O Procurador-Geral da República (PGR), Dr. Augusto Paulino, disse haver indícios de lavagem de dinheiro no sector imobiliário de Moçambique. Argumentou que o volume das construções que se verificam nas grandes cidades e principalmente em Maputo, não podem ser suportados pela economia nacional. Augusto Paulino, juiz de carreira, fez este pronunciamento durante uma aula de sapiência que ministrou na Academia de Ciências Policiais (ACIPOL), em Maputo.Depois de fazer o panorama geral do crime organizado no mundo, desceu para falar especificamente de Moçambique, destacando algumas manifestações específicas deste tipo de crime: o tráfico de pessoas e de órgãos humanos; o tráfico de drogas e branqueamento de capitais, bem como da corrupção que incide sobre recursos do Estado. Disse, entretanto, que a proliferação de armas já foi controlada.“No nosso caso, Moçambique, a lavagem de dinheiro parece incidir sobre o negócio imobiliário, sabido que a economia nacional não é capaz de comportar construções de dimensão das que vegetam nas grandes cidades, com destaque para a capital do país”, disse o PGR.Sobre o tráfico de droga e seres humanos, Augusto Paulino disse que “Moçambique é um país de trânsito, na rota internacional para África do Sul, de migrantes de países asiáticos e do Médio Oriente”. E reconheceu que para além de trânsito “temos situações de tráfico de nacionais para a África do Sul, para exploração sexual”.“Tal como no caso de tráfico de pessoas, relativamente à droga, Moçambique não tem capacidade económica de consumo de quantidades significativas de drogas. Importa reconhecer, todavia, que temos tido soluções menos conseguidas para gerir o fenómeno”, assumiu o PGR. De seguida, Augusto Paulino falou de três casos específicos de tráfico de droga popularmente conhecidos em Moçambique. Falou das 40 toneladas de haxixe que foram apreendidas em 1998, na cidade de Maputo, referindo que “estavam em trânsito algures”.Mencionou o caso de pescadores que “recolheram grandes quantidades de haxixe nas margens do Oceano Índico, em Chongoene (província de Gaza). Disse “admitir” que esta droga “havia sido baldeada no Canal de Moçambique”, isto no ano de 2009. Referiu-se, também, a 947 quilos de suruma que foram apreendidos na cidade de Tete, depois que um camião proveniente do Malawi, aparentemente transportando tabaco daquela país vizinho, se despistou e deixou cair a carga que levava na bagageira.O PGR mencionou estes casos de tráfico de droga, seres humanos e lavagem de capitais em Moçambique, para evidenciar que há crime organizado em Moçambique e disse que a preparação da Polícia é fundamental para combater, mas principalmente prevenir a criminalidade. Falou também da falta de meios e doutras dificuldades que enfrentam os que lutam contra a criminalidade, desde juízes, procuradores e Polícia. “Juízes ou procuradores ou mesmo polícias activos nos exercícios das suas funções têm três destinos díspares: ou acabam na Política, o que é um mal menor, mas um mal; ou acabam se aliando ao crime organizado, o que é pior; ou acabam no cemitério, o que é péssimo”, disse o PGR.Mantendo o seu comportamento de distanciamento com a Imprensa, o PGR recusou-se a dar entrevista aos jornalistas que o acompanhavam na visita à ACIPOL. A directora de Comunicação da Procuradoria-Geral da República, Georgina Zandamela, informou que o procurador não iria falar à Imprensa, pelo que questões de insistência relacionadas com a sua alocução na aula de sapiência ficaram por colocar… (Borges Nhamirre)
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