quinta-feira, setembro 30, 2010

Desempenho Chinês

Nas suas intervenções, alguns dos participantes no seminário sobre as relações entre Moçambique e China, realizado em Maputo, foram unânimes em afirmar que os investimentos chineses em África, e no nosso país em particular, ainda não surtiram os efeitos desejáveis, o que contrasta com os números que são apresentados publicamente. Um dos motivos apontados como estando na origem desse cenário é a inexistência de infraestruturas adequadas na maioria dos países africanos. Sérgio Chichava, investigador moçambicano do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), entidade que organizou o encontro em parceria com o Instituto sul-africano de Relações Internacionais (SAIIA), referiu que o investimento chinês na agricultura em África, incluindo Moçambique, «é muito insignificante ». Adiantou que em 2007 apenas 1% do investimento externo da China foi canalizado para a área agrícola, mas “com uma tendência estacionaria”. Na apresentação do tema sobre “Economias Emergentes no Sector Agrícola Moçambicano: Leituras, Implicações e Desafios”, Chichava disse que mesmo depois de se ter constatado essa situação muitos analistas continuam a pensar “erradamente” que os chineses estão a açambarcar terras em África, para projectos de agricultura. «O investimento de empresas chinesas quase não se faz sentir, mas apesar disso fala-se de açambarcamento de terras em Moçambique», frisou, acrescentando que em 2008 o investigador timorense Loro Horta publicou um estudo em que dizia que Pequim pretendia fazer de Moçambique um “celeiro chinês”. A primeira fase do projecto referido por Horta incluía o envio dem três mil chineses para o Vale do Zambeze, que numa segunda fase passariam para dez mil. Segundo o mesmo investigador, tratava-se de parte integrante de um vasto projecto de modernização do sector agrícola moçambicano, avaliado em 800 milhões de dólares, com a finalidade de incrementar a produção do arroz, passando das então 100 mil toneladas por ano, para 500 mil. «Das pesquisas e entrevistas que fiz com os funcionários do Ministério da Agricultura, nada disso está a acontecer», sublinhou Sérgio Chichava, para quem «apesar da existência de acordos bilaterais no sentido de se priorizar a agricultura no continente africano, a realidade no terreno mostra que os investimentos dos países asiáticos e das economias emergentes continuam a níveis muito insignificantes». Citou como exemplos do Vietname, que está a investir no sector agrícola na província da Zambézia, mas “ainda numa fase embrionária”, e do Brasil, um dos integrantes do grupo das economias emergentes, interessado na produção de cana-de-açúcar para a produção de bio-combustíveis.Para aquele investigador, o maior desafio de Moçambique na actualidade é atrair investimentos para o sector agrícola e convencer as empresas a não só investir em culturas de rendimento ou bio-combustíveis, mas também na produção alimentar. Destaca os recursos minerais e energéticos, e a construção civil, como sendo as áreas prioritárias do investimento chinês em África, Moçambique em especial. Ainda no tocante à agricultura, Chichava afirmou que no nosso país existem apenas três projectos agrícolas que merecem destaque, tendo mencionado o centro de tecnologias agrárias de Boane, um projecto de produção de arroz na cidade do Xai-Xai, e um apoio ao GPZ, avaliado em 50 milhões de dólares.(Fonte: matinal)

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