A sustentabilidade
da indústria de pesca de camarão, uma das principais fontes de divisas do país, está ameaçada. Um
estudo do Fundo Mundial da Natureza (WWF) Mediterrâneo – Portugal indica que o
risco de insustentabilidade da indústria de pesca de camarão deriva duma
combinação de factores em que se destaca a sobrepesca que provoca pressão sobre
o camarão juvenil, a pesca ilegal que defrauda o país em mais de USD60 milhões
por ano, capturas acessórias, alterações climáticas bem como ameaças aos ecossistemas.
Publicado em Portugal e citado pela imprensa espanhola, o estudo revela que a
captura de camarão caiu de nove mil para 1.800 toneladas nos últimos anos,
quando comparado com a década anterior ao ano 2012. Explicando os contornos do
estudo, Maria João Rodrigues, coordenadora do Programa Marinho na WWF Moçambique,
referiu que, como acção imediata, a organização apelou ao mercado europeu,
responsável pelo consumo de cerca de 82% do camarão pescado em Moçambique, para
um consumo mais moderado para além de promover iniciativas que permitam a
sustentabilidade da espécie.
A
organização pediu ao mercado europeu, sobretudo o
espanhol, que é um dos maiores importadores, para
“tomar decisões informadas” e “apoiar”
uma pesca sustentável através de um
consumo responsável. Falando dos factores que
contribuem no agravamento desta
situação, a WWF indica que os pescadores artesanais pescam camarão juvenil
antes deste ter a oportunidade de reproduzir-se. Por outro lado, nas águas profundas,
onde se pratica a pesca industrial,as redes de arrasto põem em risco o habitat
do camarão. De acordo com a WWF, a pesca ilegal é outro problema que sufoca o sector
de camarão e estima-se que grandes quantidades destes crustáceos saem do país
sem nenhum controlo. Estima-se que Moçambique perde entre 36 a 67 milhões de
dólares ano com pesca ilegal do camarão.
O
facto de Moçambique ser um dos países do
continente africano mais vulneráveis às alterações climáticas aumenta a pressão
sobre as populações marinhas.
Perante esta situação, a WWF entende que ainda é
possível colocar a pesca de camarão de Moçambique numa base sustentável
oferecendo melhores rendimentos, impactos reduzidos no meio marinho e maiores
margens de segurança a longo prazo. Para tal, definiu três grandes prioridades
que consistem na sensibilização dos governos, empresas, pescadores e consumidores
sobre os benefícios da sustentabilidade e a reconstrução das populações
marinhas. Nessa linha com o apoio da WWF , Moçambique está a desenvolver um projecto
de melhoria de pescas denominada Marine Stewardship Council. Dados do
Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas, indicam que, em 2016, a pesca de camarão rondou em volta
de três mil toneladas, a mesma cifra conseguida em 2015.
0 comments:
Enviar um comentário