Esse é o termo político que usa, mas em consciência sabe que a transição de grandes conflitos passa pela desmobilização de militares cujas condições nem a Frelimo nem Renamo as sabiam.
O que pode ser do futuro se isso não for acautelado? O problema não é acautelar, o problema é programar o futuro de Moçambique juntos. Primeiro Moçambique, depois as convicções políticas.
As eleições de 2019 não serão o tudo ou nada para Dhlakama, tendo em conta também que a idade já não o perdoa? O problema não é ele governar, estar na presidência da República. O problema dele é criar um partido que lute até ser reconhecido e ganhar eleições. Não acredito que o projecto de Dhlakama é nas próximas eleições ou é o presidente ou não. Não, é a democracia e a descentralização. Esse é que é o grande projecto e o grande desafio deste país e que o Nyusi assume.
Concorda com a criação de federalismo? Enquanto houver um grupo tão conservador que pensa que o poder em Moçambique é este esquema que tivemos, não temos outra solução como o professor Mazula disse: ou vamos ao federalismo ou não. Mas podemos evitar o federalismo, descentralizando.
Que futuro para Moçambique sem descentralização ou sem federalismo? Guerra. Tem de se tirar das cabeças que ninguém é dono de tudo. Há pessoas que não querem ouvir de descentralização porque vão perder influências e tudo.
Quem são?
Não sei.
Na Frelimo? Busquem-os. Não sei quem são, mas há os contra a descentralização.

( Por Armando Nhantumbo)

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