quinta-feira, junho 09, 2011

Escolarizados são mais perigosos

Moçambique já começa a ter licenciados no desemprego, devido à situação económica do país, o que pode ser um rastilho para algum descontentamento social, admite o reitor da Universidade Politécnica de Moçambique, Lourenço do Rosário.“Começam a aparecer alguns alertas”, afirma Lourenço do Rosário, referindo-se ao perigo de surgir um movimento social de descontentamento relacionado com a pobreza e o desemprego no País.Sendo certo que muitas revoluções nascem no seio das universidades, onde há mais massa crítica, em Moçambique começam a surgir alguns sinais: “Não se vive esta situação em termos concretos mas começam a aparecer os alertas.'Moçambique começou a formar muitos licenciados e muitos deles vão diretamente para o desemprego e, como não se vê que a breve trecho esta situação se inverta, porque a situação económica do país não o permite, é natural que comecem a surgir alertas”, afirma o professor universitário.Lourenço do Rosário adiantou que em Moçambique há muitos desempregados não escolarizados, “que também são um perigo iminente”, só que os universitários “são mais perigosos”.Em relação à saída de licenciados para o estrangeiro, o reitor da Universidade Politécnica de Moçambique diz ser um problema geral do continente africano, que foi abordado numa recente reunião da União Africana.Os números apresentados na ocasião apontavam para que a importação de quadros em África, nos vários setores de actividade, equivale a cerca de 50 por cento dos cérebros africanos que vão para o exterior.Para o reitor, esta situação resulta de uma série de desestruturações que existem nos diversos países africanos, nomeadamente questões de estabilidade e segurança."As pessoas gostam de trabalhar em liberdade, e muitas vezes o conceito de liberdade que nós temos é diferente do conceito de liberdade dos nossos políticos, há uma série de factores, para além do salário, do bem-estar...”, explica Lourenço do Rosário.O reitor da Universidade Politécnica de Moçambique defende que em vez de se enviarem jovens com bolsas para o estrangeiro se deve fazer essa formação no país de origem, mesmo que “importando” professores do exterior para formar em maior número. Em relação aos doutoramentos, a situação é mais difícil, diz, “é preciso recorrer ao estrangeiro”.

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