terça-feira, junho 07, 2011

"Martin Noij, o frouxo"

POR estas alturas, Faizal (ou Feizal) Sidat estaria a esfregar as mãos de contente por a selecção nacional ter perdido de forma desastrosa na Zâmbia. Mas Sidat é suficientemente patriota e, acima de tudo, responsável que acreditámos não faria tamanha figura. Tudo isto tem a ver com o modo como o holandês – cujo nome desmerece – renovou o contrato com a Federação Moçambicana de Futebol, visivelmente contra a vontade manifesta de Faizal Sidat, presidente desta. Os políticos empurraram o holandês para treinar a selecção, mesmo após o desaire de Angola, contra uma nova estratégia desenhada pela equipa de Sidat que incluia a mudança da estrutura técnica. Porque é o governo que desembolsa o dinheiro para o seleccionar, este se impôs contra tudo e contra todos. Éis o resultado. Não menos importante é a clara falta de definição do modelo (a chamada escola) de futebol a seguir no país. O que temos estado a assistir é uma autêntica salada, onde se misturam diferentes escolas, desde a brasileira, passando pela alemã, holandesa até portuguesa. Já tivemos casos em que o responsável técnico de todas as selecções nacionais era em simultâneo o seleccionador nacional sénior, holandês, enquanto as camadas mais jovens eram treinadas por indivíduo de outra nacionalidade, i.e., de uma escola totalmente diferente da holandesa. Esta situação fazia com que um jovem talento que tenha “bebido”, nos juvenis e/ou juniores, ensinamentos de um brasileiro, quando fosse chamado aos seniores, tivesse necessariamente que assimilar o modelo holandês. Resultado: baixo nível técnico-táctico. O próprio holandês do actual desaire, no tempo em que andava pelas camadas inferiores, os seniores estavam sob orientação de um não holandês, de uma escola diferente da dele. Portanto, estámos diante de um dilema que urge sanar. Trata-se de um caso sério com muita barba rija, cuja solução em definitivo passa pela coragem por parte dos principais intervenientes na definição de estratégias de médio e longo prazos. O holandês do nosso desaire tem responsabilidades na eliminatória de Moçambique, mas também os pensadores de políticas estratégicas do futebol não estão isentos de culpas. Aquí está incluso o Inácio Bernardo, apenas um dos ‘expert’ em metodologia desportiva que o país possue e que poderia, muito bem, ser mais interventivo do que tem sido até aquí. Compreende-se que não tenha de andar por aí a impôr regras fixas para o futebol, mas, ao menos, “sugerir” um modelo único. Regressando aos Mambas. Por estas alturas os defensores do holandês deveriam estar arrependidos. O tipo está a acumular dólares ainda com o raro privilégio de se ausentar do país sem cumprir a agenda federativa, e ninguém fala nada, porque imposto lá de cima. Isto é abuso. Em termos tácticos, já aquí criticamos a fragilidade da equipa a atacar e a defender, sobretudo pelos espaços criados entre os sectores, onde os os médios atrasam a apoiar os defesas numa situação de perda de bola, como ainda na demora dos médios em auxiliar os avançados e os defesas aos médios, quando de posse de bola. Isso é culpa de um treinador…frouxo. (Salvador Raimundo)

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